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AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E A SAÚDE DO IDOSO: UMA APROXIMAÇÃO ENTRE AS FORMAS DE CONHECIMENTOS?

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Academic year: 2021

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AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E A SAÚDE DO IDOSO:

UMA APROXIMAÇÃO ENTRE AS FORMAS DE CONHECIMENTOS?

VALDIR CESARINO DE SOUZA

Médico, Doutorando em Recursos Naturais – UFCG ENIO PEREIRA DE SOUZA

Prof. Doutor em Meteorologia – UFCG SANDRA SEREIDE FERREIRA DA SILVA Doutoranda em Recursos Naturais-UFCG VIVIANE BARRETO MOTTA NOGUEIRA Doutoranda em Recursos Naturais – UFCG ÂNGELA MARIA CAVALCANTI RAMALHO Doutora em Recursos Naturais – UFCG

Resumo:O Século XXI tem sido marcado por uma discussão significativa sobre as mudanças climáticas, suas origens e implicações para a humanidade e o meio ambiente. Nesse sentido, os estudos científicos contemporâneos apontam para as relações entre as variáveis atmosféricas e sua interferência na saúde da população idosa, ampliando o entendimento das especificidades para que medidas de mitigação possam ser adotadas pelos agentes de saúde pública e pela população em risco, sobretudo, idosos. Pessoas idosas se caracterizam como envelhecidas por apresentarem uma degeneração gradual dos tecidos e metabolismo, perda de energia e condições psicológicas, acarretando debilidades nas funções orgânicas. Diante do cenário, o ensaio teórico tem por objetivo analisar a relação entre as variações climáticas e os seus efeitos na saúde do idoso. A metodologia da pesquisa tomou como base os aportes teóricos que estudam as temáticas, bem como pesquisa exploratória a partir de dados coletados através de órgãos oficiais como: Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, Organização Mundial da Saúde, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os resultados apontam para o surgimento de doenças nos idosos resultantes das alterações climáticas, o que serve de parâmetro para o planejamento de ações políticas de saúde em prol da qualidade de vida do idoso.

Palavras chave: mudanças climáticas, saúde do idoso

CLIMATE CHANGE AND HEALTH OF THE ELDERLY: A RAPPROCHEMENT BETWEEN THE FORMS OF KNOWLEDGE?

Abstract: The XXI Century has been marked by a meaningful discussion about climate change, its origins and implications for humanity and the environment. In this sense, the contemporary scientific studies indicate the relationships between atmospheric variables and their influence on the health of the elderly population, increasing the understanding of the specific mitigation measures that may be adopted by public health officials and the population at risk, elderly . Which is characterized by aging and provide a gradual degeneration of the tissues and metabolism, energy loss and psychological conditions resulting weaknesses in bodily functions. Given the scenario, the theoretical essay is to analyze the relationship between climatic variations and their effects on health of the elderly. The research methodology was based on theoretical contributions that study the issues, as well as exploratory research from data collected by official bodies such as the Intergovernmental Panel on Climate Change, World Health Organization, the Brazilian Institute of Geography and Statistics. The results point to the emergence of diseases in the elderly resulting from climate change, which serves as a parameter for the planning of health policies and actions for the quality of life of elderly. Keywords: climate change, healt of elderly

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O início do Século XXI tem sido marcado por uma discussão significativa sobre as mudanças climáticas, suas origens e suas implicações sobre o ambiente e a humanidade. Neste sentido, estudos recentes apontam para a percepção emblemática da relação entre as variáveis atmosféricas e a população idosa, sinalizando para a necessidade de se ampliar o entendimento das especificidades dessa relação para que medidas de mitigação (que envolvem o uso de informações de tempo e clima) possam ser adotadas pelos agentes de saúde pública e pela população de risco (pessoas idosas), haja visto, que o envelhecimento da população pode ser considerado um fenômeno de amplitude mundial.

Do ponto de vista físico, o envelhecimento se caracteriza por uma degeneração gradual e progressiva dos órgãos, tecidos e metabolismo, perda de energia, alterações na aparência e condições psicológicas, acarretando enfraquecimento de muitas funções orgânicas.

A nomenclatura idoso (pessoa com sessenta anos ou mais) surge durante a realização da Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento, convocada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e realizada na cidade de Viena, em 1982. Desde então, esse critério vem sendo utilizado pela OMS – Organização Mundial da Saúde. Esta mesma Organização, em 2005, alertou acerca das questões que envolvem as mudanças climáticas e o reaparecimento de epidemias em todo o mundo, como diarréia, malária e desnutrição já que causaram a morte de mais de 3 milhões de pessoas, em todo o mundo. (OMS, 2005).

Diante do cenário configurado, o ensaio teórico ora sistematizado tem por objetivo mostrar a relação entre as variações climáticas e os seus efeitos na saúde do idoso. Considera-se que a relação da variação climática e doenças no idoso amplia o debate acadêmico/científico, estabelecendo um diálogo entre as ciências, como as Ciências Humanas, Ciências Naturais e Ciências da Saúde, sobretudo, por ser uma temática que busca identificar a relação existente entre os efeitos da variação climática e as doenças endêmicas da população idosa.

Evidencia-se que, no contexto atual, os estudos sobre os aspectos meteorológicos e climáticos, como a análise da influência do ar, das alterações climáticas, da contaminação do

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na população de idosos, necessitam ser ampliados em todas as áreas de conhecimento. Portanto, este estudo parte da premissa de que as alterações climáticas e as condições sócio-ambientais interferem de forma positiva e/ou negativa no índice de contaminação por doenças endêmicas na população idosa.

Método

O critério metodológico adotado para a concretização deste estudo tomou como base uma pesquisa bibliográfica dos aportes teóricos que analisam a temática em foco, a fim de ampliar a reflexão e análise sobre a relação entre os efeitos das variações climáticas e as doenças na população idosa. Neste contexto, foram considerados dados coletados através de órgãos oficiais como: Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas/ IPCC, a Organização Mundial da Saúde/OMS, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE.

Resultados

O espaço geográfico tem uma relação direta com as doenças endêmicas da população, sobretudo de idosos, e são influenciados pelo clima, geologia, relevo, solo, alimentação e água potável. Estudos têm comprovado que algumas doenças podem ser diminuídas ou abolidas, prestando-se mais atenção à variação climática, á contaminação do solo e ao modo de vida dos idosos. Em âmbito mundial, de acordo com a OMS, em 2025, existirão 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos, sendo que os idosos com 80 anos ou mais constituem o grupo etário de maior crescimento.

Nas expectativas sobre o envelhecimento global, destaca-se a previsão de que, em 2050, somente na China, haverá mais pessoas com 65 anos que hoje, em todo o planeta. Nesse período haverá uma triplicação do número de idosos e apenas um crescimento de 50% da população em geral. A possibilidade de alcançar a marca dos 80 anos será quatro vezes maior que agora e, assim, a quantidade de idosos superará a de crianças. Historicamente, estes índices apontam para o surpreendente envelhecimento abrupto da humanidade.

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No Brasil, há cerca de 10 milhões de pessoas com idade superior a 65 anos, e estima-se que, em 2025, os idosos atingirão uma cifra aproximada de 30 milhões de pessoas, o equivalente a 15% da atual população (IBGE, 2007).

Shaw (1965), em sua obra Fundamentals of Geografhy, afirma que o clima atua sobre o homem de três modos: constrói obstáculos que limitam seus movimentos; é o principal fator físico influenciando a natureza e a quantidade da maioria dos materiais necessários à alimentação, vestuários e abrigos; e tem influência direta e importante sobre a saúde e energia humana. Os parâmetros climáticos: temperatura do ar, umidade, precipitação, pressão atmosférica e ventos, afetam a saúde humana de forma direta (sensação de conforto, mortalidade e morbidade por doenças sistêmicas) e indireta (doenças infecciosas transportadas por vetores: ar, água, solo e alimentos), pois o corpo humano está em permanente contato com seu meio ambiente atmosférico, pelo intermédio de trocas térmicas, hídricas e gasosas.

Apesar das generalizações, a Tabela 1 mostra os efeitos diretos das condições atmosféricas e climáticas sobre a ocorrência de algumas doenças, especialmente nos idosos.

Tabela 1 - Tipos de doenças e condições atmosféricas e climáticas

Arteriosclerose [...] a tensão arterial diminui no verão e aumenta no inverno, favorecendo ataques do coração, derrames cerebrais e etc

Câncer

[...] é cerca de 50% mais freqüente no verão nos climas temperados que nos tropicais, porque o frio e as variações de temperatura aceleram o metabolismo das células cancerosas (como acontece com as normais).

Doenças Cardíacas

[...] visando a produção de calor, o metabolismo e a atividade muscular são mais acentuados no inverno e na zona temperada, ocasionando uma sobrecarga no coração, pois passa a trabalhar mais. Assim o trabalho do músculo cardíaco mais eficiente no verão e nas regiões tropicais e

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onde o metabolismo é alto. O calor desafoga os vasos sangüíneos e melhora a atividade do coração, enquanto as quedas bruscas de temperatura provocam a vasoconstrição, sobrecarrega os vasos e o coração, aumentando a tensão arterial, o PH do sangue e a taxa de açúcar.

Fonte: SERRA (1974).

Considerando este enfoque, os mais importantes eventos climáticos de curta duração são as ondas de frio e de calor, que expõe indivíduos como os idosos a condições marginais, às quais eles não estão comumente adaptados ou as que excedem suas capacidades de regulação. Sem proteção, os sistemas de regulação do corpo doente serão exigidos demais, a doença grave se agravará ou levará à morte. (SARTORI, 2000).

As capacidades fisiológicas do corpo humano para a adaptação ao frio, na população idosa em geral, são pobres, comparadas àquelas para a adaptação ao calor. A mortalidade aumenta entre pessoas que se arriscam, particularmente nos países com baixos níveis sócio-econômicos, se elas carecem de meios de proteção ao frio e aquecimento.

Assim, muitos são os aspectos pelos quais os eventos climáticos vulnerabilizam os seres humanos na contração de doenças, notadamente, na população idosa. Ressalte-se ainda que as implicações das mudanças climáticas são mensuradas pela qualidade ambiental e magnitude de ocorrências, os demais casos são assinalados pelo resultado da heterogeneidade, bem como pela habilidade de adaptação e resiliência ao sistema como um todo.

Portanto, é função da saúde pública a precaução com os riscos provocados pelas modificações climáticas antrópicas e entrópicas, mas, sobretudo, é preciso atuar na gênese de suas vulnerabilidades sociais, através de transformações comportamentais, quer seja no âmbito cultural, político, econômico e social, objetivando um mundo mais sustentável e, por conseguinte mais saudável para todos os povos.

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O envelhecimento populacional está em fase de crescimento. Os fatores são discutidos, com especial referência ao declínio tanto das taxas de fecundidade como as de mortalidade.

De acordo com o último Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas IPCC (2007), O balanço dos impactos positivos e negativos na saúde irá variar de um local para o outro e mudará ao longo do tempo à medida que as temperaturas continuarem subindo. De importância crucial serão os fatores que definem diretamente a saúde das populações, como educação, atendimento médico, prevenção e infra-estrutura da saúde pública e desenvolvimento econômico.

Para a redução desses impactos negativos é necessário que o Estado e a sociedade se preparem, apresentando melhorias necessárias e esperadas – independente da mudança climática – como a expansão da infra-estrutura de saneamento e do controle de doenças da população idosa, medidas adaptativas específicas e necessárias.

De grande relevância é o esclarecimento à população idosa sobre o processo de aquecimento global e suas conseqüências, a distribuição espacial projetada para os riscos advindos do clima modificado, e o conhecimento de medidas individuais e coletivas de proteção da saúde.

REFERÊNCIAS

IBGE. Projeção da população brasileira entre o período 1980-2050. Rio de Janeiro, 2007. IPCC (Intergovernmental Panel On Climate Change). Climate Change 2007: The Physical

Science Basis, Summary for Policymakers. 2007. Disponível em:

<http://www.ipcc.ch/SPM2feb07.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2007.

OMS (Organização Mundial da Saúde). Envelhecimento Ativo: uma política de saúde. 2005. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento>. Acesso: 20 jul. 2009.

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SARTORI, M. G. B. Clima e Percepção. (vol. 1 e 2). }Tese de doutorado. Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas. USP, SP, 2000.

SERRA, A. Climatologia Médica. Boletim Geográfia, 33 (240): 89-107, mai/jun. 1974. SHAW, Earl B. Fundamentals of Geography. New York, John Wiley & Sons, Inc. , 1965. Recebido em: 11/11/2011

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