• Nenhum resultado encontrado

Norma Regulamentadora n 12- Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Norma Regulamentadora n 12- Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos"

Copied!
61
0
0

Texto

(1)

Norma Regulamentadora n° 12- Segurança no Trabalho em

Máquinas e Equipamentos

SUMÁRIO

1.

Introdução

02

2.

Desenvolvimento

02

2.1.

Princípios gerais

02

2.2.

Arranjo físico e instalações

04

2.3.

Instalações e dispositivos elétricos

06

2.4.

Dispositivos de partida, acionamento e parada

07

2.5.

Sistemas de segurança

10

2.6.

Dispositivos de parada de emergência

13

2.7.

Meios de acesso permanentes

14

2.8.

Componentes pressurizados

16

2.9.

Transportadores de materiais

18

2.10.

Aspectos ergonômicos

20

2.11.

Riscos adicionais

23

2.12.

Manutenção, inspeção, preparação, ajustes e

reparos

25

2.13.

Sinalização

25

2.14.

Manuais

27

2.15.

Procedimentos de trabalho e segurança

28

2.16.

Projeto, fabricação, importação, venda,

locação, leilão, cessão, exposição e utilização

29

2.17.

Capacitação

30

2.18.

Outros requisitos de segurança

32

2.19.

Disposições finais

32

3.

Questões comentadas

33

4.

Lista das questões comentadas

52

5.

Gabaritos das questões

61

(2)

1. Introdução

Oi pessoal, nossa aula de hoje versará sobre a NR 12, que foi profundamente alterada em dezembro de 2010.

A "antiga" NR 12 possuía apenas 5 (cinco) páginas, incluindo 2 anexos. Após a reformulação, em 17 de dezembro de 2010, a Norma passou a ter 75 (setenta e cinco) páginas, inclusive 11 anexos com detalhes técnicos de máquinas de segmentos econômicos específicos, como máquinas para uso agrícola, máquinas para panificação e máquinas da indústria de calçados.

Como nosso curso é de teoria e questões, e tendo em vista a carência de questões de prova com o texto recente da NR, ao final da aula apresentarei questões elaboradas por mim, ao estilo ESAF.

2. Desenvolvimento

Passaremos agora ao estudo da parte principal da NR 12. Não veremos os anexos, tendo em vista que os anexos da anterior não foram exigidos no último edital (assim como não constou do conteúdo programático do AFT 2009/2010 os anexos das demais NR, com exceção da NR 17).

Comentaremos também os dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho que se relacionam à proteção de máquinas e equipamentos.

Nesse aspecto, de antemão vejamos o fundamento de validade da NR 12, que é o artigo 186 da CLT:

"Art. 186 - O Ministério do Trabalho estabelecerá normas adicionais sobre proteção e medidas de segurança na operação de máquinas e equipamentos, especialmente quanto à proteção das partes móveis, distância entre estas, vias de acesso às máquinas e equipamentos de grandes dimensões, emprego de ferramentas, sua adequação e medidas de proteção exigidas quando motorizadas ou elétricas".

2.1. Princípios gerais

A NR 12 e seus vários anexos definem referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores.

Como estudaremos ao longo desta aula, a "nova" NR 12 nos traz uma diversidade de medidas a serem aplicadas, desde as instalações elétricas das máquinas, dispositivos de emergência, meios de acesso (plataformas, rampas) até os aspectos ergonômicos que as máquinas devem atender para evitar acidentes e lesões em seus usuários.

E que perigos as máquinas trazem ao ambiente laboral? Podemos citar inúmeros, como corte, choque elétrico, perda de audição e projeção de fragmentos e partículas.

Nesse tópico a NR também define que seu conteúdo estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas

(3)

fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas, sem prejuízo da observância do disposto nas demais NR, nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou omissão destas, nas normas internacionais aplicáveis.

Já tínhamos visto algo semelhante quando estudamos as NR 7, NR 9 e NR 10, no sentido de que a Norma não tem a pretensão de esgotar o assunto.

Os requisitos que a NR 12 estabelece são mínimos.

Interessante notar que as disposições da NR não se aplicam apenas à utilização das máquinas, mas também às fases de projeto, fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título.

No item 12.1.1 a NR define o que é fase de utilização, que configura conceito bastante abrangente. A fase de utilização engloba: construção, transporte, montagem, instalação, ajuste, operação, limpeza, manutenção, inspeção, desativação e desmonte da máquina ou equipamento.

Ainda quanto à aplicabilidade, o item 12.2 estabelece que as disposições da NR 12 referem-se a máquinas e equipamentos novos e usados, exceto nos itens em que houver menção específica quanto à sua aplicabilidade.

Esse item quer dizer o seguinte: as disposições gerais da Norma devem ser aplicadas às máquinas novas e usadas, mas, quando houver disposições específicas, estas devem prevalecer (o que é lógico). Exemplo: o item 12.56 obriga a que as máquinas em geral possuam um ou mais dispositivos de parada de emergência. O Anexo VI (Máquinas de Panificação e Açougue) determina que as amassadeiras (máquina usada em panificação) devem possuir, no mínimo, dois botões de parada de emergência.

O empregador deve adotar medidas de proteção para o trabalho em máquinas e equipamentos, capazes de garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores, e medidas apropriadas sempre que houver pessoas com deficiência envolvidas direta ou indiretamente no trabalho.

Exemplo: o acionamento de máquinas de grande capacidade deve ser precedido de sinal sonoro de alarme, com o intuito de alertar que está nas proximidades. Se há empregados surdos operando no local, tal alarme seria inócuo, motivo pelo qual devem ser adotadas outras medidas de proteção.

Vejamos agora um item interessante, que será muito familiar para quem teve bom aproveitamento na aula sobre a NR 9 (PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS):

"12.4. São consideradas medidas de proteção, a ser adotadas nessa ordem de prioridade:

a) medidas de proteção coletiva;

b) medidas administrativas ou de organização do trabalho; e c) medidas de proteção individual."

Comentamos exaustivamente na aula do PPRA sobre a escala hierárquica que existe entre as medidas de proteção coletiva, as medidas de caráter administrativo e a utilização do EPI. Relembrando o item da NR 9:

"9.3.5.4 Quando comprovado pelo empregador ou instituição a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem

(4)

suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecendo-se à seguinte hierarquia:

a) medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho; b) utilização de equipamento de proteção individual - EPI".

Caso alguém ainda sinta dificuldade no tema, é interessante reler a aula da NR 9 (PPRA).

Finalizando o tópico vamos comentar o item 12.5. Ele dispõe que a concepção de máquinas deve atender ao princípio da falha segura (do inglês fail safe).

No glossário da NR 12 há explicação relativa ao princípio, que transcrevo abaixo:

"Falha segura: o princípio de falha segura requer que um sistema entre em estado seguro, quando ocorrer falha de um componente relevante à segurança. A principal pré-condição para a aplicação desse princípio é a existência de um estado seguro em que o sistema pode ser projetado para entrar nesse estado quando ocorrerem falhas. O exemplo típico é o sistema de proteção de trens (estado seguro = trem parado). Um sistema pode não ter um estado seguro como, por exemplo, um avião. Nesse caso, deve ser usado o princípio de vida segura, que requer a aplicação de redundância e de componentes de alta confiabilidade para se ter a certeza de que o sistema sempre funcione".

2.2. Arranjo físico e instalações

Nesse tópico vamos estudar um pouco sobre as regras para a disposição das máquinas e equipamentos no chão de fábrica. Esse assunto é tratado nos itens 12.6 a 12.13 da Norma.

Nos locais de instalação de máquinas e equipamentos, as áreas de circulação devem ser devidamente demarcadas e em conformidade com as normas técnicas oficiais. As vias principais de circulação nos locais de trabalho e as que conduzem às saídas devem ter, no mínimo, 1,20m (um metro e vinte centímetros) de largura.

Essa regra é importante porque, na maioria das instalações produtivas, não há uma máquina; há várias! Dobradeiras, guilhotinas, prensas, etc. são máquinas comumente encontradas em diversos setores, e para não desperdiçar espaço dos galpões (que muitas vezes são alugados a preços altos) o empregador precisa dispor no local todas as máquinas e equipamentos de que necessita.

Para evitar que o ambiente de trabalho se torne de difícil locomoção, ou que os empregados sejam obrigados a transitar muito próximos dessas máquinas - que apresentam riscos à integridade física -, a NR determina que as vias de circulação no interior da fábrica (e as que conduzem às saídas) devem ter, no mínimo, 1,20m de largura.

Além de definir essa largura mínima, a NR 12 também estabelece que as áreas de circulação devem ser mantidas permanentemente desobstruídas.

(5)

Com efeito, de nada adiantaria manter corredores com 1,20 de largura se os empregados, para se deslocarem, precisassem passar por cima de caixas, tábuas, chapas de aço, ferramentas, etc.

As matérias-primas em utilização no processo produtivo devem ser alocadas em áreas específicas de armazenamento, devidamente demarcadas com faixas na cor indicada pelas normas técnicas oficiais ou sinalizadas quando se tratar de áreas externas. Da mesma forma, as ferramentas utilizadas no processo produtivo devem ser organizadas, armazenadas ou dispostas em locais específicos para essa finalidade.

As ferramentas utilizadas no processo produtivo devem ser organizadas e armazenadas ou dispostas em locais específicos para essa finalidade (ao lado foto de quadro de ferramentas).

Os pisos dos locais de trabalho onde se instalam máquinas e equipamentos e das áreas de circulação devem ser mantidos limpos e livres de objetos, ferramentas e quaisquer materiais que ofereçam riscos de acidentes; É proibido o porte de ferramentas manuais em bolsos ou locais não apropriados a essa finalidade.

Consolidando o que vimos sobre área de circulação e armazenamento de materiais, o item 12.8.2 dispõe que:

"12.8.2. As áreas de circulação e armazenamento de materiais e os espaços em torno de máquinas devem ser projetados, dimensionados e mantidos de forma que os trabalhadores e os transportadores de materiais, mecanizados e manuais, movimentem-se com segurança".

Além disso, o arranjo físico da instalação produtiva também deve ser planejado de modo que a distância mínima entre máquinas, em conformidade com suas características e aplicações, seja capaz de prevenir a ocorrência de acidentes e doenças relacionados ao trabalho. Assim, durante os trabalhos de operação, manutenção, ajuste, limpeza e inspeção das máquinas e equipamentos da fábrica, os empregados devem permanecer seguros e com possibilidade de movimentar corretamente os segmentos corporais, de acordo com a natureza da tarefa a ser executada.

Em relação ao piso do local de trabalho, a NR 12 traça as seguintes diretrizes:

"12.9. Os pisos dos locais de trabalho onde se instalam máquinas e equipamentos e das áreas de circulação devem:

a) ser mantidos limpos e livres de objetos, ferramentas e quaisquer materiais que ofereçam riscos de acidentes;

b) ter características de modo a prevenir riscos provenientes de graxas, óleos e outras substâncias e materiais que os tornem escorregadios;

c) ser nivelados e resistentes às cargas a que estão sujeitos". O item seguinte estabelece que:

(6)

"12.11. As máquinas estacionárias devem possuir medidas preventivas quanto à sua estabilidade, de modo que não basculem e não se desloquem intempestivamente por vibrações, choques, forças externas previsíveis, forças dinâmicas internas ou qualquer outro motivo acidental".

Máquinas estacionárias, conforme glossário da NR 12, são aquelas que se mantêm fixas em um posto de trabalho, ou seja, transportáveis para uso em bancada ou em outra superfície estável em que possa ser fixada.

Quanto às máquinas móveis que possuem rodízios, pelo menos dois deles devem possuir travas. Os rodízios são mecanismos que facilitam o deslocamento - para empurrar ao invés de arrastar -, comuns em cadeiras de escritório (são as "rodinhas" das cadeiras). Nessas máquinas em que haja rodízios pelo menos dois devem possuir travas para evitar o deslocamento acidental da máquina durante sua operação, o que poderia causar acidentes.

Finalizando o tópico, o item 12.13 define que as máquinas, as áreas de circulação, os postos de trabalho e quaisquer outros locais em que possa haver trabalhadores devem ficar posicionados de modo que não ocorram transporte e movimentação aérea de materiais sobre os trabalhadores.

2.3. Instalações e dispositivos elétricos

A NR 12 inicia o tópico "Instalações e dispositivos elétricos" determinando que as instalações elétricas das máquinas e equipamentos devem respeitar as disposições da NR 10 (SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE).

Conforme definido nas normas oficiais vigentes (a própria NR 10 e normas da ABNT), as instalações, carcaças, invólucros, blindagens ou partes condutoras das máquinas e equipamentos que não façam parte dos circuitos elétricos, mas que possam ficar sob tensão, devem ser aterrados.

Aterramento elétrico pode ser conceituado como ligação à terra que assegura a fuga das correntes elétricas indesejáveis.

As instalações elétricas das máquinas e equipamentos que estejam ou possam estar em contato direto ou indireto com água ou agentes corrosivos devem ser projetadas com meios e dispositivos que garantam sua blindagem, estanqueidade, isolamento e aterramento, de modo a prevenir a ocorrência de acidentes.

O item 12.17 dispõe que os condutores de alimentação elétrica das máquinas e equipamentos devem atender aos seguintes requisitos mínimos de segurança:

a) oferecer resistência mecânica compatível com a sua utilização: é a capacidade do condutor suportar a choques e impactos que venham a ocorrer acidentalmente.

b) possuir proteção contra a possibilidade de rompimento mecânico, de contatos abrasivos e de contato com lubrificantes, combustíveis e calor: de acordo com o ambiente, os condutores de alimentação elétrica podem estar expostos a agentes que desgastem o condutor. Para evitar choque elétrico, os

(7)

condutores devem dispor de proteção adequada contra substâncias existentes no ambiente de trabalho como derivados de petróleo, álcalis, sais, etc.

c) localização de forma que nenhum segmento fique em contato com as partes móveis ou cantos vivos: o contato de condutores com partes móveis das máquinas ou cantos vivos aumentaria a probabilidade de seu rompimento, motivo pelo qual tais situações são vedadas.

d) facilitar e não impedir o trânsito de pessoas e materiais ou a operação das máquinas: quando for realizado o planejamento do layout da fábrica o empregador deverá dispor as máquinas e suas fontes de alimentação de modo que a fiação elétrica não se torne um empecilho para a movimentação no interior do estabelecimento. Para atender a essa diretriz os condutores podem ser organizados em canaletas (ou outro meio) de forma apropriada.

e) não oferecer quaisquer outros tipos de riscos na sua localização; e

f) ser constituídos de materiais que não propaguem o fogo, ou seja, autoextinguíveis, e não emitirem substâncias tóxicas em caso de aquecimento: o condutor autoextinguível possui revestimento retardante da chama. Também é necessário que os condutores sejam fisiologicamente inofensivos em caso de aquecimento, ou seja, não emitam substâncias tóxicas.

2.4. Dispositivos de partida, acionamento e parada

Um aspecto importante das máquinas e equipamentos é a segurança (ou a falta dela) que seu acionamento e parada proporcionam aos empregados.

Caso o dispositivo de partida não cumpra alguns requisitos, o momento de ligar (e desligar) a máquina pode envolver riscos que não são tolerados.

Para evitar problemas nesse sentido, há um tópico específico da NR 12 (que estudaremos agora) para estabelecer regras que tornem essas atividades menos perigosas. Comecemos pelo item 12.24:

"12.24. Os dispositivos de partida, acionamento e parada das máquinas devem ser projetados, selecionados e instalados de modo que:

a) não se localizem em suas zonas perigosas;

b) possam ser acionados ou desligados em caso de emergência por outra pessoa que não seja o operador;

c) impeçam acionamento ou desligamento involuntário pelo operador ou por qualquer outra forma acidental;

d) não acarretem riscos adicionais; e) não possam ser burlados".

Zona perigosa é conceituada como qualquer zona dentro ou ao redor de uma máquina ou equipamento, onde uma pessoa possa ficar exposta a risco de lesão ou dano à saúde. Seria o caso zona de prensagem de uma prensa (máquina que conforma e/ou corta materiais).

Durante a operação podem ocorrer imprevistos, e o operador pode não ter condições de desligar a máquina em uma urgência.

Para atender a esses casos, os dispositivos de partida devem ser projetados de modo a poderem ser acionados ou desligados por outra pessoa que não seja o operador, pessoa esta que, trabalhando nas proximidades e

(8)

verificando a anormalidade, possa imediatamente desligar a máquina ou equipamento.

Além disso, o item também determina que os dispositivos devem ser projetados, selecionados e instalados de modo que impeçam acionamento ou desligamento involuntário pelo operador ou por qualquer outra forma acidental.

É o caso, por exemplo, de um pedal (como aqueles do acelerador e do freio de um carro de passeio).

Para evitar que, num tropeço, o operador acione a máquina acidentalmente - ou pior, que outra pessoa acione o equipamento acidentalmente quando o operador está com parte do corpo em sua zona perigosa - o pedal deve ser envolvido por uma caixa de proteção.

Foto de pedal elétrico (dispositivo de acionamento) com caixa de proteção, para evitar acionamento acidental por parte do operador ou de terceiros.

Fonte da figura: Manual Básico de Segurança em Prensas e Similares - FIERGS

Os dispositivos de partida, acionamento e parada (pedal, alavanca, etc.), também devem ser projetados de forma que o funcionamento de seus mecanismos de segurança não possa ser anulado pelos operadores.

Esse item envolve o conceito de burla, que é ato de anular de maneira simples o funcionamento normal e seguro de dispositivos ou sistemas da máquina, utilizando para acionamento quaisquer objetos disponíveis, tais como parafusos, agulhas, peças em chapa de metal, objetos de uso diário, como chaves e moedas ou ferramentas necessárias à utilização normal da máquina (glossário).

Os dispositivos de acionamento podem ser do tipo comando bimanual, com vistas a manter as mãos do operador fora da zona de perigo.

(9)

Exemplo de máquina (balancim, utilizado em fábricas de calçados) com dispositivos de acionamento do tipo comando bimanual. O risco nessa máquina é o esmagamento das mãos do operador se ele acionar o balancim (para cortar a matéria-prima) e deixá-las na área de prensagem (zona de risco). Para evitar esse risco, ao acionar a máquina o operador deve pressionar os dois comandos (por isso se chama comando bimanual) simultaneamente, visando a manter as mãos do operador fora da zona de perigo.

Fonte da figura (com adaptações): Cartilha de segurança em máquinas e equipamentos para calçados - ABRAMEQ / SEBRAE-RS

As máquinas que utilizem comando bimanual devem atender aos seguintes requisitos mínimos do comando (item 12.26):

a) possuir atuação síncrona, ou seja, um sinal de saída deve ser gerado somente quando os dois dispositivos de atuação do comando -botões- forem atuados com um retardo de tempo menor ou igual a 0,5 s (cinco segundos); b) estar sob monitoramento automático por interface de segurança;

c) ter relação entre os sinais de entrada e saída, de modo que os sinais de entrada aplicados a cada um dos dois dispositivos de atuação do comando devem juntos se iniciar e manter o sinal de saída do dispositivo de comando bimanual somente durante a aplicação dos dois sinais;

d) o sinal de saída deve terminar quando houver desacionamento de qualquer dos dispositivos de atuação de comando;

e) possuir dispositivos de comando que exijam uma atuação intencional a fim de minimizar a probabilidade de comando acidental;

f) possuir distanciamento e barreiras entre os dispositivos de atuação de comando para dificultar a burla do efeito de proteção do dispositivo de comando bimanual; e

g) tornar possível o reinício do sinal de saída somente após a desativação dos dois dispositivos de atuação do comando.

Quanto às regras acima, podemos perceber que tais dispositivos devem ser projetados de modo a impedir que o trabalhador consiga utilizar a máquina nos casos em que o comando bimanual não seja utilizado como deveria.

Se o empregado pudesse utilizar um peso (pedaço de madeira ou de metal) para manter um dos comandos permanentemente acionados, ele usaria apenas uma mão para acionar o comando e teria a outra mão livre, prejudicando o objetivo do comando bimanual (manter as mãos do operador fora da zona de perigo). Esse é um exemplo de como seria possível burlar o mecanismo de segurança.

(10)

Para evitar que essa artimanha funcione, o item acima determina o comando bimanual deve possuir atuação síncrona (sinal de saída deve ser gerado somente quando os dois dispositivos de atuação do comando -botões-forem atuados com um retardo de tempo menor ou igual a 0,5 segundos).

Frise-se que o texto da NR saiu com um pequeno errinho, pois o correto é "retardo de tempo menor ou igual a 0,5 s (cinco décimos de segundos)". Nessa mesma linha, deve haver relação entre os sinais de entrada e saída (se um dos comandos deixar de ser acionado -entrada- a máquina não emite o sinal de saída).

2.5. Sistemas de segurança

O tópico sistemas de segurança traça as regras quanto a proteções móveis, proteções fixas e dispositivos de segurança de máquinas e equipamentos. Ele é composto dos itens 12.38 a 12.55, e veremos seus principais aspectos.

O item 12.38 determina que as zonas de perigo (zona dentro ou ao redor de uma máquina ou equipamento, onde uma pessoa possa ficar exposta a risco de lesão ou dano à saúde) das máquinas e equipamentos devem possuir sistemas de segurança, caracterizados por proteções fixas, proteções móveis e dispositivos de segurança interligados, que garantam proteção à saúde e à integridade física dos trabalhadores.

proteções fixas proteções móveis

dispositivos de segurança Vejamos os conceitos acima no item 12.41:

"12.41. Para fins de aplicação desta Norma, considera-se proteção o elemento especificamente utilizado para prover segurança por meio de barreira física, podendo ser:

a) proteção fixa, que deve ser mantida em sua posição de maneira permanente ou por meio de elementos de fixação que só permitam sua remoção ou abertura com o uso de ferramentas específicas; e

b) proteção móvel, que pode ser aberta sem o uso de ferramentas, geralmente ligada por elementos mecânicos à estrutura da máquina ou a um elemento fixo próximo, e deve se associar a dispositivos de intertravamento".

(11)

Imagem ilustrativa de transmissão de força enclausurada por proteção fixa, para evitar o contato acidental dos trabalhadores na correia do motor.

As transmissões de força e os componentes móveis a elas interligados, acessíveis ou expostos, devem possuir proteções fixas, ou móveis com dispositivos de intertravamento, que impeçam o acesso por todos os lados (item 12.47). Agora que vimos os conceitos de proteção móvel e fixa, precisamos saber que a utilização de proteção móvel poderá ser utilizada nas situações definidas na NR 12, quais sejam:

"12.44. A proteção deve ser móvel quando o acesso a uma zona de perigo for requerido uma ou mais vezes por turno de trabalho, observando-se que:

a) a proteção deve ser associada a um dispositivo de intertravamento quando sua abertura não possibilitar o acesso à zona de perigo antes da eliminação do risco; e

b) a proteção deve ser associada a um dispositivo de intertravamento com bloqueio quando sua abertura possibilitar o acesso à zona de perigo antes da eliminação do risco".

E o que são esses tais dispositivos de intertravamento? De acordo com o glossário da NR, são chaves de segurança mecânica, eletromecânica, magnética ou óptica projetada para este fim e sensor indutivo de segurança, que atuam enviando um sinal para a fonte de alimentação do perigo e interrompendo o movimento de perigo toda a vez que a proteção for retirada ou aberta. O dispositivo de intertravamento é uma "espécie" do "gênero" dispositivo de segurança.

Pode-se verificar que as proteções móveis requerem mais cuidados, pois sua abertura não demanda a utilização de ferramentas. Sendo assim, é importante que, quando a proteção móvel seja aberta (e conseqüentemente haja possibilidade de entrada de empregados na zona perigosa), os dispositivos de intertravamento impeçam seu funcionamento.

Com esse objetivo o item 12.45 dispõe que as máquinas e equipamentos dotados de proteções móveis associadas a dispositivos de intertravamento devem:

a) operar somente quando as proteções estiverem fechadas;

b) paralisar suas funções perigosas quando as proteções forem abertas durante a operação; e

c) garantir que o fechamento das proteções por si só não possa dar início às funções perigosas.

(12)

Figura de proteção móvel (na cor amarela) associada a dispositivo de intertravamento (na cor vermelha).

Na forma como está na figura, a máquina não deve funcionar, pois a porta está aberta. Se a máquina estivesse em funcionamento, a abertura da porta deveria paralisar as funções perigosas.

Havendo paralisação da máquina pela abertura da proteção móvel, o fechamento por si só não pode dar início às funções perigosas. Seguindo adiante, segue a definição de dispositivos de segurança e seus exemplos:

"12.42. Para fins de aplicação desta Norma, consideram-se dispositivos de segurança os componentes que, por si só ou interligados ou associados a proteções, reduzam os riscos de acidentes e de outros agravos à saúde, sendo classificados em:

a) comandos elétricos ou interfaces de segurança: dispositivos responsáveis por realizar o monitoramento, que verificam a interligação, posição e funcionamento de outros dispositivos do sistema e impedem a ocorrência de falha que provoque a perda da função de segurança, como relés de segurança, controladores configuráveis de segurança e controlador lógico programável - CLP de segurança;

b) dispositivos de intertravamento: chaves de segurança eletromecânicas, com ação e ruptura positiva, magnéticas e eletrônicas codificadas, optoeletrônicas, sensores indutivos de segurança e outros dispositivos de segurança que possuem a finalidade de impedir o funcionamento de elementos da máquina sob condições específicas;

c) sensores de segurança: dispositivos detectores de presença mecânicos e não mecânicos, que atuam quando uma pessoa ou parte do seu corpo adentra a zona de perigo de uma máquina ou equipamento, enviando um sinal para interromper ou impedir o início de funções perigosas, como cortinas de luz, detectores de presença optoeletrônicos, laser de múltiplos feixes, barreiras óticas, monitores de área, ou scanners, batentes, tapetes e sensores de posição;

d) válvulas e blocos de segurança ou sistemas pneumáticos e hidráulicos de mesma eficácia;

e) dispositivos mecânicos, como: dispositivos de retenção, limitadores, separadores, empurradores, inibidores, defletores e retráteis; e

f) dispositivos de validação: dispositivos suplementares de comando operados manualmente, que, quando aplicados de modo permanente, habilitam o dispositivo de acionamento, como chaves seletoras bloqueáveis e dispositivos bloqueáveis".

(13)

Imagem ilustrativa de cortina de luz, que é um dispositivo de segurança classificado como sensor de segurança (da mesma forma que scanners a laser de segurança, batentes, tapetes e sensores de posição).

As cortinas de luz podem ser instaladas na horizontal ou na vertical, e detectam mãos, dedos e até o corpo inteiro no ponto de operação ou acesso ao perímetro da zona perigosa.

Na imagem destacou-se a cortina de luz, mas também seria necessária proteção fixa ou móvel no restante do perímetro da máquina. Finalizando o tópico, segue o item 12.54, que traz uma regra diferente da que estamos acostumados:

"12.54. As proteções, dispositivos e sistemas de segurança devem integrar as máquinas e equipamentos, e não podem ser considerados itens opcionais para qualquer fim".

Quando vamos comprar um carro geralmente airbag é opcional, freio ABS é opcional, cinto de três pontas no banco traseiro é opcional, encosto de cabeça no banco traseiro é opcional, etc.

Todos sabem que esses são dispositivos de segurança que salvam vidas e são decisivos para evitar lesões sérias nos ocupantes do veículo em caso de acidente.

A legislação vigente permite a venda de veículos em geral sem esses itens de segurança, mas no caso das máquinas e equipamentos o raciocínio é inverso: não existe a possibilidade de vender uma máquina sem os sistemas de segurança (proteções fixas, proteções móveis e dispositivos de segurança interligados) para "reduzir custos". Por isso a NR 12 fala que os sistemas de segurança "não podem ser considerados itens opcionais para qualquer fim".

2.6. Dispositivos de parada de emergência

Conforme item 12.56 e seguintes, as máquinas devem possuir dispositivos de partida, acionamento e parada (como estudamos em tópico anterior), e também dispositivos de parada de emergência.

Os dispositivos de parada de emergência não devem ser utilizados como dispositivos de partida ou de acionamento, com exceção das máquinas manuais, das máquinas autopropelidas e daquelas nas quais o dispositivo de parada de emergência não possibilita a redução do risco.

Dessa forma, nas máquinas em geral deve haver dispositivo de partida e dispositivo(s) de parada de emergência. Nas máquinas manuais (como furadeiras, lixadeiras, etc.) e em máquinas autopropelidas (máquina ou equipamento que possui movimento próprio) tal medida não é obrigatória.

O objetivo de possuir dispositivos de parada de emergência é evitar situações de perigo latentes e existentes. Para isso, as máquinas devem ser equipadas com um ou mais desses dispositivos.

(14)

Os dispositivos de parada de emergência devem ser posicionados em locais de fácil acesso e visualização pelos operadores em seus postos de trabalho e por outras pessoas, e mantidos permanentemente desobstruídos.

Foto ilustrativa de máquina com botão de acionamento e parada e dispositivo de parada de emergência.

Os dispositivos de parada de emergência das máquinas em geral não devem ser utilizados como dispositivos de partida ou de acionamento.

Nos casos em que seja necessário acionar o dispositivo de parada de emergência, a máquina ou equipamento não pode voltar a funcionar automaticamente após seu desacionamento. Realizada tal parada, deve ser necessário rearme para que a máquina volte a funcionar; segue o item que traça essa diretriz:

"12.63. A parada de emergência deve exigir rearme, ou reset manual, a ser realizado somente após a correção do evento que motivou o acionamento da parada de emergência".

2.7. Meios de acesso permanentes

As máquinas e equipamentos devem possuir acessos permanentemente fixados e seguros a todos os seus pontos de operação, abastecimento, inserção de matérias-primas e retirada de produtos trabalhados, preparação, manutenção e intervenção constante.

Os meios de acesso podem ser elevadores, rampas, passarelas, plataformas ou escadas de degraus. Quando não for possível utilizar tais meios (por questões de ordem técnica) poderá ser utilizada escada fixa tipo marinheiro.

(15)

Imagem ilustrativa de escada fixa tipo marinheiro.

As escadas fixas tipo marinheiro em máquinas e equipamentos devem ter dimensão, construção e fixação seguras e resistentes, de forma a suportar os esforços solicitantes, e devem ser constituídas de materiais ou revestimentos resistentes a intempéries e corrosão, caso estejam expostas em ambiente externo ou corrosivo.

O item 12.76 apresenta uma série de regras quanto às medidas, larguras e distâncias das barras que compõem as escadas.

A NR 18 (CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO) também estabelece requisitos para utilização da escada fixa tipo marinheiro na construção civil, com

regras mais simples. Figura 3 da NR 12: Exemplo de escada fixa do tipo marinheiro

As passarelas, plataformas, rampas e escadas de degraus devem propiciar condições seguras de trabalho, circulação, movimentação e manuseio de materiais e:

a) ser dimensionadas, construídas e fixadas de modo seguro e resistente, de forma a suportar os esforços solicitantes e movimentação segura do trabalhador;

b) ter pisos e degraus constituídos de materiais ou revestimentos antiderrapantes;

c) ser mantidas desobstruídas; e

d) ser localizadas e instaladas de modo a prevenir riscos de queda, escorregamento, tropeçamento e dispêndio excessivo de esforços físicos pelos trabalhadores ao utilizá-las.

Os meios de acesso (exceto escada fixa do tipo marinheiro e elevador) devem possuir sistema de proteção contra quedas com as seguintes características:

a) ser dimensionados, construídos e fixados de modo seguro e resistente, de forma a suportar os esforços solicitantes;

b) ser constituídos de material resistente a intempéries e corrosão;

c) possuir travessão superior de 1,10 m (um metro e dez centímetros) a 1,20 m (um metro e vinte centímetros) de altura em relação ao piso ao longo de toda a extensão, em ambos os lados;

d) o travessão superior não deve possuir superfície plana, a fim de evitar a colocação de objetos; e

(16)

e) possuir rodapé de, no mínimo, 0,20 m (vinte centímetros) de altura e travessão intermediário a 0,70 m (setenta centímetros) de altura em relação ao piso, localizado entre o rodapé e o travessão superior.

Sistema de proteção contra quedas (guarda corpo) dos meios de acesso (escadas, rampas, passarelas) constituído de travessão superior, travessão intermediário e rodapé.

Esses sistemas devem ser constituídos de material resistente a intempéries e corrosão.

Figura 5 da NR 12 (adaptada): Sistema de proteção contra quedas em meios de acesso de máquinas e equipamentos

Havendo risco de queda de objetos e materiais (peças, ferramentas, etc.), o vão entre o rodapé e o travessão superior do guarda corpo deve receber proteção fixa, integral e resistente. Essa proteção pode ser constituída de tela resistente, desde que sua malha não permita a passagem de qualquer objeto ou material que possa causar lesões aos trabalhadores.

Segundo o item 12.71, havendo risco de queda de objetos e materiais, o vão entre o rodapé e o travessão superior do guarda corpo deve receber proteção fixa, integral e resistente.

Figura 5 da NR 12 (adaptada): Sistema de proteção contra quedas em meios de acesso de máquinas e equipamentos com tela

2.8. Componentes pressurizados

Componentes pressurizados são mangueiras, tubulações, registros, válvulas, filtros etc. que transportam fluidos (líquidos ou gases) com pressão elevada.

Conforme definido no item 12.77, devem ser adotadas medidas adicionais de proteção das mangueiras, tubulações e demais componentes pressurizados sujeitos a eventuais impactos mecânicos e outros agentes agressivos, quando houver risco.

(17)

Seria o caso, por exemplo, de utilizar cintas nas mangueiras para evitar que, caso arrebentem, chicoteiem (por causa da pressão elevada).

As mangueiras, tubulações e demais componentes pressurizados devem ser localizados ou protegidos de tal forma que uma situação de ruptura destes componentes e vazamentos de fluidos, não possa ocasionar acidentes de trabalho.

Para atender a tais itens deve-se planejar o ambiente de trabalho de forma a antever situações que geram risco potencial.

Instalar tubulações que transportem agentes químicos nocivos próximos da área de circulação de empilhadeiras, por exemplo, sem proteção, permitirá que, em caso de manobra indevida do operador, haja colisão (impacto mecânico) com conseqüente ruptura e vazamento do agente químico no local onde outros trabalhadores circulam.

Deve-se atentar para outros agentes agressivos existentes no ambiente de trabalho, que possam desgastar e causar risco de ruptura dos componentes pressurizados.

Conforme item 12.79, as mangueiras utilizadas nos sistemas pressurizados devem possuir indicação da pressão máxima de trabalho admissível especificada pelo fabricante.

Falaremos sobre pressão máxima de trabalho admissível (PMTA) com maior profundidade no estudo da NR 13 (CALDEIRAS E VASOS DE PRESSÃO).

Os sistemas pressurizados das máquinas devem possuir meios ou dispositivos destinados a garantir que:

a) a pressão máxima de trabalho admissível (PMTA) nos circuitos não possa ser excedida; e

b) quedas de pressão progressivas ou bruscas e perdas de vácuo não possam gerar perigo.

Nas atividades de montagem e desmontagem de pneumáticos das rodas das máquinas e equipamentos não estacionários, que ofereçam riscos de acidentes, devem ser observadas as seguintes condições:

a) os pneumáticos devem ser completamente despressurizados, removendo o núcleo da válvula de calibragem antes da desmontagem e de qualquer intervenção que possa acarretar acidentes; e

b) o enchimento de pneumáticos só poderá ser executado dentro de dispositivo de clausura ou gaiola adequadamente dimensionada, até que seja alcançada uma pressão suficiente para forçar o talão sobre o aro e criar uma vedação pneumática.

Imagem ilustrativa de gaiola para enchimento de pneus.

Conforme item 12.83, o enchimento de pneumáticos só poderá ser executado dentro de dispositivo de clausura ou gaiola adequadamente dimensionada, para prevenir o risco do aro ceder ou do pneu estourar e ser projetado contra o empregado (tais acidentes geralmente são graves e até fatais).

(18)

2.9. Transportadores de materiais

Em algumas atividades são utilizadas esteiras e outros tipos de transportadores de materiais, para o deslocamento de matérias primas como minérios, pedras, grãos, etc.

A NR 12 trata dos transportadores nos itens 12.85 a 12.93, aproveitando algumas disposições que já constavam da NR 22 (SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA MINERAÇÃO).

O item 12.85 determina que os movimentos perigosos dos transportadores contínuos de materiais devem ser protegidos, especialmente nos pontos de esmagamento, agarramento e aprisionamento formados pelas diversas peças e equipamentos que compõem tais transportadores, como esteiras, correias, roletes, acoplamentos, freios, roldanas, amostradores, volantes, tambores, engrenagens, cremalheiras, correntes, guias, alinhadores,

região do esticamento e contrapeso e outras partes móveis acessíveis durante a operação normal.

Imagem de transportador contínuo de materiais.

É proibida a permanência e a circulação de pessoas sobre partes em movimento, ou que possam ficar em movimento quando não projetadas para essas finalidades.

É permitida a permanência e a circulação de pessoas sob os transportadores contínuos somente em locais protegidos que ofereçam resistência e dimensões adequadas contra quedas de materiais.

Os transportadores contínuos de materiais somente devem ser utilizados para o tipo e capacidade de carga para os quais foram projetados.

O item 12.90 estabelece que é proibida a permanência e a circulação de pessoas sobre (acima) partes em movimento, ou que possam ficar em movimento, dos transportadores de materiais, quando não projetadas para essas finalidades. O perigo dessa situação é que o trabalhador caia sobre o transportador e sofra esmagamento, agarramento ou aprisionamento.

Entretanto, em alguns casos, quando houver inviabilidade técnica do cumprimento do disposto no item 12.90, devem ser adotadas medidas que garantam a paralisação e o bloqueio dos movimentos de risco.

Nesses casos, a permanência e a circulação de pessoas sobre os transportadores contínuos devem ser realizadas por meio de passarelas com sistema de proteção contra quedas, conforme item 12.70.

Falamos sobre o item 12.70 no tópico Meios de Acesso Permanentes, vamos relembrar?

(19)

Os meios de acesso (exceto escada fixa do tipo marinheiro e elevador) devem possuir sistema de proteção contra quedas com as seguintes características:

a) ser dimensionados, construídos e fixados de modo seguro e resistente, de forma a suportar os esforços solicitantes;

b) ser constituídos de material resistente a intempéries e corrosão;

c) possuir travessão superior de 1,10 m (um metro e dez centímetros) a 1,20 m (um metro e vinte centímetros) de altura em relação ao piso ao longo de toda a extensão, em ambos os lados;

d) o travessão superior não deve possuir superfície plana, a fim de evitar a colocação de objetos; e

e) possuir rodapé de, no mínimo, 0,20 m (vinte centímetros) de altura e travessão intermediário a 0,70 m (setenta centímetros) de altura em relação ao piso, localizado entre o rodapé e o travessão superior.

Sistema de proteção contra quedas (guarda corpo) dos meios de acesso (escadas, rampas, passarelas) constituído de travessão superior, travessão intermediário e rodapé.

Esses sistemas devem ser constituídos de material resistente a intempéries e corrosão.

Figura 5 da NR 12 (adaptada): Sistema de proteção contra quedas em meios de acesso de máquinas e equipamentos

Ainda com relação à permanência e a circulação de pessoas nas proximidades dos transportadores de materiais, consta da NR 12 disposição no sentido de que é permitida a permanência e a circulação de pessoas sob (abaixo) dos transportadores contínuos somente em locais protegidos que ofereçam resistência e dimensões adequadas contra quedas de materiais.

Os transportadores contínuos acessíveis aos trabalhadores devem dispor, ao longo de sua extensão, de dispositivos de parada de emergência, de modo que possam ser acionados em todas as posições de trabalho.

Tais dispositivos podem ser, por exemplo, botões de parada de emergência: se algum trabalhador tiver a camisa agarrada na máquina, o transportador precisa ser parado imediatamente para evitar acidente. Para esse fim, não basta haver um botão, e sim vários; por isso a Norma fala em dispositivos de emergência ao longo de sua extensão (dos transportadores).

Entretanto, o item seguinte estabelece que, caso a empresa proceda a análise de risco, e através deste procedimento seja constatado que não há necessidade da existência de tais dispositivos, a exigência fica dispensada: "12.91.1. Os transportadores contínuos acessíveis aos trabalhadores ficam dispensados do cumprimento da exigência do item 12.91 se a análise de risco assim indicar".

(20)

2.10. Aspectos ergonômicos

Teremos uma aula especificamente sobre ergonomia, quando formos estudar a NR 17 (ERGONOMIA) e seus anexos.

Abordaremos aqui os aspectos ergonômicos tratados na NR 12, mas considero muito importante que, depois que estudarmos a NR 17 (Ergonomia), todos releiam essa parte da aula. Outra estratégia que considero válida é "pular" esse item, e estudá-lo depois que vocês lerem a NR 17.

Esse tópico da NR inicia com o item 12.94, que estabelece o seguinte: "12.94. As máquinas e equipamentos devem ser projetados, construídos e mantidos com observância aos os seguintes aspectos:

a) atendimento da variabilidade das características antropométricas dos operadores;

b) respeito às exigências posturais, cognitivas, movimentos e esforços físicos demandados pelos operadores;

c) os componentes como monitores de vídeo, sinais e comandos, devem possibilitar a interação clara e precisa com o operador de forma a reduzir possibilidades de erros de interpretação ou retorno de informação;

d) os comandos e indicadores devem representar, sempre que possível, a direção do movimento e demais efeitos correspondentes;

e) os sistemas interativos, como ícones, símbolos e instruções devem ser coerentes em sua aparência e função;

f) favorecimento do desempenho e a confiabilidade das operações, com redução da probabilidade de falhas na operação;

g) redução da exigência de força, pressão, preensão, flexão, extensão ou torção dos segmentos corporais;

h) a iluminação deve ser adequada e ficar disponível em situações de emergência, quando exigido o ingresso em seu interior."

As características físicas dos seres humanos não são iguais. Há pessoas mais altas, mais baixas, mais pesadas ou mais leves. Nossos braços e pernas têm tamanhos variados. Sendo assim, devem-se projetar as máquinas em respeito à variabilidade das características antropométricas.

Esse item torna-se muito importante no caso de máquinas importadas. É comum a importação de máquinas da Alemanha, EUA e Japão, países cujas populações possuem características antropométricas distintas da brasileira.

Além disso, o projeto das máquinas e equipamento não deve prever apenas os detalhes técnicos com o objetivo de produzirem mais quantidade, ou fabricar produtos de melhor qualidade, ou produzir com o mínimo de desperdício de matéria prima, etc.

Também é essencial que esse projeto leve em consideração as exigências posturais, cognitivas, movimentos e esforços físicos, de modo que a operação da máquina não se torne um martírio para o trabalhador.

Nessa mesma linha, mesmo que haja aumento de custos e despesas em tecnologia, as máquinas devem ser concebidas e construídas com a

(21)

preocupação de reduzir a exigência de força, pressão, preensão, flexão, extensão ou torção dos segmentos corporais.

Em uma clara preocupação com a interação entre as NR, o item 12.96 dispõe que as máquinas e equipamentos devem ser projetados, construídos e operados levando em consideração a necessidade de adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza dos trabalhos a executar, oferecendo condições de conforto e segurança no trabalho, observado o disposto na NR 17 (Ergonomia).

Quanto aos assentos utilizados na operação de máquinas, o item seguinte da NR estipula que estes devem possuir estofamento e ser ajustáveis à natureza do trabalho executado, além do previsto no subitem 17.3.3 da NR 17 (esse item traz algumas características obrigatórias dos assentos para os postos de trabalho em geral, como ter altura ajustável e ter borda frontal arredondada).

Acerca dos comandos das máquinas e equipamentos, o item 12.95 determina que estes devem ser projetados, construídos e mantidos com observância aos seguintes aspectos:

a) localização e distância de forma a permitir manejo fácil e seguro;

b) instalação dos comandos mais utilizados em posições mais acessíveis ao operador;

c) visibilidade, identificação e sinalização que permita serem distinguíveis entre si;

d) instalação dos elementos de acionamento manual ou a pedal de forma a facilitar a execução da manobra levando em consideração as características biomecânicas e antropométricas dos operadores; e

e) garantia de manobras seguras e rápidas e proteção de forma a evitar movimentos involuntários.

E com relação à posição de trabalho? O ideal é trabalhar o dia todo em pé ou o dia todo sentado? A resposta é: nenhum dos dois!

O ideal é que o trabalhador possa mudar de posição quando sinta necessidade. Atento a isso, o item 12.98 dispõe que os postos de trabalho devem ser projetados para permitir a alternância de postura e a movimentação adequada dos segmentos corporais, garantindo espaço suficiente para operação dos controles nele instalados.

Adiante a Norma estipula que as superfícies dos postos de trabalho não devem possuir cantos vivos, superfícies ásperas, cortantes e quinas em ângulos agudos ou rebarbas nos pontos de contato com segmentos do corpo do operador, e os elementos de fixação, como pregos, rebites e parafusos, devem ser mantidos de forma a não acrescentar riscos à operação.

Tal medida é importante para evitar contusões e situações incômodas. Rebarbas, pregos ou rebites podem causar arranhões e cortes nos trabalhadores, assim como uma mesa com quina em ângulo agudo causa desconforto a quem precisa apoiar o antebraço sobre ela.

Já o item 12.100 dispõe que os postos de trabalho das máquinas e equipamentos devem permitir o apoio integral das plantas dos pés no piso. Não menos razoável, visto que se o assento é muito alto para uma pessoa, e ela não conseguir apoiar os pés no chão, isso será extremamente

(22)

desagradável. Se a cadeira que vocês estão usando agora tiver altura ajustável, façam uma experiência: regulem ela o mais alto possível, de modo a não conseguir apoiar toda a planta dos pés no chão. Em pouco tempo vocês perceberão como essa posição é incômoda.

E se o posto de trabalho, tendo em vista suas características, não permitir o apoio dos pés, mesmo com a regulagem do assento? Nesses casos deve-se adotar uma solução alternativa, que é fornecer apoio para os pés.

Vamos ver o que diz o item 12.101, que sintetiza as idéias apresentadas até agora sobre as dimensões dos postos de trabalho das máquinas e equipamentos; em relação aos aspectos ergonômicos, estes devem:

a) atender às características antropométricas e biomecânicas do operador, com respeito aos alcances dos segmentos corporais e da visão;

b) assegurar a postura adequada, de forma a garantir posições confortáveis dos segmentos corporais na posição de trabalho; e

c) evitar a flexão e a torção do tronco de forma a respeitar os ângulos e trajetórias naturais dos movimentos corpóreos, durante a execução das tarefas.

Nessa mesma linha, os locais destinados ao manuseio de materiais em processos nas máquinas e equipamentos devem ter altura e ser posicionados de forma a garantir boas condições de postura, visualização, movimentação e operação.

Quanto ao ritmo de trabalho, sabemos que as linhas de produção determinam a velocidade do trabalho, pois os empregados devem executar suas tarefas de acordo com a velocidade da linha. O item 12.104 estabelece que o ritmo de trabalho e a velocidade das máquinas e equipamentos devem ser compatíveis com a capacidade física dos operadores, de modo a evitar agravos à saúde.

Para finalizar os aspectos ergonômicos da NR 12 vamos tratar dos requisitos quanto à iluminação.

Além das preocupações com dimensões de mobiliário, postura corporal, etc., também se inclui nos aspectos ergonômicos a correta iluminação do ambiente de trabalho. Laborar em ambiente mal iluminado gera cansaço visual, o que dificulta o trabalho, prejudica a visão do operador e aumenta a

probabilidade de ocorrência de acidentes. Em face disso, o item 12.103 diz que:

"12.103. Os locais de trabalho das máquinas e equipamentos devem possuir sistema de iluminação permanente que possibilite boa visibilidade dos detalhes do trabalho, para evitar zonas de sombra ou de penumbra e efeito estroboscópico".

Zonas de sombra e penumbra estão mal iluminadas, e efeito estroboscópico ocorre quando alguns movimentos da máquina não são percebidos pelo operador pelo fato de estes ocorrerem na mesma freqüência em que a lâmpada pisca.

A parte interna de máquinas e equipamentos de maior porte, que requeiram o ingresso de pessoas em seu interior para operações de ajustes,

(23)

inspeção, manutenção ou outras intervenções periódicas devem possuir iluminação adequada e disponível em situações de emergência.

2.11. Riscos adicionais

Esse trecho da NR é relativamente curto (itens 12.106 a 12.110), mas apresenta disposições interessantes e passíveis de serem exigidas em prova.

As disposições que vimos até o momento estão relacionadas e riscos mecânicos e de acidentes, como prensagem, esmagamento, cortes, escoriações, etc. Também estudamos sobre os aspectos ergonômicos, que dizem respeito a posturas de trabalho, mobiliário, iluminação. Nesse tópico veremos o que a Norma chamou de riscos adicionais.

"12.106. Para fins de aplicação desta Norma, devem ser considerados os seguintes riscos adicionais:

a) substâncias perigosas quaisquer, sejam agentes biológicos ou agentes químicos em estado sólido, líquido ou gasoso, que apresentem riscos à saúde ou integridade física dos trabalhadores por meio de inalação, ingestão ou contato com a pele, olhos ou mucosas;

b) radiações ionizantes geradas pelas máquinas e equipamentos ou provenientes de substâncias radiativas por eles utilizadas, processadas ou produzidas;

c) radiações não ionizantes com potencial de causar danos à saúde ou integridade física dos trabalhadores;

d) vibrações; e) ruído; f) calor;

g) combustíveis, inflamáveis, explosivos e substâncias que reagem perigosamente; e

h) superfícies aquecidas acessíveis que apresentem risco de queimaduras causadas pelo contato com a pele".

Analisando o item podemos perceber que ele traz na definição de riscos adicionais, basicamente, os riscos ambientais conforme definição da NR 9 (PPRA).

A alínea "a" remete expressamente aos conceitos de riscos biológicos e químicos. Seria o caso, por exemplo, de máquinas que liberassem fumos de material plástico ou fumos metálicos no ambiente de trabalho.

As alíneas "b" a "f" enumeram riscos físicos; a alínea "g" são riscos químicos (apesar de os termos não estarem expressos na NR 9); e a alínea "h" traz um risco adicional que pode ser evitado com isolamento das peças e superfícies aquecidas, conforme veremos na seqüência.

O próximo item da NR 12 também traz uma diretriz que já foi explorada no estudo do PPRA:

"12.107. Devem ser adotadas medidas de controle dos riscos adicionais provenientes da emissão ou liberação de agentes químicos, físicos e biológicos pelas máquinas e equipamentos, com prioridade à sua eliminação, redução de

(24)

sua emissão ou liberação e redução da exposição dos trabalhadores, nessa ordem".

Esse conceito é muito importante. Verifiquem que há uma escala de prioridade, de hierarquia entre as medidas de proteção coletiva a serem adotadas. Para facilitar o entendimento trago abaixo o dispositivo correlato da NR 9, o qual fundamentou o item hora em estudo:

"9.3.5.2 O estudo, desenvolvimento e implantação de medidas de proteção coletiva deverá obedecer à seguinte hierarquia:

a) medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais à saúde;

b) medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de trabalho;

a) medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente de trabalho".

Se alguém sentir dificuldade no entendimento desses conceitos, é interessante reler a aula sobre o PPRA (NR 9).

Com relação às superfícies aquecidas que representem risco de queimaduras (zonas próximas de motores de combustão, tubulações por onde passam líquidos em alta temperatura, tubulações de vapores, etc.), a NR obriga a que sejam adotadas medidas de proteção contra queimaduras, como a redução da temperatura superficial ou isolação com materiais apropriados e barreiras, sempre que a temperatura da superfície for maior do que o limiar de queimaduras do material do qual é constituída, para um determinado período de contato.

Finalizando o tópico, o item 12.110 estabelece que:

"12.110. Devem ser elaborados e aplicados procedimentos de segurança e permissão de trabalho para garantir a utilização segura de máquinas e equipamentos em trabalhos em espaços confinados".

Há uma Norma que trata especificamente sobre espaços confinados, que é a NR 33 (SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS). Espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio.

A definição acima consta da NR 33 e foi reproduzida no glossário da NR 12.

Voltando ao item 12.110, o importante é saber que, quando houver a utilização de máquinas ou equipamentos que se localizem em espaços confinados, deve haver procedimentos de segurança e permissão de trabalho, que pode ser entendido como um documento escrito mediante o qual o empregado estará autorizado a adentrar o espaço confinado.

(25)

2.12. Manutenção, inspeção, preparação, ajustes e reparos

O item Manutenção, inspeção, preparação, ajustes e reparos envolve os itens 12.111 a 12.115.

Conforme o item 12.111, as máquinas e equipamentos devem ser submetidos à manutenção preventiva e corretiva, na forma e periodicidade determinada pelo fabricante, conforme as normas técnicas oficiais nacionais vigentes e, na falta destas, as normas técnicas internacionais.

A manutenção preventiva é planejada, sendo realizada em intervalos de tempo pré-definidos com o objetivo de antecipar problemas e evitar (ou diminuir a freqüência) de manutenções corretivas.

Já a manutenção corretiva não tem periodicidade. Costuma ocorrer quando alguma falha surge e demanda intervenção imediata para regularizar o funcionamento da máquina ou equipamento.

No item 12.112 a NR determina que tanto as manutenções preventivas quanto as corretivas devem ser registradas em livro próprio, ficha ou sistema informatizado, com os dados relativos às intervenções realizadas, data da realização de cada intervenção, peças reparadas ou substituídas e indicação conclusiva quanto às condições de segurança da máquina, entre outros.

Também consta da NR disposição no sentido de que os registros das manutenções devem ficar disponíveis aos trabalhadores envolvidos na operação, manutenção e reparos, bem como à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CIPA, ao Serviço de Segurança e Medicina do Trabalho -SESMT e, claro, à fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego.

Finalizando o tópico, vejamos as disposições sobre ensaios não destrutivos - END:

"12.114. A manutenção de máquinas e equipamentos contemplará, dentre outros itens, a realização de ensaios não destrutivos - END, nas estruturas e componentes submetidos a solicitações de força e cuja ruptura ou desgaste possa ocasionar acidentes.

12.114.1. Os ensaios não destrutivos - END, quando realizados, devem atender às normas técnicas oficiais nacionais vigentes e, na falta destas, normas técnicas internacionais".

Esses ensaios têm como objetivo verificar se há fadiga em partes e componentes sujeitos a força, como eixos, partes girantes e a estrutura das máquinas. Verificada a fadiga, deve-se avaliar a necessidade de substituição da(s) peça(s) antes que sua ruptura provoque acidentes.

2.13. Sinalização

A sinalização no ambiente de trabalho é o foco da NR 26 (SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA), que, diga-se de passagem, foi radicalmente alterada em maio de 2011.

Vejamos as disposições sobre sinalização de máquinas e equipamentos, que estão dispostos nos itens 12.116 a 12.124 da NR 12.

(26)

Com o intuito de evitar acidentes e informar os empregados, as máquinas e equipamentos, bem como as instalações em que se encontram, devem possuir sinalização de segurança para advertir os trabalhadores e terceiros sobre os riscos a que estão expostos, as instruções de operação e manutenção e outras informações necessárias para garantir a integridade física e a saúde dos trabalhadores.

Essa sinalização pode ser feita por meio de cores, símbolos, inscrições, sinais luminosos ou sonoros, entre outras formas de comunicação de mesma eficácia. Tais sinalizações devem seguir padrões estabelecidos por normas técnicas nacionais ou, na falta delas, internacionais.

A sinalização, inclusive cores, das máquinas e equipamentos utilizados nos setores alimentícios, médico e farmacêutico deve respeitar a legislação sanitária vigente, sem prejuízo da segurança e saúde dos trabalhadores ou terceiros.

A sinalização de segurança deve:

a) ficar destacada na máquina ou equipamento; b) ficar em localização claramente visível; e c) ser de fácil compreensão.

Para prevenir risco de acidente, não basta que o empregador providencie placas com a indicação genérica de "perigo". As inscrições devem indicar claramente o risco e a parte da máquina ou equipamento a que se referem.

O item 12.122 dispõe que, exceto quando houver previsão em outras Normas Regulamentadoras, devem ser adotadas as seguintes cores para a sinalização de segurança das máquinas e equipamentos:

a) amarelo:

1. proteções fixas e móveis - exceto quando os movimentos perigosos estiverem enclausurados na própria carenagem ou estrutura da máquina ou equipamento, ou quando tecnicamente inviável;

2. componentes mecânicos de retenção, dispositivos e outras partes destinadas à segurança; e

3. gaiolas das escadas, corrimãos e sistemas de guarda-corpo e rodapé.

b) azul: comunicação de paralisação e bloqueio de segurança para manutenção.

(27)

A NR 26 previa diversas cores para os mais variados componentes existentes em instalações comerciais e industriais, mas com a alteração realizada em maio de 2011 deixou de enumerar cores, passando a exigir que "as cores utilizadas nos locais de trabalho para identificar os equipamentos de segurança, delimitar áreas, identificar tubulações empregadas para a condução de líquidos e gases e advertir contra riscos, devem atender ao disposto nas normas técnicas oficiais".

Finalizando o tópico, vejamos o item 12.123, que estabelece as informações que devem constar das máquinas fabricadas a partir da vigência da NR 12 (ou seja, essa regra não foi estendida às máquinas usadas):

"12.123. As máquinas e equipamentos fabricados a partir da vigência desta Norma devem possuir em local visível as informações indeléveis, contendo no mínimo:

a) razão social, CNPJ e endereço do fabricante ou importador; b) informação sobre tipo, modelo e capacidade;

c) número de série ou identificação, e ano de fabricação; d) número de registro do fabricante ou importador no CREA; e e) peso da máquina ou equipamento".

Indelével é o que não se pode apagar. O objetivo dessa disposição é impedir que o fabricante ou importador expusesse as informações obrigatórias em etiquetas que, com pouco tempo de uso, se tornassem ilegíveis e impedissem a imediata verificação das características enumeradas no item 12.123.

2.14. Manuais

Esse tópico inicia com o item 12.125, o qual indica a obrigação de que as máquinas e equipamentos possuam manual de instruções fornecido pelo fabricante ou importador, com informações relativas à segurança em todas as fases de utilização.

Quando inexistente ou extraviado, o manual de máquinas ou equipamentos que apresentem riscos deve ser reconstituído pelo empregador, sob a responsabilidade de profissional legalmente habilitado. Como estudamos em outras NR, a definição do profissional habilitado para determinada atividade depende de regulamentação dos conselhos de classe. Nesse caso serão engenheiros, como o engenheiro mecânico.

As diretrizes sobre a organização dos manuais constam do item 12.127: "12.127. Os manuais devem:

a) ser escritos na língua portuguesa - Brasil, com caracteres de tipo e tamanho que possibilitem a melhor legibilidade possível, acompanhado das ilustrações explicativas;

b) ser objetivos, claros, sem ambigüidades e em linguagem de fácil compreensão;

c) ter sinais ou avisos referentes à segurança realçados; e

(28)

O conteúdo dos manuais é tratado no item 12.128. Esse item regula que os manuais das máquinas e equipamentos fabricados ou importados a partir da vigência da NR devem conter, no mínimo, as informações enumeradas em seus 15 incisos. Não recomendo decorar todos, pois é muita informação. Apenas destaco que tais manuais devem conter a indicação dos riscos a que estão expostos os usuários, os riscos que podem resultar de adulteração, supressão de proteções e de dispositivos de segurança e também os riscos de utilizações da máquina (ou equipamento) para fins diferentes daqueles previstos no seu projeto.

Ao final o item 12.129 traz um regramento diferenciado para máquinas fabricadas ou importadas antes da vigência desta Norma, com um conteúdo menos abrangente.

2.15. Procedimentos de trabalho e segurança

Esse tópico da NR também é curto, iniciando com o item 12.130.

Devem ser elaborados procedimentos de trabalho e segurança específicos, padronizados, com descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo, a partir da análise de risco.

A análise de risco mencionada na NR 12 poder ser conceituada como um método sistemático de análise e avaliação das etapas e elementos de determinado trabalho, com o objetivo de identificar riscos potenciais e definir as maneiras corretas para a execução de cada etapa do trabalho de forma segura.

Entretanto, a realização da análise de risco, de forma alguma, poderá ser utilizada como substitutivo da implementação de medidas de proteção coletiva.

Vamos imaginar uma indústria de calçados. No setor de corte haverá máquinas chamadas balancins, máquinas de cortar tiras e máquinas de perfurar tiras. Pois bem, na análise de risco serão identificados os riscos de corte, esmagamento e choque elétrico. Basta que a empresa identifique esses riscos e detalhe as tarefas, passo a passo? Certamente não. É imperioso que, além disso, sejam adotadas as medidas de proteção cabíveis, como proteger as zonas perigosas (enclausurando transmissões de força, por exemplo) e aterrar eletricamente os equipamentos.

Consolidando o que vimos:

"12.130.1. Os procedimentos de trabalho e segurança não podem ser as únicas medidas de proteção adotadas para se prevenir acidentes, sendo considerados complementos e não substitutos das medidas de proteção coletivas necessárias para a garantia da segurança e saúde dos trabalhadores".

Os serviços em máquinas e equipamentos que envolvam risco de acidentes de trabalho devem ser precedidos de ordens de serviço (OS) específicas, contendo, no mínimo:

a) a descrição do serviço;

b) a data e o local de realização;

Referências

Documentos relacionados

Este trabalho objetivou avaliar o parasitismo encefálico em ratos holtzman, de 10 e 30 dias de idade infectados com baixo e alto inóculo, e verificar o

1) Cada equipe deverá nominar seus dois jogadores de maior handicap para comporem o quadro de arbitragem do Torneio. Os juízes e o árbitro para cada partida serão

AD'S SERVICOS DE LOCACAO DE MAO - DE - OBRA LTDA.. ADMINISTRADORA DE SERVICOS EIRELI - EPP LIDERANCA LIMPEZA E CONSERVACAO LTDA LOK SERVICOS DE MAO DE OBRA - EPP. PEDRO REGINALDO

Estas são algumas das dificuldades ressaltadas pelos depoentes em relação ao seu trabalho como professores em inicio de carreira no ensino superior, especificamente

Figura 4 Televisor Circuitos de varredura Tubo de imagem branco 1P22 View finder Circuitos de varredura Amplificador de vídeo Sinais de sincronismo Sinal de vídeo Figura

Fontes para eletrônica e interfaces entre potência e controle “ECC3” Cartão de controle com DSP HMI-CFW08-RP HMI-CFW08-RS PC-Software SuperDrive ou Interface

A solução, inicialmente vermelha tornou-se gradativamente marrom, e o sólido marrom escuro obtido foi filtrado, lavado várias vezes com etanol, éter etílico anidro e

Segundo Wallon (1968) o desenvolvimento da inteligência, do conhecimento e da percepção está diretamente ligado ao mundo da afetividade, da paixão, da