Claudio Luiz C. G. de Amorim
Londrina/PR, 22/09/18
14° Curso de Atualização em Pediatria de Londrina
Associação Médica de Londrina
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
RESOLUÇÃO CFM Nº 1.974/2011
(Publicada no D.O.U. de 19 de agosto de 2011, Seção I, p.241-244)
Estabelece os critérios norteadores da propaganda em Medicina, conceituando os
anúncios, a divulgação de assuntos médicos, o sensacionalismo, a autopromoção
e as proibições referentes à matéria.
DAS PROIBIÇÕES GERAIS
De modo geral, na propaganda ou publicidade de serviços médicos e na exposição
na imprensa ao médico ou aos serviços médicos é vedado:
XV - não declarar possível conflito de interesse ao se apresentar como
palestrante/expositor em quaisquer eventos (simpósios, congressos, reuniões,
conferências e assemelhados, públicos ou privados), sendo obrigatório explicitar o
recebimento de patrocínios/subvenções de empresas ou governos, sejam parciais
ou totais;
•
Reconhecer que a sibilância recorrente no lactente e no pré-escolar
(SRLP) não é sinônimo de asma e que várias doenças podem causar
sibilância;
•
Saber que a terapêutica depende da etiologia;
•
Ter entendimento sobre o uso dos corticoides inalatórios e sua eficácia
sobretudo nas crianças com alto risco para asma.
Presença de três ou mais episódios de
sibilância que podem durar 30 dias ou mais
OU
a presença de três ou mais episódios de
sibilância em seis meses
Lactente: dos 29 dias aos 2 anos incompletos
Pré-escolar: dos 2 anos aos 5 anos incompletos
- Obstrução / limitação ao fluxo aéreo
- Inspiratório e/ou expiratório
Pasterkamp, 2012; Carvalho, 2007; Bohadana, 2014
Gerado entre a 2ª e 7ª
Gerado entre a 2ª e 7ª divisão
divisão brônquica
brônquica
(Obstrução / limitação ao fluxo aéreo)
v
Extra-brônquica
Brônquica
Intra-brônquica
- Compressões extrínsecas:
a. Anel vascular
b. Tumor
c. Linfonodomegalia
d. Malformações cardíacas
- Síndromes aspirativas:
a. Doença do refluxo
gastroesofágico (DRGE)
b. Saliva
c. Corpo estranho
-
Secreção:
a. Bronquiolite
b. Asma
c. Fibrose cística
- Asma
- Fibrose cística
- Displasia broncopulmonar
- Bronquiectasia
- Bronquiolite obliterante
- Discinesia ciliar
- Obstrução dinâmica da
via aérea (maláceas)
Fonte: www.misodor.com
A SRLP é um diagnóstico sindrômico –
grupo heterogêneo de distúrbios
A maioria apresentará remissão
do quadro até a idade escolar
Estima-se que 30 a 60% das crianças
apresentam-na nos três primeiros
anos de vida
Neste grupo, há aqueles que
têm asma...
Sibilância transitória
(desencadeada por vírus)
Pode ser a primeira
manifestação de asma
•
“Chiado” pode se referir a sibilos ou a outros ruídos
respiratórios (como estridores ou roncos);
•
Família chega ansiosa por ter recebido o diagnóstico de
“bronquite” e ter que usar “bombinha”;
•
Considerar como “respiração ruidosa” até que seja melhor
esclarecida.
•
Desde o início da vida?
•
Mais tardiamente?
•
História neonatal:
•
Prematuro?
•
Ventilação mecânica?
•
Oxigenioterapia? (por quanto tempo?)
•
Exposição gestacional ao
tabagismo passivo (e ativo)
: reduz
função pulmonar do recém-nascido e aumenta o risco de
desenvolver infecção respiratória;
•
No período pós-natal o tabaco gera, também, irritação do trato
aéreo;
•
Antibiótico no período neonatal;
•
Lesão materna de HPV genital.
•
Transitório:
•
vírus respiratórios ou asma;
•
Persistente:
•
anomalias congênitas, bronquiolite obliterante,
discinesia ciliar.
•
Descrição cuidadosa do quadro, inclusive da gravidade;
•
Intervalo
intercrítico
(ou
intercrise)
alerta
para
a
possibilidade de outras doenças, principalmente se
sintomático neste período;
•
Pesquisar ambiente doméstico: tabagistas, animais de
estimação, queimadas ou uso de lenha;
•
Idade de ínicio em creches – aumenta o risco de infecções
virais.
Pinto, 2017
••
Tosse
Tosse durante
durante aa alimentação,
alimentação, associada
associada aa vômitos
vômitos ou
ou engasgos
engasgos
••
Tosse
Tosse crônica
crônica supurativa
supurativa
••
Esteatorréia
Esteatorréia com
com dificuldade
dificuldade de
de ganho
ganho de
de peso
peso
••
Sibilância
Sibilância persistente
persistente modificando
modificando--se
se com
com o
o decúbito
decúbito
••
Sibilância
Sibilância contínua
contínua e
e uso
uso prolongado
prolongado de
de oxigênio
oxigênio
••
Taquipneia
Taquipneia com
com cianose
cianose durante
durante mamadas
mamadas e
e baixo
baixo ganho
ganho
ponderal
••
Lembrar
Lembrar que
que encefalopatias
encefalopatias e
e miopatias
miopatias propiciam
propiciam
fenômenos
fenômenos aspirativos
aspirativos (distúrbio
(distúrbio de
de deglutição
deglutição e
e doença
doença
do
do refluxo
refluxo gastroesofágico)
gastroesofágico)..
Causas mais frequentes de sibilância em lactentes, à exceção de asma
Diagnósticos diferenciais
Características dos sintomas
Continuamente presentes
Presentes apenas com infecções
respiratórias
Contínuos, mas com piora das infecções
respiratórias
Associados a infecções bacterianas de
repetição
Iniciados nos primeiros dias de vida
Pioram com mudança postural
Waldalsen, 2013
Diagnósticos prováveis
Lesões anatômicas, DRGE, bronquiolite
obliterante, fibrose cística, asma grave
Sibilância vírus-induzida, asma, fibrose
cística
DRGE, lesões anatômicas
Imunodeficiências, discinesia ciliar
Malformações (anatômicas)
Frequentes
Menos frequentes
Raras
Infecções virais
DRGE
Insuficiência cardíaca
Asma
Síndromes aspirativas
Anel vascular
Corpo estranho
Fístula traqueoesofágica
Fibrose cística
Bronquiolite obliterante
Displasia broncopulmonar
Traqueomalácea
Tumores mediastinais
Imunodeficiências
Tuberculose
Causas de sibilância em lactentes
SBP, 2017; Waldalsen, 2013; Pinto, 2017
Crianças que não apresentam os sinais de
alerta devem ser classificadas como
asmáticas ou sibilância vírus-induzida
Lactente de risco
(Função pulmonar diminuída,
Resposta a vírus deficitária)
Primeiro motivo para a
sibilância
Lactente saudável
Alteração imunológica
ASMA
Infecção viral
Infecção viral
(VSR / rinovírus)
(VSR / rinovírus)
Toro, 2011•
Mas, pode ser asma ?
Critérios maiores
Critérios menores
Pais com asma
Rinite alérgica
Dermatite atópica
Sibilância na ausência de infecção de vias aéreas
Eosinofilia periférica maior que 4%
Alergia alimentar
Índice Preditivo de Asma Modificado (IPAm)
Pinto, 2017
•
Na sibilância vírus-induzida, geralmente o IPAm é negativo e
há tendência em apresentar sintomas somente no inverno
com redução expressiva no verão;
•
Muitas vezes, distinguir de asma é praticamente impossível;
•
Se não há os sinais de alerta, segue-se para a avaliação dos
fenótipos de sibilância.
SIBILÂNCIA
PRECOCE
SIBILÂNCIA
NÃO-ATÓPICA
SIBILÂNCIA
PERSISTENTE
-ATÓPICA
0
3
6
11
IDADE (ANOS)
FR
EQ
UÊ
N
C
IA
TRANSITÓRIOS
PERSISTENTES
PERSISTENTES
•
Diagnóstico é clínico na maioria dos casos;
•
Principal objetivo: excluir as causas menos comuns.
•
Conforme a suspeita clínica:
–
Sem os “sinais de alerta” e/ou com sintomas leves podem ser
manejados de acordo com o fenótipo mais provável
(sibilância pós-viral ou asma) e não necessitam de exames
complementares;
–
Se há sinais de alerta, com gravidade ou não resposta ao
tratamento iniciado, indica-se investigação mais detalhada.
Pinto, 2017
•
RX tórax – comparar os de crise com os intercrise
•
Tomografia computadorizada de tórax
•
Fibrobroncoscopia
•
Cloro no suor
•
Videodeglutograma
•
Imunoglobulinas
•
Anti-HIV
•
PPD
•
Parasitológico de fezes
•
Direcionado para a causa específica;
•
A evolução clínica é o que mais ajuda nas tomadas de
decisões terapêuticas;
•
Medidas não farmacológicas e farmacológicas.
•
Evitar creches ou pré-escolas nos primeiros 12 a 24 meses;
•
Evitar exposição ao tabagismo passivo;
•
Promover o aleitamento materno;
•
Cuidar do estado nutricional;
•
Vacinar para influenza e pneumococo;
•
Medidas de controle ambiental;
•
Palivizumabe.
Pinto, 2017; Firmida, 2013 Fonte: www.google.com
•
Quando não se consegue definir etiologia, deve-se conduzir
como asma:
–
Medicações inaladas, neste grupo etário, devem ser os MDI
com espaçador e máscara;
–
Não utilizar beta-2 agonista de longa duração em menores de
4 anos.
•
Montelucaste: usado para “poupar” dose de corticoide
inalado.
•
E qual o tratamento pra sibilância vírus-induzida?
–
Não há tratamento preconizado, já que o crescimento tende a
minimizar as exacerbações e as medicações não mudam a
história natural da doença;
–
Em evoluções desfavoráveis, quadros graves ou mais de três
episódios: teste terapêutico com corticoide inalado;
–
Montelucaste? Azitromicina?
•
Atua na função fagocitária, células natural killer, imunidade
celular e humoral;
•
A deficiência aumenta inflamação e eosinofilia por
desequilibrar linfócitos T auxiliares (1 e 2);
•
Menor consumo de zinco está associado à ocorrência de
asma e sibilância ?
•
Efeito vasodilatador e broncodilatador;
•
Regula a liberação de acetilcolina e histamina;
•
Compete com o cálcio e inibe sua ação na miosina,
resultando em relaxamento muscular;
•
Estabiliza células T e inibe degranulação de mastócitos;
•
O sulfato de magnésio tem uso reconhecido como
adjuvante na asma aguda.
•
Menino, 3 anos e 7 meses. Mãe queixa-se de chiado no peito iniciado ao redor de um
ano de vida, que piora quando está resfriado. Tem melhora parcial à nebulização com
fenoterol. No intercrise, apresenta roncos nasais, alguns episódios de engasgos com
carne e tosse após alimentação. Já teve 15 internações, algumas delas com necessidade
de oxigenioterapia e uma com intubação (com 1 ano e 6 meses) por 16 dias. Com um
ano de idade, teve episódio confirmado de H1N1.
•
HPP: síndrome de Down com hipotireoidismo e POT de atriosseptoplastia aos 6 meses
de idade. Usa montelucaste desde um ano de vida e levotiroxina; há 6 meses com
beclometasona 250 mcg 1 jato 12/12h, sem mudança dos sintomas.
•
Diagnóstico:
–
Doença do refluxo gastroesofágico
•
Conduta:
–
Realizada fundoplicatura, com resolução completa
•
Menino de 1 ano e 4 meses com quadros de “bronquite” desde os 4 meses de idade,
com cinco internações por tal motivo. No primeiro episódio teve “chiado no peito”,
rinorreia hialina, tosse úmida e dificuldade respiratória, com necessidade de internação
por 3 dias. Os sintomas são semelhantes nos outros episódios. Na última internação há
um mês precisou de oxigenioterapia por dois dias. Nos intervalos intercrise, nega
sintomas asmatiformes, mas apresenta prurido nasal e espirros diários. Nas crises, faz
uso de salbutamol e nebulização com fenoterol, com melhora imporante.
•
HPP: alergia ao ovo (edema em olhos e orelhas após consumir clara – 9 meses).
•
HF: pai asmático (faz uso de budesonida + formoteral – pó seco)
•
Diagnóstico:
–
Asma
–
Alergia ao ovo
•
Conduta:
•
Reconhecer que a sibilância recorrente no lactente e no pré-escolar
(SRLP) não é sinônimo de asma e que várias doenças podem causar
sibilância;
•
Saber que a terapêutica depende da etiologia;
•
Ter entendimento sobre o uso dos corticoides inalatórios e sua eficácia
sobretudo nas crianças com alto risco para asma.
••
Boa
Boa anamnese
anamnese é
é essencial!
essencial! (é
(é mesmo
mesmo sibilância
sibilância?)
?)
••
Exclua
Exclua as
as causas
causas menos
menos comuns
comuns:: há
há sinais
sinais de
de alerta?
alerta?
••
Na
Na dúvida,
dúvida, melhor
melhor tratar
tratar como
como asma!
asma!
••
Mas,
Mas, não
não se
se esqueça
esqueça:: nem
nem tudo
tudo que
que sibila
sibila é
é asma
asma...
...
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