• Nenhum resultado encontrado

CONIC-SEMESP

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CONIC-SEMESP"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

16°

TÍTULO: ASPECTOS DA JUSTIÇA RESTAURATIVA NAS ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA:

SUBÁREA: DIREITO SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): TATIANA YUMIKO KANASHIRO AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): FERNANDA DE MAGALHÃES DIAS FRINHANI ORIENTADOR(ES):

COLABORADOR(ES): IPECI UNISANTOS COLABORADOR(ES):

(2)

1. RESUMO

Este relato de pesquisa tem o objetivo de apresentar os resultados do projeto de Iniciação Científica que teve como objetivo geral pesquisar sobre Justiça Restaurativa, contribuindo para a realização da Pesquisa “Implantação da Justiça Restaurativa em escolas municipais da cidade de Santos - Construção de uma Política Pública” e como objetivos específicos: I – Realizar coleta de dados da pesquisa por meio de observação participativa em capacitações e também por meio de entrevistas; II – Realizar pesquisa bibliográfica sobre os temas, Justiça Restaurativa, Cultura de Paz e Formas Alternativas de Resolução de Conflitos; III – Coletar dados por meio de entrevistas, com a transcrição dos dados. O projeto se mostrou bastante relevante por permitir pesquisar temas atuais como Justiça Restaurativa, Cultura de Paz e Meios Alternativos de Solução de Conflitos, além de apresentar outras formas de coleta de dados, quais sejam, a pesquisa por meio da observação participativa e a pesquisa por meio de entrevistas. A pesquisa ainda teve o caráter interdisciplinar, por envolver os cursos de Direito e de Serviço Social, para enriquecer a análise dos dados. Como resultado apontamos que a Justiça restaurativa se apresenta como alternativa para dar aos sujeitos autonomia na resolução de conflitos, e o fato de ser estimulada nas escolas, pode promover o empoderamento dos alunos para que tenham, na vida adulta, outras formas além da Justiça Formal para resolver os conflitos do dia-a-dia, pautadas na promoção dos Direitos Humanos.

Palavras-Chave: Justiça Restaurativa; Direitos Humanos; Resolução de Conflitos.

2. INTRODUÇÃO

Em uma sociedade pautada por conflitos de todas as ordens e em todas as idades, a Justiça Restaurativa apresenta-se como uma alternativa possível para auxiliar na construção de uma sociedade livre, justa e solidária, focando no protagonismo dos sujeitos.

A proposta de tecnologia social - Justiça Restaurativa - está fundamentada na colaboração entre os sistemas Judiciário e Educacional, estendendo-se às demais organizações da sociedade. Insere-se em um contexto nacional e global de empoderamento dos sujeitos para que tenham instrumentos a lhes auxiliar na construção de relações focadas na cultura de paz, e não na cultura adversarial, tão disseminada e estimula na sociedade contemporânea. Contribui para a sua reconstrução no âmbito da convivência, pois permite a garantia do diálogo, o respeito às diferenças e ao outro.

Neste contexto é que a Justiça Restaurativa aparece como alternativa fundamentada de maneira indireta em normas nacionais como a Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, ambos em 1990,

(3)

nos Planos Nacionais de Direitos Humanos e no Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos.

No sistema global de proteção dos Direitos Humanos, a Justiça Restaurativa encontra fundamento na Declaração Universal dos Direitos Humanos e Convenções Internacionais, sobretudo na Convenção sobre os Direitos da Criança, nas Regras de Beijing (Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude) e nas Diretrizes de Riad (Diretrizes das Nações Unidas para a prevenção da delinquência). Mantem ainda coerência direta com o Plano Mundial de Direitos Humanos e com os recentes Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Na cidade de Santos, que tem o selo de Cidade Educadora, o projeto iniciado no âmbito da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, foi assumido pela Secretaria Municipal de Educação e propôs inicialmente a implementação do projeto piloto em nove escolas da rede de ensino municipal, envolvendo as Secretarias de Cidadania, Assistência Social, Segurança Pública, Gabinete do Prefeito, Fórum da Cidadania, CMDCA e Universidade Católica de Santos, esta última com a responsabilidade de realizar a pesquisa qualitativa acerca da metodologia (em que se insere este projeto de Iniciação Científica).

Este projeto de iniciação científica permitiu a aproximação de temas atuais como Justiça Restaurativa, Cultura de Paz e Meios Alternativos de Resolução de Conflitos, ampliando o universo da pesquisa científica, construído por meio da investigação, observação, análise e respeito ao método.

3. OBJETIVOS

O Objetivo deste artigo é apresentar os resultados do projeto de Iniciação Científica que teve como objetivo geral pesquisar sobre Justiça Restaurativa, contribuindo para a realização da Pesquisa “Implantação da Justiça Restaurativa em escolas municipais da cidade de Santos - Construção de uma Política Pblica” (FRINHANI & FONSECA, 2015), e como objetivos específicos: I – Realizar coleta de dados da pesquisa por meio de observação participativa em capacitações e também por meio de entrevistas; II – Realizar pesquisa bibliográfica sobre os temas, Justiça Restaurativa, Cultura de Paz e Formas Alternativas de Resolução de Conflitos; III – Coletar dados por meio de entrevistas, com a transcrição dos dados.

(4)

4. METODOLOGIA

Na primeira etapa da pesquisa houve um acompanhamento às turmas do curso de capacitação de facilitadores e mediadores com o propósito de se realizar um estudo observativo dos sujeitos que participaram desse processo de implantação da Justiça Restaurativa nas escolas selecionadas. Foi ainda realizado um questionário de perfil dos participantes.

O segundo momento da metodologia da presente pesquisa consistiu na realização de pesquisa e estudo bibliográfico e documental com a finalidade de ampliar a compreensão da temática da Justiça Restaurativa, seus fundamentos e suas experiências já vivenciadas em outros lugares.

Assistir ao “Seminário Internacional sobre Justiça Restaurativa: 10 anos de diálogos para mudar realidades”, ocorrido nos dias 20 e 21 de agosto de 2015, foi importante instrumento de coletar impressões de como a Justiça Restaurativa é tratada e aplicada em âmbito mundial.

Também foi realizada uma leitura atenta ao projeto de pesquisa e reuniões com as orientadoras do projeto, bem como utilizou-se de comunicação por meio virtual para orientação de pesquisa.

Por fim, foi realizada a transcrição dos áudios das entrevistas, o que permitiu maior aproximação com o conteúdo das mesmas e revelou as impressões que a capacitação deixou nos participantes.

5. DESENVOLVIMENTO

A Justiça Restaurativa surgiu na década de 70 do século XX no Canadá e na Nova Zelândia: no Canadá o modelo foi inspirado nas culturas indígenas em que os envolvidos no conflito que se sentam em círculo e um objeto é passado de mão em mão, só falando a pessoa que está com esse objeto na mão (círculos restaurativos), convergindo até o momento de se solucionar o conflito. Na Nova Zelândia todos os conflitos normalmente em primeiro lugar passam pela Justiça Restaurativa para então de pois entrar no Judiciário (MELO, EDNIR e YAZBEK; 2008).

Seu nascimento pretendia mudar o modo de lidar com atos caracterizados como infrações ou crimes no âmbito do sistema criminal, no modo de solucionar esses conflitos de direitos de uma pessoa em contrapartida dos direitos de outra; além da compreensão dos impactos de determinada situação produzidos tanto nas

(5)

“vítimas” como nos “ofensores” e na sociedade e que ambos se inserem. O foco não está no ato violento em si, mas nos seres humanos relacionados a ele.

Esse novo solucionar de conflitos de modo mais humanizado deu abertura para que todos os envolvidos possam refletir sobre a situação e sobre a própria convivência acerca de determinado acontecimento que gerou determinado ato ou comportamento violento.

A Justiça Restaurativa é “uma justiça que busca em primeiro lugar atender necessidades e endireitar as situações, se apresentando muito diferente da justiça que tem como cerne a culpa e dor” (Zehr Howard, 2008). Antes de mais nada é um novo procedimento de se refletir e investigar a construção das relações humanas diante das dificuldades da convivência social, tendo em mente a responsabilidade individual e coletiva sobre essa formação.

Acerca do exposto, para McCold e Wachtel (2003), diversos indivíduos são afetados diretamente pelo conflito, e não apenas vítima e agressor. “O dano sofrido por essas pessoas é indireto e impessoal, e a atitude que deles se espera é a de apoiar os processos restaurativos como um todo”.

Ou seja, a Justiça Restaurativa, possibilita uma Justiça baseada em valores e relações interpessoais, empoderando os indivíduos envolvidos para que reconstruam os laços rompidos pela violência, evitando-se a exclusão social do ofensor, que tende a marginalizar ainda mais o indivíduo. O envolvimento da comunidade é muito importante, e por isso apresentação desta alternativa o mais cedo possível nas escolas se faz necessária.

A intenção de implantar a Justiça Restaurativa no município de Santos/SP, surgiu principalmente da necessidade de combater efetivamente e de modo preventivo os conflitos que se formam no ambiente escolar e que podem, muitas vezes, resultar em processos de apuração de ato infracional. Onde melhor disseminar uma cultura, senão na microssociedade que é a escola, local onde, atualmente, as crianças passam a maior parte de seu tempo interagindo socialmente, ao passo que, em casa, a maioria de seus pais precisam trabalhar e só ficam em contato com a criança no período noturno quando já estão cansados demais para iniciarem uma conversa verdadeiramente substancial.

Para Morrison, mencionando Kay Pranis, autora de diversos livros no assunto, descreve a importância dos processos restaurativos para o resgate do respeito, para o exercício da escuta, para a conexão com o outro. “No contexto escolar, sentir-se

(6)

conectado ao ambiente favorece o comportamento social e diminui o comportamento antissocial” (PRANIS apud MORRISON, 2005).

O Novo Código de Processo Civil e a Resolução nº 125 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) incentivam a aplicação de métodos alternativos para solução de conflitos. A Justiça Restaurativa transforma-se em importante instrumento que viabilizará este fim, pois, com a capacitação de facilitadores que atuem fora do âmbito judicial, já se estaria preparando a comunidade para assumir o protagonismo da solução de diversos de seus conflitos.

Assim, todas as políticas públicas que pretendam a viabilização da autocomposição de conflitos por meio de sensibilização e diálogo entre a comunidade tornam-se extremamente válidas em um momento em que todo e qualquer conflito se transforma em demanda processual.

Os direitos só conseguem ser protegidos e efetivados quando o Direito Humano ou Direito Fundamental à Paz é efetivo, como previsto na Declaração Sobre o Direito dos Povos à Paz (ONU, 1984). A paz entre os membros da comunidade pode ser o primeiro passo para a paz entre os povos.

A busca da paz está prevista também no objetivo 16 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, definidos pela Agenda 2030, que busca “Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis” (PNUD, 2015). Os Objetivos foram aprovados na Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável em 2015, tornando-se um norte para o desenvolvimento sustentável do mundo inteiro, o que requererá uma parceria global.

Deste modo, a Justiça Restaurativa, na implantação de uma Cultura de Paz, torna-se atualíssima como política pública instrumental, como uma ação afirmativa e demonstrativa de comprometimento para a efetivação dos Objetivos de Desenvolvimentos Sustentável.

6. RESULTADOS

A pesquisa aqui apresentada se desenvolveu em diversas etapas, que possibilitaram a aproximação com métodos de pesquisa que fogem da convencional pesquisa bibliográfica. A primeira etapa foi crucial para compreender o entendimento

(7)

que os sujeitos possuem acerca dos conflitos que ocorrem no ambiente escolar e dos conceitos anteriores trazidos de duas próprias experiências de vida, assim como também foi possível estudar a aceitação e interação desses indivíduos à proposta do método utilizado como fundamento da Justiça Restaurativa.

O início do curso demonstrou a necessidade da reflexão sobre o que é a violência, pois ela não significa apenas a violação de direitos civis, sociais, políticos ou econômicos, também se faz presente quando se ignora a condição ou o que o próximo está expressando.

Com essa visão do ambiente escolar, torna-se dificil lidar com a indisciplina dos alunos utilizando-se da antiga dinâmica culpabilização e punição. Não se pode impor nada, pois isto também é um tipo de violência contra uma pessoa. Antes de mais nada é essencial compreender os motivos das ações das pessoas para somente então responsabilizá-la e tentar encontrar um meio mais pacífico de reparação de danos, através do diálogo e sensibilização no processo circular.

Muitos dos sujeitos encontram uma contrariedade no que tange esta reparação de danos por intermédio de diálogo e sensibilização. É difícil medir o que é esta dialogação e em que momento isto se torna “passar a mão na cabeça de quem fez coisa errada”. Entendem que a responsabilização é importante, mas que, no entanto, a sociedade é estruturada na penalização dos erros. A punição é mera forma passiva, retira a possibilidade do “ofensor” de fazer-se consciente e se responsabilizar verdadeiramente por seus atos equivocados.

O ponto principal no curso de formação de facilitadores da Justiça Restaurativa estava justamente em desconstruir certos paradigmas e permitir ao sujeito refletir sobre si e sobre o seu lidar com o outro em um mundo em que sempre se prioriza o eu. Refletiu-se sobre uma cultura de paz que pode ser construída aos poucos, bastando se estar aberto para ouvir a comunidade a qual tornar-se-á mais disposta a construir algo que também estarão participando junto (sentimento de pertencimento) ao invés de ser algo que recebem como imposição.

A principal dificuldade dessa etapa de observação foi discernir exatamente o que era realmente importante de se resgatar e gravar durante as capacitações. Para pesquisadores sem muita experiência, no início do trabalho parecia mais importante anotar em relatório os conceitos de Justiça Restaurativa trazidos pela professora do curso, Monica Mumme, do que os depoimentos sobre as realidades trazidos pelos

(8)

indivíduos. Defeito percebido após orientação com as professoras orientadoras do projeto de iniciação científica.

A participação ao Seminário Internacional sobre Justiça Restaurativa: 10 anos de diálogos para mudar realidades também foi importante instrumento de coleta de relatos e impressões de como a Justiça Restaurativa é tratada e aplicada em âmbito mundial através dos depoimentos de alguns palestrantes internacionais.

O estudo bibliográfico foi realizado para ampliar a compreensão do fundamento, proposta e conceituação da Justiça Restaurativa. Através desse estudo levantaram-se maiores informações sobre a temática, assim como a experiência desta em outros lugares.

Em Santos, a Justiça Restaurativa está sendo experimentada na área da educação por meio da formação de professores e profissionais que lidam diretamente com a infância e juventude, os quais futuramente irão introduzir valores de convivência mais pacíficos, como o respeito mútuo, na formação através do diálogo. Segundo um dos princípios da Carta das Cidades Educadoras, “A cidade educadora deverá encorajar o diálogo entre gerações, não somente enquanto fórmula de coexistência pacífica, mas como procura de projetos comuns e partilhados entre grupos de pessoas de idades diferentes” (GENOVA, 2004).

Ação a qual já atraí interesse por parte de crianças e adolescentes que participam dos grêmios estudantis. Quando as decisões são compartilhadas entre a comunidade, os resultados obtidos se tornam mais potentes, há maior envolvimento e motivação (Revista Oficial da Secretaria de Educação, 2015).

Segundo o Juiz Egberto de Almeida Penido, em consonância com o preceituado pela ONU, a Justiça Restaurativa é um sistema para solução de conflito com a participação de todos os envolvidos e com a coordenação de facilitadores capacitados para a solução do conflito de maneira consensual e compositiva, responsabilizando o culpado de maneira ativa e empoderando a comunidade.

A implantação da Justiça Restaurativa se torna visivelmente importante no setor da educação, pois esta é o ponto-chave do progresso do Brasil que ultimamente ocupa um dos piores lugares no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA, sendo o 60º entre 76 países no ano de 2015, (Carta Capital, 2015). Paralelo à preocupação curricular é necessário criar um ambiente mais propício à aprendizagem, um ambiente livre de violência e baseado no diálogo e no respeito ao outro.

(9)

Quando se aprende esse novo conceito dentro das salas de aula, muito mais fácil torna-se a prática dele fora da escola. Professores e alunos passam a levar o diálogo para a solução de conflitos em suas vidas, considerando a importância em se expor pontos de vista. E até a própria família começa a participar mais da solução dos conflitos cotidianos ocorridos na escola (BRANCHER e SILVA, 2008).

A utilização da Justiça Restaurativa em escolas torna-se um elo entre a área da Educação e o Judiciário. Através da sua metodologia pode-se atuar de modo preventivo em uma série de conflitos vivenciados pelas crianças e adolescentes para que estas só necessitem chegar ao Judiciário quando os casos forem de maior complexidade.

No desenvolvimento do projeto em São Caetano do Sul, no ano de 2005 à 2008, primeiro o foco principal eram as escolas, depois houve a ampliação do modelo restaurativo aberto à comunidade e, por fim, ocorreu a integração e articulação de técnicas restaurativas e de espaços de resolução de conflitos dentro das instituições (MELO, EDNIR e YAZBEK; 2008). O projeto da Justiça Restaurativa no município de Santos parece caminhar nesta mesma direção.

No mais, embora os resultados efetivos do tema da pesquisa em si não possam ser obervados devido a política pública da Justiça Restaurativa ainda estar em fase de desenvolvimento, o que pôde ser observado foi a mudança da opinião das pessoas envolvidas diretamente pela Justiça Restaurativa, o que pode representar uma mudança de atitude.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente projeto de Iniciação Científica fora de extrema importância para o amadurecimento de visão como pesquisador, sobretudo nas técnicas de pesquisa aplicadas neste trabalho, quais sejam, a entrevista e a observação participativa, sendo estas diversas da pesquisa bibliográfica, despertando uma visão mais prática.

Os métodos de pesquisa utilizados, ao mesmo tempo em que fascinam em razão de possibilitar que a pesquisa teórica seja complementada por uma visão do real, contemplada na escuta das vivências apresentadas nas capacitações e nas entrevistas, tornando a pesquisa muito mais palpável, permitido que se observasse na realidade a transformação das pessoas, também são muito mais difíceis de trabalhar, fazendo-nos sair da zona de conforto, cadeira, mesa e livros.

(10)

Compreender qual o conteúdo das capacitações, vivenciado por meio da pesquisa participativa, mostra-se importante para o estudo do tema, foi um grande desafio. Compreender que mais do que tentar reproduzir a fala dos sujeitos, o importante era compreender de que maneira os participantes das capacitações se apropriavam do conteúdo proposto e iam transformando o olhar acerca da Justiça Restaurativa e do conflito. As entrevistas apresentaram desafio em dois momentos: transcrever as entrevistas se mostrou ser bastante difícil e um trabalho demorado. Compreender qual o conteúdo das entrevistas é importante, é outro desafio.

Através do presente trabalho, foi possível a experiência de estudo da teoria e visão da prática, pois quando não se pode ver o que se estuda ser colocado no mundo real, a matéria torna-se inalcançável ao discente, por mais que se possa compreender o que se lê, ainda assim, em matéria de Direitos Humanos, tudo parece ter uma visão utópica, sendo um mero “conto de fadas”, para aqueles que não enxergam os resultados ainda que singelos.

Para tanto, leu-se o que pensam os estudiosos acerca da Justiça Restaurativa e se pôde ouvir o que as pessoas “leigas” compreenderam sobre o tema e através desse entendimento possam repassar essa Cultura de Paz às outras pessoas, fazendo com que, aos poucos, a sociedade mude todo um pensamento consolidado pelo tempo e cultura violenta.

Coincidentemente, a temática estudada tornou-se ainda mais relevante levando-se em consideração o advento do Novo Código de Processo Civil, dando maior importância métodos alternativos de solução de conflitos, para que as pessoas sejam incentivadas a resolver os próprios problemas de forma mais pacífica possível, tentando evitar as lides que se arrastam por anos nos processos e que não resolvem o real problema pessoal.

Em Santos, a Justiça Restaurativa está sendo implantada na área da educação; em escolas selecionadas da rede municipal de ensino fundamental municípal; por meio de um curso de formação de professores e profissionais que lidam diretamente com a infância e juventude nos valores de convivência mais pacíficos, através do diálogo, segundo a metodologia da Justiça Restaurativa.

A punição é mera forma passiva, retira a possibilidade do “ofensor” de fazer-se consciente e fazer-se responsabilizar verdadeiramente por fazer-seus atos equivocados. Portanto, esse novo solucionar de conflitos de modo mais humanizado e sensibilizador deu abertura para que todos os envolvidos possam refletir sobre a

(11)

situação e sobre a própria convivência acerca de determinado acontecimento que gerou determinado ato ou comportamento violento.

8. FONTES CONSULTADAS

ARISTÓTELES. A Política. São Paulo, Martin Claret, 2002.

BRANCHER, Leoberto; SILVA, Susiâni. Justiça para o século 21: Instituindo Práticas Restaurativas: Semeando Justiça e Pacificando Violências. Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. Porto Alegre: Nova Prova, 2008. BRASIL. Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010 do Conselho Nacional de Justiça.

CALIMAN, Geraldo. Desvio social e delinquência juvenil: teorias e fundamentos da exclusão social. Brasília: Universa, 2006.

CARTA CAPITAL. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/educacao/brasil-e-60o-de-76-paises-em-ranking-de-educacao-8400.html> Acesso em: 08/02/2016. FRINHANI, F.M.D.; FONSECA, L. M. C.B. Implantação da justiça restaurativa em escolas municipais da cidade de Santos/SP: construção de uma política pública. Projeto de Pesquisa e Extensão apresentado à Universidade Católica de Santos e à Secretaria Municipal de Educação de Santos, 2015

GENOVA. Carta das Cidades Educadoras. III Congresso Internacional, novembro de 2004.

MCCOLD, Paul; WACHTEL, Ted. Em Busca de um Paradigma: Uma Teoria de Justiça Restaurativa. Trabalho apresentado no XIII Congresso Mundial de Criminologia, 10 e 15 agosto de 2003, Rio de Janeiro.

MELO, Eduardo Resende; EDNIR, Madza; YAZBEK, Vania Curi. Justiça restaurativa e comunitária em São Caetano do Sul: aprendendo com os conflitos a respeitar direitos e promover a cidadania. Rio de Janeiro: CECIP, 2008.

MICHALISZYN, Mario Sergio. Fundamentos Socioantropológicos da Educação. Curitiba: IBPEX, 2008.

MORRISON, Brenda. Justiça Restaurativa nas Escolas. In: Justiça Restaurativa. Brasília: MJ/PNUD, 2005.

MUMME, Monica. Curso de Introdução à Justiça Restaurativa. São Paulo: Laboratório de Convivência. 2015.

ONU. Resolução 2002/12: Princípios Básicos Para Utilização de Programas de Justiça Restaurativa em Matéria Criminal. 37ª Sessão Plenária, 24 de julho de 2002. ___________. Resolução nº 39/11: Declaração Sobre o Direito dos Povos à Paz. de 12 de novembro de 1984.

PNUD. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Disponível em <http://www.pnud.org.br/ODS.aspx> Acesso em 01/09/2016.

ZEHR, Howard. Trocando as lentes: um novo foco sobre o crime e a Justiça. São Paulo: Palas Athena, 2008.

Referências

Documentos relacionados

Os setores de Desenvolvimento Social, Econômico e Territorial têm como finalidade contribuir para melhoria da gestão municipal por meio do suporte técnico,

A Comissão de Eventos por meio de eventos técnicos/encontros levou aos Nutricionistas e Técnicos em Nutrição e Dietética informações e conhecimento técnico

Rutter K, Sell DR, Fraser N, Obrenovich M, Zito M, Starke-Reed P, Monnier VM.Green tea extract suppresses the age-related increase in collagen crosslinking and fluorescent products

1 MANUELA MARQUES DE OLIVEIRA 20/12/2002 1 TEC. EM

Acenando nessa direção, oportuna é a transcrição do seguinte excerto doutrinário: &#34;Na órbita do Direito Civil, a prostituição deve ser reconhecida como um negócio

1. O disposto no número anterior não é aplicável à deposição em solos agrícolas de terras, produtos de desmatação, podas ou desbastes, e de fertilizan- tes, desde que se

[r]

No que respeita ao &#34;Projecto Viver de Novo&#34;, o grupo de trabalho, inicialmente constitufdo por tres tecnicas de serviyo social (duas do CRSSLVT-Servi~o Sub-Regi- onal