XIII ENCONTRO DE RECURSOS HÍDRICOS EM SERGIPE

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Encontro de Recursos Hídricos em Sergipe

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XIII ENCONTRO DE RECURSOS HÍDRICOS EM SERGIPE

GEOGRAFIA, MEIO AMBIENTE E SAÚDE: A RELAÇÃO ENTRE CISTERNAS

E FOSSAS NO POVOADO LAGOA VERDE, NO MUNICÍPIO DE

CARIRA/SERGIPE

Haila Alana de Lira dos Santos1; Daniel Almeida da Silva2

RESUMO: O presente artigo tem como intuito analisar as consequências das construções dos

sistemas de cisternas e seus riscos perante sua aproximação das fossas e como a população local é afetada, além de compreender o papel da geografia na área da saúde, afim de relacionar o homem a seu meio. Foi utilizado o procedimento metodológico sistema GTP (Geossistema, Território e Paisagem), um método capaz de relacionar fenômenos entre o homem e a natureza, com isso foi utilizado para observar problemas em construções das cisternas no povoado Lagoa Verde no município de Carira- SE. Já que pela má destruição de chuvas e por ser uma região semiárida, se torna necessário o sistema de cisternas, afim de todos terem acesso a água, pois ela é essencial para vida. Os resultados obtidos mostrav vs problemas de saúde relacionado a água e de como a população está desinformada sobre os ricos dessas águas possivelmente estarem contaminadas e de como é escasso o tratamento das cisternas daquele local.

Palavras-Chave - Cisternas, pluviosidade e contaminação INTRODUÇÃO

A pesquisa da Geografia na área da saúde vem se tornando cada vez mais importante e necessária, pois essa relação ajuda a entender como o meio afeta a vida do homem, BARATA (2009) ressalta a importância do método da geografia “[...] a vantagem de utilizar espaços geográficos, como indicadores de condições de vida está em tornar a complexidade da organização social em seu todo em vez de fragmentá-la em diferentes variáveis. ” (P. 36), que além de mapear as doenças, a Geografia deixa de ver o espaço apenas como algo físico, mas sim onde pela Epidemiologia também passa enxergar o espaço como relação social, assim a doença está ligada a estrutura ambiental e social, pois quando compreende o local onde a doença está sendo desenvolvida deixa de ser apenas um resultado e passa a ser uma dinâmica social. De acordo com Armstrong (1983)

“[..]A geografia médica passou a fazer parte do ensino da medicina no momento em que os pacientes foram indagados a respeito de onde viviam. Com isso acontece mudança da denominação de Geografia médica para Geografia da Saúde que só aconteceu em 1976, quando as escalas para seus diagnósticos também tinham relações com a qualidade de vida, a educação, à moradia e saneamento básico”. p.167–183.

1_{) Graduanda do curso de Licenciatura em Geografia, Universidade Federal de Sergipe, Campus Prof. Alberto Carvalho, Itabaiana, SE, CEP}

49500-000, E-mail: hailasantos2012@outlook.com (Apresentadora do trabalho) ¹

2_{) Doutor em Geografia, professor do curso de Licenciatura em Geografia, departamento DGEI, Universidade Federal de Sergipe, Campus Prof.}

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A construção do sistema de cisternas é essencial para a região do semiárido onde sofre com a má distribuição da chuva, assim esse sistema serve para garantir o acesso de água para todos, pois as cisternas têm o papel de armazenar e conservar a água para atender a população, com isso precisa de manutenções para a água continuar com a boa qualidade, e um dos possíveis riscos é a proximidade das fossas a esses reservatórios. O presente artigo tem como ênfase analisar os rebatimentos socioambientais no povoado Lagoa Verde em Carira/SE derivados da construção de cisternas.

MATERIAL E METODOS

A metodologia utilizada nessa pesquisa surgiu baseado no sistema GTP (Geossistema, Território e Paisagem) do biogeógrafo francês Georges Bertrand, que teve como objetivo de trazer a Geografia um método capaz de lidar com a complexidade dos fenômenos entre a natureza e sociedade. Os procedimentos metodológicos adotados neste artigo foram compostos, primeiramente feito de campo um reconhecimento no povoado Lagoa Verde-Carira/SE observando as construções de cisternas nas residências próximo à fossa gerando conflitos sobre possíveis riscos dessa a proximidade, feito uma busca de dados, leituras teóricas, o uso do software ArcGis 10.1 com licença e construção do gráfico pluviométrico através do uso do Microsoft Excel.

Foi feita entrevista com a secretaria de saúde afim de compreender como é feita a manutenção para o tratamento da água nas cisternas, também foi aplicado um questionário fechado com 31 moradores do povoado dos quais estavam com disponibilidade para responder as questões, preenchendo assim as lacunas sobre o tratamento e manutenção das cisternas, na qual a classe mais baixa é a que mais sofre com esses problemas.

O município de Carira está localizado na região oeste do Estado de Sergipe, limitando-se a norte com o município de Nossa Senhora Gloria, a oeste com o Estado da Bahia, a sul Pinhão e Frei Paulo e a leste com Nossa Senhora Aparecida. Sua população total é de 21.724 habitantes sendo 11.167 na zona urbana e 8.840 na zona rural, com densidade demográfica 31,44 hab./km², estima o IBGE/2018.

Figura 1: Mapa da localização do município Carira – SE - Fonte: IBGE, 2010 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a entrevista com a secretaria de saúde, ficou nítido a falta de acesso a informação da população de Lagoa Verde em relação aos riscos que os habitantes correm com a contaminação da

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água pela gestão do município deixa a população vulnerável a esses problemas já supracitados. Em conversa com alguns dos moradores, foi comentado que após a implementação do sistema de cisternas, nenhum órgão e nem os agentes de saúde fizeram o tratamento e nem explicaram como manter a cisterna em bom estado. Complementam os moradores das residências com cisternas: “é por isso que as pessoas fazem de qualquer modo, pois precisam da água para comer, tomar banho, beber e até na irrigação dos alimentos que vendem na feira”.

Nos gráficos abaixo, de acordo com as casas entrevistadas, a maioria delas possuem cisternas e foi concluído que os moradores fazem o tratamento desses reservatórios da forma que acham correto. De acordo com os resultados, foi percebido que um número considerável de moradores não utiliza nenhum meio de tratamento e manutenção desses reservatórios, o que pode resultar na

contaminação dessas águas e aumento dos riscos de doenças provenientes dessa contaminação provocada pela ausência de informação e orientação.

Figura 2: Casas entrevistadas que possuem cisternas; Elaboração do autor, 2020

Figura 3: Como e com que frequência é feito o tratamento das cisternas; Elaboração do autor, 2020 77%

23%

Casas entrevistadas que possuem

cisternas

sim não

0 2 4 6 8 10 12 14

Com qual frequência limpa a cisterna? O que utiliza para o tratamento da cisterna, hipoclorito de sódio, peixes, sapos ou nada

Como e com que frequência é feito o tratamento

das cisternas

não utilizam nada sapos peixes

hipoclorito de sodio uma vez ao mês a cada seis meses

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Figura 4: Perguntas sob aos moradores; Elaboração do autor, 2020

Ao analisar a área estudada, compreende-se a necessidade da construção do sistema de cisternas devido ao clima semiárido do local, que se caracteriza pela duração da sua estação seca e a má distribuição de chuvas. Com isso, o sistema de cisternas supre a carência de água da população, pois armazena a água fornecida pela prefeitura nesses reservatórios.

Como se observa, em média entre 11 anos, os períodos chuvosos ficam entre os meses de junho até agosto, deixando assim a população carente de água. (Ver figura 4)

Figura 5: Gráfico de Média mensal pluviométrico entre os anos 2009-19 em Carira- SE. Fonte: EMDAGRO, 2020

CONCLUSÕES

Mesmo a construção de cisternas sendo algo positivo por suprir as necessidades das áreas semiáridas que sofre com as poucas chuvas, as consequências sofridas pela falta de manutenção, tratamento e

0 5 10 15 20

Os agentes de saúde fazem o tratamento da água nas cisternas?

Vê algum problema da fossa próximos cisterna?

Você sabe que existem doenças através da contaminação da água?

Perguntas sob aos moradores

não sim 0 20 40 60 80 100 120

Jan Fev Mar Abr Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

mm

Gráfico de Média mensal pluviométrico entre

os anos 2009-19 em Carira- SE

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água é essencial para nossa sobrevivência. Cabe a população local se conscientizar e fazer a limpeza adequada para tratamento da água das cisternas e a secretaria de saúde adotar medidas tanto para fazer a manutenção desses reservatórios, quanto alertar a população dos riscos de uso da água com tratamentos inadequados podem causar, ou seja, informa-los dos problemas tanto natural como social e apresentar como deve ser feito esse tratamento correto.

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Programa de Educação Tutorial em Geografia (PET Geografia) da Universidade Federal de Sergipe por conceder bolsa, que foi essencial para acontecimento dessa pesquisa e agradeço ao Grupo de Estudo Água, Sociedade e Espaço (GEASE), pelas discussões de textos que ajudaram no desenvolvimento do trabalho.

REFERÊNCIAS

ARMSTRONG, R.W. Medical Geography. In: Medical Social Science RUFINI, J.L. (ed). New York: Gordn and Breach Science. Publishers, n.1, 1983. P. 167-183

BARATA, RB. Como e por que as desigualdades sociais fazem mal à saúde [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2009. Temas em Saúde collection. 120 p. ISBN 978-85-7541-391-3. Available from SciELO Books http://books.scielo.org

BARRETO, Paulo Roberto. A qualidade da água dos vaçudes de Carira e do Buri/Paulo Roberto Barreto133: il. São Cristóvão. Dissertação de Mestrado- Universidade Federal de Sergipe, 2009. SOUZA, Reginaldo José de. O sistema GTP (Geossistema-Território-Paisagem) como novo projeto geográfico para a análise da interface sociedade-Natureza. Revista Formação, n. 16, volume 2-p. 89-106.