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/Análise conômica ANOS. OoMEMORATiVA. EdiçÃo I ISSN paculdade (JE CÍÊNCÍAS ECOINÔMÍCAS CJA UFRCS

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I I S S N 0 1 0 2 - 9 9 2 4

pAculdAdE (JE CÍÊNCÍAS ECOINÔMÍCAS CJA U F R C S

/Análise

conômica

\ iNSTAbllidAdE FINANCEIRA dos

^ N O S 9 0 : AIQUMAS iMpliCAÇÕES

PARA AS ECONOMÍAS CAPITAIÍSTAS PERifÉRiCAS

ANCIRÉ CtishA E DANÍEIA PRATES

\ AMpliAÇÃo RECENTE dA PARTÍCÍPAÇÃO EsTRANqEiRA NO SíSTEMA BANCÁRÍO BRASÍIEÍRO

MARÍA CRÍSTÍNA PENÍCIO CJE FREÍTAS

INÍRA-ESTRUTURA dE INÍORMAÇÕES E SiSTEMA NACÍONAI dE INOVAÇÃO

E D U A R D O D A MOTTA E A L B U Ç U E R P U E

O CUSTO SOCÍAI dos RECURSOS HídRicos EM BACIAS HidRoqRÁfiCAS INTERNACIÓN Ais: O CASO dA BACÍA do PARANÁ

J A N D Í R PERRERA D E UMA E JOSÉ C A R R E R A ' P E R N A N D E Z

PREfERÊNCÍA PEIA LíQUídEZ E ESCOIIHA dE PORlfÓliO

JOSÉ LUÍS OREÍRO

EfiCÍÊNCÍA, ObjETÍVO E CoORdENAÇÃO dA PolÍTiCA MACROECONÔMICA NO

PERÍodo: 1974 ' 1979

JOÃO Slcsú

MACROECONOMIA ModERNA: KEYNES E A

ECONOMIA CONTEMPORÂNEA ' RESENUA S Í M O N E SílvA D E D E O S ANO I

7

5 2

E d i ç Ã o

OoMEMORATiVA

90

ANOS

SETEMBRO, 1999

(2)

UNlVERSroADE FEDERAL DO RlO GRANDE DO SuL

Reitora: Prof. Wrana Maria Panizzi

FACULDADE DE CIÊNCLVS ECONÔMICAS

Diretora: Prof. Otilia Beatriz Kroeff Carrion

CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS ECONÔMICAS

Diretor: Prof. Femando Ferrari Filho

DEPARTAMENTO DE CIÊNCUS ECONÓMICAS

Chefe: Prof. Luiz Alberto Oliveira Ribeiro de Miranda

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMLV

Coordenador: Prof. Marcelo Savino Portugal

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA RURAL

Coordenador: Prof. Carlos Guilherme A, Mielitz Netto

CONSELHO EDITORUL

A c h y l e s B . Costa, Aray M . F e l d e n s , Carlos A. C r u s i u s , Carlos G . A . Mielitz N e t t o , E d u a r d o A. M a l d o n a d o Filho, E d u a r d o P. Ribeiro, E u g ê n i o L a g e m a n n , F e r n a n d o Ferrari Filho, Gentil C o r a z z a , M a r c e l o S. P o r t u g a l , Nali J. S o u z a , Otilia B . K. Carrion, Paulo A. Spohr, P a u l o D . Waquil, P e d r o C. D . Fonseca, R o b e r t o C. M o r a e s , R o n a l d Otto Hillbrecht, Stefano Florissi, E l e u t é r i o F. S. P r a d o ( U S P ) , F e r n a n d o H . B a r b o s a ( F G V / R J ) , Gustavo F r a n c o (PUC/R.T), J o ã o R. Sansón ( U F S C ) , J o a q u i m P. A n d r a d e (UnB), Juan H. Moldau (USP), Paul D a v i d s o n (LTniv. of Tennessee), Werner B a e r (Univ. of Illinois).

COMISSÃO EDITORLÍL

E d u a r d o A u g u s t o M a l d o n a d o Filho, F e r n a n d o Ferrari Filho, Gentil Corazza, M a r -celo S a v i n o Portugal, Paulo D a b d a b Waquil; R o b e r t o C a m p s M o r a e s .

EDITOR: Gentil Corazza

EDITOR ADJUNTO: Pedro Silveira Bandeira SECRETARIA: Laize Espindula.

REVISÃO DE TEXTOS: Vanete Ricacheski. FUNDADOR: Piof. Antônio Carlos Santos Rosa

Os materiais publicados na revista Análise Econômica são da exclusiva responsabilidade dos auto-res. E permitida a reprodução total ou parcial dos trabalhos, desde que seja citada a fonte. Aceita-se permu-ta com revispermu-tas congêneres. Aceipermu-tam-se, permu-também, livros para divulgação, elaboração de resenhas e recensões, Toda correspondência, material para publicação (vide normas n a terceira capa), assinaturas e permutas devem ser dirigidos ao seguinte destinatário:

PROF, GENTIL CORAZZA

Revista Análise Econômica - Av João Pessoa, 52

CEP 90040-000 PORTO A L E G R E - R S , BRASIL Telefones: Oxx (51) 316-3348 e 316-3440 - Fax: Oxx (51) 316-3990 rae@vortex.ufrgs.br

Análise Econômica

Ano 17, n, 32, setembro, 1999 - Porto Alegre Faculdade de Ciências Econômicas, UFRGS, 1999 Periodicidade semestral, março e setembro. ISSN 0102-9924

1, Teoria Econômica Desenvolvimento Regional -Economia Agrícola - Pesquisa Teórica e Aplicada •

Periódicos. L Brasil. Faculdade de Ciências Econômicas,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. CDD 330.0.5 CDU 33 (81) (05)

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Eficiência, objetivo e coordenação da política

macroeconômica no período 1974-79*

João SicsíT * S i n o p s e : E x i s t e u m a tese b a s t a n t e i n f l u e n t e q u e a f i r m a q u e a p o l í t i c a e c o n ô m i -c a i m p l e m e n t a d a d u r a n t e o p e r í o d o 1 9 7 4 - 7 8 p o s s u í a o b j e t i v o s i r r e -c o n -c i l i á v e i s : e s t a b i l i z a ç ã o e c r e s c i m e n t o . O m i n i s t r o M á i i o H e n r i q u e S i m o n s e n t e r i a sido o d e f e n s o r d o p r i m e i r o o b j e t i v o e J o ã o P a u l o d o s R e i s V e l l o s o , à é p o c a , titular d o M i n i s t é r i o d o P l a n e j a m e n t o , teria d e f e n d i d o e x c l u s i v a m e n t e a s e g u n d a m e t a . O o b j e t i v o d o artigo é m o s t r a r q u e a t e s e e x i s t e n t e a c e r c a d a p o l í t i c a e c o n ô m i c a i m p l e m e n t a d a n o p e r í o d o 1 9 7 4 7 8 é i n c o r r e t a . M o s t r a s e q u e a p o l í t i c a e c o n ô -m i c a n ã o e s t i o l o u - s e e q u e p o s s u í a -m e t a s c o -m p a t í v e i s . P a l a v r a s - c h a v e : P o l í t i c a E c o n ô m i c a 1 9 7 4 - 7 8 - C o o r d e n a ç ã o d e P o l í t i c a s M a c r o e c o n ô m i c a s - F a l s o s C o n f l i t o s .

A b s t r a c t : T h e r e is an influential thesis a b o u t the e c o n o m i c p o h c y of the Brazilian e c o n o m y in t h e p e r i o d 1 9 7 4 - 7 8 w h i c h e m p h a s i z e s t h a t t h e e c o n o m i c p o l i c y h a d i n c o m p a t i b l e goals: stabihzation a n d g r o w t h . M i n i s t e r M a r i o H e n r i q u e S i m o n s e n w o u l d h a v e a d v o c a t e d t h e f o i m e r a n d J o ã o P a u l o d o s R e i s V e l l o s o , M i n i s t e r of P l a n n i n g , w o u l d h a v e s u p p o r t e d e x c l u s i v e l y t h e last o n e . T h e a r t i c l e ' s a i m is to r e v e a l that t h e influential thesis o n this p e r i o d is n o t c o n e c t . It s t r e s s e s t h a t t h e e c o n o m i c p o l i c y w a s p o w e r f u l a n d it h a d c o m p a t i b l e g o a l s . K e y w o r d s : E c o n o m i c P o l i c y 1 9 7 4 7 8 C o o d i n a t i o n o f M a c r o e c o n o m i c P o l i -cies - F a l s e Conflicts.

Introdução

E x i s t e u m a t e s e b a s t a n t e i n f l u e n t e a c e r c a d a p o l í t i c a e c o n ô m i c a i m p l e m e n t a d a n o Brasil d u r a n t e o p e r í o d o 1 9 7 4 - 7 9 . E s s a t e s e e n f a t i z a q u e a p o l í t i c a e c o n ô m i c a d a q u e l e p e r í o d o p o s s u í a o b j e t i v o s i n c o m p a t í v e i s e q u e uti-l i z a v a o s i n s t m m e n t o s m o n e t á r i o s e fiscais d e f o r m a confuti-litante. T e m - s e afirm a d o q u e n o s a n o s 1 9 7 4 7 9 e x i s t i a afirm d o i s p ó l o s o p o s t o s n o i n t e r i o r d o G o v e r -n o r e p r e s e -n t a d o s p e l o M i -n i s t é r i o d a F a z e -n d a , cujo titular era M a r i o H e -n r i q u e S i m o n s e n , e p e l o M i n i s t é r i o d o P l a n e j a m e n t o , c u j o titular e r a J o ã o P a u l o d o s R e i s Velloso. A o p o s i ç ã o existiria e m f u n ç ã o d o s d e s e j o s d o p r i m e i r o d e e l i m i n a r a inflação c o m m é t o d o s r e c e s s i v o s , e n q u a n t o o s e g u n d o v i s a v a i m p u l s i o -• o autor agradece a leitura atenciosa e os comentários elogiosos feitos pelo professor A. B a n o s de Castro a uma versão prelinünar do presente artigo Contudo, valem as observações de praxe. O apoio da Faperj é também reconhecido.

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n a r a e c o n o m i a m m o ao c r e s c i m e n t o . U m a v e r s ã o m a i s nítida d a referida t e s e c o n s i d e r a a i n d a q u e o árbitro d o s conflitos seria o P r e s i d e n t e d a R e p ú b l i c a , o G e n e r a l E r n e s t o Geisel, e q u e tais conflitos p r e d o m i n a n t e m e n t e f o r a m resolvi-d o s a favor resolvi-d a o p ç ã o p e l o c r e s c i m e n t o e m resolvi-d e t r i m e n t o resolvi-d a o p ç ã o p e l a estabiliza-ção. E s s e conjunto d e idéias a p a r e c e d e f o r m a dispersa e m textos variados e c o m a r g u m e n t o s d i v e r s o s . H á d e c o m u m s o m e n t e u m s e n t i m e n t o cético e m r e l a ç ã o à política m a c r o e c o n ô m i c a d a g e s t ã o S i m o n s e n - V e l l o s o .

Coutinho afirmou q u e "entre 1974 e 1978 a política econômica estiolou-se na tentativa d e corijugar objetivos irreconciliáveis" ( 1 9 8 1 , p . 77). S e g u n d o esse autor, projetou-se u m n o v o padrão d e expansão q u e visava à manutenção das ta-xas d e c r e s c i m e n t o d o p e r í o d o 1967-73 e, s i m u l t a n e a m e n t e , objetivava-se a desaceleração d a inflação e a contenção d o déficit d o balanço de p a g a m e n t o s . Concluiu, portanto, q u e havia " u m a contradição inequívoca entre a pohtica d e gasto e investimento público, ambiciosa e expansionista, e a política d e crédito e financiamento q u e deveria seguir objetivos contencionistas" (1981, p . 7 7 ) .

Carneiro (1990) afirmou q u e o G o v e m o p o s s u í a u m a equipe híbrida c o m -p o s t a , n o P l a n e j a m e n t o , -p o r t é c n i c o s q u e se c a r a c t e r i z a r a m -p o r -p r o d u z i r - proje-tos d e i m p a c t o e, n a F a z e n d a , a característica m a r c a n t e e r a o conservadorismo

cartesiano d e S i m o n s e n . E , c o m o j u i z d a s eventuais divergências sobre o s

ramos da e c o n o m i a , t i n h a - s e " u m P r e s i d e n t e s e m p r e p r e s e n t e e p r o n t o a presi-d i r " ( 1 9 9 0 , p . 2 9 8 ) . C a r n e i r o afirmou a i n presi-d a q u e o s conflitos entre estabilizaç ã o e ajuste estratural m a r c a r a m a política e c o n ô m i c a d o G o v e m o Geisel: " e s -tabilizar a e c o n o m i a o u d a r p r i o r i d a d e à c o n t i n u i d a d e d o c r e s c i m e n t o " (1990), essa e r a a q u e s t ã o q u e p e r m a n e c e u d u r a n t e o p e r í o d o 1974-79 s e m q u a l q u e r s o l u ç ã o definitiva. C o n s e q ü e n t e m e n t e , s e g u n d o C a r n e i r o , o País o p t o u p o r u m a

p o l í t i c a e c o n ô m i c a d e caráter precário e inarticulado.

R o b e r t o C a m p o s afirmou q u e o " g a b i n e t e d o p r e s i d e n t e Geisel, discipli-n a d o discipli-n a aparêdiscipli-ncia, o c u l t a v a g r a v e s c l i v a g e discipli-n s . S i m o discipli-n s e discipli-n , p r e o c u p a d o c o m o b a l a n ç o d e p a g a m e n t o s , p r e g a v a c o n t e n ç ã o e austeridade. Reis Velloso, n o P l a n e j a m e n t o , a n s i a v a p o r projetos d e s e n v o l v i m e n t i s t a s " ( 1 9 9 8 , p . 11). S e g u n d o C a m p o s , S i m o n s e n se utilizava d e relatórios confidenciais p a r a p r e g a r j u n -t o a o p r e s i d e n -t e a i m p l e m e n -t a ç ã o d e m e d i d a s res-tri-tivas. E , p o r u l -t i m o , disse q u e o M i n i s t r o d a F a z e n d a e f e t i v a m e n t e " . . .aplicou i n t e r m i t e n t e m e n t e m e d i -d a s c o n t r a c i o n i s t a s q u e r e -d u z i r a m o c r e s c i m e n t o . . . " ( 1 9 9 8 , p . 11).

B r e s s e r P e r e i r a ( 1 9 8 3 ) , e m b o r a m u i t o m e n o s c é t i c o q u e os o u t r o s , afir-m o u q u e , n o p e r í o d o 1 9 7 4 - 1 9 7 9 , o País t e v e u afir-m a política e c o n ô afir-m i c a afir-m a r c a d a p o r u m a contradição básica. O II P N D l e v o u o país a u m g r a n d e esforço d e i n v e s t i m e n t o , q u e , s e g u n d o esse autor, c o n d u z i u a o e n d i v i d a m e n t o e x t e m o , a l é m d e p r o d u z i r p r e s s õ e s inflacionárias. E m sentido o p o s t o , e x p l i c o u B r e s s e r Pereira, a partir d o M i n i s t é r i o d a F a z e n d a e d o B a n c o Central, p r o c u r a v a - s e

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c o m b a t e r a inflação a t r a v é s d e políticas restritivas. S u a c o n c l u s ã o foi q u e n o s e i o d o p r ó p r i o G o v e r n o e x i s t i a m " u m a p o s i ç ã o d e s e n v o l v i m e n t i s t a e intervencionista, d e u m lado, e u m a p o s i ç ã o c o n s e r v a d o r a o u m o n e t a r i s t a , d e o u t r o . A p o s i ç ã o m o n e t a r i s t a , e n t r e t a n t o , n u n c a foi radical e d e q u a l q u e r f o r m a j a m a i s c h e g o u a p r e v a l e c e r i n t e i r a m e n t e . " ( 1 9 8 3 , p . 120-1).

O objetivo d o artigo é m o s t r a r q u e a tesecrítica a c e r c a d a p o l í t i c a e c o n ô -m i c a i -m p l e -m e n t a d a n o p e r í o d o S i -m o n s e n - V e l l o s o é insuficiente. M o s t r a - s e q u e a política e c o n ô m i c a n ã o e s t i o l o u - s e e q u e p o s s u í a m e t a s c o m p a t í v e i s . P a r a a l c a n ç a r o o b j e t i v o d o artigo, define-se u m m é t o d o d e a v a l i a ç ã o d a efici-ência d e políticas m a c r o e c o n ô m i c a s q u e é e x p o s t o n a s e ç ã o 2 . F a z - s e , n a seção 3, u m a d i s c u s s ã o a c e r c a d o objetivo d a política e c o n ô m i c a a d o t a d o n o G o v e r n o G e i s e l . N a s e ç ã o 4 , a n a l i s a s e se h o u v e conflitos e n t r e a s políticas m o n e t á -ria e fiscal à q u e l e p e r í o d o . E , n a s e ç ã o 5 , d i s c u t e - s e q u e t i p o d e sinais o s

policymakers e m i t i a m a o s a g e n t e s d u r a n t e o s anos 1 9 7 4 - 7 9 . N a tíltima s e ç ã o ,

faz-se u m s u m á r i o d a s p r i n c i p a i s c o n c l u s õ e s d o texto, d e n t r e elas, q u e a políti-ca e c o n ô m i c a d o p e r í o d o e m q u e s t ã o p o s s u í a m e t a s c o n g m e n t e s e n ã o utilizou de f o r m a c o n t r a d i t ó r i a o s i n s t r u m e n t o s fiscais e m o n e t á r i o s . C a b e ressaltar-q u e o a r t i g o está p r e o c u p a d o e m discutir e x c l u s i v a m e n t e o b i n ó m i o

cresci-mento-inflação. U m o u t r o - b i n ô m i o , e m b o r a relevante à é p o c a , j á t e v e s u a

dis-c u s s ã o a p r o f u n d a d a n a literatura, a saber, dis-cresdis-cimento-desequilíbrio externo}

2 Critérios de eficiência de políticas macroeconômicas

Faz-se necessário a definição d e u m m é t o d o d e avaliação sobre a eficiência de políticas m a c r o e c o n ô m i c a s p a r a q u e o objetivo do artigo seja alcançado. S e m definir c o m precisão u m m é t o d o d e avaliação de ações econômicas governamen-tais, t o m a - s e impossível tecer críticas contundentes a u m determinado e s q u e m a de política e c o n ô m i c a - tal c o m o fizeram o s críticos da gestão Simonsen-Velloso. Indefinições metodológicas são o m o t i v o pelo qual as críticas apareceram de for-m a dispersa, excessivafor-mente adjetivadas e c o for-m fundafor-mentos nebulosos. U for-m pro-cesso d e ci-ítica m a i s rigoroso seria aquele que evidencia a distância entre u m m o d e l o d e pohtica e c o n ô m i c a q u e p o d e ser considerado eficiente e aquele que foi efetivamente praticado n o período 1974-79. Portanto é imprescindível a definição de critérios de avaliação d e eficiência d e políticas econômicas. Buscou-se cons-tmir tal m é t o d o c o m base e m algumas idéias d o economista inglês John M a y n a r d K e y n e s e de alguns d o s seus seguidores.

S e g u n d o a t e o r i a d a p o l í t i c a e c o n ô m i c a d e J . T i n b e r g e n ( 1 9 5 2 ) , o n ú m e r o de o b j e t i v o s a l m e j a d o s d e v e s e r inferior a o n ú m e r o de i n s t m m e n t o s q u e p o

-' Uma discussão aprofundada sobre o binômio crescimento-desequilíbrio externo pode ser encontrada em Castro & Pires de Souza (1985).

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d e m ser u t i l i z a d o s . C a s o contrário, p e l o m e n o s u m objetivo n ã o seria alcança-d o se existir traalcança-de-off entre eles. S e n alcança-d o assim, c a alcança-d a objetivo alcança-d e v e ter p e l o m e n o s u m i n s t r u m e n t o c o r r e s p o n d e n t e . E m b o r a essa seja u m a c o n d i ç ã o n e -cessária n ã o é suficiente p a r a o s u c e s s o de u m a i n t e r v e n ç ã o m a c r o e c o n ô m i c a . A coordenação n a utilização dos i n s t r u m e n t o s torna-se f u n d a m e n t a l q u a n d o u m objetivo p o s s u i m a i s de u m i n s t r u m e n t o q u e p o d e ser a c i o n a d o .

A coordenação da utilização de instmmentos de intervenção macroeconômica é fundamental. Quanto mais coordenados estiverem os instnimentos monetários entre si e esses, por sua vez, c o m os instnimentos fiscais, mais eficiente provavel-mente será a política econômica. A coordenação é necessária porque, c o m o afir-m o u C a i afir-m c r o s s , "todos os instafir-mafir-mentos de política econôafir-mica interageafir-m. O que ocorre q u a n d o se utiliza qualquer instramento depende do estado dos demais ins-trumentos de política e das condições que prevalecem naquele m o m e n t o . " (1992, p. 198). C a d a i n s t m m e n t o utiliza u m canal de transmissão diferente agindo c o m

timing e intensidades diversas, m a s todos afetam u m a única variável, a demanda.

Lx)go, é imprescindível a coordenação da utilização das várias ferramentas que a g e m sobre o m e s m o objeto, a demanda.^

E m b o r a a c o o r d e n a ç ã o d a u t i l i z a ç ã o d o s i n s t r u m e n t o s d e p o l í t i c a m a c r o e c o n ô m i c a seja i m p r e s c i n d í v e l , outros dois critérios d e v e m ser o b s e r v a -d o s p a r a o j u l g a m e n t o s o b r e a e f i c i ê n c i a -d e u m a -d e t e r m i n a -d a a ç ã o m a c r o e c o n ô m i c a . U m a política m a c r o e c o n ô m i c a eficiente seria a q u e l a q u e , a l é m d e c r i a r o m í n i m o d e utilização-contraditória entre seus i n s t r u m e n t o s fiscais e m o n e t á r i o s , p e r s e g u e u m objetivo n ã o - a m b í g u o e, t a m b é m , emite o m á x i m o d e sinais a o s agentes a fim d e estimulá-los a agir n o m e s m o sentido da d i r e ç ã o a p o n t a d a / a d o t a d a pelas a u t o r i d a d e s .

U m a p o l í t i c a e c o n ô m i c a p a r a ser eficiente d e v e emitir nítidos sinais aos a g e n t e s a f i m de e s t i m u l á - l o s a agir n o s e n t i d o da d i r e ç ã o i n d i c a d a p e l o s

policymakers. Q u a n t o m a i s nítidos f o r e m os sinais de política, m a i s seguros e

confiantes e s t a r ã o o s a g e n t e s para decidir, assim, m a i o r será o e s t í m u l o privad o p a r a agir e m e n o r s e r á a i n t e n s i privad a privad e e o t e m p o privad e utilização privados i n s t n i m e n

-^ A atenção de Keynes dada à necessidade de coordenação dos instrumentos de política monetária entre si e, simultaneamente, com os instrumentos de política fiscal foi expressa, por exemplo, no seu plano de busca do pleno emprego para a Inglaterra no período imediatamente anterior a Segunda Guerra. Keynes sugeriu que: deveriam ser evitadas taxas de juros mais altas - a taxa de juros de longo termo não deveria exceder 2 Vi % e a taxa de juros bancária deveria ser mantida em tomo de 2% a.a,; uma política fiscal de taxação seria a base para a obtenção de recursos reais por parte do Governo visando à compra de armamentos; através da emissão de papéis com maturidades diferenciadas, o Governo deveria permiür aos agentes manter a estrutura de maturidade de dívida pública desejada, assim, preferências poderiam ser exercidas e se evitaria de se ter de oferecer taxas de juros mais elevadas para compensar uma liquidez menor de um ativo-papel; as autoridades deveriam estar atentas para absorver a poupança (via emissão de dívida) gerada por um gasto do Govemo, assim, pressões seriam evitadas sobre o mercado de bens e de ativos financeiros - logo, poderia ser preservada a estrutura de taxas de juros almejada, Essas medidas foram descritas por MOGGRIDGE (1993, p. 129).

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tos de política e c o n ô m i c a que serão a c i o n a d o s p e l a s a u t o r i d a d e s . Estas p o d e m sinalizar a o s agentes o p r o v á v e l c o n t e x t o futuro p o r q u e são c a p a z e s de influir sobre a c o n s t m ç ã o desse futuro - d a d o o v o l u m e d e r e c u r s o s q u e m o b i l i z a m e a n o t á v e l influência s o b r e certas variáveis que p o s s u e m . E s s a r e c o n h e c i d a c a -p a c i d a d e d e influência sobre a c o n s t m ç ã o de contextos e c o n ô m i c o s -p o r -p a r t e d a s a u t o r i d a d e s p o d e e s t i m u l a r os agentes a d e c i d i r de a c o r d o c o m o e s p e r a d o . P o r t a n t o os sinais e m i t i d o s pelas autoridades p o d e m i n d u z i r a f o r m a ç ã o d e e x p e c t a t i v a s auto-realizáveis: agentes a c r e d i t a m q u e d e t e r m i n a d o c o n t e x t o fu-t u r o o c o r r e r á , e n fu-t ã o , fu-t o m a m decisões consisfu-tenfu-tes c o m suas e x p e c fu-t a fu-t i v a s , q u e t e r m i n a m por' ser validadas pela realidade - d a d o q u e os a g e n t e s a g i r a m p a r a c o n s t m i r a q u e l e c e n á r i o e s p e r a d o .

O critério da n e c e s s i d a d e de e m i s s ã o de n í t i d o s sinais está r i g o r o s a m e n t e d e a c o r d o c o m a c o n c e p ç ã o de p l a n e j a m e n t o e c o n ô m i c o d e K e y n e s . P a r a e s s e autor, o t e r m o p l a n e j a m e n t o e c o n ô m i c o p o s s u i u m significado m a i s e x t e n s o q u e política e c o n ô m i c a . O p r i m e i r o , a l é m de e n g l o b a r o s e g u n d o , refere-se à r e a l i z a ç ã o d e a m p l a s t r a n s f o r m a ç õ e s e c o n ô m i c a s , t a i s c o m o r e f o r m a s institucionais. P l a n e j a m e n t o e, c o n s e q ü e n t e m e n t e , políticas e c o n ô m i c a s n ã o são, p a r a K e y n e s , f o r m a s de i n t e r v e n ç ã o q u e significam: c o n t r o l e da e c o n o -m i a , fi-m d o princípio d a liberdade ou i -m p o s i ç ã o de d e c i s õ e s i n d i v i d u a i s . P e l o c o n t r á r i o , o p l a n e j a m e n t o e c o n ô m i c o d e v e - s e restringir a orientar a s o c i e d a d e e d i r e c i o n a r (ou induzir) decisões privadas.^ P o r t a n t o a n i t i d e z d a s i n t e n ç õ e s e d o m o d o d e ação das autoridades é n e c e s s á r i a à i n d u ç ã o de d e c i s õ e s / a ç õ e s p r i v a d a s . S e g u n d o Tobin ( 1 9 8 7 , p . 8), K e y n e s t i n h a e m m e n t e a l g o s e m e l h a n t e a o p l a n e j a m e n t o francês d o p ó s g u e r r a e m q u e o G o v e m o f o m e n t o u e c o o r d e -n o u a e m i s s ã o de si-nais d e s u p e r a ç ã o do p e s s i m i s m o p a r a i -n c e -n t i v a r d e c i s õ e s d e i n v e s t i m e n t o .

C o m o será m o s t r a d o a seguir (na seção 4 ) , a política e c o n ô m i c a d o p e r í -o d -o 1 9 7 4 - 7 9 f-oi u m a p-olítica de st-op-and-g-o. C -o n t u d -o u m a p-olítica de st-op-

stopandgo, e m p r i n c í p i o , n ã o é n e c e s s a r i a m e n t e u m a política ineficiente. P l a g i a n

d o F r i e d m a n ( 1 9 6 8 ) e m u m sentido q u e ele c e r t a m e n t e n ã o c o n c o r d a r i a , p o d e -se afirmar- q u e u m c a r r o ( u m a e c o n o m i a ) t e m freio e a c e l e r a d o r ( i n s t m m e n t o s de política e c o n ô m i c a ) . C a d a u m d e v e ser u t i l i z a d o a seu t e m p o , de a c o r d o c o m as circunstâncias. O sinal vermelho indica q u e é h o r a d e desacelerar/freiar, o verde i n d i c a q u e é h o r a da partida. U m c a r r o dirigido d e f o r m a ineficiente seria a q u e l e q u e seu motorista, s i m u l t a n e a m e n t e ,

apoia

u m p é n o freio e o o u t r o n o acelerador. A s s i m , o a u t o m ó v e l n ã o possuiria m m o definido: c a m i

-^ Caimcross, percebendo essa importante característica dessas proposições intervencionistas, afirmou: "...Keynes foi um apóstolo da direção econômica mais do que da planificação econômica" (1992, p.76). Alee Caimcross fez essa afirmativa se baseando no fato de que a planificação defendida por Keynes é do tipo indicativo. O intervencionismo de Keynes não guarda qualquer semelhança com o planejamento de sentido compulsório adotado nas economias socialistas até o final da década de 1980.

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n h a r i a para frente ou p e r m a n e c e r i a p a r a d o ? E q u i v a l e n t e m e n t e , e s s a s i t u a ç ã o caracterizaria u m a política e c o n ô m i c a s e m o b j e t i v o definido. A d e m a i s , a utilizaçãocontraditória dos i n s t m m e n t o s de d i r e ç ã o p r o v o c a r i a d e s g a s t e d e c o m -bustível e das lonas de freio e emitiria sinais n e b u l o s o s aos p e d e s t r e s q u e esta-r i a m atesta-ravessando sobesta-re a faixa d e s e g u esta-r a n ç a : a t esta-r a v e s s a esta-r ou p e esta-r m a n e c e esta-r aguaesta-r- aguar-d a n aguar-d o ? A n a l o g a m e n t e , esse c o n t e x t o caracterizaria u m a política e c o n ô m i c a c o m utilização-contraditória dos i n s t m m e n t o s fiscais e m o n e t á r i o s e q u e esta-ria e m i t i n d o m a i s raídos do q u e sinais claros d a d i r e ç ã o adotada.

T e n d o sido definido u m m é t o d o d e a v a l i a ç ã o qualitativa d e eficiência d e p o l í t i c a s e c o n ô m i c a s , u t i l i z a r - s e - á t a l m é t o d o p a r a a v a l i a r a p o l í t i c a i m p l e m e n t a d a pela gestão S i m o n s e n - V e l l o s o . N a p r ó x i m a seção será d i s c u t i d o s e h a v i a u m objetivo prioritário d e política e c o n ô m i c a d u r a n t e e s s a g e s t ã o . N a s e ç ã o 4, será feita u m a avaliação das ações m o n e t á r i a s e fiscais, o b s e r v a n d o - s e se h o u v e utilização-contraditória dos i n s t r a m e n t o s d e política e c o n ô m i c a . E , p o r ú l t i m o , analisar-se-á o tipo de sinal q u e tal política emitia a o s a g e n t e s e c o n ô m i c o s , e s p e c i a l m e n t e , aos e m p r e s á r i o s . A s s i m , esperase c u m p r i r o o b -jetivo do artigo que é caracterizar a política e c o n ô m i c a d e s e n v o l v i d a n a q u e l e p e r í o d o de forma oposta a t e s e defendida, p r i n c i p a l m e n t e , p o r C o u t i n h o ( 1 9 8 1 ) , C a m e i r o (1990) e C a m p o s ( 1 9 9 8 ) .

3 O objetivo da política econômica do governo Geisel

O o b j e t i v o d a p o l í t i c a e c o n ô m i c a d o G o v e r n o G e i s e l e r a : crescer o

PIB sem acelerar a taxa de inflação. E m b o r a e s s e o b j e t i v o n ã o t e n h a s i d o

e x p l i c i t a d o n e s s e s t e r m o s e m n e n h u m d o c u m e n t o oficial, as a ç õ e s d a e q u i p e g o v e r n a m e n t a l a p o n t a v a m n i t i d a m e n t e n e s s a d i r e ç ã o . A e c o n o m i a d e v e r i a c r e s c e r a t é q u e o sinal vermelho d a a c e l e r a ç ã o d a t a x a d e i n f l a ç ã o a c e n d e s s e . C o n t i d a s as p r e s s õ e s i n f l a c i o n á r i a s , o c r e s c i m e n t o e c o n ô m i c o d e -v e r i a r e t o m a r o seu c u r s o o r i g i n a l c o m sinal -verde. A s s i m , o p e r í o d o e m d i s c u s s ã o foi m a r c a d o p o r u m a p o l í t i c a d e stop-and-go.'* O c o m p r o m i s s o d e J o ã o P a u l o d o s R e i s V e l l o s o c o m o c r e s c i m e n t o d a e c o n o m i a d a q u e l e t e m p o é i n q u e s t i o n á v e l . A l é m d o s e u c o m p r o m i s s o c o m a s t e s e s d e s e n v o l v i m e n t i s t a s , h a v i a p o r p a r t e d o M i n i s t r o d o P l a n e j a m e n t o u m a n í t i d a p r e o c u p a ç ã o c o m o s d e m a i s p r o b l e m a s m a c r o e c o n ô m i c o s , e m e s p e -c i a l , a i n f l a ç ã o . E, p o d e - s e a f i r m a r q u e foi u m e r r o -c r a s s o p e n s a r q u e S i m o n s e n , p o r ser c o n s i d e r a d o u m m o n e t a r i s t a , o b j e t i v a v a a e l i m i n a ç ã o d a i n f l a ç ã o c o m a u t i l i z a ç ã o d e m é t o d o s r e c e s s i v o s . S e u c o m p r o m i s s o e r a , a p e n a s e t ã o - s o m e n t e , c o m b a t e r as t e n d ê n c i a s d e a c e l e r a ç ã o d a t a x a d e i n f l a ç ã o e n ã o a i n f l a ç ã o p r o p r i a m e n t e d i t a .

Reis Velloso recentemente admitiu que, a partir de meados da gestão que ele e Simonsen c o m a n d a r a m a economia brasileira, "o crescimento seria o maior possível, uma vez realizados [...] dois ajustes [o ajuste do balanço de pagamentos e o ajuste quanto à inflação]" (VELL.OSO, 1998, p. 19).

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S e S i m o n s e n e r a u m monetarista-conservador, c o m o a f i r m a v a m os críti-c o s d a políticríti-ca e críti-c o n ô m i críti-c a a p l i críti-c a d a no período 1 9 7 4 - 7 9 , sua o p ç ã o t e ó r i críti-c a e r a bastante c o e r e n t e c o m a p o s t u r a que adotou à frente d o M i n i s t é r i o d a F a z e n d a : c o m b a t e r u n i c a m e n t e o c r e s c i m e n t o das taxas de inflação. O m o n e t a r i s m o d u -r a n t e a d é c a d a d e 1 9 7 0 e -r a -r e p -r e s e n t a d o b a s i c a m e n t e p e l o p e n s a m e n t o f r i e d m a n i a n o . N o m o d e l o de F r i e d m a n , exposto n o seu c o n h e c i d o a r t i g o The

Role ofMonetary Policy, t a x a s de inflação (inclusive e l e v a d a s ) c o n s t a n t e s n ã o

p r o v o c a m q u a l q u e r p e r t u r b a ç ã o e c o n ô m i c a . P e r t u r b a ç õ e s o c o r r e m q u a n d o a inflação n ã o é a n t e c i p a d a , o q u e g e r a l m e n t e significa u m a t a x a c r e s c e n t e d e inflação ( F r i e d m a n , 1968). A inflação constante seria n e u t r a n a c o n c e p ç ã o d e F r i e d m a n . N o seu m o d e l o , t a x a s de inflação constantes d a r i a m a o s a g e n t e s p l e n a c a p a c i d a d e d e p r e v i s ã o e, assim, sob tais c o n d i ç õ e s , as d e c i s õ e s indivi-duais t o m a r - s e - i a m consistentes c o m as curvas de preferências r e a / s e n t r e lazer e trabalho.

O M i n i s t r o d a F a z e n d a , s u p o s t a m e n t e simpatizante d o m o n e t a r i s m o , e s -tava i m b u í d o d a i d é i a de q u e seu papel n o G o v e m o e r a c o m b a t e r a inflação c r e s c e n t e . S i m o n s e n , e m palestra proferida à C o m i s s ã o de E c o n o m i a d a C â -m a r a dos D e p u t a d o s , n o início do ano de 1976, afir-mou q u e u -m d o s p r o b l e -m a s e c o n ô m i c o s e r a a " m a n u t e n ç ã o da inflação sob a d e q u a d o c o n t r o l e " ( 1 9 7 6 a , p . 1). E m j u l h o d e 1 9 7 6 , e m o u t r a palestra, desta vez proferida n a E S G ( E s c o l a S u p e r i o r de G u e r r a ) declarou q u e u m dos p r o b l e m a s a s o l u c i o n a r e r a " a r e d u -ção d o r i t m o inflacionário"( 1976b, p . 1). N o ano s e g u i n t e , e m p a l e s t r a a o s e m p r e s á r i o s d i s s e : "...a política monetária, e m b o r a n ã o seja o ú n i c o , r e p r e s e n -ta u m p o d e r o s o i n s t m m e n t o de r e g u l a g e m da inflação..."(1977, p . 1). Efetiva-m e n t e , esse era o objetivo d o Ministério da F a z e n d a : Efetiva-m a n t e r a inflação sob c o n t r o l e , r e g u l a r a inflação, reduzir o seu ritmo de c r e s c i m e n t o e n ã o d e b e l á - l a e m definitivo.

S i m o n s e n , e m b o r a s u p o s t a m e n t e simpatizasse c o m o m o n e t a r i s m o , esta-va c o m p r o m i s s a d o t a m b é m c o m as políticas de f o m e n t o a o c r e s c i m e n t o . O M i n i s t r o d a F a z e n d a , e m p a l e s t r a proferida à C o m i s s ã o d e E c o n o m i a da C â -m a r a d o s D e p u t a d o s , afir-mou a i n d a que "...se p e n s a r -m o s a p e n a s e -m c o -m b a t e a inflação, c h e g a r e m o s a m a u s resultados e m c r e s c i m e n t o [...] e s e n o s c o n c e n -t r a r m o s a p e n a s n o c r e s c i m e n -t o a cur-to p r a z o [...] p r e p a r a r e m o s u m fu-turo sui-cídio inflacionário [...]" ( 1 9 7 6 a , p . 2). A s palavras de S i m o n s e n a o finalizar essa c o n f e r ê n c i a s ã o e s c l a r e c e d o r a s sobre o objetivo d a política e c o n ô m i c a a d o t a d a p e l o G o v e r n o : " [ n o s s o objetivo] n ã o c o m p o r t a e s p e c u l a ç õ e s pessi-m i s t a s q u a n t o à e v e n t u a l i d a d e de recessão, ou c r e s c i pessi-m e n t o z e r o , c r i s e c a pessi-m b i a l ou e x p l o s ã o inflacionária. D e v e r e m o s continuar c r e s c e n d o a t a x a s significati-vas, c o m visível r e d u ç ã o d o déficit comercial e c o m a inflação sob controle". ( S i m o n s e n , 1976a, p . 2 5 6 ) . S i m o n s e n d e n o m i n o u o objetivo d a p o l í t i c a e c o

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-n ô m i c a do p e r í o d o Geisel de solução de compromisso satisfatória. N a palestra d a E S G , explicou c o m m a i s detalhes tal d e n o m i n a ç ã o :

...quando temos vários objetivos a alcançar, não se pode esperar o ideal em cada um deles, mas apenas uma inevitável fórmula de compro-misso. A formulação de política econômica, por sua vez, tornou-se bem mais complexa a partir de 1973 para países importadores de petróleo. De alguma forma parece que estamos diante de uma situação em que há mais equações do que incógnitas, o que podemos obter não é uma solu-ção precisa para cada uma delas, mas a melhor aproximasolu-ção possível para seu conjunto. (1976b, p. .3).

A i n d a n a palestra da E S G , S i m o n s e n m o s t r o u , m a i s u m a vez, q u e , e m b o ra sua tarefa n o G o v e m o fosse c o m b a t e r a a c e l e r a ç ã o d a inflação, e s t a v a c o m -p r o m e t i d o c o m as idéias d e s e n v o l v i m e n t i s t a s , seu r a c i o c í n i o e r a o seguinte:

Suponhamos [...] que pensemos apenas em combater a inflação. A melhor receita, no caso, seria a do máximo aperto na política monetá-ria e fiscal, do congelamento de salários, taxas de câmbio e vários pre-ços administrados pelo Govemo e do amplo corte de investimentos. Esse unilateralismo, todavia, prejudicaria o crescimento presente pelo excessivo aperto monetário e fiscal; [e] o crescimento futuro pelo corte de investimentos...(1976b, p. .3)

C a r n e i r o afirmou q u e "...o discurso e m favor d e u m ajuste contracionista, e n t ã o a d o t a d o na área d o M i n i s t é r i o d a F a z e n d a , p a r e c e ter sido antes m o t i v a -d o p e l a p e r -d a -d e controle m o n e t á r i o e p e l a r e p r e s s ã o -d e p r e ç o s o c o r r i -d a s n o final do g o v e m o anterior, d o q u e p o r q u a l q u e r p e r c e p ç ã o explícita d a necessi-d a necessi-d e necessi-de crescer m e n o s . . . " ( 1 9 9 0 , p . 2 9 8 ) . E s s a a f i r m a ç ã o necessi-d e C a r n e i r o , e m b o r a a p a r e ç a entre os seus a r g u m e n t o s céticos à p o l í t i c a e c o n ô m i c a i m p l e m e n t a d a p e l a gestão S i m o n s e n - V e l l o s o , é p l e n a m e n t e a d e q u a d a à t e s e o p o s t a - defendi-da nesse artigo. P o d e - s e , e n t ã o , afirmar q u e S i m o n s e n visava, c o m seu discur-so d e t o m contencionista, a p e n a s à r e t o m a d a d o c o n t r o l e m o n e t á r i o e n ã o , efetivamente, p r o v o c a r u m a r e c e s s ã o (ou u m a d e s a c e l e r a ç ã o ) p a r a d e b e l a r a inflação. Nesse sentido, pode-se concluir q u e o Ministério d a F a z e n d a t a m b é m estava, verdadeiramente, compromissado c o m a m e t a de crescimento e c o n ô m i c o . C a r n e i r o a d u z i u a i n d a q u e " u m c e r t o o t i m i s m o p e l a e x i s t ê n c i a d e i n d e x a ç ã o contribiua p a r a a u m e n t a r a t o l e r â n c i a c o m t a x a s m a i s e l e v a d a s d e i n f l a ç ã o " ( 1 9 9 0 , p . 2 9 9 ) . E s s a a f i r m a t i v a t a m b é m r e f o r ç a a i d é i a d e q u e S i m o n s e n n ã o e s t a v a c o m p r o m i s s a d o c o m o fim da inflação. C o n t u d o tal oti-m i s oti-m o , d e s t a c a d o p o r C a r n e i r o , e r a e oti-m a n a d o p e l o p r i n c i p a l t e ó r i c o d o m o n e t a r i s m o à é p o c a . E m a r t i g o p o u c o c o n h e c i d o , c h a m a d o Monetary

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con-t e x con-t o d e p l e n a i n d e x a ç ã o d e p r e ç o s e salários. N e s s e con-texcon-to, F r i e d m a n se o p ô s às r e g r a s d e reajuste q u e b u s c a v a m e m b u t i r n o s p r e ç o s e salários a inflação futura esperada: a regra ideal q u e neutralizaria os efeitos d a inflação seria aquela q u e incorporaria s o m e n t e a inflação p a s s a d a i n t e g r a l m e n t e . P o r t a n t o , n e s s e a s p e c t o , S i m o n s e n e s t a v a c o m p l e t a m e n t e a l i n h a d o c o m o r e c e i t u á r i o m o n e t a r i s t a existente à q u e l a é p o c a . S ã o s u a s as s e g u i n t e s p a l a v r a s : " ... é ver-d a ver-d e q u e os efeitos e c o n ô m i c o s ver-d a inflação s ã o b e m m e n o s n o c i v o s n o Brasil do q u e e m o u t r o s países, d e v i d o a o instituto d a c o r r e ç ã o m o n e t á r i a . D i s t o r ç õ e s c l a s s i c a m e n t e associadas à alta c r ô n i c a d o s p r e ç o s , c o m o o d e s e s t í m u l o à p o u -p a n ç a , n ã o se verificam n o B r a s i l , g r a ç a s a este i n s t i t u t o . " ( 1 9 7 6 b , -p . 2 ) .

C o m o c o n s e q ü ê n c i a d a s idéias até aqui expostas, admite-se que S i m o n s e n , n o q u e d i z r e s p e i t o e x c l u s i v a m e n t e à a d m i n i s t r a ç ã o m o n e t á r i a , p o d i a ser c o n -s i d e r a d o u m -s i m p a t i z a n t e d a -s idéia-s m o n e t a r i -s t a -s d e M i l t o n F r i e d m a n - tal

p o s t u r a , o fez c o m b a t e r a inflação crescente e c o n v i v e r c o m a inflação estável

d a d o q u e a e c o n o m i a brasileira j á e r a b a s t a n t e i n d e x a d a . C o n t u d o a a c e i t a ç ã o e m participar de u m G o v e m o a b e r t a m e n t e intervencionista e desenvolvimentista i n d i c a u m a p o s t u r a m a i s a m p l a e e c l é t i c a d o q u e u m m o n e t a r i s m o - p u r o . S i m o n s e n participou d e u m G o v e m o q u e fez a e c o n o m i a caminhar em marcha

forçada d e v i d o às restrições e x t e m a s ; e isto e s t a v a e m d e s a c o r d o direto c o m

as proposições monetaristas, m a i s gerais, d e nãointervencionismo. Então, p o d e -se c o n c l u i r q u e S i m o n s e n e r a f r i e d m a n i a n o e m r e l a ç ã o à g e s t ã o m o n e t á r i a e u m policymaker k e y n e s i a n o a c e r c a d a s o p ç õ e s f i s c a i s d o G o v e r n o . E q u i v a l e n t e m e n t e , S i m o n s e n n ã o e r a u m m o n e t a r i s t a r a d i c a l , n e m u m k e y n e s i a n o m í o p e às p r e s s õ e s inflacionárias. E s s a c a r a c t e r i z a ç ã o é t o t a l m e n t e c o e r e n t e c o m as p a l a v r a s d o p r ó p r i o M i n i s t r o d a F a z e n d a q u e , à é p o c a d o G o v e m o Geisel, afirmou: " m a n t e m o - n o s n u m a p m d e n t e e q u i d i s t a n c i a entre

friedmanianos e x t r e m a d o s , q u e s ó a c r e d i t a m n a m o e d a , e o s keynesianos q u e

m a l l e r a m a Teoria G e r a l d e K e y n e s . . . " ( S i m o n s e n , 1977, p . 1).

E s s a seção objetivou m o s t r a r q u a s e q u e e x c l u s i v a m e n t e q u e S i m o n s e n e s t a v a d i s p o s t o a c o m b a t e r u n i c a m e n t e as t a x a s d e a c e l e r a ç ã o inflacionária e n ã o d e r m b a r a inflação se u t i l i z a n d o d e m é t o d o s r e c e s s i v o s . C o n t u d o , e m b o r a essa n ã o fosse a s u a tarefa, e s t a v a t a m b é m c o m p r o m e t i d o c o m o c r e s c i m e n t o e c o n ô m i c o . P o r t a n t o suas atitudes e d e c i s õ e s e r a m c o e r e n t e s c o m a m e t a g o -v e m a m e n t a l d e crescer s e m aceitar -v a r i a ç õ e s p o s i t i -v a s d a t a x a d e inflação. O s objetivos d o G o v e r n o s o m e n t e s e r i a m , c o m o C o u t i n h o ( 1 9 8 1 ) c h a m o u ,

irre-conciliáveis se o M i n i s t é r i o d o P l a n e j a m e n t o h a s t e a s s e a b a n d e i r a d o

cresci-m e n t o e c o n ô cresci-m i c o , e n q u a n t o o M i n i s t é r i o d a F a z e n d a h a s t e a s s e a b a n d e i r a d o fim d a inflação c o m r e c e s s ã o . J o ã o P a u l o d o s R e i s Velloso e M a r i o H e n r i q u e S i m o n s e n a s s u m i r a m p o s t u r a s a d e q u a d a s a o objetivo g o v e r n a m e n t a l . ' O s dois

Na próxima seção, será mostrado que o Ministro d o Planejamento, Reis Velloso, estava compromissado não só c o m o objetivo do crescimento, mas t a m b é m c o m o controle da inflação.

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m i n i s t r o s a s s i n a r a m , p o r e x e m p l o , a s e g u i n t e e x p o s i ç ã o d e m o t i v o s ao Presi-d e n t e Presi-d a R e p ú b l i c a e m 2 4 - 0 4 - 1 9 7 4 : " o g o v e r n o j á Presi-definiu c o m o p r i o r i Presi-d a Presi-d e n ú m e r o u m d a estratégia e c o n ô m i c a m a n t e r as altas t a x a s de c r e s c i m e n t o do p r o d u t o real [...] A f i r m o u - s e p o r o u t r o l a d o a d e t e r m i n a ç ã o de m a n t e r sob c o n t r o l e a inflação d e n t r o d e t r a t a m e n t o gradualista, consistente c o m a m e t a d e c r e s c i m e n t o . " ( O G l o b o , 2 5 - 0 4 - 1 9 7 4 ) .

N ã o se c o n c l u i u , e n t r e t a n t o , q u e n ã o e x i s t i a m d i v e r g ê n c i a s e m pontos p a r t i c u l a r e s . S e g u n d o Velloso, e x i s t i a m "... diferenças e m p o n t o s específicos, e até m e s m o diferença d e ênfase [...] M a s a o r i e n t a ç ã o geral d e política, a s s i m c o m o inflexões e c o r r e ç õ e s d e m m o s , s e m p r e f o r a m definidos e m conjunto, p e l o s d o i s m i n i s t r o s . . . " ( 1 9 8 6 , p . .301). N e s s e sentido, p o d e - s e concluir q u e a p o l í t i c a e c o n ô m i c a p e r s e g u i a u m objetivo ú n i c o : c r e s c e r s e m acelerar a taxa d e inflação. L o g o , n e s s e a s p e c t o , a política i m p l e m e n t a d a p o d e ser considerad a eficiente. U m a política ineficiente seria a q u e l a q u e p o s s u í s s e objetivos a m -b í g u o s e/ou c o n t r a d i t ó r i o s , p o r e x e m p l o , c r e s c e r e e l i m i n a r a inflação c o m m é t o d o s r e c e s s i v o s .

4 Política contraditória ?

E m seu artigo s o b r e a p o l í t i c a e c o n ô m i c a dos anos 1970, Bresser Pereira ( 1 9 8 3 ) intitulou a s e ç ã o q u e se refere a o p e r í o d o S i m o n s e n - V e l l o s o d e Política

Contraditória. E a f i r m o u :

Na verdade, no período 1974-79, tivemos uma política econômica marcada por uma contradição básica. De um lado o II PND definido pela presidência da República levava o país a um grande esforço de desenvolvimento, de caráter afinal anticíclico, que conduzia ao endividamento extemo, além de produzir pressões inflacionárias. De outro lado, a partir do Ministério da Fazenda e do Banco Central pro-curava-se conter os dois processos através de políticas restritivas, as quais, entretanto, tinham duração relativamente curta.( 198.3, p. 120).

S e g u i n d o o s c r i t é r i o s d e f i n i d o s n a s e ç ã o 2 , p o l í t i c a s p o d e m ser car a c t e car i z a d a s c o m o c o n t car a d i t ó car i a s (ou i n e f i c i e n t e s ) q u a n d o e x i s t e u t i l i z a -ç ã o - c o n f l i t a n t e d o s i n s t r u m e n t o s m o n e t á r i o s e f i s c a i s . E s s a s e -ç ã o o b j e t i v a a v a l i a r e m q u e m e d i d a h o u v e u t i l i z a ç ã o - c o n t r a d i t ó r i a d o s i n s t m m e n t o s d e p o l í t i c a e c o n ô m i c a n o p e r í o d o 1 9 7 4 - 7 9 . F o r a m o r g a n i z a d a s as t a b e l a s 1, 2 , 3 , 4 e 5 q u e d e s c r e v e m a s a ç õ e s m o n e t á r i a s e fiscais d o G o v e r n o n o p e r í o d o m a r ç o d e 1 9 7 8 a f e v e r e i r o d e 1979.'* U t i l i z o u - s e a v a r i a ç ã o p e r c e n t u a l r e a l d o v o l u m e m o n e t á r i o d e t í t u l o s g o v e r n a m e n t a i s v e n d i d o s a o p ú b l i c o c o m o u m a proxy d a s n e c e s s i d a d e s d e f i n a n c i a m e n t o d o d é f i c i t

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d o G o v e m o , portanto tal variação pode ser considerada representativa das ações de política fiscal adotadas. A variação percentual real dos meios de pagamentos foi considerada u m a proxy adequada da poKtica monetária adotada. A m b a s as quantidades, meios de pagamento e títulos vendidos ao público, foram deflacionadas pelos valores das Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional ( O R T N ) .

A s políticas m o n e t á r i a e fiscal f o r a m classificadas, n a s referidas t a b e l a s .

Tabela 1: Primeiro A n o de Governo

Trimestres Política Monetária Política Fiscal

mar/74-mai/74 Eíxpansionista 2% Neutta (1%) jun/74-ago/74 Contracionista (2%) Expansionista 14% set/74-nov/74 Expansionista 9% expansionista 8% dez/74-fev/75 Contracionista (5%) Neutta 0%

Tabela 2 : Segundo A n o de Governo

Trimestres Política Monetária Politica Fiscal

mar/75-raai/75 Expansionista 6% Expansionista 12% jun/75-ago/75 Expansionista 12% Neutta 0% set/75-nov/75 Expansionista 6% expansionista 15% dez/75-fev/76 Neutra (1%) Expansionista 4%

Tabela 3 : Terceiro A n o de Governo

Trimestres Política Monetária

Política Fiscal mar/76-mai/76 expansionista 2% Conttacionista (2%) Jun/76-ago/76 Neutra 0% Neutta 1%, Set/76-nov/76 Expansionista 2% Neutta 0% dez/76-fev/77 Conttacionista (3%) Neutta 0%

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Tabela 4: Q u a r t o A n o de G o v e r n o

Trimestres Política Monetária

PoKtica Fiscal mar/77-mai/77 expansionista 4% Neutra 1% Jun/77-ago/77 Neutra (1%) Expansionista 4% Set/77-nov/77 Expansionista 5% Neutra (1%) dez/77-fev/78 Neutra 1% Expansionista 5% Tabela 5: Q u i n t o A n o de G o v e r n o

Trimestres Política Monetária

Política Fiscal mar/78-mai/78 Neutra 1% expansionista 16% Jun/78-ago/78 Neutra 1% Expansionista 3 % Set/78-nav/78 Expansionista 4% Expansionista 2% dez/78-fev/79 Expansionista 3% Expansionista 4% d e a c o r d o c o m a variação d a s m a g n i t u d e s representativas ( m e i o s d e p a g a m e n -t o e v o l u m e d e -t í -t u l o s v e n d i d o s a o p i í b l i c o , r e s p e c -t i v a m e n -t e ) , c o m o : contracionistas, expansionistas ou neutras. Variações iguais o u inferiores a 1%, negativas ou positivas, f o r a m consideradas neutras. Estabelecer u m limite, neste caso 1%, é u m ato subjetivo e i n e v i t a v e l m e n t e c o n t a m i n a d o c o m a l g u m grau d e arbitrariedade. E n t r e t a n t o esta foi a forma e n c o n t r a d a p a r a se a t e n u a r o efeito d e p o s s í v e i s i m p r e c i s õ e s dos cálculos q u e , e m b o r a d e r e d u z i d a m a g n i t u -d e , p o -d e r i a m e v e n t u a l m e n t e -distorcer os resulta-dos qualitativos i n -d i c a -d o s p e l a análise seqüencial dos d a d o s . E m c a d a tabela, a b a i x o da classificação d a s p o -líticas e c o n ô m i c a s , a p a r e c e a variação percentoal e m r e l a ç ã o a o t r i m e s t r e an-terior. T o d o s os d a d o s utilizados p a r a a e l a b o r a ç ã o d a s t a b e l a s f o r a m forneci-dos pela A N D I M A .

A s tabelas 1, 2, 3 , 4 e 5 não i n d i c a m n e n h u m a s e q ü ê n c i a d e p e r í o d o s e m q u e a política m o n e t á r i a t e n h a p e r s i s t e n t e m e n t e sido a c i o n a d a e m u m sentido e n q u a n t o a política fiscal foi insistentemente a c i o n a d a e m s e n t i d o contrário. S o m e n t e d o i s trimestres isolados, durante todo o p e r í o d o d e G o v e m o , c o m u m a política fiscal expansionista e u m a política m o n e t á r i a c o n t r a c i o n i s t a (ou vice-versa) p o d e m ser e n c o n t r a d o s n a s referidas tabelas. É o c a s o d o s e g u n d o trimestre d o p r i m e i r o a n o d e G o v e m o e do p r i m e i r o t r i m e s t r e d o terceiro a n o .

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E n t r e t a n t o trimestres i s o l a d o s c o m políticas a c i o n a d a s e m sentidos o p o s t o s n ã o c a r a c t e r i z a m u m a u t i l i z a ç ã o c o n t r a d i t ó r i a d o s i n s t r u m e n t o s fiscais e m o netários o que caracterizaria tal u t i l i z a ç ã o n ã o c o o r d e n a d a seria a c o n t i n u i d a -d e , u m a s e q ü ê n c i a -de trimestres.

P o n t o s isolados de u t i l i z a ç ã o - c o n t r a d i t ó r i a d o s i n s t r u m e n t o s de política e c o n ô m i c a n ã o c a r a c t e r i z a m u m a p o l í t i c a ineficiente. P o n t o s i s o l a d o s de utili-zação-contraditória p o d e m ocorrer e m função d o timing dos i n s t r u m e n t o s . A política de g a s t o s g o v e r n a m e n t a i s t e m , p o r v e z e s , u s o l i m i t a d o p a r a enfrentar p r o b l e m a s conjunturais p o r q u e e s b a r r a e m g r a v e s dificuldades técnicas (de edificações) e, às vezes, políticas. P o r e x e m p l o , p r o g r a m a s d e o b r a s p ú b l i c a s s o m e n t e p o d e m ser ativados ou d e s a t i v a d o s de a c o r d o c o m u m c r o n o g r a m a d e e n g e n h a r i a . Tal restrição i m p l i c a u m a m e n o r flexibilidade desse i n s t m m e n t o . P o r o u t r o lado, os i n s t m m e n t o s d e c o n t r o l e d a l i q u i d e z d a e c o n o t r ú a são m a i s flexíveis. S ã o i n s t m m e n t o s q u e p o d e m ser u t i l i z a d o s sob o c o m a n d o e x c l u s i v o dos policymakers - i n s t r u m e n t o s d e c o n t r o l e m o n e t á r i o p o s s u e m u m alto g r a u de discricionariedade. P o r t a n t o , d a d o o timing d i f e r e n c i a d o de u s o dos i n s t m m e n t o s de política e c o n ô m i c a , a c a r a c t e r i z a ç ã o d a utilizaçãocontraditória s o -m e n t e p o d e ser feita q u a n d o identifica-se u -m a s e q ü ê n c i a d e p o n t o s (no c a s o , trimestres) e m q u e a política m o n e t á r i a foi a t i v a d a p e r s i s t e n t e m e n t e e m u m sentido e n q u a n t o a política fiscal insistentemente foi acionada e m sentido o p o s t o - a l g u n s p o n t o s isolados n ã o p o d e m c a r a c t e r i z a r a utilização c o n t r a d i t ó r i a d e i n s t m m e n t o s p o r q u e p o d e m ter s i d o c o n f i g u r a d o s e m r a z ã o de critérios n ã o -e c o n ô m i c o s (isto é, critérios t é c n i c o s d-e -e n g -e n h a r i a , p o r -e x -e m p l o ) .

O objetivo d o G o v e m o Geisel e r a fazer a e c o n o m i a crescer s e m acelerar a t a x a de inflação. N e s s e sentido, as políticas m a c r o e c o n ô m i c a s d e v e r i a m ser-vir a essa m e t a . A s políticas fiscal e m o n e t á r i a d e v e r i a m ser e x p a n s i o n i s t a s p a r a e s t i m u l a r e apoiar o c r e s c i m e n t o ; e restritivas q u a n d o o G o v e m o c o n s i d e r a s s e q u e as t a x a s de inflação e r a m a s c e n d e n t e s . P o r t a n t o d u a s q u e s t õ e s d e -v e m ser definidas. P r i m e i r o , a taxa d e inflação aceitá-vel p e l o G o -v e m o : q u a l taxa a c e n d i a o sinal vermelhoV E, e m s e g u n d o lugar, d e v e - s e analisar se as políticas a d o t a d a s e r a m c o e r e n t e s e n t r e si e c o m o objetivo g o v e m a m e n t a l .

O p r e s i d e n t e Geisel a s s u m i u o G o v e r n o , e m m a r ç o de 1 9 7 4 , diante d e u m a conjuntura que i n d i c a v a claros sinais de a c e l e r a ç ã o d a t a x a de inflação. A s t a x a s inflacionárias d e j a n e i r o e fevereiro, d a q u e l e a n o , r e s p e c t i v a m e n t e r e g i s t r a r a m 2 , 9 3 % e 2 , 6 8 % (essas t a x a s f o r a m c a l c u l a d a s c o m b a s e no I G P -D I , a s s i m c o m o todas as t a x a s a p r e s e n t a d a s d o r a v a n t e ) . E m m a r ç o , a taxa atin-giu 4 , 5 % , e m abril, 5 , 1 1 % e, e m m a i o , 3 , 5 2 % . D a d o o q u a d r o conjuntural, o G o v e m o a d o t o u m e d i d a s m o n e t á r i a s c o n t r a c i o n i s t a s j á no s e g u n d o t r i m e s t r e

' o G o v e m o evitou explicitar metas quantitativas, a razão segundo V E L L O S O (1986, p. 295) era que a equipe econômica não desejava criar compromissos com taxas específicas porque desejava manter uma maior margem de manobra para suas ações.

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do p r i m e i r o a n o d e G o v e m o , q u e vai de j u n h o a a g o s t o d e 1974, e iniciou u m a r e d u ç ã o do r i t m o d e e x p a n s ã o d o s gastos p ú b l i c o s até o ú l t i m o trimestre desse p r i m e i r o a n o - tal c o m o é m o s t r a d o n a t a b e l a 1. O r e s u l t a d o foi positivo, a inflação caiu p a r a m e n o s d e 2 % n o terceiro t r i m e s t r e d e G o v e m o ( s e t e m b r o a n o v e m b r o de 1 9 7 4 ) . A s s i m , a política m o n e t á r i a v o l t o u a ser expansionista ainda n o terceiro trimestre. P r o v a v e l m e n t e , e m razão d e s s e e x p a n s i o n i s m o m o -netário, a inflação d o ú l t i m o trimestre d o p r i m e i r o a n o d e G o v e m o superou mais u m a v e z o p a t a m a r de 2 % , c o n s e q ü e n t e m e n t e , a política m o n e t á r i a ainda nesse p e r í o d o t o m o u - s e contracionista n o v a m e n t e . O r e s u l t a d o foi a q u e d a d a inflação p a r a m e n o s de 2 % n o s m e s e s d e m a r ç o e abril de 1975 e o P I B cresce-ra 9 , 8 % e m 1974.

T u d o indica q u e a taxa d e inflação aceitável pela equipe econômica era de 2 % ao m ê s - quando esse limite era ultrapassado, acendia-se o sinal vermelho. Tal conclusão é reforçada pela matéria do O Globo, de 15-03-1975, destinada a fazer u m balanço do primeiro ano da administração Geisel. O referido jornal noticiou: " a inflação apresenta tendência declinante e, segundo os técnicos [do G o v e m o ] , deverá estabihzar-se ao m'vel de 2 % ao m ê s " . H a v i a u m a revelação implícita na matéria do periódico que indicava a aceitação dessa taxa de 2 % por parte da equi-pe econômica. C o m o assinalado anteriormente, e m m a r ç o de 1975, a taxa de infla-ção foi d e 1,58% e, e m abril, 1,77%. Esses resultados indicavam ao G o v e m o a adoção de políticas expansionistas - apagou-se o sinal vermelho e acendeu-se o

verde. Tais políticas foram implementadas durante todo o segundo ano de

Gover-no (que vai de m a r ç o de 1975 a fevereiro de 1976 - c o m o é mostrado n a tabela 2). Contudo, Coutinho (1981) atribuiu essa m u d a n ç a de rota das poKticas a fatores exógenos à estratégia econômica traçada pelo G o v e m o , afirmou: "as pressões anti-recessionistas provocaram, a p a r t k de m e a d o s de 1975, a reversão n o sentido expansionista" ( 1 9 8 1 , p . 76-77). Carneiro (1990) t a m b é m n ã o atribuiu essa mu-dança de m m o a u m plano de G o v e m o que orientava as decisões dos policymakers. Afirmou:

Para a política econômica de curto prazo, a derrota do Govemo nas urnas [em novembro de 1974] transformou 1975 em ano de recuo na tentativa de contenção de demanda. [...] A natural insatisfação in-tema no seio da burocracia do Estado gerada pelas tentativas de con-trole sobre os gastos públicos somou-se ao clima de desconforto causa-do pela instabilização inflacionária e pelo descontentamento

empresa-rial

em decorrência do controle dos preços industriais, fortalecendo-se assim junto ao Palácio do Planalto a corrente dos que defendiam a preservação do crescimento a qualquer custo. (1990, p. 303).

A inflação n o a n o de 1975 estabilizou-se e m t o r n o d e u m a t a x a ligeiram e n t e superior a 2 % ao ligeiram ê s e o P I B cresceu 5 , 6 % . S o ligeiram e n t e a partir d e d e z e ligeiram

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-bro de 1975 e j a n e i r o e fevereiro d o ano s e g u i n t e q u e a p o l í t i c a fiscal reduziu o ritmo de gastos g o v e r n a m e n t a i s e a política m o n e t á r i a r e d u z i u l i g e i r a m e n t e a liquidez d a e c o n o m i a . Afinal, a inflação h a v i a u l t r a p a s s a d o a m é d i a d o a n o de 1975 e atingira 3 , 0 9 % , e m j a n e i r o , e 4 , 1 6 % , e m fevereiro de 1 9 7 6 . O sinal

vermelho h a v i a a c e n d i d o . D e a c o r d o c o m a estratégia g o v e r n a m e n t a l , e r a hora

de m u d a r a rota d a s políticas m o n e t á r i a e fiscal. E n t r e t a n t o , C o u t i n h o afirmou, n o v a m e n t e e e q u i v o c a d a m e n t e , q u e o m o t i v o da m u d a n ç a a d o t a d a foi u m a rápida m o d i f i c a ç ã o n a " c o n f i g u r a ç ã o de forças dentro d o G o v e m o c o m o for-talecimento p r o g r e s s i v o do setor r e s p o n s á v e l pela p o l í t i c a d e f i n a n c i a m e n t o e crédito (min. S i m o n s e n , M . F . - B . B . - C M N ) " ( 1 9 8 1 , p . 7 9 ) . C o n t r a r i a m e n t e , Reis Velloso disse r e c e n t e m e n t e q u e é " . . . i m p o r t a n t e r e s s a l t a r q u e tal dificuldade de sintonia fina era inerente à estratégia e c o n ô m i c a , d e v e n d o ser r e s o l v i d a dentro do m e c a n i s m o de c o o r d e n a ç ã o d o g o v e r n o . E, p o i s , rrão r e s u l t a v a de conflito d e p o s i ç õ e s entre a á r e a d a F a z e n d a e d o P l a n e j a m e n t o . " (Velloso,

1998, p . 17).

A t é n o v e m b r o d e 1976, a e c o n o m i a foi a d m i n i s t r a d a c o m políticas m o -netárias l i g e i r a m e n t e e x p a n s i o n i s t a s - o q u e p o d e ser o b s e r v a d o n a t a b e l a 3. O resultado e m t e r m o s de c r e s c i m e n t o do P I B p o d e ser c o n s i d e r a d o u m sucesso, h o u v e u m a variação p o s i t i v a d e s s a variável d a o r d e m de 9 , 7 % . No front da inflação, a batalha o b t e v e ê x i t o relativo. P o r u m lado, i m p e d i u - s e u m a acelera-ção e x p l o s i v a das t a x a s inflacionárias, e n t r e t a n t o a inflaacelera-ção e s t a c i o n o u até se-t e m b r o e m n o v o p a se-t a m a r , ense-tre 3 e 4 % a o m ê s . O salse-to d e p a se-t a m a r d a inflação era o simples r e s u l t a d o de q u e o trade-off de curto p r a z o entre inflação e cres-c i m e n t o e r a u m a d a s cres-caracres-cterísticres-cas d a q u e l e p e r í o d o e cres-c o n ô m i cres-c o . ( 1 9 8 6 , p . 334) Esse n o v o patamar, c o n t u d o , c o m t o d a c e r t e z a n ã o e r a a c e i t o c o m tranqüilida-de p e l o G o v e m o . E m d i s c u r s o na E s c o l a N a v a l , e m 2 2 d e o u t u b r o tranqüilida-de 1976, o ministro R e i s Velloso falou d a n e c e s s i d a d e de se r e d u z i r a inflação " a u m a taxa m e n s a l de 2 % " (citado e m C a m e i r o , 1990, p . 3 0 7 ) . D e a c o r d o c o m o receituário e s t a b e l e c i d o , h o u v e u m a c o n t r a ç ã o m o n e t á r i a c o n j u g a d a c o m u m a política n e u t r a de g a s t o s p ú b l i c o s n o ú l t i m o trimestre d o terceiro a n o d e G o -v e m o . S e g u n d o V E L L O S O , " e m a g o s t o [de 1976], c o n s o a n t e o r i e n t a ç ã o do Presidente, o P l a n a l t o e x p e d i u n o r m a s a o s rrrinistérios p a r a q u e p r o c e d e s s e m à revisão de seus p r o g r a m a s d e i n v e s t i m e n t o . E m s e t e m b r o , o C o n s e l h o M o n e -tário apertou o c r é d i t o " ( 1 9 8 6 , p . 3 0 2 ) . O r e s u l t a d o foi u m a q u e d a d a inflação para u m p a t a m a r l i g e i r a m e n t e superior a 2 % a o final d o a n o d e 1 9 7 6 .

N o quarto a n o de G o v e m o , q u e vai d e m a r ç o d e 1977 a fevereiro de 1978, o e x p a n s i o n i s m o fiscal foi c o n j u g a d o c o m a ç õ e s n e u t r a s d a política m o n e t á r i a (e viceversa) tal c o m o é m o s t r a d o na t a b e l a 4. P o r t a n t o , p r e d o m i -nou nesse p e r í o d o e x p a n s õ e s de u m a p o l í t i c a c o n j u g a d a s c o m r e d u ç õ e s d o ritmo de e x p a n s ã o d a outra. O s r e s u l t a d o s d e c o r r e n t e s d a i m p l e m e n t a ç ã o d e s

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-sa política, q u e p o d e ser c o n s i d e r a d a cautelo-sa, foram: a inflação foi m a n t i d a sob c o n t r o l e n u m p a t a m a r l i g e i r a m e n t e superior a 2 % n o s últimos m e s e s d o a n o de 1977, e o P I B c r e s c e u m o d e s t a m e n t e p a r a o s p a d r õ e s d a época, 5 , 4 % n o ano.

N o início d o ú l t i m o a n o de G o v e r n o , c o m inflação e m u m p a t a m a r ligei-r a m e n t e supeligei-rioligei-r a 3 % , a política m o n e t á ligei-r i a foi neutligei-ra e a política fiscal foi bastante a g r e s s i v a ( c o m o m o s t r a a t a b e l a 5 ) . P a r a l e l a m e n t e à i m p l e m e n t a ç ã o d e s s a s p o l í t i c a s , a s t a x a s i n f l a c i o n á r i a s a p r e s e n t a r a m b r a n d o s s i n a i s d e d e s a c e l e r a ç ã o , e m b o r a o G o v e m o tivesse m a n t i d o o r i t m o expansionista. N o primeiro s e m e s t r e d o a n o d e 1 9 7 8 , as taxas inflacionárias s e m a n t i v e r a m n o m e s m o p a t a m a r ( s u p e r i o r a 3 % ) , o sinal vermelho a c e n d e u . H o u v e u m a d r á s -tica r e d u ç ã o d o r i t m o d e e x p a n s ã o d o s gastos p ú b l i c o s q u e ocorreu d u r a n t e os m e s e s de j u n h o , j u l h o e agosto q u e , p r o v a v e l m e n t e , foi a r e s p o n s á v e l p e l a q u e d a d a inflação p a r a u m p a t a m a r inferior a 3 % a o m ê s n o s e g u n d o s e m e s t r e de 1978. C o n t u d o a política m o n e t á r i a p e r m a n e c e u e x p a n d i n d o a l i q u i d e z d a e c o n o m i a . O s r e s u l t a d o s d o a n o d e 1978 foram: o P I B cresceu 4 , 8 % e a infla-ção foi e m m é d i a d e a p r o x i m a d a m e n t e 3 % a o m ê s . N o ú l t i m o trimestre d e G o v e m o ( d e z e m b r o d e 1978 e j a n e i r o e fevereiro d e 1979), u m a n o v a e x p a n -são de g a s t o s p ú b l i c o s a l i a d o aos efeitos da política m o n e t á r i a de a u m e n t o d a liquidez d a e c o n o m i a , p o s s i v e l m e n t e , f a v o r e c e r a m u m a n o v a escalada d a in-flação n o s m e s e s d e j a n e i r o , fevereiro e m a r ç o d e 1979 - q u a n d o a inin-flação superou 5 % n e s s e ú l t i m o m ê s . N e s s e s e n t i d o , c a b e o b s e r v a r que este foi o único p e r í o d o q u e a estratégia e c o n ô m i c a de p r o m o v e r políticas expansionistas s o m e n t e c o m sinal verde (isto é, c o m u m a t a x a d e inflação e s t a c i o n a d a e m t o m o de 2 % ) n ã o foi r i g o r o s a m e n t e respeitada. P o d e - s e notar, n e s s e p e r í o d o , a aceitação d e u m n o v o p a t a m a r d e inflação, e m t o m o de 3 % a o m ê s , p o r p a r t e das a u t o r i d a d e s e c o n ô m i c a s do G o v e m o .

C o n c l u i s e , p o r t a n t o , q u e n ã o h o u v e u t i l i z a ç ã o c o n t r a d i t ó r i a d o s i n s t m -m e n t o s d e política -m o n e t á r i a e fiscal d u r a n t e a gestão S i -m o n s e n - V e l l o s o e q u e a estratégia d e política e c o n ô m i c a foi b a s i c a m e n t e r e s p e i t a d a - c o m e x c e ç ã o do ú l t i m o a n o d e G o v e m o . H o u v e u m p l a n o d e a ç ã o q u e n o r t e o u as d e c i s õ e s dos policymakers. C o n s e q ü e n t e m e n t e , as a ç õ e s de política e c o n ô m i c a n ã o p o -d e m ser atribuí-das e x c l u s i v a m e n t e a -disputas e n t r e forças i n t e r n a s -do G o v e m o e n e m a p r e s s õ e s e x t e m a s - c o m o f a z e m os críticos das políticas e c o n ô m i c a s do p e r í o d o 1 9 7 4 - 7 9 . A s políticas e r a m e x p a n s i o n i s t a s v i s a n d o ao c r e s c i m e n t o do P I B e c o n t r a c i o n i s t a s (ou r e d u z i a m d r a s t i c a m e n t e o r i t m o de e x p a n s ã o ) q u a n d o h a v i a p e r i g o d e p e r d a d e c o n t r o l e d a inflação. P o r t a n t o a política e c o -n ô m i c a a d o t a d a -n ã o foi c o -n t r a d i t ó r i a -n o q u e d i z respeito à utilização d o s s e u s i n s t m m e n t o s n e m c o n t r a d i t ó r i a e m r e l a ç ã o aos objetivos a l m e j a d o s .

(19)

5 Os sinais da política macroeconômica e as decisões

empresariais

U m a política e c o n ô m i c a eficiente seria a q u e l a q u e , a l é m d o s critérios j á d i s c u t i d o s , e m i t e claros sinais a o s a g e n t e s a fim de estimulá-los a agir - c o m m e n o r i n c e r t e z a e m r e l a ç ã o a o futuro n o m e s m o sentido d a s ações g o v e r n a -m e n t a i s . Q u a n t o -m a i s nítidos são e s s e s sinais, -m a i o r será o e s t í -m u l o p r i v a d o e m e n o r s e r á a i n t e n s i d a d e e o t e m p o d e u t i l i z a ç ã o dos i n s t r u m e n t o s fiscais e m o n e t á r i o s q u e serão a c i o n a d o s . O s r e s p o n s á v e i s p e l a c o n d u ç ã o da e c o n o m i a d u r a n t e o G o v e r n o G e i s e l , através de suas d e c l a r a ç õ e s p ú b l i c a s e ações d e política e c o n ô m i c a , t r a n s m i t i r a m sinais d e confiança ao e m p r e s a r i a d o e s t i m u -l a n d o - o a t o m a r d e c i s õ e s c o n s i s t e n t e s c o m a m e t a g o v e r n a m e n t a -l .

O d e s e q u i l í b r i o d a s c o n t a s e x t e m a s m a r c o u o q u a d r o e c o n ô m i c o d o a n o d e 1974. A p e s a r d o v o l u m o s o c r e s c i m e n t o das e x p o r t a ç õ e s n a q u e l e a n o , u m a e l e v a ç ã o c o n s i d e r á v e l d o s p r e ç o s d a s m a t é r i a s - p r i m a s i m p o r t a d a s c a u s o u o e n o r m e déficit c o m e r c i a l . A o p ç ã o c o n v e n c i o n a l o r t o d o x a d i a n t e desse q u a d r o teria s i d o o ajustamento d a e c o n o m i a , através de políticas fiscais e m o n e -tárias, restritivas às n o v a s c o n d i ç õ e s i n t e m a c i o n a i s . E m o p o s i ç ã o a o c a m i n h o c o n v e n c i o n a l , o G o v e m o o p t o u p e l o e n d i v i d a m e n t o externo p a r a crescer e g e r a r p r o f u n d a s r e f o r m a s e s t m t u r a i s n a e c o n o m i a . A o p ç ã o n ã o foi p e l o ajus-t a m e n ajus-t o - a d a p ajus-t a ajus-t i v o , m a s s i m p e l o c r e s c i m e n ajus-t o - ajus-t r a n s f o r m a d o r . N e s s e s e n ajus-t i d o , o G o v e m o a n u n c i o u a o s agentes o seu P l a n o N a c i o n a l de D e s e n v o l v i m e n t o (o II P N D ) cuja m e t a - p r i n c i p a l e r a a " c o n s o l i d a ç ã o d e u m a e c o n o m i a m o d e r n a , m e d i a n t e a i m p l a n t a ç ã o d e n o v o s s e t o r e s , e a c r i a ç ã o e a d a p t a ç ã o d e t e c n o l o g i a s " . O o b j e t i v o d a p o l í t i c a e c o n ô n ú c a d o G o v e m o Geisel c r e s c e r s e m a c e l e -rai- a t a x a d e inflação - d e v e , p o r t a n t o , ser qualificado. O c r e s c i m e n t o a l m e j a d o r e p r e s e n t a v a , a o m e s m o t e m p o , continuidade e rompimento e m relação a o p e -r í o d o 1 9 6 7 - 7 3 . Continuidade e m v i -r t u d e d a m a n u t e n ç ã o d a m e t a de c-resci- cresci-m e n t o ( a p e s a r das c o n d i ç õ e s a d v e r s a s ) e rocresci-mpicresci-mento e cresci-m r a z ã o dos setores c o n s i d e r a d o s prioritários p a r a liderar a n o v a o n d a d e e x p a n s ã o . A liderança n o p e r í o d o 1 9 6 7 - 7 3 foi d o s b e n s d e c o n s u m o d u r á v e i s . N o p e r í o d o Geisel, o s setores c o n s i d e r a d o s líderes s e r i a m o s p r o d u t o r e s de i n s u m o s básicos e d e b e n s de capital. P o r t a n t o a o p ç ã o n ã o foi p e l o s i m p l e s e n d i v i d a m e n t o , m a s s i m p e l o c r e s c i m e n t o - c o m - e n d i v i d a m e n t o v i s a n d o a u m a m u d a n ç a e s t m t u r a l d a e c o n o m i a brasileira.

S e g u n d o C A S T R O ( 1 9 8 5 , p . 3 0 ) , o P l a n o d e i x a v a claro a o s agentes q u e a c o n s e c u ç ã o d a s m u d a n ç a s exigiria u m a ativa p r e s e n ç a do E s t a d o na e c o n o -m i a . E -m entrevista à revista V i s ã o de 1 9 - 0 4 - 1 9 7 6 , o M i n i s t r o Reis Velloso a f i r m o u : " s e v o c ê q u i s e r atuar i n t e i r a m e n t e p e l o s i s t e m a de m e r c a d o , nas c o n

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