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ANAIS DA 4ª MOSTRA DE TRABALHOS EM SAÚDE PÚBLICA 29 e 30 de novembro de 2010 Unioeste Campus de Cascavel ISSN

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Academic year: 2021

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O ESTILO DE LIDERANÇA EXERCIDO PELO ENFERMEIRO DE UNIDADE DE INTERNAÇÃO

Ritieli Suffiatti1 Anair Lazzari Nicola

INTRODUÇÃO: O estudo científico da liderança teve seu início no século XX, com os primeiros trabalhos relacionados com as características ou os comportamentos do líder. À medida que a teoria de liderança se desenvolveu, os pesquisadores trocaram o estudo dos traços de um líder pelos feitos de sua atuação, ou seja, pelo seu estilo de liderança. A liderança é definida por Cunha (2005) como um fenômeno de influência interpessoal tendo em vista um objetivo. Porém, esse fenômeno requer uma competência especial relacionada à habilidade de entender e prever o comportamento das pessoas, assim como orientar, controlar e mudar tal comportamento. Para Trevizan et al (2001, p.23) “a liderança é um processo cujo desenvolvimento integra competências, habilidades e talentos passíveis de serem aprendidos e incorporados; é um processo que integra líderes e liderados”. Robbins (2000) ainda complementa que é conveniente pensar em liderança como uma habilidade para inspirar pessoas, objetivando e elevando o potencial humano. Já o líder pode ser definido simplificadamente, segundo Bateman e Snell (2006), como alguém que exerce influência sobre outras pessoas para a obtenção de metas. Quanto mais bem sucedida a consecução de metas importantes, mais evidente será a liderança. Para Robbins (2000) a palavra líder pode se referir tanto a indivíduos que possuem poder de autoridade formal em uma organização quanto a pessoas que demonstram liderança nas organizações, mesmo não ocupando posições formais. Porém, o autor destaca que, mesmo que alguém seja visto como líder formal devido ao poder de hierarquia, nem sempre significa que ele exerça a liderança. Drucker (1999) ao caracterizar grandes líderes, destaca que a característica mais notável é a sua busca pelo aprendizado e que, mesmo após conseguirem grandes realizações, eles saem da sua zona de conforto, na qual poderiam pensar que já sabem tudo, e continuam assumindo

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Aluna do 5o ano do Curso de Enfermagem da Unioeste, Campus de Cascavel. Rua

Europa, 2743, Brasília 1 – Cascavel/PR. Fone: (45)9942-06-11 e-mail:

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riscos, estando abertos às pessoas e às idéias. Considerando que o comportamento de liderança deve ajudar o grupo a atingir seus objetivos, Chiavenato (1999) destaca que o indivíduo tem maiores possibilidades de ser considerado líder, quando oferece assistência e orientação ao grupo, para que este atinja um estado satisfatório de realizações. O exercício eficaz da liderança é um recurso de grande importância para o desenvolvimento do trabalho do enfermeiro. No cotidiano é comum ele deparar-se com dificuldades relacionadas ao conhecimento e habilidades técnicas, bem como a melhor forma de liderar os profissionais de sua equipe. Para Cunha (2005), a liderança é um instrumento importante à prática dos enfermeiros nas organizações, podendo interferir na qualidade dos processos e resultados por ele obtidos. Chaves e Moura (2003, p. 358) ainda complementam que a liderança exercida pelo enfermeiro é essencial para formular planos de desenvolvimento de recursos realistas, melhorar condições de trabalho e reduzir custos de serviços de saúde num mundo de recursos limitados e exigências elevadas. Para melhor entender a atuação do enfermeiro na unidade, este estudo foi desenvolvido fundamentado no modelo de liderança de Hersey e Blanchard (1986) denominado Liderança Situacional. Cabe salientar que neste modelo de liderança, os autores preconizam que além de avaliar o estilo de liderança do líder, se avalie o nível de maturidade do liderado em face de uma tarefa específica. Neste estudo optamos por avaliar apenas o estilo de liderança do líder. OBJETIVO: Analisar o estilo de liderança exercido pelo enfermeiro de uma unidade de internação em relação às atividades desenvolvidas no setor, a partir da percepção dos técnicos e auxiliares de enfermagem. METODOLOGIA: Para o alcance do objetivo proposto, este estudo do tipo exploratório-descritivo utilizou como recurso para coleta de dados um questionário semi-estruturado sobre a percepção do técnico e auxiliar de enfermagem em relação ao estilo de liderança do enfermeiro, O questionário semi-estruturado apresentou duas partes. Na primeira parte, relativa a alguns dados gerais constavam: data da entrevista, nome e sexo do entrevistado, idade do entrevistado e tempo de trabalho na instituição. Já a segunda parte da coleta de dados foi dividida entre a explicação sobre as descrições de cada estilo de liderança e as questões referentes ao comportamento do enfermeiro em relação às atividades desenvolvidas na unidade. As atividades investigadas foram agrupadas em três categorias, construídas a partir das atribuições da equipe de enfermagem na unidade: Admissão do paciente; Assistência de enfermagem; Anotações

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de enfermagem. Para cada categoria apresentada haviam quatro descrições, as quais retratavam os estilos de liderança: 1) Dá instruções especificas e supervisiona constantemente o desempenho; 2) Explica suas decisões e da oportunidade de esclarecimento; 3) Compartilha idéias e o processo decisório e 4) Concede a responsabilidade pelas decisões e pela execução. Para proceder a coleta de dados, inicialmente, foi realizado o convite a cada funcionário, individualmente, para participar do estudo e fornecido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Também foi explicitado a cada um dos sujeitos da pesquisa o direito de recusar a participar ou se excluir do estudo a qualquer momento que julgasse necessário, bem como o direito de anonimato e sigilo. O instrumento de coleta de dados foi aplicado para os técnicos e auxiliares de enfermagem que atuavam na Unidade de Neurologia e Ortopedia (G3), nos três turnos de trabalho, durante o período de 19 a 26 de julho de 2010. Desse modo, foram incluídos nesse estudo 19 dos 24 técnicos e auxiliares de enfermagem que estavam trabalhando na unidade durante a coleta de dados e foram excluídos da amostra os funcionários que estavam de férias ou licença. RESULTADOS: Em relação à atividade “admissão do paciente na unidade”, sete funcionários (36,8%) responderam que o enfermeiro apresenta o estilo E3 (compartilhar), que segundo Silva (2005), neste estilo de liderança, enfermeiro e funcionário trocam idéias e escolhem alternativas para a resolução de um determinado problema. O estilo E1 (determinar) indicado por cinco funcionários (26,3%) foi o segundo mais frequente. Neste estilo de liderança o enfermeiro define a atividade que o funcionário deve fazer, como, quando e onde executá-la, além de exercer uma supervisão clara e rigorosa (HERSEY; BLANCHARD, 1986; SILVA, 2005). Ainda nessa atividade da unidade, três técnicos e auxiliares de enfermagem (15,9%) assinalaram que o enfermeiro da unidade apresenta o estilo E4 (delegar), no qual o enfermeiro delega a responsabilidade pelas decisões e pela execução das atividades da unidade. Já o estilo de liderança E2 (persuadir), foi indicado por dois funcionários (10,5%). Nesse estilo, o enfermeiro oferece explicações sobre a atividade que será executada, ouve atentamente o funcionário e procura convencê-lo que a forma proposta para realizar determinada atividade é a mais adequada (HERSEY; BLANCHARD, 1986; SILVA 2005). Para a atividade “assistência de enfermagem prestada ao paciente na unidade”, observou-se que os estilos de liderança mais adotados pelo enfermeiro foram, respectivamente, os estilos E3 (compartilhar) citados por dez

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funcionários (52,6%), E1 (determinar) citados por quatro funcionários (21%) e E4 (delegar), citados por três funcionários (15,9%). O estilo de liderança E2 (persuadir) não foi assinalado, evidenciando assim que os enfermeiros da unidade não explicam suas decisões e não fornecem oportunidade de esclarecimento em relação à assistência de enfermagem prestada ao paciente na unidade. Na atividade “anotações de enfermagem realizadas na unidade”, os estilos de liderança E2 (persuadir) e E3 (compartilhar) foram indicados por cinco funcionários, ou seja, no que se refere às anotações de enfermagem, 26,3 % dos funcionários acreditam que o enfermeiro explica suas decisões e dá oportunidade de esclarecimento e 26,3% funcionários acreditam que o enfermeiro compartilha idéias e o processo decisório. Apesar de ambos os estilos de liderança serem indicados com igual freqüência, no estilo de liderança E2 (persuadir), o líder assume um comportamento diretivo, procurando apoiar e reforçar a disposição do liderado através de explicações e, a partir da utilização de uma comunicação bilateral, ele tenta convencer o liderado a adotar o comportamento desejado. Em consequência, frequentemente o liderado segue adiante se ele compreender a razão da decisão tomada pelo líder e se o mesmo oferecer algum auxílio e direção (HERSEY; BLANCHARD, 1986; GALVÃO, et al., 1997). Já o estilo de liderança E3 (compartilhar) é um estilo participativo, de apoio e não-diretivo, onde líder e liderado participam juntos da tomada de decisão e quem direciona o que deve ser feito não é mais o líder e sim o liderado. Nesta atividade, também foram citados por quatro técnicos e auxiliares de enfermagem (21%) o estilo de liderança E4 (delegar) e por dois técnicos e auxiliares de enfermagem (10,5%) o estilo de liderança E1 (determinar). Com o objetivo de verificar qual o estilo de liderança mais adotado pelos enfermeiros da Unidade de Neurologia e Ortopedia, somamos o total de respostas (57 respostas) das atitudes dos enfermeiros frente às três categorias de atividades de enfermagem pesquisadas. Considerando os dados coletados, constatamos que o estilo de liderança adotado frequentemente pelos enfermeiros da Unidade de internação de Neurologia e Ortopedia (G3) do Hospital Universitário do Oeste do Paraná é o estilo E3 (compartilhar), no qual o enfermeiro compartilha as idéias e o processo decisório com a equipe de enfermagem, sendo indicado esse estilo de liderança em 22 (38,6) das 57 respostas gerais das atitudes dos enfermeiros, frente às atividades desenvolvidas na unidade. A Unidade G3 é um setor que exige do enfermeiro o exercício eficaz da liderança. No seu cotidiano o enfermeiro se depara com uma

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infinidade de situações para o atendimento da demanda. Essa demanda está relacionada a três diferentes especialidades médicas e, para ser cumprida, necessita atender os profissionais das diferentes áreas, bem como as necessidades e expectativas de cada paciente. Isto, segundo Silva (2005, p. 52) proporciona para o enfermeiro um ambiente no qual um estilo único de liderança não é eficaz, pois cada situação requer atitudes diferentes. Porém, o enfermeiro tem na equipe de enfermagem, os auxiliares e técnicos de enfermagem, aliados para a execução das atividades que asseguram o bom funcionamento da unidade “e para alcançar o melhor desempenho de cada um, necessita conhecê-los e oferecer-lhes estratégias que possibilitem o seu desenvolvimento pessoal e profissional”. CONCLUSÕES: A importância da liderança para o desenvolvimento do trabalho do enfermeiro é um dos temas que vêm sendo abordado na literatura nacional, conforme atestam os trabalhos citados neste estudo. Através da liderança, o enfermeiro busca conciliar os objetivos do grupo de enfermagem com os objetivos organizacionais, aprimorando a prática profissional e, principalmente, alcançando uma assistência de enfermagem adequada. Podemos perceber que a liderança torna-se fundamental na vida profissional do enfermeiro, pois estar apto para se comunicar claramente com o grupo, ser capaz de apontar soluções para os conflitos e compartilhar a tomada de decisões com a equipe de enfermagem são atributos que garantem um desempenho satisfatório no gerenciamento do cuidado. No ambiente hospitalar, além do enfermeiro enfrentar os desafios de um ambiente complexo, ele também precisa lidar com a complexidade inerente ao ser humano de serem movidos por diversas motivações e objetivos. Desse modo, a liderança situacional considera não só as variáveis situacionais, mas principalmente as pessoas que são lideradas. Os resultados encontrados neste estudo demonstraram que o estilo de liderança E3 (compartilhar) é exercido com maior freqüência entre os enfermeiros em relação às atividades de admissão do paciente na unidade, assistência de enfermagem e anotações de enfermagem, demonstrando assim que os enfermeiros da Unidade de Neurologia e Ortopedia (G3) do Hospital Universitário do Oeste do Paraná, além de permitirem que os técnicos e auxiliares de enfermagem participem das decisões, eles também agem como facilitadores da tarefa e da comunicação entre a equipe de enfermagem.

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PALAVRAS-CHAVE: Equipe de enfermagem, liderança, enfermeiro, assistência de enfermagem, supervisão de enfermagem.

REFERÊNCIAS

BATEMAN, T.; SNELL, S. A. Administração: novo cenário competitivo. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2006.

CHAVES, E. H. B.; MOURA, G. S. S. O estilo de liderança de enfermeiros: relato de experiência. Rev. Gaúcha de Enfermagem [online]. 2003, v.24, n.3, p.355-364.

CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. São Paulo: Makron Books, 1999.

CUNHA, K. de C. Gerenciamento na enfermagem: novas práticas e competências. São Paulo: Martinari, 2005.

DRUCKER, P. De líder para líder. São Paulo : Futura, 1999.

GALVÃO, C.M. et al. Liderança situacional: um modelo para aplicação na enfermagem brasileira. Rev.Esc. Enf. USP [online]. 1997, v.31, n.2, p.227-36.

HERSEY, P.; BLANCHARD, K.H. Psicologia para administradores: a teoria e as técnicas da liderança situacional. São Paulo: EPU, 1986.

ROBBINS, S. P. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2000. SILVA, M. A. Aplicação da liderança situacional na enfermagem de centro cirúrgico. 2005. 59 f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2005.

TREVIZAN, M.A. et al. Análise de expectativas sobre a liderança do enfermeiro à luz das teorias grid. Revista Gaúcha de Enfermagem [online]. 2001, v.22, n.1, p.20-29.

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