• Nenhum resultado encontrado

AVALIAÇÃO DE ESCORES NA TOMADA DE DECISÃO EM METÁSTASES NA COLUNA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "AVALIAÇÃO DE ESCORES NA TOMADA DE DECISÃO EM METÁSTASES NA COLUNA"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

1. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Escola Paulista de Medicina, Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Grupo de Coluna, São Paulo, SP, Brasil.

Trabalho realizado na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Escola Paulista de Medicina, Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Grupo de Coluna, São Paulo, SP, Brasil.

Correspondência: Grupo de Coluna do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Rua Borges Lagoa, 783 – 5º. Andar, Vila Clementino, São Paulo, SP, Brasil. 04038-03. ferreiramvo@gmail.com

AVALIAÇÃO DE ESCORES NA TOMADA DE DECISÃO EM

METÁSTASES NA COLUNA

ASSESSMENT OF SCORES IN DECISION MAKING IN METASTASES OF THE SPINE

EVALUACIÓN DE LAS PUNTUACIONES EN LA TOMA DE DECISIONES EN

LAS METÁSTASIS DE COLUMNA

RESUMO

Objetivo: O objetivo deste estudo é avaliar a concordância intra e interobservador dos escores SINS, Harrington, Tokuhashi e Tomita entre ortopedistas gerais e cirurgiões de coluna com experiência acima de cinco e 10 anos na avaliação de pacientes com metástase vertebral. Métodos: Foram apresentados 20 casos de pacientes com lesões metastáticas da coluna vertebral a 10 examinadores e os escores citados acima foram aplicados. Após seis semanas, os casos foram reapresentados em ordem diferente e os dados foram anali-sados. Resultados: A confiabilidade intraobservador apresentou melhor concordância no escore SINS entre os examinadores com menor experiência, e nos escores de Harrington e Tomita entre os que tinham experiência maior que 10 anos. A confiabilidade interobservador dos examinadores do grupo com experiência maior que 10 anos apresentou maior precisão na utilização desses escores, e com destaque para Harrington e Tomita. O escore SINS foi o de eleição para a prática diária e foi capaz de modificar a conduta com mais frequência. Conclusões: Este estudo demonstrou que o uso de escores preditores de instabilidade, Harrington, e prognóstico, Tomita, apresentam maior confiabilidade intra e interobservador, principalmente entre os cirurgiões de coluna com experiência superior a 10 anos.

Descritores: Prognóstico; Metástase neoplásica; Neoplasias da coluna vertebral; Expectativa de vida.

ABSTRACT

Objective: The aim of this study is to assess the intra- and interobserver concordance of SINS, Harrington, Tokuhashi and Tomita scores among general orthopedic surgeons and spine surgeons with experience above 5 and 10 years in the evaluation of patients with spinal metastasis. Methods: Twenty cases of patients with metastatic lesion of the spine were presented to 10 examiners and the scores aforementioned have been applied. After six weeks, the cases were reintroduced in a different order and data were analyzed. Results: The intraobserver reliability showed better agreement in SINS score among examiners with less experience and Harrington and Tomita scores among those who had more than 10-year experience. The interobserver reliability of the examiners of the group with over 10-year experience showed higher precision when using these scores, especially Harrington and Tomita. The SINS score was the choice for daily practice and was able to modify the management more often. Conclusions: This study demonstrated that the use of predictive scores of instability, Harrington, and prognosis, Tomita, had a higher intra- and interobserver reliability particularly among spine surgeons with experience above 10 years.

Keywords: Prognosis; Neoplasm metastasis; Spinal neoplasms; Life expectancy.

RESUMEN

Objetivo: El objetivo de este estudio es evaluar la concordancia intra e interobservador en las puntuaciones SINS, Harrington, Tokuhashi y Tomita entre los ortopedistas generales y cirujanos de la columna vertebral con experiencia superior a 5 y 10 años en la evaluación de pacientes con metástasis vertebrales. Métodos: Se presentaron 20 casos de pacientes con lesiones metastásicas de la columna vertebral a 10 examinadores, quienes aplicaron las puntuaciones mencionadas. Luego de seis semanas, los casos fueron reintroducidos en un orden diferente y se analizaron los datos. Resultados: La fiabilidad intraobservador mostró mejor concordancia en la puntuación SINS entre los examinadores con menos experiencia y en los puntajes Harrington y Tomita en los que tenían experiencia de más de 10 años. La fiabi-lidad interobservador de los examinadores del grupo con más de 10 años de experiencia mostró una mayor precisión en el uso de estas puntuaciones, especialmente las puntuaciones Harrington y Tomita. La puntuación SINS fue de elección para la práctica diaria y ha sido capaz de modificar la conducta con más frecuencia. Conclusiones: Este estudio demostró que el uso de las puntuaciones de predicción de inestabilidad, Harrington, y del pronóstico, Tomita, presentan mayor fiabilidad intra e interobservador principalmente entre los cirujanos de columna con más de 10 años de experiencia.

Descriptores: Pronóstico; Metástasis de la neoplasia; Neoplasias de la columna vertebral; Esperanza de vida.

MArcus Viniciusde oliVeirA FerreirA1, renAto HirosHi sAlVioni uetA1, dAVid del curto1, eduArdo BArros PuertAs1

(2)

313

INTRODUÇÃO

A coluna vertebral é o local mais comum para doença metas-tática.1,2 Pacientes com câncer apresentam metástases na coluna

em 70% dos casos e até 10% desenvolvem compressão medu-lar.2,3 A proporção entre estas lesões e os tumores primários é

de 40:1 e a disseminação esquelética deve ser considerada no diagnóstico diferencial de um paciente que se apresenta com uma lesão medular.1,4,5

O envolvimento metastático da coluna é mais comum nos tumores primários da mama, do pulmão, do rim, da tireoide e da próstata, nesta ordem segundo Papastefanou et al.6 Em nosso

meio Valesin Filho et al.7 descreveram a prevalência em 55

pacien-tes: mama (32,7%), mieloma múltiplo (25,4%), próstata (14,5%), carcinoma gástrico (5,4%), neoplasia de pulmão (3,6%), neoplasia de rim (3,6%) e outros (14,5%).

O acometimento da coluna é um problema comum e a sua inci-dência aumenta à medida que os métodos de detecção, de rastreio e tratamentos para câncer primário permitem que os pacientes com doença ativa tenham uma maior sobrevida.6,8

O desenvolvimento de classificações ajuda na comunicação e no encaminhamento adequado entre oncologistas, radiologistas e cirurgiões de coluna e facilitam planos de tratamento otimiza-dos.9-12 Os principais sistemas de classificação levam em

consi-deração a instabilidade, Spine Instability Neoplastic Score (SINS)8

e Harrington,13 e o prognóstico, Tokuhashi et al.10 e Tomita et al.,14

sugerindo uma redução na incerteza do processo decisório.6

Portanto, o objetivo deste estudo é tentar avaliar as concor-dâncias intra e interobservador nos escores SINS,8 Harrington,13

Tokuhashi et al.10 e Tomita et al.14 entre ortopedistas gerais e

ci-rurgiões de coluna com experiências acima de 5 e 10 anos na avaliação de pacientes com metástase vertebral.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram avaliados retrospectivamente os prontuários de 20 pa-cientes com lesões metastáticas na coluna vertebral atendidos no Ambulatório de Coluna do Hospital São Paulo do Departamento de Ortopedia da Unifesp, Escola Paulista de Medicina. O estudo foi submetido à aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa dessa instituição sob o número 959680. A identidade dos pacientes não foi revelada aos médicos avaliadores.

Foram inclusos no trabalho pacientes com doença metastática na coluna vertebral verificado na anamnese, exame clínico e exames de imagem. Também foram incluídos cinco pacientes com mielo-ma múltiplo por entendermos que esses pacientes apresentam história natural, comportamento e tratamento semelhantes aos dos pacientes portadores de metástases. A insuficiência de informações foi adotada como critério para exclusão do estudo.

Os casos foram apresentados a quatro ortopedistas gerais, quatro cirurgiões de coluna com experiência acima de cinco anos e dois acima de 10 anos e expostos em Power Point com relato dos sintomas, exames laboratoriais e de imagem (radiografia, tomografia e ressonância) e resultado da biópsia. Em seguida foram apresentados aos examinadores os escores SINS8

(Tabe-las 1 e 2), Harrington13 (Tabela 3), Tokuhashi10 (Tabelas 4 e 5)

e Tomita14 (Tabelas 6 e 7) para avaliação dos casos. Após seis

semanas os casos foram expostos novamente, em ordem dife-rente, para evitar viés de lembrança, com a reapresentação dos escores apresentados nas tabelas abaixo, e aplicado um questio-nário de autoavaliação com três perguntas: (1) Você utiliza esses escores rotineiramente na condução dos pacientes com tumores vertebrais? (2) Se não utiliza, qual seria o de eleição para prática diária? e (3) No caso em que a conduta indicada pelo escore seja diferente da sua, qual classificação modificaria sua conduta? As respostas foram armazenadas para cálculo da reprodutibilidade intra e interobservador.

Tabela 1. Escore SINS.

Elemento do SINS Escore

Localização

Juncional (occípito-C2, C7-T2, T11-L1, L5-S1) 3 Coluna móvel (C3-C6, L2-L4) 2 Semirrígida (T3-T10) 1

Rígida (S2-S5) 0

Alívio da dor com repouso e/ou dor com movimento ou carga na coluna

Sim 3

Não (dor ocasional, mas não mecânica) 1

Lesão sem dor 0

Lesão óssea

Lítica 2

Mista (lítica/blástica) 1

Blástica 0

Alinhamento espinhal radiográfico

Subluxação/ translação presente 4 Deformidade de novo (cifose/escoliose) 2 Alinhamento normal 0

Colapso do corpo vertebral

>50% de colapso 3 <50% de colapso 2 Sem colapso com >50% do corpo envolvido 1 Nenhum dos anteriores 0

Envolvimento dos elementos posterolaterais (facetas, pedículos ou articulações costovertebrais fraturadas ou desviadas com tumor)

Bilateral 3

Unilateral 1

Nenhum dos anteriores 0

Tabela 2. Interpretação do SINS.

Total Condição Conduta

≤6 Estável Observação 7-12 Indeterminado Considerar cirurgia ≥13 Instável Cirúrgico

Tabela 3. Classificação de Harrington.

Classe Descrição Tratamento

I Ausência de envolvimento neurológico significativo Clínico II Envolvimento do osso sem colapso ou instabilidade Clínico III Grande comprometimento neurológico (sensorial

ou motor), sem significativo envolvimento ósseo

Clínico ou cirúrgico IV

Colapso vertebral com dor devido a causas mecâ-nicas ou instabilidade, mas sem comprometimento

neurológico significativo

Cirúrgico V Colapso do corpo vertebral ou instabilidade

(3)

Tabela 4. Escore de Tokuhashi.

Característica Escore

Condição Geral (Performance Status Karnofsky)

Pobre (PS 10-40%) 0 Moderada (PS 50-70%) 1 Boa (PS 80-100%) 2

Número de metástases ósseas extraespinhais

≥3 0

1-2 1

0 2

Número de metástases no corpo vertebral

≥3 0

2 1

1 2

Metástases em órgãos internos maiores

Irressecável 0

Ressecável 1

Sem metástases 2

Sítio primário do câncer

Pulmão, osteossarcoma, estômago, bexiga, esôfago, pâncreas 0 Fígado, vesícula biliar, não identificado 1

Outros 2

Rim, útero 3

Reto 4

Tireoide, mama, próstata, tumor carcinoide 5

Paralisia

Completa (Frankel A, B) 0 Incompleta (Frankel C, D) 1 Ausente (Frankel E) 2

Tabela 5. Estratégia para o tratamento de metástases de acordo com o

escore de Tokuhashi.

Escore Previsão de sobrevida Tratamento

0-8 ≤6 meses Tratamento conservador 9-11 ≥6 meses

Tratamento paliativo ou cirurgia excional se lesão única e ausência de metástases para órgãos internos maiores 12-15 ≥1 ano Cirurgia excional

Tabela 6. Escore de Tomita.

Fator prognóstico Escore

Tumor primário

Crescimento lento (ex. mama, próstata, tireoide) 1 Crescimento moderado (ex. rim, útero) 2 Crescimento rápido (ex. pulmão, fígado, estômago, cólon,

sítio primário desconhecido) 4

Metástases viscerais órgãos vitais (pulmão, fígado, rim e cérebro)

Nenhuma 0 Tratável 2 Intratável 4 Metástases ósseas Solitária ou isolada 1 Múltiplas 2

Tabela 7. Estratégia pelo escore de Tomita.

Escore Tratamento Estratégia cirúrgica

2-3 Longo prazo

Controle local Excisão ampla ou marginal 4-5 Médio prazo

Controle local Excisão marginal ou intralesional 6-7 Curto prazo paliativa Cirurgia paliativa 8-10 Cuidado terminal Tratamento de suporte

RESULTADOS

Foi realizada amostra por conveniência de 20 pacientes com ida-de média ida-de 54,5 anos, principalmente mulheres (70%). O diagnós-tico em 25% dos casos foi mieloma (5/20), seguido por 15% mama (3/20), 10% adenocarcinoma (2/20), linfoma (2/20), pulmão (2/20) e indeterminado (2/20); 5% rim (1/20), fígado (1/20) e próstata (1/20). Confiabilidade intraobservador (Estabilidade no tempo e repe-tibilidade)15

A Figura 1 apresenta segundo método de Bland e Altman,16 a

diferença média entre cada par de observações realizada pelos di-ferentes dez examinadores (eixo y) e o quanto estas diferenças se afastam do valor zero (ideal) e da linha de diferença média (viés real)

Figura 1. Método de Bland e Altman16 para análise da repetibilidade dos escores estabilidade/prognóstico entre duas observações diferentes. São Paulo, 2014.

Média (IC 95%) Diferença

média do escore SINS

Média do escore SINS 2,0 1,5 1,0 0,5 0 0,5 -1,0 -1,5 -2,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 Diferença média do escore Tokuhashi

Média do escore Tokuhashi 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 1,5 1,0 0,5 0 0,5 -1,0 -1,5 -2,0 Diferença média do escore Tomita

Média do escore Tomita 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 1,5 1,0 0,5 0 0,5 -1,0 -1,5

(4)

315

para todas as observações. Apenas um par de conjuntos de

obser-vações, nos instrumentos Tomita e Tokuhashi demonstrou diferença além dos limites de confiança da linha de viés.

É possível perceber que a linha de viés real nos três instrumentos aproxima-se do valor zero, denotando pequena diferença média entre os dois momentos de aplicação dos instrumentos. A distância entre a linha de viés e o zero foi testada sob a hipótese de serem diferentes com resultado negativo aceitando a hipótese nula.

Não são observadas correlações significativas entre o viés e a magnitude da medida, ou seja, não há associação entre a distância média dos pares de observações e a pontuação média obtida.

Em resumo, é possível afirmar que os instrumentos analisados através do método de Bland e Altman16 apresentaram-se estáveis

no intervalo de tempo entre as duas aferições e com concordância aceitável entre as pontuações obtidas pelo mesmo examinador em dois momentos independentes.

A Tabela 8 revela o grau de concordância entre as categorias es-tabilidade/prognóstico dos 10 examinadores, estratificados segundo grau de especialização e experiência de atuação na utilização dos instrumentos.

O instrumento SINS apresentou um par de observações com con-cordância intraobservador perfeita, outro par demostrou substancial concordância, três pares de observações apresentaram moderada concordância, enquanto as outras observações apresentaram con-cordância ao menos razoável entre os dois momentos. O grupo da ortopedia geral apresentou os melhores graus de concordância com Kappa médio de 0,44 e metade das observações com concordância substancial ou melhor.

Para a avaliação através do instrumento Tomita, o grupo com experiência superior a cinco anos apresentou maior frequência de observações concordantes em grau substancial, no entanto o maior Kappa médio (0,62) é observado no grupo com experiência superior a 10 anos.

De maneira geral, o instrumento Tokuhashi apresentou baixa concordância intraobservador com 60% das observações com grau de concordância razoável ou pior. O Kappa médio foi de 0,34, e foi maior entre os examinadores com experiência superior a 10 anos.

O instrumento Harrington apresentou a melhor proporção de observações com concordância quase perfeita ou substancial (30%), os outros 70% das observações obtiveram concordância razoável a moderada. O Kappa médio segundo o grupo de especialidade/ experiência foi 0,45; 0,52; 0,59 para ortopedistas gerais, com experiência maior que 5 anos e experiência superior a 10 anos res-pectivamente.

Confiabilidade Interobservador (Reprodutibilidade)15

A Tabela 9 pretende oferecer uma visão geral da reproduti-bilidade entre as pontuações obtidas nos instrumentos em es-tudo. Sobre o instrumento SINS, são observados Coeficientes de Correlação Intraclasses (CCI) mais próximos de 1 entre os examinadores com experiência sugerindo melhor concordância entre os diagnósticos. Este achado não é observado na análise do CCI da pontuação interobservadores para os instrumentos Tomita e Tokuhashi.

Tabela 9. Reprodutibilidade segundo coeficiente de correlação intraclasses

(CCI) e coeficiente de variação (CV) médio, realizados entre os escores obtidos.

SINS Tomita Tokuhashi

CCI (IC95%) CV CCI (IC95%) CV CCI (IC95%) CV Todos os examinadores 0,54 (0,86-0,96) 23% 0,32 (0,18 -0,54) 24% 0,40 19% (0,25 -0,61) Ortopedia geral (0,18 -0,65)0,41 23% (0,08 -0,55)0,29 19% (0,22 -0,68)0,45 19% Experiência > 5 anos (0,49 -0,95)0,68 17% (0,08 -0,56)0,30 25% (0,16 -0,44)0,39 17% Experiência > 10 anos (0,33 -0,85)0,67 22% (0,13 -0,86)0,49 7% (0,09 -0,68)0,35 13%

Os examinadores do grupo com experiência maior que 10 anos apresentaram os coeficientes de variação médio (CV) com mais baixos, com destaque para o instrumento Tomita. Denotando maior precisão em sua utilização.

Para análise de concordância da estabilidade/prognóstico entre os grupos profissionais, a Tabela 10 apresenta melhor precisão entre examinadores para o instrumento Harrington.

Tabela 10. Concordância interobservador segundo método Kappa. Sins Tomita Tokuhashi Harrington

Ortopedia Geral 0,45 0,28 0,18 0,38 Experiência > 5 anos 0,31 0,23 0,38 0,71 Experiência > 10 anos 0,36 0,56 0,21 0,81

Melhor concordância entre os examinadores (k=0,45) do grupo ortopedia geral na utilização do SINS. Já o grupo com experiência superior a 5 anos obteve melhor desempenho entre os grupos na utilização do instrumento Tokuhashi. Na utilização dos instrumentos Tomita e Harrington o grupo de examinadores com experiência su-perior a 10 anos pareceu experimentar melhor precisão.

Relativo as questões da auto avaliação observou-se que os or-topedistas gerais não faziam uso de escores para condução dos casos (100%) e os mesmos mostraram-se mais inclinados ao uso do SINS (75%). Para os examinadores com experiência, os escores são utilizados rotineiramente, sendo Tokuhashi e SINS os mais utilizados. Esse último, é o mais frequente, capaz de modificar a conduta frente a um caso (83%).

DISCUSSÃO

Nosso estudo foi desenvolvido para avaliar o uso de escores em pacientes com metástases vertebrais. A decisão da conduta nesses pacientes pode ser modificada com o uso de classificações que são capazes de avaliar instabilidade, SINS8 e Harrington,13 e

prognóstico, Tokuhashi et al.10 e Tomita et al.14 O desenvolvimento

de classificações simples com atribuições radiográficas fáceis e fatores do paciente que contribuam para facilitar a comunicação e o encaminhamento adequado entre oncologistas, radiologistas e ortopedistas e cirurgiões de coluna/neurocirurgiões ajudam a ga-rantir que os planos de tratamento sejam mais rápidos e otimizados. Estabelecer critérios para a indicação cirúrgica é muito dificil de-vido a variedade de sintomas e prognósticos de sobrevivência.10,17

A detecção precoce e a intervenção adequada são essenciais para minimizar as sequelas de metástases na coluna, restabelecer a função e maximizar a qualidade de vida.18

Nos escores totais do SINS haviam quase perfeita confiabilidade inter e intraobservador, quando entrou em análise as três avaliações clinicamente relevantes de instabilidade relacionada ao tumor, que pode ser descrito como de estabilidade (pontuação de 0 a 6), a instabilidade indeterminada (iminente- 7 a 12) e instabilidade (13 a 18).8,17,19 Observamos que todos os examinadores o elegeram

como importante na prática diária e capaz de mudar a conduta frente a um caso. Uma crítica ao escore SINS poderia ser realizada quanto a não inclusão do status neurológico do paciente na avalia-ção, elemento potencialmente modificador da conduta.

Tabela 8. Concordância intraobservador segundo método Kappa.

SINS Tomita Tokuhashi Harrington

Examinadores 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 Ortopedia Geral 0,17 0,62 1,0 0,11 0,38 0,29 0,13 0,44 0,31 0,19 0,20 0,31 0,39 0,91 0,21 0,31 Experi-ência> 5 anos 0,23 0,45 0,45 0,17 0,32 0,68 0,66 0,20 0,31 0,11 0,55 0,46 0,28 0,37 0,55 0,90 Experiên-cia> 10 anos 0,56 0,38 --- 0,55 0,70 --- 0,45 0,60 --- 0,72 0,44

(5)

---Harrington concebeu um esquema de classificação em cinco categorias para os tumores metastáticos da coluna com base na destruição óssea e comprometimento neurológico.13 Nesse escore

a cirurgia foi indicada apenas na presença de instabilidade vertebral ou dor mecânica. A classificação de Harrington apresentou a melhor precisão interobservador entre aqueles especialistas em coluna, com concordância quase perfeita naqueles com experiência acima de 10 anos (K 0,81). Porém tal conjunto representa uma simplifica-ção excessiva, resultando em amplas categorias de pacientes que podem ter prognósticos muito diferentes,2 como exemplo podemos

citar um paciente com dor radicular, mas boa função, que pode ser alocado no mesmo grupo que um paciente com paralisia completa por um grande tumor.2

Em 1990 Tokuhashi et al.10 elaboraram uma estratégia de

tra-tamento e seleção de procedimentos com base em expectativa de vida.Para melhorar a precisão desse sistema o grupo revisou o instrumento em 2005. O intervalo de pontuação do parâmetro “sítio primário” foi alterado para 0 a 5 pontos e a pontuação passou abranger até 15 pontos. A avaliação do prognóstico pré-tratamento seria o fator determinante mais importante para a seleção dos mé-todos de tratamento, incluindo procedimentos cirúrgicos. Usando este sistema, a expectativa de vida foi consistente com o período de sobrevivência após o tratamento real em 86,4% na série prospec-tiva de 118 pacientes, e em 82,5% na série retrospecprospec-tiva de todos os 246 pacientes.10 Nosso estudo evidenciou baixa concordância

intraobservador com 60% das observações com grau de concordân-cia razoável ou pior e o Kappa médio foi de 0,34. Apesar dessas conclusões nos questionários de auto avaliação esse escore esteve presente na preferência dos especialistas em coluna tanto como um dos escores de eleição quanto capaz de modificar a conduta em 80% dos casos. Tal fato talvez seja atribuído à presença de grande número de variáveis e a inclusão do status neurológico.

Tomita et al.14 preconizaram um sistema de pontuação alternativa

do prognóstico, levando em consideração a histologia do tumor e o seu comportamento biológico. Esse sistema foi construído a partir de dados retrospectivos de 67 pacientes entre 1987 e 1991 e aos fatores prognósticos foram dadas pontuações ponderadas após avaliação das suas taxas de risco estatísticos. A histologia do tumor primário se correlaciona bem com a sobrevivência em ambos os pacientes cirúrgicos e coortes médicos, com maior tempo de sobrevida observadas em pacientes com câncer de mama, próstata e tireoide. O tipo de tumor primário foi, portanto, preponderante no sistema de pontuação de Tomita apud Choi et al.2 Esse escore

apre-sentou o menor coeficiente de variação (7%) entre examinadores

com experiência acima de 10 anos, demonstrando melhor concor-dância interobservadores. Todavia não foi o instrumento de escolha para a prática diária nem foi elegido como modificador da conduta. Em relação ao uso dos escores de Tokuhashi e Tomita nos pacientes com mieloma, existe controvérsia na literatura.20,21

Lei-thner et al.20 propuseram a inclusão do mieloma múltiplo, apesar

de ser uma doença hematológica e não uma doença metastática disseminada de um tumor sólido, entre as malignidades de melhor sobrevida e dessa forma esses pacientes deveriam ser incluídos no grupo de melhor prognóstico. Assim no escore de Tokuhashi o sítio primário receberia 5 pontos e no escore de Tomita a caracterização como um tumor primário de crescimento lento receberia portanto 1 ponto. O estudo de Majeed et al.21 também inclui os pacientes com

mieloma nos escores de Tokuhashi e Tomita visto que são alocados na mesma categoria dos pacientes com metástase de próstata e mama devido a sobrevida semelhante observada no estudo desses autores. Nosso estudo pode observar uma grande variabilidade na tentativa de inclusão dos pacientes com mieloma nesses escores. De modo geral, os pacientes com piores condições clínicas eram alocados nas categorias de pior prognóstico. No escore de Tokuhashi os pacientes foram classificados no sítio primário nas categorias outros e não identificado, enquanto na classificação de Tomita a maioria foi disposta no grupo de crescimento rápido. Tal fato coloca esses pacientes em categorias de tratamentos menos agressivos ou conservadores, modificando dessa forma a condução dos casos. Em nosso meio Avanzi et al.22 estudaram a correlação da fratura na coluna e sobrevida nos pacientes com mieloma múltiplo utilizando os escores Tokuhashi e Tomita. Esses autores não puderam predizer a sobrevida com o uso desses escores. Talvez a inclusão do mieloma em categorias bem definidas possa ajudar numa melhor identificação desses pacientes.

CONCLUSÃO

Este estudo demonstrou que o uso de escores preditores de ins-tabilidade, em particular o de Harrington, e prognóstico, principalmen-te Tomita, apresentam maiores confiabilidade intra e inprincipalmen-terobservador entre os cirurgiões de coluna com experiência superior a 10 anos. O escore SINS foi o de eleição para a prática diária e o mais frequente capaz de modificar a conduta.

Todos os autores declaram não haver nenhum potencial conflito de interesses referente a este artigo.

REFERÊNCIAS

1. Biermann JS, Holt GE, Lewis VO, Schwartz HS, Yaszemski MJ. Metastatic bone disease: diagnosis, evaluation, and treatment. Instr Course Lect. 2010;59:593-606.

2. Choi D, Crockard A, Bunger C, Harms J, Kawahara N, Mazel C, et al. Review of metastatic spine tumour classification and indications for surgery: the consensus statement of the Glo-bal Spine Tumour Study Group. Eur Spine J. 2010;19(2):215-22.

3. Yamashita T, Siemionow KB, Mroz TE, Podichetty V, Lieberman IH. A prospective analysis of prognostic factors in patients with spinal metastases: use of the revised Tokuhashi score. Spine (Phila Pa 1976). 2011;36(11):910-7.

4. Kim HJ, Buchowski JM, Moussallem CD, Rose PS. Modern techniques in the treatment of patients with metastatic spine disease. Instr Course Lect. 2013;62:375-82.

5. Klimo P Jr, Kestle JR, Schmidt MH. Clinical trials and evidence-based medicine for metastatic spine disease. Neurosurg Clin N Am. 2004;15(4):549-64.

6. Papastefanou S, Alpantaki K, Akra G, Katonis P. Predictive value of Tokuhashi and Tomita sco-res in patients with metastatic spine disease. Acta Orthop Traumatol Turc. 2012;46(1):50-6. 7. Valesin Filho ESV, Tardini R, Abreu LC, Motter BV, Adami F, Rodrigues LM. Estudo

epidemio-lógico de 55 pacientes portadores de doença vertebral metastática sintomática em santo André-SP, Brasil. Coluna/Columna. 2013;12(1):32-5.

8. Fisher CG, DiPaola CP, Ryken TC, Bilsky MH, Shaffrey CI, Berven SH, et al. A novel classifica-tion system for spinal instability in neoplastic disease: an evidence-based approach and expert consensus from the Spine Oncology Study Group. Spine (Phila Pa 1976). 2010;35(22):E1221-9. 9. Bilsky MH, Laufer I, Burch S. Shifting paradigms in the treatment of metastatic spine disease.

Spine (Phila Pa 1976). 2009;34(22 Suppl):S101-7.

10. Tokuhashi Y, Matsuzaki H, Oda H, Oshima M, Ryu J. A revised scoring system for preoperative evaluation of metastatic spine tumor prognosis. Spine (Phila Pa 1976). 2005;30(19):2186-91. 11. Tokuhashi Y, Ajiro Y, Umezawa N. Outcome of treatment for spinal metastases using scoring

system for preoperative evaluation of prognosis. Spine (Phila Pa 1976). 2009;34(1):69-73.

12. Fourney DR, Frangou EM, Ryken TC, Dipaola CP, Shaffrey CI, Berven SH, et al. Spinal instability neoplastic score: an analysis of reliability and validity from the spine oncology study group. J Clin Oncol. 2011;29(22):3072-7.

13. Harrington KD. Metastatic disease of the spine. J Bone Joint Surg Am. 1986;68(7):1110-5. 14. Tomita K, Kawahara N, Kobayashi T, Yoshida A, Murakami H, Akamaru T. Surgical strategy

for spinal metastases. Spine (Phila Pa 1976). 2001;26(3):298-306.

15. Fleiss JL. Statistical methods for rates and proportion. New York: John Willey; 1981. 16. Bland JM, Altman DG. Statistical methods for assessing agreement between two

me-thods of clinical measurement. Lancet. 1986;1(8476):307-10.

17. Teixeira WG, Coutinho PR, Marchese LD, Narazaki DK, Cristante AF, Teixeira MJ, et al. Interobserver agreement for the spine instability neoplastic score varies according to the experience of the evaluator. Clinics (Sao Paulo). 2013;68(2):213-8.

18. Harel R, Angelov L. Spine metastases: current treatments and future directions. Eur J Cancer. 2010;46(15):2696-707.

19. Silva HJSS, Neto MIR, Pratali RR, Zuiani GR, Cavali PTM, Veiga IG, et al. Avaliação da reprodutibilidade interobservadores de uma nova escala para orientação da conduta te-rapêutica nas metástases vertebrais- escore SINS. Coluna/Columna. 2012;11(4):287-9. 20. Leithner A, Radl R, Gruber G, Hochegger M, Leithner K, Welkerling H, et al. Predictive

value of seven preoperative prognostic scoring systems for spinal metastases. Eur Spine J. 2008;17(11):1488-95.

21. Majeed H, Kumar S, Bommireddy R, Klezl Z, Calthorpe D. Accuracy of prognostic scores in decision making and predicting outcomes in metastatic spine disease. Ann R Coll Surg Engl. 2012;94(1):28-33.

22. Avanzi O, Landim E, Meves R, Caffaro MFS, Lima MV. Fratura na coluna vertebral por mieloma múltiplo: correlação de sobrevida e índices de Tokuhashi e Tomita. Coluna/Co-lumna. 2009;8(1):73-9.

Referências

Documentos relacionados

Quando os Cristais são colocados a menos de 20 cm do nosso corpo, com uma intenção real, eles começam a detectar o que está a mais no físico, no emocional, no mental e no

Todavia, nos substratos de ambos os solos sem adição de matéria orgânica (Figura 4 A e 5 A), constatou-se a presença do herbicida na maior profundidade da coluna

Considerei que essa rede de sociabilidades reforça a manutenção da tradicional, ajuda na consolidação de identidades com elementos subjetivos negros vindo

Capítulo 4 Coeficientes de Digestibilidade de Alguns Nutrientes de Alimentos de Origem Animal, Óleo e Sebo para Suínos nas Fases de Crescimento e Terminação Resumo – O experimento

Tanto em sua paisagem física como em sua paisagem humana, o Mediterrâneo encruzilhada, o Mediterrâneo heteróclito apresenta-se em nossas lembranças como uma imagem coerente, como

(grifos nossos). b) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

Para se buscar mais subsídios sobre esse tema, em termos de direito constitucional alemão, ver as lições trazidas na doutrina de Konrad Hesse (1998). Para ele, a garantia