• Nenhum resultado encontrado

Pecuária Sustentável na Prática

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Pecuária Sustentável na Prática"

Copied!
80
0
0

Texto

(1)

Pecuária Sustentável

na Prática

(2)
(3)

Pecuária

Sustentável

na Prática

2ª Publicação do GTPS desenvolvida a

partir da consolidação das palestras

apresentadas durante o VI Seminário

Pecuária Sustentável na Prática do Grupo

de Trabalho da Pecuária Sustentável

realizado dia 27 de novembro de 2013 em

São Paulo, na sede da Dow Brasil.

(4)
(5)

Comissão Executiva

Presidente

Eduardo Bastos

Vice-President

e

Mauricio Campiolo

Tesoureiro

Fernando Sampaio

Coordenadora Executiva

Sheila Guebara

VI Seminário

Equipe de organização GTPS/Dow

Abdias Machado

Bianca Ramirez

Carlos Eduardo Mantovani

Cecília Souza

Gustavo Strambeck

Sheila Guebara

Organização Geral do VI Seminário –

Wenter Eventos

Renato Wenter / Willian Rudner

FOTO

Publicação

Abdias Machado

Carlos Eduardo Mantovani

Gustavo Strambeck

Sheila Guebara

Elaboração e Revisão de Texto: Luiz Antônio Pinazza

Projeto Gráfico e Diagramação:

Dennis Coelho (AG Futuro)

Gráfica: Extra Copy

(6)
(7)

Pilares do GTPS

(8)
(9)
(10)

Comissão Executiva – gestão 2012-2015

Presidente

Eduardo Brito Bastos (Dow)

Vice-Presidente

Mauricio Campiolo (ACRIMAT)

Tesoureiro

Fernando Sampaio (ABIEC)

Conselho Diretor

André Bartocci

Fazenda N. S. das Graças

Paulo Pianez

Carrefour

Sebastião Faria

MSD Saúde Animal

Conselho Fiscal

Produtores

• ACRIMAT – Mauricio Campiolo

• ASSOCON – Bruno Andrade

• FAMASUL - Eduardo Riedel

• Suplente: Novilho Precoce - Alexandre Scaff

Indústria

• JBS – Márcio Nappo

• Marfrig – Mathias Almeida

• ABIEC – Fernando Sampaio

• Suplente: Minerva – Taciano Cusódio

Instituições Financeiras

• IFC - Mariel Reyes

• Santander – Christopher Wells

• Rabobank – Luiz Amaral

• Suplente: Banco do Brasil - Ivandré Montiel

Organizações da sociedade Civil, Organizações

Sindicais de Trabalhadores e outros

• Aliança da Terra – Marcos Reis

• TNC – Francisco Fonseca

• WWF Brasil – Ivens Teixeira

• Suplente: APPS - Alcides Torres

Comércio

e Serviços

• Dow – Eduardo Bastos

• Stoller – Rodrigo Ferreira

• Wal Mart – Tatiana Trevisan

(11)

Sumário

Mensagens Iniciais ... 10

Programa GTPS ... 17

Painel 1 ... 21

Painel 2 ... 25

Painel 3 ... 28

Painel 4 ... 32

Painel 5 ... 37

Painel 6 ... 43

Painel 7 ... 49

Comissões ... 53

Programas do BNDES ... 58

Cases de Sucesso ... 65

(12)

Mensagens Iniciais

Eduardo Brito Bastos

Eduardo Brito Bastos: Presidente de Grupo de trabalho da Pecuária Sustentável e Diretor de

Relações Institucionais da Dow

Luiz Carlos Corrêa Carvalho: Presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG)

Sergio Margulis: Secretário para o Desenvolvimento Sustentável da Secretária de Assuntos

Estratégicos (SAE) da Presidência da Republica

Celso Vainer Manzatto: Chefe Geral da Embrapa Meio Ambiente

Francisco Sergio Ferreira Jardim: Superintende Federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA)

Francisco de Oliveira Filho: Diretor de Política para o Controle do Desmatamento do Ministério

do Meio Ambiente (MMA)

Quando falamos do começo, em 2007, temos na memória as 17 entidades com o sonho de desenvolver um trabalho diferente. Tínhamos, naquela época, uma demanda muito forte por causa do desmatamento, em particular no Bioma Amazônia. Chegamos, hoje, com mais de sessenta membros, além dos observadores, que permeiam toda a cadeia produtiva da pecuária. Não podemos esquecer a importância econômica desse setor, de quase US$ 170 bilhões, com geração de empregos diretos e indiretos, com recorde na exportação de mais de US$ 6,0 bilhões em 2013.

O brasão do município de São Paulo registra a mensagem significativa de “eu não sou conduzido, eu

conduzo”. Podemos tomar essas palavras provocativas para cobrarmos a nossa obrigação de conduzirmos a pecuária brasileira, pela sua importância global.

Criamos e ajudamos a criar a mesa redonda de pecuária sustentável aqui no Brasil e em outros países do mundo, como na Colômbia, no Canadá, na Austrália. Estamos diante da expectativa de formá-la também nos Estados Unidos. Dessa maneira, estabelecemos um diálogo global mais franco e aberto. Por isso, precisamos mostrar de forma contundente as nossas realizações no território brasileiro. Esse é o objetivo deste Seminário Pecuária Sustentável na Prática, no sentido de mostrar as realizações do homem real, no mundo real.

(13)

Luiz Carlos Corrêa Carvalho

O GTPS representa a possibilidade de integração

dos setores públicos e privados no sentido de desenvolver as políticas de sustentabilidade que caracterizam o Brasil. Sentimos neste século um amadurecimento daqueles com a possibilidade de produzirem em larga escala de maneira sustentável. Vivemos também um tempo de insegurança alimentar e energética, em que Estado brasileiro aparece como a bola da vez em termos de oportunidade de negócios, apesar das suas dificuldades.

Discutir os princípios, critérios, mensuração na visão da cadeia produtiva mostra a fase de ruptura experimentada pela pecuária. Isso leva tempo para ser entendido e avaliado. Existem muitas pessoas com visão de popa e preconceituosa. O GTPS parte de um olhar de proa. Não enxergaremos o futuro com olhos voltados para o passado. Temos de mostrar soluções, sem ficar apenas nas apresentações de problemas.

Teremos as apresentações de sete projetos desenvolvidos em cinco estados nacionais. É o começo dos passos para frente debaixo desse guarda chuva maior representado pelo GTPS. A área abrangida envolve um milhão de hectares, para o Brasil pode isso representar territórios pilotos, mas a sua representatividade corresponde

à metade do tamanho da Bélgica. As dimensões e desafios brasileiros são de largas escalas. Quando olhamos o potencial da pecuária para liberar áreas para outras atividades, como os grãos e a cana-de-açúcar, o resultado será aumento da produção e riqueza para a sociedade em geral. Temos gente e unidos daremos essa contribuição.

Sérgio Margulis

Esse é um momento importante para o governo federal. Como devemos assinar uma parceria com o GTPS , gostaríamos de registar a nossa satisfação em fazer parte deste evento. Muitas vezes pode parecer confortável ficar em Brasília, com a formulação de propostas para otimizar o Brasil. Mas, não existe nada

mais importante do que o real, essa possibilidade de contato com o setor produtivo, aquele que faz e está com a mão na massa. Estamos otimistas e ansiosos com o andamento futuros desses trabalhos objetos do seminário.

(14)

Celso Vainer Manzatto

Francisco Sergio Ferreira Jardim

Precisamos aumentar a produção, mas mostrar

a intensificação produtiva da pecuária nacional, em particular nas últimas duas décadas. Na verdade, desde o início do levantamento dos dados censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa atividade cede áreas as explorações agrícolas. Isso só é possível devido à intensificação produtiva. A Embrapa compartilha com essa visão do GTPS, em termos de tecnologia, produtos e serviços.

Não muito distante teremos desafios com relação às métricas de sustentabilidade. Enquanto batemos recordes em nossas exportações, com certeza os países importadores requisitarão informações, com análise e dados sobre a produção sustentável da pecuária.

Na Embrapa possuímos dois movimentos muito grandes. O primeiro ligado a Integração lavoura,

pecuária e floresta, das quais muitas instituições aqui presentes são parceiras no esforço de disseminação e consolidação dessa tecnologia. O segundo com respeito aos projetos para avaliar todos os coeficientes relacionados às emissões dos gases de efeito estufa, considerados importantes para os trabalhos em curso no Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC), principalmente pelo fato arriscado da pecuária ser apresentada como a vilã ambiental.

Por fim, temos de destacar e fortalecer a necessidade de apresentarmos estudos com a abrangência de integral da cadeia produtiva nos fóruns internacionais. A nossa estratégia, portanto, passa por uma sintonia cada vez mais próxima da Embrapa com o GTPS.

Quando cheguei em São Paulo, no início dos anos setenta, recém formado em veterinária na Universidade Estadual do Norte Fluminense, tive a oportunidade de participar de um evento na Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (FAEASP), para discutir um plano estratégico sobra a

pecuária nacional. Naquela conjuntura era prioritário reverter a nossa situação de grande importador de alimentos. Para sanar a falta de uma estrutura institucional para organizar e produzir conhecimento foi criada a Embrapa, sendo que para disseminá-las foram montadas as rede de EMATER´s ( Empresas

(15)

de Assistência Técnica e Extensão Rural). Tínhamos de sair da agricultura litorânea, para ocuparmos outras áreas centrais de trópicos úmidos, cerrados e semi-áridos. Assim, começou uma forte migração em direção as essas regiões. Paralelamente, houve também muito investimento na infraestrutura física para a formação da indústria de transformação e de insumos.

Passados quatro décadas, chegamos ao quinto posto na produção de alimentos. No cenário da geopolítica mundial para as próximas décadas, os Estados Unidos se consolidam como fornecedores de informação, as áreas indústrias e serviços vão para a China e Índia, o turismo para a Europa e a produção de alimentos para o Brasil.

Com muita discussão democrática aprovamos o Código Florestal, temos agora que discutir estrategicamente as novas tecnologias no caminho das condições sustentáveis. O Programa da Agricultura de Baixo Carbono (ABC) faz parte de um trabalho conjunto entre o MAPA e o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Avançamos na parte sanitária, com a conquista do status livre da aftosa com vacinação para 90% do rebanho. Positivamente, com formação de mão obra e parceira pública e privada o Brasil cumprirá o seu desiderato no agronegócio.

Francisco de Oliveira Filho

Somos membros e consideramos apropriado o

modelo de trabalho conjunto adotado pelo GTPS para o Brasil desenvolver a atividade produtiva de forma sustentável. O seu nascimento aconteceu em 2007, justamente quando se firmava as discussões sobre a moratória da soja. Esses são dois marcos importantes de integração de trabalho entre a área de produção e a ambiental. Com posições isoladas e radicais não chegamos a nenhum lugar. O Código Florestal, por exemplo, foi fruto de uma discussão intensa, mas conjunta. Contamos agora com o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que constitui um instrumento poderoso, a ser agregado a outros existentes.

Os esforços para o controle do desmatamento na Amazônia podem ser considerados de resultados positivos, pois a produção continuou a crescer, mesmo com a retração na área desmatada. O trabalho envolve o governo federal, os estados, a sociedade civil e o setor produtivo. Estamos no começo de uma estrada de desafios a ser percorrida. Esse seminário faz parte, sem dúvida, desses passos na direção correta. Temos de começar com projetos pilotos, sem perder de vista a busca da escala de produção em função da dimensão enorme do país.

Estamos com o plano de mudanças climáticas, com uma postura ambiental diferente sobre o

(16)

desenvolvimento da agropecuária. O Ministério de Ciência, Cultura e Inovação acaba de divulgar um trabalho sobre as emissões setoriais. A área de floresta e do uso da terra mostra uma redução significativa de 2004 para cá, de 57% para 22%. Isso reflete em grande parte o trabalho realizado na Amazônia, cuja região possui características bem distintas. Já a área de agricultura traz preocupação, pois as emissões aumentaram.

O MMA, em parceria com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial), no produto TerraClass, desenvolvido junto com a EMBRAPA, em levantamentos efetuados na Amazônia Legal, mostram que 66 % das áreas são ocupadas com pastagens, 21% com vegetação em regeneração e 5% com agricultura. Uma parte enorme dessas pastagens está associada às ações de grilagens de terras. Esse era o pensamento predominante em décadas anteriores, de invasão desenfreada e sem cuidado ambiental, que desde o evento da ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, busca-se ser erradicada.

Para conseguirmos resultados suficientemente sólidos, precisamos continuar os investimentos em capacitação, levar assistência técnica e facilitar o acesso ao crédito da população local. O monitoramento e o acompanhamento desses trabalhos, com a organização de espaço para discussões, com nesse seminário, são fundamentais. Dos sete projetos a serem aqui apresentados, quatro deles estão em Estados do Bioma Amazônia. Ainda longe do ideal, a governança melhora na região. O cerrado é outra área sensível para as nossas análises e observações.

Com ética e transparência, com a disponibilização de dados para a sociedade, o Brasil vem conquistando o reconhecimento internacional na questão ambiental. Estamos tratando de um setor extremamente importante para o país, de forma aberta e franca, para sabermos e analisarmos os desafios postos a nossa frente. Certamente, as gerações mais novas terão elementos para julgarem as contribuições do GTPS neste período.

“Pela relevância da pecuária no Brasil

não podemos ser conduzidos no

cenário global e sim conduzir e liderar a

discussão de sustentabilidade “

(17)

São Félix do Xingu/PA - Foto: João Ramid

“São nossas ações que vão fazer a

grandeza desse grupo”

(18)

Programa GTPS

Pecuária Sustentável na Prática

Eduardo Bastos

Esse programa nasceu de uma demanda dos próprios membros do GTPS, muitos que já são investidores cotidianos na pecuária, mas as vezes com ações isoladas e, por isso a dificuldade de alcançar escala.

Com a possibilidade de captação de recursos junto a um fundo do governo holandês (FSP) por meio da Fundação Solidaridad, tivemos a oportunidade de sair do discurso e ir para a prática com investimento em projetos no campo.

Iniciamos com sete projetos, em cinco estados (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia e Bahia), com presença forte no Bioma Amazônia. Envolvemos 900 produtores numa área próxima de

um milhão de hectares. São projetos pilotos e de sucesso. Como é sabido, como as nossas dimensões no Brasil são de alta escala, teremos de extrapolá-los. Apenas a título de comparação, a Colômbia possui 1,1 milhão de hectares e somente o estado do Pará totaliza 1,2 milhão. O mais importante é criar um modelo de compartilhamento de boas experiências, que estão dando certo em outras regiões e aproveitar para aprender com os erros e

Coordenador do Painel:

Maurício Campiolo – Vice presidente do GTPS

Apresentadores:

Eduardo Brito Bastos – Presidente do GTPS

Fernando Sampaio – Diretor Executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Bovina (ABIEC) e Coordenador da Comissão Técnica do GTPS

Ivens Domingos – Analista Sênior do WWF - Brasil e Coordenador da Subcomissão de Indicadores do GTPS

Isabella Vitali – Coordenadora da América Latina da Proforest

“APrOVEITAr PArA APrEnDEr

COM OS ErrOS E COM OS ACErTOS

unS DOS OuTrOS, DESSA FOrMA

A TãO DESEJADA ESCALA PODE SE

(19)

com os acertos uns dos outros, dessa forma a tão desejada escala pode se tornar realidade. É isso que estamos almejando.

Fernando Sampaio

Muitas vezes não nos damos conta do quanto o Brasil avançou em curto espaço de tempo no que se refere à produção agropecuária. A interiorização da produção é bem recente, enquanto a expansão enorme nas exportações de carne aconteceu praticamente depois de 2000. Em busca por novos mercados, estivemos em Missão Comercial nos países asiáticos que nos revelaram descobertas surpreendentes.

Na Indonésia, por exemplo, consome-se apenas três quilos de carne bovina per capta ano, enquanto no Brasil o consumo per capita é de 38 quilos ao ano. Nos supermercados são ofertadas pequenas bandejas com cabeça e pé de frango, produto conhecido por “walk talk” que atende à demanda da população de baixo poder aquisitivo. Este produto é consumido cozido e serve como alimentação básica do dia-a-dia. O Brasil também possui bolsões de pobreza cujo perfil do consumidor se assemelha a esse exemplo

A pecuária brasileira passou por um longo período de descapitalização e muitas áreas de pastagens foram abandonadas entrando em processo de degradação. Existe uma elite de produtores cuja atividade é rentável, porém as classes média e baixa ainda demandam assistência técnica e extensão rural.

Inicialmente, o foco e a preocupação do GTPS eram no desmatamento da Amazônia, tanto que se trabalhava com as comissões de rastreabilidade, monitoramento da floresta, incentivos econômicos

e princípios e critérios da pecuária sustentável. Essa estrutura foi mudada a partir de um trabalho da APPS (Associação Profissional da Pecuária Sustentável), que recomendava identificar os problemas e as soluções para a atividade pecuária, o financiamento das resoluções e a disseminação dos resultados.

Hoje, na comissão técnica do GTPS discutimos as questões relacionadas à rastreabilidade, sanidade, pastagem, nutrição, genética, reprodução e gestão financeira e administrativa das propriedades. Há um leque de tecnologias em cada um desses itens possíveis de serem incorporados aos sistemas produtivos. A oferta de crédito existe, porém, para fechar a equação, a resposta está em como facilitar o acesso ao crédito e à tecnologia. A elite da produção tem acesso à assistência privada. Como a extensão pública foi desativada e direcionada para outras áreas além da pecuária, como a agricultura familiar, as classes baixa e média ficaram desassistidas. Então, identificamos como gargalo para a sustentabilidade da pecuária no país a dificuldade de acesso à assistência técnica de qualidade para pequenos e médios produtores e propusemos levar um pacote tecnológico pronto para qualificar o produtor. Para a disseminação do projeto, serão montadas unidades demonstrativas em diversas regiões do país, visando influenciar os produtores do entorno.

Temos experiências similares de sucesso em outras atividades, como o programa “Balde Cheio” na produção de leite, desenvolvido pela Embrapa.

A oportunidade de utilização do fundo FSP (Farmer Support Program) pelo GTPS, possibilitou a integração de seus parceiros em regiões importantes para a pecuária no país.

(20)

Isabella Freire Vitali

Com escritórios na Europa, Malásia, África e no Brasil, o Proforest é uma organização nascida em 2000, para trabalhar com gestão de recursos naturais ao longo das cadeias produtivas de várias commodities, em cima de quatro pilares:

1º. Criar um ambiente propício para a sustentabilidade na gestão dos recursos naturais, com apoio à governança e estruturação de iniciativas de sustentabilidade, como é o caso do GTPS; 2º Ajudar produtores ou compradores de

artigos que utilizam recursos naturais a adotarem políticas e práticas que atendam às exigências de sustentabilidade em surgimento no mercado;

3º Treinar e capacitar governos, empresas, ONG´s, iniciativas de sustentabilidade, auditores e produtores, com relação aos sistemas de sustentabilidade;

4º Manter uma relação estreita com a academia e formadores de políticas para levar essas experiências práticas de relações multi stakehloders e sistemas operacionais, para informar essas decisões.

A primeira conversa com o GTPS foi entender os trabalhos, as ideias e os objetivos propostos pelas suas comissões, para estruturar e colocar as suas ferramentas na prática.

Começamos em maio de 2012, com uma conversa junto a um possível financiador, o FSP, do governo holandês, administrado pelo Solidaridad. De lá para cá, tivemos diversas instâncias e abrimos o conceito daquilo que se

queria alcançar. A grande riqueza do GTPS está na multiplicidade e variedade das experiências desenvolvidas pelos seus membros em suas áreas de atuação.

Como resumo dessa história relativamente longa, em junho de 2013 conseguimos a aprovação do programa e passamos à coordenação dos parceiros ao GTPS para executá-lo. O desafio é de superar barreiras como a percepção de que a sustentabilidade não é rentável, a falta de capacidade em gestão da propriedade e a falta de extensão rural.

A estratégia do programa é desenvolver as ferramentas para o GTPS identificar e replicar as experiências de sucesso em larga escala. Estamos no primeiro passo, a fase de teste para juntar os retalhos e montar a colcha até 2015. O programa tem quatro elementos principais:

1º Apoiar e compilar as boas práticas, com a criação de um guia;

2º Desenvolver um modelo de capacitação e identificar os multiplicadores em cada região; 3º Desenvolver e testar critérios e indicadores

de melhoria contínua;

“A GrAnDE rIquEzA

DO GTPS ESTá nA

MuLTIPLICIDADE E VArIEDADE

DAS ExPErIênCIAS

DESEnVOLVIDAS PELOS SEuS

MEMBrOS EM SuAS árEAS

DE ATuAçãO.”

(21)

4º Capacitar o GTPS para ser gestor de programas. Paralelamente, estamos começando um projeto específico em parceria com o GTPS e financiamento da Fundação Moore para revisar o planejamento estratégico do GTPS daqui para frente, rever e adequar sua governança com base nisso e esclarecer o propósito e uso dos critérios e indicadores do GTPS. Para completar, levantaremos e sistematizaremos as iniciativas de pecuária sustentável no país para divulgação.

Ivens Domingos

Se identificarmos os problemas existentes, apresentarmos soluções para implantar os projetos pilotos e buscarmos incentivos econômicos, resta medir os resultados e os impactos das nossas ações de sustentabilidade.

O desafio então passa pela definição e aplicação de um conjunto de indicadores que seja capaz de mostrar esses resultados. Esperamos chegar a um primeiro esboço para apresentação até o meio de 2014, de modo que possa servir para uma discussão mais ampla, inclusive no âmbito internacional com a Mesa Redonda Global sobre Carne Sustentável (GRSB).

O programa Pecuária Sustentável na Prática conta com financiamento disponibilizado pela Fundação Solidaridad, por meio do Farmer Support Programme (FSP), fundo do governo holandês.

“O GTPS não é um clube fechado ou uma

panelinha, é um caldeirão de tampa

aberta e pula para dentro quem quiser!

Está aberto, quem tiver coragem e

disposição e muita vontade de trabalhar

proativamente vem com a gente!”

(22)
(23)

Painel 1

Pecuária Sustentável na Prática – Rondônia

Coordenador do Painel:

Marcos Reis – Diretor Geral da Aliança da Terra

Apresentadores:

Mathias Almeida – Gerente de Sustentabilidade do Grupo Marfrig Eduardo Trevisan – Secr. Executivo Adjunto - Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora)

Marcos Reis

Existe uma demanda grande em Rondônia nas questões ambientais e sociais. Trata-se de um estado com um alto potencial produtivo e com uma relevante logística principalmente neste momento em que o Brasil começa a diversificar rotas de exportação. O Rio Madeira representa uma hidrovia de grande potencial para o escoamento da produção estadual. Muitas iniciativas já ocorreram na região, mas foram interrompidas e desativadas. Isso abre oportunidades.

Mathias Almeida

Esse projeto é importante, pois demonstra o prosseguimento de um trabalho que já realizamos no âmbito do Programa Marfrig Club, com foco no relacionamento com o produtor. A busca do pilar econômico da sustentabilidade é um desafio constante em nossa gestão, assim como o cuidado

especial com os recursos naturais, tão importantes em nossas operações industriais e cadeia de suprimentos.

Voltado para três pilares básicos: o ambiental, o social e o bem estar animal, o programa é uma mescla de Boas Práticas Agrícolas (BPA), Rainforest Alliance, EurepGap, assim como demandas específicas de clientes como Tesco e McDonald´s. Buscamos no primeiro momento compliance nas questões socioambientais, sempre avançando continuamente pelos níveis de atendimento ao protocolo.

Após passar por um checklist, o produtor é classificado de iniciante a platinum (150 produtores que atendem 95% do protocolo e são habilitados para a Europa, com prêmio de incentivo pela boa prática correspondente a 15% do preço da arroba por boi - apesar disso não temos diferencial de preço na venda). Acreditamos que o papel da

(24)

indústria não se limita em pagar mais a quem tem a melhor gestão, deve também gerar incentivos através de assistência técnica.

A parceria com o produtor, na verdade, vai além do Programa Marfrig Club ao focar a parte técnica, como o manejo de pastagem. Os resultados podem ser melhorados numa atuação conjunta com o IMAFLORA em nosso projeto de Rondônia, com ações focadas em pontos deficientes, tais como divisão e recuperação de pastos. Precisamos ir além do comando e controle e buscar maior produtividade e lucro ao produtor. A certificação é uma opção aos melhores produtores, porém nossa intenção é nivelar por cima toda cadeia, promovendo a melhoria contínua de acordo com a realidade de cada produtor.

Eduardo Trevisan

Além da Marfrig possuir escritório e Frigorífico no município, Rolim de Moura foi escolhido para implantar o projeto porque na região há poucos exemplos de pecuária sustentável. Isso possibilita que o projeto possa ganhar escala no futuro. Este projeto começa praticamente do zero, mas sempre com intenção de avaliar os impactos das nossas ações. Importante destacar que na região os produtores estão bastante interessados em novas tecnologias.

O objetivo do projeto é desenvolver unidades demonstrativas junto aos produtores ligados ao Programa Marfrig Club com foco, mas não limitado, nos pequenos produtores através de uma equipe técnica de campo do Imaflora, Marfrig e a Consultoria Via Verde

Partimos das premissas de demonstrar que através da assistência técnica de qualidade, o produtor da Amazônia pode ser competitivo e responsável e que a experiência de outros projetos são importantes. Vale destacar que este não é um projeto de certificação (pelo menos não é prioridade no primeiro momento pela falta de estrutura e capacitação) e que uma das premissas do trabalho é que que “agricultor no vermelho não pensa no verde”.

ExEMPLOS DO PErFIL DE

PrODuTOrES DO PrOJETO:

Fazenda Bacopari

• Médio/Grande porte (1.700 animais – cria / recria / engorda);

• Pontos fortes: Boa tecnologia (divisão de pastos, IATF, Creep-feeding);

• Pontos que podem ser melhorados: Reforma de pastagens sem orientação técnica e aplicação dos insumos sem amostras de solo.

ACrEDITAMOS quE O PAPEL

DA InDúSTrIA nãO SE LIMITA

EM PAGAr MAIS A quEM TEM A

MELhOr GESTãO, DEVE TAMBéM

GErAr InCEnTIVOS ATrAVéS DE

ASSISTênCIA TéCnICA.

uMA DAS PrEMISSAS DO

TrABALhO é quE quE

“AGrICuLTOr nO VErMELhO nãO

(25)

Fazenda Santa Maria

• Médio / Grande porte (2.200 animais – cria / recria / engorda);

• Pontos fortes: Boa tecnologia (divisão de pastos, IATF, semi-confinamento);

• Pontos que podem ser melhorados: Pouca aplicação de calcário e falta de planejamento na reforma e recuperação de pastagens

Sitio Pedra Branca

• Pequeno porte (185 vacas – cria);

• Pontos fortes: Disponibilidade para inovação;

• Pontos que podem ser melhorados: Pouca aplicação de tecnologia e pastagens com poucas divisões

rESuLTADOS ESPErADOS

Primeiro ano

• Estabelecimento de confiança com produtores através de visitas regulares e transparência nos processos;

• Soluções customizadas: cada produtor tem sua necessidade especifica;

• Definição das primeiras propriedades modelo & demonstrativas

Segundo ano

• Fortalecimento das propriedades modelo & demonstrativas – ampliação das tecnologias aplicadas;

• Planejamento ambiental das propriedades; • Ações de mitigação emissões de gases GEE; • Publicação dos resultados;

A expertise da Imaflora é o desenvolvimento de cadeias produtivas mais responsáveis, em clientes como a Firmenich, Mercur, Nespresso (programa AAA, com 1000 produtores envolvidos no Brasil; borracha, copaíba e castanha, com dezenas de comunidades extrativistas).

Na pecuária, além deste projeto estamos trabalhando em conjunto com a Solidaridad e Rainforest Alliance com boas práticas na produção de carne no Uruguai e em São Felix do Xingu (PA), desde 2010 com agropecuaristas familiares. Já desenvolvemos 25 unidades modelo incluindo planos de adequação ambiental e pretendemos chegar a 100 unidades até 2016.

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma Organização Não Governamental, sem fins lucrativos, que trabalha para promover a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais e para gerar benefícios sociais nos setores florestal e agropecuário.

(26)
(27)

Painel 2

Pecuária Sustentável na Prática – Bahia

Coordenador do Painel:

Luiz Amaral: Diretor da Divisão de Responsabilidade Social Corporativa do Rabobank

Apresentadores:

Márcio dos Santos Oliveira – Engenheiro Agrônomo da Profissional Agronegócios

Peter Sijbrandij: Responsável pelo Setor da Pecuária da Solidaridad Network

Moderador

O Rabobank é um banco de origem cooperativo voltado exclusivamente para a agropecuária. Estamos muito satisfeitos com o desempenho do GTPS. Agradecemos o papel prestado pela Acrioeste e Profissional Agronegócios neste projeto da Bahia.

Marcio Oliveira

Com sede em Barreiras, o nome do projeto é “Modelo para a Pecuária Sustentável – Diagnóstico da Pecuária de Corte no Oeste da Bahia”. O seu objetivo é avaliar a situação atual da pecuária regional. A partir daí, apontar as lacunas (GAP’s) existentes nos critérios de sustentabilidade, diagnosticar os efeitos dos diferentes sistemas de produção de carne e levantar informações

relevantes para suportar a análise da dinâmica do carbono relacionada com o uso de pastagens.

Com 85% do rebanho bovino dirigido à produção de carne, de um modo geral, as

explorações apresentam baixo índice tecnológico. Não obstante, os produtores foram receptivos à possibilidade de melhores resultados devido à aplicação de boas práticas agropecuárias.

(28)

PECuárIA nO OESTE DA BAhIA

Área de pastagens - 2,25 milhões de hectares Rebanho bovino - 2,13 milhões de cabeças

Cabeças por hectare - 0,95 Propriedades pecuárias - 50.115

A iniciativa conta com o apoio financeiro do governo da Holanda, através da Solidaridad, uma organização não governamental que fomenta iniciativas de comércio justo, criando cadeias de abastecimento equitativas e sustentáveis.

Em resumo, o cronograma do projeto passa pelo: • Planejamento do projeto

• Elaboração do questionário para o diagnóstico

• Aplicação do diagnóstico nas fazendas • Processamento e análise dos dados • Palestra para divulgação dos resultados Aplicado entre o final do ano de 2012 e início de 2013, o guia de auto avaliação foi dividido em cinco grandes blocos: gestão, produção,

trabalho, meio ambiente e comunidade. Essa etapa corresponde à fase I, chamada de Bahia Beef I.

A próxima etapa consiste em fornecer ao pecuarista, através da implantação de unidades demonstrativas, os requisitos e soluções

necessárias para permitir o devido engajamento do produtor dentro de um cenário competitivo e dinâmico de negócios, a partir de modelos de produção sustentáveis no longo prazo.

O trabalho também será caracterizado pela capacitação do pecuarista no que concerne às questões de gestão da propriedade associadas às

práticas sustentáveis de produção, respeitando-se o ambiente e as pessoas envolvidas no processo de produção, tanto quanto à sociedade como um todo.

Parcerias firmadas e potenciais parcerias:

Fundação Solidaridad, GTPS, Proforest, Banco do Nordeste, Agência de Fomento do Estado da Bahia, Banco do Brasil, Federação da Agricultura e Pecuária do

Estado da Bahia, Associação dos Criadores do Cerrado Baiano, Agência Estadual de Defesa Agropecuária da

Bahia, Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras, Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães Sindicato

Rural de Wanderley, Fazenda Paredão Fribarreiras – Frigorífico Regional de Barreiras, Frigorífico Boi do Cerrado – Santa Maria da Vitória Frijoa – Frigorífico Jaime Oliveira do Amor, Oeste Agrícola e Pecuária, Confinar Produtos Agropecuários,

Grama Agronegócios Rural Pec, Antonio Balbino Empreendimentos Agropecuários, Agropecuária Jacarezinho, Confidência Agropecuária, Japaranduba

Fazendas Reunidas.

Peter Sijbrandij

A certificação e a melhoria contínua tem sido objeto de muito trabalho no campo.

Para ajudar os produtores passo a passo, a Solidaridad desenvolveu uma ferramenta especial chamada Horizonte Rural, para que o mesmo possa auto avaliar o seu sistema de produção, não somente na ótica social e ambiental, mas ainda da produção animal e na gestão da fazenda. É necessário conhecer o quanto a exploração é rentável. Começamos com a soja e fomos para a cana-de-açúcar. Com o envolvimento de mais parceiros, propusemos a desenvolver o projeto na Bahia junto com a Acrioeste.

(29)
(30)

Painel 3

Pecuária Sustentável na Prática - São Felix do Xingu (PA)

Coordenador do Painel:

Christopher Wells – Head da Área de Risco Socioambiental do Santander

Apresentadores:

Francisco Fonseca – Coordenador de Produção Sustentável na The Nature Conservancy - TNC

Mathias Almeida - Gerente de Sustentabilidade do Marfrig Tatiana Trevisan – Gerente de Sustentabilidade do Walmart Wilson Costa – Sindicato Rural de São Felix do Xingu

Francisco

Todos que estão estudando e trabalhando com o tema Pecuária Sustentável tem a dimensão exata dos gargalos para se chegar nesta meta. O grande desafio é de como implementar uma pecuária sustentável na região amazônica. Levar para prática os conceitos e colocá-los no chão, de forma que sejam viáveis e tenham ganhos reais de escala. Assim, para superar esses desafios trazemos uma proposta de testar um modelo de colaboração no âmbito da cadeia de suprimentos da pecuária, associando produção, indústria e varejo à uma parceria público-privada, desenhada e desenvolvida como solução para os principais gargalos, seja: um cluster de integração sustentável da Pecuária em São Félix do Xingu, no sul do Pará.

O município de São Félix do Xingu abrange uma área de 8,5 milhões de hectares, correspondendo a duas vezes e meia o tamanho da Bélgica. Nessa área mantem em torno de 73% da sua cobertura original de floresta com 60% destas como áreas protegidas ambientalmente entre Unidades de Conservação e Terras Indígenas. O município abriga o maior rebanho nacional, com 2 milhões de cabeças, tem 80% de áreas privadas no Cadastradas Ambiental Rural – CAR, e 1,4 Milhão de ha com solos com potencial de regular a bom para intensificação sustentável da produção pecuária com meta de passar no Projeto do 0,8 de hoje para 3 a 4 cabeças por hectare em dois anos.

(31)

São Felix do Xingu: Redução do desmatamento

Fonte: The Nature Conservancy

Ano 2006 2007 2008 2009 2020 2011 2012 Quilômetros quadrados 782 878 761 442 354 140 166

Em 2011 foi firmado o Pacto Municipal para a Redução do Desmatamento, considerado um grande avanço de governança nos Programa Municípios Verdes (PMV). Mas, esse problema é sistêmico, pois envolve a superação de uma série de barreiras. A situação ambiental é indefinida, com passivo ambiental e incerteza quanto à viabilidade econômica. Por sua vez, o acesso a crédito e à informação e tecnologia em melhores práticas é insuficiente. Consideramos que faltam exemplos locais de sucesso. E aqui que atuaremos para sermos este exemplo.

Vemos a solução como colaborativa, com o envolvimento do MMA, Secretarias Estaduais do Meio Ambiente (SEMA), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), órgão estadual de terra, Embrapa, SEBRAE, Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Sindicatos Rurais, ONG´s e setor privado (Marfrig e Walmart), dentre outras. Partimos do pressuposto que a coalizão no âmbito da

cadeia produtiva, com ações colaborativas entre os produtores, as indústrias, as redes varejistas e a sociedade civil, fará a diferença. Como cada um desses elos possuem ações e parcelas nos resultados, serão parte das soluções e foram estabelecidos dois objetivos integrados:

1º Da intensificação e aceleração sustentável; 2º Testar os ganhos de eficiência e incentivos

na cadeia, de modo a melhorar a rastreabilidade e o monitoramento. O arranjo institucional do projeto está definido, apesar de lançado bem recentemente, em agosto último. Estamos com 20 pilotos dotados de BPA´s, plano de negócios e propostas de acesso a crédito. Contamos com 50 técnicos treinados em BPA e materiais preparados para divulgação massiva. São 150 propriedades apoiadas diretamente e 500 com extensão e monitoramento. Pretendemos chegar a um plano municipal de negócios sustentáveis na pecuária.

(32)

Como resultados obtidos na cadeia produtiva podemos destacar as eficiências e incentivos identificados e testados entre Walmart e Marfrig e os produtores. Chegamos ao sistema integrado de monitoramento da cadeia verificado e aprimorado, bem como o Sistema integrado de identificação e monitoramento animal, testado e integrado em 30 fazendas (CAR, Guia de Transporte Animal – GTA, brinco, marca de fogo). Vamos verificar quais desses meios de verificação animal terá maior eficiência e testaremos utilizando todos juntos.

As deficiências e as vantagens serão verificadas nas ações e testadas nas parcerias no resultado integrado de monitoramento. Como resultado, esperamos em dois anos obter um White Paper das lições aprendidas e das recomendações.

O projeto de bem estar animal, principalmente no transporte é uma demanda forte identificada. Temos um plano de disseminação e de integração das iniciativas privadas e governamentais. Será um grande mutirão nesse cluster.

Mathias Almeida

Quando o GTPS começou em 2009, como estávamos na mira e pressão do Ministério Público Federal e o Greenpeace, o foco era nas tarefas de compliance, direcionado ao comando e controle. Agora falamos em projetos de assistência e melhoria de produtividade. É uma grande mudança de paradigma. Deixamos de apontar erros da produção e partimos para as soluções.

Como o foco do projeto é desenvolver a cadeia de valor, existe o envolvimento dos produtores, indústrias, ONG e varejo, que buscam em conjunto alternativas que sejam ambientalmente corretas e principalmente

para a sustentabilidade do negócio. Sozinhas, a indústria e a sociedade civil não conseguem resolver tudo, é preciso engajar mais atores para ganhar escala e relevância.

Em São Félix do Xingu podemos montar o business case sustentável, para ser replicado em outros locais, com diferentes realidades, porém com desafios semelhantes. A preocupação com o bem estar animal, componente do projeto, é cada vez mais importante e relevante, gerando resultados positivos em pouco tempo.

O projeto também nos traz a oportunidade de desenvolver este aspecto, já que contamos com equipe especializada no tema que vem trabalhando junto aos atores locais, objetivando melhorias nas áreas de transporte e manejo, com controle dos hematomas e treinamentos aos produtores sobre as oportunidades existentes.

Tatiana Trevisan

Como uma empresa varejista, temos o papel de trabalhar com os nossos fornecedores para oferecer produtos mais sustentáveis aos nossos clientes. No caso da carne bovina, contamos com uma Plataforma de Pecuária Sustentável que trabalha desde a Gestão de risco dos produtos comprados através de um sistema de monitoramento baseado em dados de georeferrenciamento e informações públicas, até o fomento ao desenvolvimento da cadeia, por meio do projeto Carne Sustentável em São Félix do Xingú, em parceria com a The Nature Conservancy (TNC) e Marfrig.

Esse projeto tem possibilitado conhecer os produtores e sua realidade no campo para que possamos atuar de forma mais contributiva em

(33)
(34)

Painel 4

Pecuária Sustentável na Prática - Painel Paragominas (PA)

Coordenador do Painel:

Vagner Giomo – Grupo Pão de Açúcar

Apresentadores:

Mauro Lucio Costa – Presidente do Sindicato Rural de Paragominas e Diretor executivo do Projeto Pecuária Verde

José Benito Guerreiro – The Nature Conservancy e Coordenador da Comissão de Disseminação do GTPS

Roberto Risolia – Líder de Sustentabilidade da Dow Agrosciences

Coordenador

O varejo tem a missão de levar toda essa tradução dos trabalhos do GTPS aos clientes, que nem sempre sabem o que está por trás da sua produção. É importante, então, estarmos bem alinhados com essa cadeia produtiva, e ao lado dos clientes - compradores da carne e anônimos financiadores disso tudo - providenciando meios para que conheçam essa realidade.

Mauro Lucio Costa

Estamos muito impressionados com a evolução do GTPS e esse estágio de compromisso que estamos assistindo aqui. Estamos nesse trabalho da sustentabilidade desde 2002. Até 2007, nós não éramos bem compreendidos e até considerados irracionais. Desde então, o contexto passou a mudar.

No caso da pecuária brasileira, fica a lição da dificuldade de nascer grande, como é o parto do elefante. Muitas vezes é mais interessante começar pequeno e crescer rápido. A criança precisa engatinhar para andar e depois correr. Cabe cautela em cada um desses estágios.

Quando começamos o BPA, faziam parte do grupo vinte propriedades. Na primeira seleção, caímos para treze. Chegamos à conclusão junto ao Professor Moacyr Corsi de que tínhamos pernas para levar adiante o projeto em apenas seis, de acordo com os critérios do programa. Tínhamos feito dois checklist, em 2007 e 2008, durante dezoito meses. Para serem integrantes do Projeto de Pecuária Verde, essas fazendas passaram por três pentes finos e foram escolhidas aquelas que apresentaram as maiores evoluções.

(35)

A questão não é volume e nem quantidade, mas sim qualidade. Só assim conseguiremos êxito no trabalho de disseminação. Desde o princípio, fazer muito bem feito, com muita seriedade e dedicação.

As pressões ambientais se fizeram mais forte em fevereiro de 2008, quando governo criou a primeira lista dos 36 municípios que mais desmatam, para a realização da Operação Arco de Fogo. Foi um período difícil, com o Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério do Trabalho (MT) investigando fazendas, constatando irregularidades e aplicando corresponsabilidade às cadeias produtivas.

Em 2009, veio o relatório A Farra do Boi, do Greenpeace, com o embargo de fazendas pelo MPF, o varejo amplia exigências e ameaça cortar fornecedores. Houve a aplicação dos termos de conduta e o BNDES determina diretrizes socioambientais para o financiamento. Nesse cenário de turbulência foi criado o Projeto de Pecuária Verde, quase que um desdobramento de um programa executado em Paragominas e denominado Projeto Município Verde.

Roberto Risolia

Nessa visão de sustentabilidade da pecuária através da manutenção de toda a legalidade ambiental e social não tínhamos uma avaliação real dos ganhos auferidos pelo produtor. Queríamos através de sua eficiência produtiva e da adequação de gestão, com números e valores, mostrar que havia viabilidade econômica.

Então, depois de dois anos de projeto, como está o produtor? Nas seis fazendas selecionadas

trabalhamos em três frentes: na adequação ambiental (separação das Áreas de Preservação Permanente e de acordo com a aptidão técnica, a escolha do local das Reservas Legais e de produção), no bem estar e a ética na produção e na importância da produtividade, que é o nosso tema a ser abordado.

Em média, a taxa de intensificação inicial foi de apenas 10,0%. O processo de melhoria leva tempo. Não adianta querer realizar tudo no primeiro ano. Podemos trabalhar nas áreas de não produção com a regeneração e enriquecimento da vegetação (inclusive com plantas que possam ser extraídas no futuro dentro da legalidade e preservação do meio ambiente) e nas áreas de produção no controle e manejo de plantas invasoras e a limpeza dos pastos. O projeto modelo com o uso do CAR e estudo de aptidão e manutenção das APP´s é importante para ser usado nos seus pontos de acertos e de melhorias, inclusive para outras regiões. A dimensão do Brasil é muito grande para termos a pretensão de uma mudança rápida. Quando atingem a maturidade, os projetos ajudam muito como referência.

De acordo com os primeiro resultados, a produção das fazendas passaram de 7 @/ha a 30 @/ha dentro das áreas intensificadas (10%). Existe ainda melhoria a ser adotada no manejo. Como um todo, a produção subiu para, na média 9,48 @/ ha. Pensando nas fazendas como um todo tivemos uma melhoria de margem de 0,8 @/ha para 1,44 @/ha, com melhoria de 78% na rentabilidade. Então, mantendo 90% da área, aumentamos a produtividade em 33% e a rentabilidade em 78%.

(36)

Se tivermos a intensificação em 20% da área, no segundo ano, a produtividade aumentaria em 65% e a rentabilidade em 156%.

Resultados estimados com a intensificação de 20% da área

Com a intensificação de 10%, a margem de lucro de 2012 para 2013 cresceu, dentro desta área e em termos de sacas de soja, de 5 para 10. Em 2014 chegará a 18 sacas. Esse impacto é realmente válido, pois mede a produtividade e tecnologia para o produtor. É garantia para o suprimento da cadeia de forma bastante responsável no que diz respeito à sustentabilidade.

Resultados estimados com a intensificação na pecuária

Item Extensiva Intensivo Fazenda Melhoria Intensivo Fazenda Melhoria

Suporte (UA/ha) 1,14 2,55 1,28 12,3% 3,6% 1,39% 21,9% GMD 0,43 0,43 0,64 0,45 4,6% 0,67% 0,45% 4,6% Produtividade 7,15 23,99 8,83 23,5% 30,40% 9,48% 32,6% Custo (@/ha) 6,34 20,31 7,74 22,1% 23,29% 8,04% 26,8% Margem (@/ha) 0,81 3,67 1,10 35,8% 7,11% 1,44% 77,8% Margem (%) 12,80 18,10 13,00 4% 30,50% 15%

Resultados com a intensificação de 10% da área no segundo ano

Item Extensiva 2012 Intensivo 2013 Fazenda 2013 Melhoria

Suporte (UA/ha) 1,14 3,60 1,63 43% GMD 0,43 0,43 0,67 0,48 11% Produtividade 7,15 30,40 11,80 65% Custo (@/ha) 6,34 23,29 7,74 43% Margem (@/ha) 0,81 7,11 2,07 156% Margem (%) 12,1 30,50 0,16 28% Item 2011 2012 2013 2014 1. Área Intensiva Produtividade 23,99 30,40 40,00 Margem Líquida @/ha 3,66 7,1 12 R$/ha 347,7 674,5 1.140

Eq. sacos de soja/ha 5 10 18

2. Área Intensiva 0,81 1,10 1,44 2,07

(37)

Os próximos desafios são de continuar o aumento da lotação das pastagens, com melhoria nas forrageiras e no desempenho animal e precisamos desenvolver estratégias para os períodos de estiagens. A pecuária sustentável na prática está sendo pautada na produtividade e rentabilidade com a visão da cadeia produtiva. Tudo isso muda percepção dos funcionários, vizinhos, clientes e visitantes com relação à condução da técnica e a gestão da propriedade.

José Benito Guerreiro

Ficamos felizes por sair da discussão focada no desmatamento ilegal e entrarmos na área de desenvolvimento de projetos de sustentabilidade. Como especialista de agropecuária, somos curiosos e temos uma missão institucional. Tivemos uma escola anterior em trabalhos na região de Santarém, com 205 produtores determinados a mostrar a possibilidade de se cumprir o Código Florestal (CF), sob uma pressão ambiental muito forte. Não sabíamos como começar.

Paragominas representou uma oportunidade para darmos escala àquele fértil aprendizado. A adequação ambiental não é apenas o cumprimento do código florestal, mas sim uma oportunidade de demonstrar como o produtor pode ser eficiente dentro daquilo que lhe sobra para produzir, cumprindo a lei e sabendo o quanto é rentável a sua atividade. Usando as mesmas palavras do meu amigo Mauro Lucio “Município verde com produtor roxo não funciona”.

Como por detrás de tudo isso, há uma relação de custo e benefício, cabe atentar para o CAR como uma ferramenta não apenas de cumprimento de lei. A sua importância é vital para o planejamento e a gestão, na avaliação do ativo, passivo e do potencial para a intensificação, modificação e melhoria da propriedade rural.

A situação do agricultor em relação ao Código Florestal não é tão ruim quanto parece e podemos ajudar na solução dos seus principais problemas. Usamos imagens de satélites de alta resolução para atender e responder boa parte das perguntas, tanto na parte ambiental como produtiva. Um diagnóstico mal feito na elaboração do CAR pode significar no bloqueio no Cadastro da Pessoa Física (CFP) e infração com multa do Ibama pela identificação errada de uma Área de Preservação Permanente (APP), ou cálculo impreciso da Reserva Legal (RL) e o bloqueio de um patrimônio Ambiental.

Uma área de cobertura vegetal não atualizada pode gerar um relatório ambiental impreciso, além requerer diversas e seguidas correções. Começamos o trabalho em 2009. A partir de 2010, tomamos a consciência da necessidade de melhorar a produtividade e a rentabilidade para tornar a pecuária mais sustentável ao longo do tempo. Focamos nossas ações naquilo que sabemos fazer, na identificação do passivo ambiental, a RL e APP, para regularizar os passivos ambientais, e recuperação das áreas degradadas com resultados positivos em função da resiliência da floresta ainda depois de muito tempo de ter sido alteradas.

(38)
(39)

Painel 5

Pecuária Sustentável na Prática - Pecuária de Baixo

Carbono – MT

Coordenador do Painel:

Hilton Salomão – Gerente de Novos Negócios da Stoller

Apresentadores:

Vando Telles de Oliveira: Coordenador da Iniciativa da Pecuária Integrada ICV - Instituto Centro de Vida

Daniela Teston: Coordenadora de Sustentabilidade da JBS

Wagner Ferraresi: Pecuarista de Alta Floresta do Estado de Mato Grosso Milton dos Santos de Souza: Pecuarista de Alta Floresta do Estado de Mato Grosso

Vando Telles de Oliveira

A ideia da pecuária integrada parte de uma visão sistêmica da propriedade, buscando o equilíbrio entre os recursos naturais (solo, água e floresta), produtivos (pastagem e animal) e, o mais importante deles, o ser humano.

Mato Grosso: Dados da pecuária

Fonte: IMEA - 2010

Item

Número de propriedades - unidades Rebanho – milhões de cabeças Pastagem – milhões de hectares

Quantidade 109.498

29 24

(40)

Atualmente a pecuária em MT é pautada em um conhecimento tradicional que vem sendo transmitido ao longo das gerações, esse fator vem ocasionando sérias consequências para a atividade, tais como: degradação do solo, degradação dos recursos hídricos e degradação das pastagens, tornando os sistemas produtivos insustentáveis.

Diante desse cenário temos um grande desafio pela frente quando analisamos as dinâmicas de uso do solo das áreas abertas e as projeção de crescimento Agropecuário do MT para 2021/22. Estima-se que haverá um crescimento de 4 milhões de hectares para plantio de soja, esse incremento está relacionado a necessidade do aumento de produção. Devido ao alto nível tecnológico já adotado na agricultura, será necessário mais área para aumentar a produção de grãos. Em contrapartida as projeções apontam que as

Mato Grosso: Dados da pecuária

Mato Grosso: Projeções de crescimento em soja e milho

Intervalo

Propriedade - unidades Rebanho - Milhões de Cabeças

Quantidade Participação % Quantidade Participação %

Até 300 91.980 84 6.960 24 De 301 a 1000 4.380 4 6.960 24 De 1001 a 3000 12.043 11 7.250 25 Acima de 3001 1.095 1 8.830 27 Fonte IMEA - 2010 Indicadores Soja Milho 2012/13 2021/22 Var% 2012/13 2021/22 Var% Área: milões de ha 7,9 11,9 51,8 2,9 24 68,6 Produtividade: t/ha 3,1 3,3 6,7 4,8 24 21,8 Produção em Milhões 24,1 39,1 61,9 13,9 25 105,6 Acima de 3001 1.095 1 8.830 27 Fonte: IMEA

(41)

No passado, a atividade era considerada como fácil, pois bastava derrubar as florestas, jogar capim, fazer algumas divisões e colocar o gado em cima. Mas, quando passamos a observar com mais detalhe o uso equilibrado dos recursos envolvidos, notamos uma complexidade muito maior neste sistema para ser sustentável. Com base no cenário visto e nas projeções de demandas, entendemos que o caminho para ser desenvolvida uma pecuária sustentável é através da adoção das boas práticas. Diante disso temos o Manual de Boas Práticas Agropecuárias da Embrapa que norteia nossas ações em campo. O manual é composto em 11 pontos principais que segue abaixo:

A estratégia da iniciativa Pecuária Integrada do ICV, tem como objetivo macro contribuir para desenvolver uma Pecuária Sustentável na Amazônia, e está alicerçada na recuperação e conservação dos recursos naturais, aumento da produtividade e rentabilidade, melhoria na qualidade da carne e um produto com origem garantida.

A estratégia está dividida em 2 fases, sendo a primeira um piloto local no município de Alta Floresta e a segunda fase disseminação em Mato Grosso. Na fase 1 (2013/14), as ações são implantação dos projetos de BPAs em 10 propriedades, monitoramento dos resultados, com os indicadores de produção, qualidade, econômicos e o balanço de carbono e a disseminação das experiências através de dias de campo e palestras. Na fase 2 (2014/15), com a disseminação, esperamos aumentar o número de propriedades e estimularemos também a Associação de Produtores, pois quando os pecuaristas se juntam, a força coletiva fica enorme. Outra ação estratégica para disseminar as técnicas a mais produtores é o Núcleo de Assistência Técnica Integrada (NATI), um projeto entre o ICV e o GTPS para fomentar a formação de profissionais na região norte de MT, para atuarem como agentes de assistência técnica e extensão rural (ATER) na pecuária de corte. Fizemos uma parceria para desenvolver um curso de pós-graduação sobre Produção de Gado de Corte

Gestão integrada da propriedade

Gestão da Propriedade

Gestão Recursos Humanos Gestão Ambiental

Bem Estar Animal Pastagens Suplementação Alimentar Instalações rurais Identificação animal Manejo reprodutivo Controle sanitário Manejo pré-abate Indicadores Soja Milho 2012/13 2021/22 Var% 2012/13 2021/22 Var% Área: milões de ha 7,9 11,9 51,8 2,9 24 68,6 Produtividade: t/ha 3,1 3,3 6,7 4,8 24 21,8 Produção em Milhões 24,1 39,1 61,9 13,9 25 105,6 Acima de 3001 1.095 1 8.830 27

(42)

com a Rehagro e na conclusão cada técnico entregará um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que é um projeto de viabilidade técnica/econômica de uma fazenda que eles irão acompanhar durante os 18 meses.

O produtor sozinho costuma dizer que a assistência técnica é cara. Agora, quando em grupo, a conta fica diluída e mais barata. Estão, vamos estimular a união de fazendas para a contratação de assistência técnica. O recado é de que não basta tecnologia e a informação, é que preciso que elas cheguem ao campo.

Ainda na fase 2 iremos desenvolver duas ações que estão relacionadas a solução de rastreabilidade para cadeia de pecuária e buscar envolver os elos indústria e varejo em acordos comerciais pautados na adoção das BPAs.

Os primeiros resultados já são sentidos, depois de quase um ano e meio de trabalho, com gestão na propriedade, acompanhamento com o produtor, reunião de planejamento, dias de campo, orientação aos colaboradores. Tivemos recuperação das APP´s, retiramos os animais dos cursos d´água, reforma das pastagens com correção e adubação do solo. Chegamos às boas práticas de sanidade, sombreamento, identificação animal, reprodução e suplementação na seca.

O caminho para uma pecuária sustentável só é possível quando construímos soluções compartilhadas que promovam a sustentabilidade do uso da terra e dos recursos naturais. Uma parte valiosa desse projeto consiste na relação de confiança estabelecida com o produtor, no dia a dia. A solução não se impõe, mas se conquista.

O rECADO é DE quE nãO BASTA

TECnOLOGIA E A InFOrMAçãO, é

quE PrECISO quE ELAS ChEGuEM

AO CAMPO

Indicadores pecuários para análise comparativa

Local Taxa de Lotação Produtividade Estado (MT) 0,76 3,36

Microrregião - Alta Floresta 1,12 4,76 URT 2,23 13,00** Fonte: Projeto Pecuária Integrada de Baixo Carbono

(43)

é FAnTáSTICO VEr OS

PrOJETOS EM AnDAMEnTO E OS

rESuLTADOS APArECEnDO

Wagner Ferraresi

Sou filho e neto de produtor. Trabalho em Alta Floresta há mais de trinta anos. Passamos muitas fases difíceis. A morte súbita, por exemplo, nos pegou de surpresa e causou uma grande descapitalização. Fizemos ações custosas não bem planejadas e sem assistência técnica. Desanimados, pensávamos em vender a propriedade e abandonar a atividade. O projeto do ICV chegou nessa boa hora. Apenas temos a agradecer. Com informação e bom relacionamento conseguimos dar a volta por cima.

Milton dos Santos de Souza

Estou na região há 35 anos. Estava na mesma situação do Wagner. Com a chegada do projeto pelo ICV, os ânimos voltaram e estamos dispostos a continuar na labuta.

Daniela Teston

É fantástico ver os projetos em andamento e os resultados aparecendo. Convidada pelo ICV para fazer parte da iniciativa, a JBS, analisou a proposta, que veio ao encontro com aquilo que a empresa acredita e aplica nos protocolos das suas atividades. O projeto foca muito a questão da produtividade e a conservação ambiental. A parceria da JBS é importante na parte da comercialização, mas também na capacitação do que é necessário para que o pecuarista produza e seja valorado pelo mercado.

Falamos muito na sustentabilidade em termos do social e ambiental, embora as pessoas comentem que sem o econômico o projeto não para em pé. Diante dessa realidade, as portas dos frigoríficos da empresa foram abertas para mostrar aos pecuaristas os resultados de seus trabalhos de

campo. Muitos não ficaram satisfeitos com o que viram. Eles esperavam um produto com qualidade superior. Quando entenderam a exigência do mercado, houve certa decepção, pois desconheciam o ponto que deveriam chegar.

O papel da indústria, então, é levar informação sobre os aspectos da agregação de valor na bonificação de um produto, desde que haja qualidade. A sustentabilidade é primordial para a questão da conservação e preservação do meio ambiente, o protocolo é não estar em terras indígenas, em unidades de conservação e não ter desmatamento. Tudo isso precisa vir envelopado num produto de qualidade e ser colocado no mercado com valorização e retorno para o pecuarista.

A capacitação no campo é um aspecto importante. No entanto, os técnicos precisam entender aquilo que acontece dentro das indústrias. Precisamos fazer uma parte prática lá dentro. Estamos em processo de avaliação de um protocolo específico para atender uma bonificação de qualidade para os produtores da região. Estamos animados para continuar o projeto. Contamos com os pecuaristas, o frigorífico e falta ainda um elo importante da ponta final da cadeia, ligado à rede varejista.

Para encerrar, gostaríamos de apresentar os produtores aqui presentes, que são os verdadeiros e reais atores dessa história: Robinson Junqueira, Avaro Zaneti e Gustavo Zanetti, Arnaldo Campos Filho, Daniel Carlos Lima, Gilberto Siber Filho e Florentino Martins.

(44)
(45)

Painel 6

Pecuária Sustentável na Prática - Carne Sustentável no

Pantanal/MS

Coordenador do Painel:

Gisele Surjus – Diretoria de Agronegócios do Banco do Brasil

Apresentadores:

Ivens Domingos - Analista de Programa de Conservação do WWF

Brasil

Urbano Gomes Pinto de Abreu: Pesquisador da Embrapa Pantanal Luiz Carlos Demattê Filho: Diretor industrial Korin Agropecuária Ltda

Urbano Gomes Pinto de Abreu:

Aprecio observar que o processo do GTPS está sedimentado. Trabalho há 26 anos no Pantanal na parte de sistema de produção de pecuária de cria extensiva. Tive oportunidade de trabalhar com diversos parceiros como a Embrapa Gado de Corte, Banco do Brasil e WWF, dentre outros.

Dos seis biomas existentes no país (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal), o Pantanal é o menor deles, mas com relato da atividade pecuária desde 1737, como fator de ocupação da fronteira. Possui um terço da planície no estado do Mato Grosso (MT) e dois terços da planície, em Mato Grosso do Sul (MS).

Dos vinte maiores municípios de maior concentração do rebanho pecuário, quatro deles estão localizados em áreas pantaneiras (Corumbá, Aquidauana, Porto Murtinho e Cáceres). Depois de São Félix do Xingu (PA), o maior efetivo bovino no país e é em Corumbá (MS). Trata-se de atividade consolidada na região.

Quando se olha os mapas de concentração do rebanho bovino, desenvolvido em parceria com a Embrapa Sensoriamento Remoto, o bioma do Pantanal mostra uma baixa taxa de lotação, com grande efetivo bovino, o que caracteriza o sistema de criação extensivo pantaneiro.

(46)

Brasil: Ranking da concentração de rebanho bovino por município

Nas últimas décadas, diversos relatórios são publicados mundialmente, com estatísticas e projeções de consumo e demanda de alimentos, em função do crescimento econômico e da população global. Por outro lado, diversos estudos multidisciplinares, nos mais diferentes setores produtivos, buscam o equilíbrio no Triple Bottom Line (3 PL´s – People, Planet and Profit), chamado em português como o tripé da sustentabilidade.

Como esse equilíbrio é muito dinâmico, exige metodologias especiais, que levem em consideração o tempo e o espaço, com métricas que possibilitem sínteses para dar suporte a tomada de decisão, principalmente no setor agrícola, cujo desafio consiste na capacidade de transferir a teoria para a prática. A abordagem da pecuária sustentável não é algo que dispense o uso de tecnologias devido a alguma razão ideológica. Pelo contrário, a atividade precisa utilizar práticas para melhorem a produtividade e não causarem danos ao meio-ambiente. O uso da terra deve ser multifuncional e economicamente viável, sendo ajustada a cada situação específica.

O Pantanal, em média, abriga 1 (uma) unidade animal (UA) em 3 hectares. A taxa de lotação é um indicador importante na dinâmica da pecuária. O gado convive com as estações bem secas e de muita água. É, portanto, uma terra de contraste tanto em termos de regime hídrico como de clima, com amplas amplitudes térmicas.

A Embrapa Pantanal desenvolve projeto de validação e transferência de tecnologia para a pecuária orgânica no Pantanal, em parceria com a Aliança da Terra, IBD, WWF e ABPO. Obtivemos resultados, utilizando análise de energia (metodologia que quantifica nos sistemas de produção a necessidade de energia não renovável), taxa de renovabilidade de 98,81%. A metodologia foi desenvolvida para a indústria, e vem sendo adaptada para sistemas agrosilvopastoris no Brasil.

Temos ainda os projetos de Avaliação de Impacto de Ciclo de Vida, em parceria com a Embrapa Meio Ambiente, e da Fazenda Pantaneira Sustentável, com indicadores de sustentabilidade em fase de validação. Com relação ao Programa ABC, existem estudos sobre as tecnologias para financiamento e aplicação na região.

1° São Félix do Xingu (PA) 9° Aquidauana (MS) 17° Água Clara (MS) 2° Corumbá (MS) 10° Nova Crixás (GO) 18° Marabá (PA) 3° Ribas do Rio Pardo (MS) 11° Cumaru do Norte (PA) 19° Três Lagoas (MS) 4° Juara (MT) 12° Porto Murtinho (MS) 20° Pontes e Lacerda (MT) 5° Cáceres (MT) 13° Vila Rica (MT)

6° Vila Bela S. Trindade (MT) 14° Porto Velho (RO) 7° Alta Floresta (MT) 15° Novo Progesso (PA) 8° Novo Repartimento (PA) 16° Altamira (PA)

Referências

Documentos relacionados

Nas faces lingual e labial os pontos são circulares, ovais ou irregulares (em forma de oito), provável ramificação superficial da dentina tubular. Em vista transversal é possível

Arrendatários e parceiros são mais prósperos e mais bem educados nas regiões onde a cultura da cana está concentrada, e existe uma correlação entre mercados de aluguel ativos e

Source: 2006 Census of Agriculture – IBGE.. Overall, Brazil follows the same pattern as most Latin American countries, with land use characterized by high inequality in

Com base nos resultados da pesquisa referente à questão sobre a internacionalização de processos de negócios habilitados pela TI com o apoio do BPM para a geração de ganhos para

--- ---Mais foi deliberado, por unanimidade, constituir as seguintes Comissões: --- --- Comissão de Abertura do Concurso: --- --- Presidente – Engº Hélio Henrique Sampaio; ---

Associação Nacional de Municípios e de Produtores para a Valorização eA. Qualificação dos Produtos

Após avaliação das características da amostra, ana- lisámos a taxa de eficácia do método, a taxa de parto vaginal e a ocorrência de desfechos adversos maternos e neonatais em

O México é a 2ª maior economia da América Latina (1ª é o Brasil), sendo responsável pelo 14º maior PIB mundial, com uma estrutura económica onde a indústria representa cerca de