Coleta de Dados:
instrumentos e técnicas
para coleta de informações
em investigações
científicas
Coleta de Dados
A coleta de dados é uma etapa
necessária ao desenvolvimento da
pesquisa, que objetiva reunir os
dados pertinentes ao problema a
ser investigado.
Esta etapa se dá após elaboração,
discussão e, em alguns casos,
As pesquisas qualitativas são caracteristicamente
MULTIMETODOLÓGICAS, isto é, usam uma grande variedade de
procedimentos e instrumentos de coleta de dados.
Os mais utilizados são: observação;
entrevista;
A coleta e o registro dos dados
relativos ao assunto tratado é a
fase decisiva da pesquisa
científica, a ser desenvolvida com o
máximo de rigor e empenho do
pesquisador.
O pesquisador poderá utilizar uma
técnica de coleta ou uma
integração entre dois ou mais
recursos, dependerá do objeto de
pesquisa.
Técnicas de coleta de dados
pesquisa bibliográfica pesquisa experimental pesquisa documental estudo de caso observação entrevista questionário e formulário relatóriosPESQUISA BIBLIOGRÁFICA
É desenvolvida a partir de material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos (GIL, 1995).
É de grande valia e eficácia ao pesquisador porque ela permite obter conhecimentos já catalogados em bibliotecas, editoras,
internet, videotecas e etc (BARROS, 2001).
Objetiva: colocar o pesquisador em contato
com o que já se produziu e registrou a respeito do seu tema de pesquisa.
Passos:
identificação e localização das fontes:
análise bibliográfica
- organização dos catálogos (assunto, títulos, autor)
- índices de periódicos nacionais e internacionais
- abstracts/resumos encontrados em
periódicos, revistas científicas e anais de congresso
- banco de dados
- sistematização: fonte; período; foco; palavras-chave
registro dos dados coletados:
- deve obedecer a uma estratégia de
procedimentos a fim de que sejam selecionados os dados realmente significativos.
- Atenção aos pontos: centralização no problema
levantado; classificação preliminar dos dados com relação ao plano de assunto da pesquisa; tomar
notas só depois de ter lido criticamente todo o texto.
- Registro em fichas/disquetes: elaboração de um “banco de dados” para auxiliar a pesquisa;
registrar qualquer idéia crítica que surge durante a leitura.
- Estrutura básica do registro:
- cabeçalho bem definido (ajuda na localização do conteúdo dentro de um sistema de classificação); - referência bibliográfica, citando com precisão a
fonte da informação (ABNT);
- resumos do pensamento original do autor - comentários pessoais do texto analisado
- Tipos de registro com base na bibliografia: de toda a obra; parte de uma obra; citação formal/literal (entre aspas e pág.); bibliografia consultada.
ATENÇÃO: não esquecer de citar as fontes (autores) na redação do relatório de pesquisa.
PESQUISA EXPERIMENTAL
Busca relações entre fatos sociais ou fenômenos físicos a partir da identificação e manipulação das variáveis que determinam a relação causa-efeito (estímulo-resposta) proposta na hipótese de trabalho.
Exige:
hipótese(s); variáveis; controle; manipulação; amostra; grupo experimental; grupo de controle; métodos estatísticos
variável independente: fator causal; é aquela
que o pesquisador toma como básica e procura verificar seu efeito;
variável dependente: efeito; ocorre em
função da variável independente, o que exige um controle rigoroso dos instrumentos de mensuração e da manipulação dos dados obtidos;
variável interveniente: fator que origina
Tipos de Desenho:
experimental: sujeitos do estudo distribuídos aleatoriamente por grupos.
quase-experimental: os sujeitos do estudo NÃO podem ser distribuídos aleatoriamente por grupos.
PESQUISA DOCUMENTAL
É realizada a partir de documentos,
contemporâneos ou retrospectivos,
considerados autênticos. Muito
utilizada nas ciências sociais, na
investigação histórica, a fim de
descrever/comparar fatos sociais,
estabelecendo suas características ou
tendências.
Fontes:
primárias (os documentos
propriamente ditos). Ex.: biografias,
atas, livros de registros, fotos,
depoimentos orais e escritos etc.
secundárias: dados estatísticos;
literatura crítica acerca de determinado
autor/pensamento.
Documentos:
é
toda
base
de
conhecimento fixado materialmente e
suscetível de ser utilizado para
consulta, estudo ou prova. Ex.: livros;
leis e regulamentos; normas; pareceres;
cartas;
diários
pessoais;
jornais;
revistas;
discursos;
roteiros
de
programas de rádio e televisão;
estatísticas; atas; arquivos pessoais,
escolares, institucionais
.Análise: análise de conteúdo;
análise de estrutura lógica de
expressões e elocuções; análise
temática; detectar padrões (ex.:
aspectos políticos, psicológicos,
literários, filosóficos, éticos etc),
temas e categorias.
ESTUDO DE CASO
Considerado como um tipo de
análise qualitativa, o estudo de
caso pode complementar a coleta
de dados em trabalhos acadêmicos,
ou constituir, em si, um trabalho
É uma abordagem que leva em
consideração qualquer unidade social como um todo. Normalmente inclui o
desenvolvimento dessa unidade, que pode ser uma pessoa, uma família ou grupo
social, um conjunto de relações ou processos (como por exemplo, crises
familiares, ajustamento à doença, formação de amizade, invasão étnica de uma
vizinhança, violência na Rocinha etc) ou mesmo toda uma cultura.
Estudo em profundidade, o contexto é fundamental.
Instrumentos:
- diário de pesquisa: registro cotidiano dos acontecimentos observados: manifestações de comportamento; mudanças decorrentes de
medicamentos ministrados; conversas; atividades desenvolvidas; rotinas diárias em instituições,
escolas etc.
- história de vida: do indivíduo, do grupo ou de um dado processo social: documentos íntimos, conversas ou entrevistas; atestados médicos; depoimentos de pessoas ligadas ao pesquisado;
documentos oficiais; se institucionais: recorrer aos registros institucionais (atas, regimentos, folders, jornais de circulação interna, etc.)
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Os relatos de experiências vividas
pelo pesquisador muitas vezes
significa o único recurso para a
coleta de dados, principalmente nas
áreas onde o saber científico está
Sob uma visão contemporânea, entende-se que os relatos cumprem funções específicas, com o objetivo de transferir um segmento da realidade para um contexto de interpretação científica, com os seus dados sendo considerados como pontos de partida para o próprio conhecimento de dada realidade, a partir de seu processo.
Passa-se da “aparência” à “essência” da situação; permite interpretar a situação real com base no conhecimento científico.
OBSERVAÇÃO
Observar é ... Envolve ...
Validade como investigação científica? - controle
- sistematização - planejamento
Objetiva:
captar comportamentos, atitudes,
reações; comunicação não-verbal;
contato pessoal e estreito do
pesquisador com o fenômeno
estudado; verificação da ocorrência
de um fenômeno; proximidade com
a perspectiva do sujeito; descoberta
de aspectos novos de uma
Estruturada (ou Sistemáticas):
- os comportamentos e forma de registro são preestabelecidos, visando identificar categorias de observação relevantes; práticas; quantificar: presença ou ausência do comportamento;
freqüência; grau de um determinado comportamento.
Ex. O professor:
Dirige-se à turma como um todo IIII Trabalha com pequenos grupos III Trabalha individualmente com o aluno IIII Não está envolvido em qualquer interação II
Não estruturada
(assistemáticas,
antropológicas, livres):
Observação Participante: o observador se
torna parte da situação observada
habilidades: ser capaz de estabelecer uma relação de confiança com os sujeitos; ter sensibilidade; ser bom ouvinte; ter
familiaridade com as questões observadas; não ter pressa de identificar padrões ou atribuir
significados aos fenômenos observados; ter flexibilidade para se adaptar a situações
Aspectos da observação a serem
contemplados no projeto:
nível de participação do observador no contexto estudado;
grau de conhecimento dos participantes sobre os objetivos do estudo;
contexto da observação;
duração provável e distribuição do tempo; forma de registro dos dados (diário de
campo, gravações em áudio ou vídeo, formulários etc)
Conteúdo das observações:
descritiva: descrição dos sujeitos;
reconstrução de diálogos; descrição de
locais, eventos especiais, das atividades e dos comportamentos do observador .
reflexiva: observações pessoais do
pesquisador feitas durante a fase de coleta: suas especulações, sentimentos, problemas, idéias, impressões, pré-concepções,
ENTREVISTA
Objetiva:
tratar de temas complexos; interagir com o sujeito; o investigador está interessado em compreender o significado atribuído pelos sujeitos a eventos, situações, processos ou personagens que fazem parte de sua vida cotidiana e; numa compreensãodetalhada das crenças, atitudes, valores e
motivações, em relação aos comportamentos das pessoas em contextos sociais específicos.
Registro:
gravação em fita K7; filmagem;Classificação das entrevistas
Individuais:
Estruturada: quando o entrevistador segue um roteiro de perguntas feitas a todos os sujeitos de maneira idêntica e na mesma ordem visa a obtenção de resultados uniformes permitindo comparações
Não-estruturada: (livre-narrativa) é solicitado ao entrevistado a falar livremente a respeito do tema pesquisado
Semi-estruturada: é organizado um conjunto (roteiro) de questões sobre o tema estudado, mas permite, e às vezes até incentiva, que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vão surgindo como desdobramento do tema principal.
Grupos
:
Grupos: pequenos grupos de entrevistados respondem simultaneamente as questões, de maneira informal.
Grupo Focal: o entrevistador (moderador) é o catalisador da interação social (comunicação) entre os participantes. Objetiva: estimular os participantes a falar e reagir àquilo que outras pessoas no grupo dizem; os sentidos ou as representações que emergem são mais influenciados pela natureza social da interação do grupo em vez de se fundamentarem na perspectiva individual, como no caso da entrevista em profundidade.
O debate/discussão é uma troca de
pontos de vista, idéias e experiências,
embora expressas emocionalmente e
sem lógica, mas sem privilegiar
indivíduos particulares ou posições.
Implica em planejamento e
organização.
QUESTIONÁRIO
instrumento com questões fechadas (e/ou abertas) que são preenchidas pelos informantes (sujeitos) sem a presença do pesquisador.
Cuidados: limitar em extensão e finalidade; na elaboração determinar quais as questões mais relevantes a serem propostas (de acordo com objetivos/hipóteses); pode ser enviado pelo correio (indispensável uma carta de
apresentação contendo a finalidade do estudo, como preencher, se há ou não necessidade de identificação pessoal, como devolver o
FORMULÁRIO:
conjunto de questões que são
perguntadas e anotadas pelo
entrevistador, numa situação
face a face com o entrevistado.
Atenção!
Tanto o questionário quanto o formulário por se constituírem de perguntas
fechadas, padronizadas, são instrumentos de pesquisa mais adequados à
quantificação; são mais fáceis de codificar e tabular;
As perguntas devem ser ordenadas, da mais simples às mais complexas;
Atenção!
Pré-teste: para verificar as dificuldades do aplicador, de
entendimento das questões e verificar tempo médio gasto em cada aplicação;
Padronizar o cabeçalho do questionário e formulário, que deverão conter dados de identificação do informante (sexo, idade, estado civil, profissão, data de aplicação) seguidos dos dados da pesquisa propriamente dita.
RELATÓRIO
De Pesquisa*: Introdução; desenvolvimento; conclusão. De Atividade: Introdução; desenvolvimento; conclusão. Qual a diferença?Profundidade; complexidade; dimensão; características; objetivos; formas de
Etapas:
Introdução: assunto/tema; problema*; justificativa; objetivos; contribuições*; Desenvolvimento: revisão de literatura sobre o tema*; metodologia (como;
materiais e métodos); apresentação e discussão dos resultados;
Conclusão: resumo marcante dos
argumentos principais; não deve a
rigor introduzir novos elementos que
não constam do corpo do trabalho,
entretanto pode incluir propostas e
sugestões de continuidade da
pesquisa ou novos temas que
ANÁLISE DOS DADOS
É uma etapa que exige criatividade,
paciência, elaboração, retorno aos
objetivos, “sacação”, sistematização.
É um processo complexo, não-linear,
que implica um trabalho de redução,
organização, classificação e
interpretação.
Envolve:
classificação e organização das informações coletadas;
estabelecimento das relações existentes entre os dados: - pontos de divergência; - pontos de convergência; - tendências; - regularidades; - princípios de causalidade; - possibilidades de generalização
quando necessário, tratamento estatístico dos dados .
Quando se utiliza a entrevista, em
um primeiro momento, a partir de
uma leitura atenta, assinala-se os
principais pontos das respostas de
cada entrevistado.
A seguir, registre essas informações
de maneira a se ter uma visão de
Uma estratégia para facilitar esse processo é a confecção de quadros identificando o entrevistado e as questões levantadas (principais informações), o que auxiliará o pesquisador a detectar e a interpretar os pontos de divergência e/ou convergência entre os dados, em relação à teoria ou desta em relação à prática ou à realidade estudada.
Ex.: Quadro
Questão 1 Questão 2 Questão 3
Entrevistado 1 Principais informações Principais informações Principais informações Entrevistado 2 Principais informações Principais informações Principais informações
Para o tratamento e análise
estatística dos dados recomenda-se a
representação visual a partir de
diagramas, gráficos, tabelas, a fim de
facilitar a compreensão dos dados e
ampliar as possibilidades de
correlação e comparação, facilitando
o processo de análise e interpretação.
Atentar para não tomar os dados
como verdades absolutas,
envolvendo-se demais com as
técnicas, perdendo o referencial
teórico e o significado do próprio
projeto.
“
As mudanças mais fundamentais em
qualquer ciência comumente resultam,
não tanto da invenção de novas técnicas
de pesquisa, mas antes de novas
maneiras de se olhar para os dados,
dados estes que podem ter existido por
longo tempo” (GOULDNER).
Bibliografia:
ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998.
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