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XXXIII Encontro Anual da ANPOCS. COR ou RAÇA? os diferenciais de desempenho no ENEM na perspectiva da classificação racial

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XXXIII Encontro Anual da ANPOCS

26 a 30 de outubro de 2009

GT – 33 – Relações Raciais e Ações Afirmativas

COR ou RAÇA?

os diferenciais de desempenho no ENEM

na perspectiva da classificação racial

Tiago Henrique de Pinha Marques França Francismara Fernandes Guerra

Mentrandos do CEDEPLAR – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional

Universidade Federal de Minas Gerais Tiago@cedeplar.ufmg.br

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APRESENTAÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo avaliar a capacidade de resposta à desigualdade educacional da classificação de cor e de raça, em uma análise comparativa. Para tal, serão utilizados os microdados do ano de 2005 do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio – na composição de modelos estatísticos explicativos que se diferenciem somente na utilização de variáveis de identificação racial, ora cor, ora raça. É importante ressaltar que não haverá análise em separado da classificação amarela ou indígena.

COR e RAÇA

O conceito de Raça apresenta múltiplas faces. Cabe aqui ressaltar alguns aspectos que conjugam o político e o científico. As Ciências Biológicas contemporâneas, por meio do estudo da genética humana, descartam a classificação racial dos homens. Ao se analisar a variabilidade do genoma humano ao redor do mundo constatou-se que a diferença entre os indivíduos se altera de forma proporcionalmente insignificante entre regiões continentais (proxy para Raça). Nas palavras do geneticista Sergio Pena:

A vasta maioria da variação genômica humana ocorre nas próprias populações e apenas 7% entre os grupos continentais humanos, as chamadas raças. Ademais, somente cerca de 0,05% do genoma humano varia entre dois indivíduos. Em outras palavras, toda a discussão racial gravita em torno de apenas 0,035% do genoma humano. (PENA, 2008)

O estudo da genética humana alerta que não há qualquer indício de correlação entre os genes que definem caracteres do fenótipo humano (como cor da pele, cor dos olhos e formato dos olhos, textura e cor dos pelos, dentre outros) e o temperamento, caráter ou inteligência dos indivíduos. Apoiada em pesquisas dessa natureza ocorre o fortalecimento da corrente polítco-filosófica que aspira uma sociedade desracializada.

Por outro lado, as Ciências Sociais abordam a Raça fora de uma perspectiva essencialista ao investigar-la como instituição social que fornece normas à

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sociedade. São duas as direções dos estudos referentes à Raça, aqueles que investigam as chamadas Relações Raciais, de tradição antropológica, e os estudos de identificam as desigualdades sociais, esses mais próximos à prática sociológica. Em comum, para o âmbito dos estudos sociais, assim como na esfera política. As pessoas negras serem definidas como o somatório das pretas e pardas.

Por sua vez, a classificação oficial do IBGE que regulamenta a questão racial se mantém sem alterações desde 1991 é adotada extensivamente em diversas pesquisas, exames e registros administrativos. Baseado no “quesito cor” o respondente é estimulado a se classificar entre cinco grupos, são eles: brancos, pardos, pretos, amarelos e indígenas. Tal critério tem por objetivo classificar as pessoas por sua auto-percepção sobre a aparência, principalmente ao que diz respeito à cor da pele. Assim, a classificação por cor pretende ser mais objetiva, simples e alheia a posicionamento político, ao passo que procura facilitar a resposta do entrevistado.

O presente trabalho, seguindo a tradição de estudos de desigualdade racial, procura não somente apresentá-la como confrontá-la com as duas formas possíveis de classificação racial, a de raça e cor.

O ENEM E A QUESTÃO RACIAL

O ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio – foi criado em 1988 para avaliação do Ensino Médio do país. Consiste em um exame individual composto por uma prova objetiva de múltipla escolha e uma redação ambas de participação voluntária. A participação no exame vem crescendo ao longo dos anos pari passu à articulação com o ingresso ao ensino superior. Em 2005, foram mais de 3 milhões de inscritos. Para aqueles que responderam o motivo de prestar o exame, 67% optaram por “Pra entrar na faculdade/conseguir pontos para o vestibular”.

O uso do ENEM para propiciar ou facilitar o ingresso no ensino superior sé dá de diversas formas e depende diretamente da instituição de ensino interessada. Pode ser o ENEM substituto da primeira etapa do vestibular (UFMS), ter um peso relativo à primeira etapa (FUVEST, UFPel), ter uma

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reserva de vagas selecionada para os que prestaram o exame (PUC-Rio), ou mesmo ser critério de desempate entre candidatos (UFPR). Outro fator que popularizou o exame é sua associação ao Programa Universidade para Todos (PROUNI) do Governo Federal, que elevou a relação entre o ENEM e as instituições privadas de ensino superior a uma diretriz nacional.

Para o recorte espacial, foram selecionados os microdados de Belo Horizonte. O plano inicial era o trabalho com Minas Gerais, por este, em proporção, ter uma distribuição de cor nos microdados, mais próxima à nacional. Porém por inviabilidade técnica ocorreu a necessidade de se reduzir os dados trabalhados para somente aqueles referentes às pessoas que declararam estudar ou ter concluído o Ensino Médio em Belo Horizonte.

TABELA 1 – Distribuição Racial dos participantes do ENEM 2005.

% Cor BR MG BH Branco 45,2 43,3 39,0 Pardo 37,9 40,8 42,5 Preto 11,8 10,7 13,1 Amarelo 3,3 3,7 3,7 Indígena 0,9 0,7 0,7 NA 0,9 0,9 1,0 Total 100,0 100,0 100,0

Fonte: Microdados ENEM 2005

A distribuição de cor declarada de Belo Horizonte se difere de Minas Gerais e do Brasil. Assim, não ocorrerão tentativas de generalizações dos achados da investigação. Vale ressaltar que os dados de Belo Horizonte somam 17.452 ínvíduos válidos para a pesquisa.

Os diferencias na nota final do ENEM por cor e raça é o alvo da investigação proposta. Abaixo se encontra a média e desvio padrão da nota final1 dos candidatos por cor e raça.

1

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TABELA 2 – Média da Nota Final por Cor e Raça, Belo Horizonte, 2005.

Cor Raça

Total Brancos Pardos Pretos Amarelos Indígenas Negros

Não Negros

Média 50,6 55,1 48,7 45,5 46,4 42,3 47,9 54,1

Desvio

padrão 14,6 15,1 13,7 12,6 12,2 15,0 13,5 15,1

Fonte: Microdados ENEM 2005

Como pode ser observado, há uma diferença na nota dos candidatos segundo sua classificação de cor e raça. Os candidatos brancos foram aqueles que obtiveram a maior média assim como tem o maior desvio padrão, ou seja, mesmo com a maior média possui a maior variação. Os pardos atingiram uma média inferior aos brancos e superior aos pretos e seu desvio padrão é inferior aos brancos e superior aos pretos. Quando agrupados em Negros e Não Negros, como era previsto, não negros se aproxima muito dos brancos havendo somente uma redução de 1 ponto na média e não há alteração no desvio padrão. Já, para os negros os valores ficaram mais próximo aos dos pardos. Porém, devido aos desvios nenhuma das diferenças encontradas, tanto entre cores como entre raças, podem ser tomadas como necessariamente significativa.

Este trabalho não se propõe estudar a origem da desigualdade e seu autor acredita na vertente explicativa de um somatório de discriminações e preconceitos, tanto no nível interpessoal como institucional, associados a expectativas e incentivos desiguais para pessoas de cores e raças diferentes. É objetivo desse trabalho refinar e compreender melhor a diferença entre cor e raça para os resultados do ENEM por meio do controle de outros fatores associados às notas obtidas principalmente aqueles referentes ao status sócio-econômico da família do candidato e a escola onde este estudou.

METODOLOGIA

A modelagem logística hierárquica foi escolhida por conseguir mensurar a chance de um evento ocorrer associado à determinada condição controlando

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por outras. Assim, poder-se-á mensurar a chance de se conseguir certa nota associada à cor e a raça do candidato controlando por outros fatores que poderiam confundir e alterar essa diferença. Aqui, não interessa saber quantos pontos se acrescenta ou reduz por ser de uma cor e raça em relação à outra, mas o comportamento dessa diferença para se conseguir notas médias a altas. A escolha por uma modelagem hierárquica tem por objetivo reduzir o risco de superestimação da significância de variável sobre a dependência administrativa da escola.

Banco de Dados

Os microdados do ENEM referentes ao ano de 2005 originalmente contêm 3.004.491 observações e 256 variáveis. Cada entrada do banco corresponde a um inscrito no exame, mesmo que este não tenha comparecido no local do exame na data prevista.

Desse montante foram selecionados aqueles que indicaram a escola (onde estuda ou concluiu o Ensino Médio) situada em Belo Horizonte. Assim como somente foram considerados para análise final aqueles que fizeram as provas e responderam o questionário sócio-econômico. Desta forma, o banco de dados utilizado contêm 17.452 indivíduos.

As Variáveis

Os microdados disponíveis no banco estão organizados em diferentes seções advindas da ficha de inscrição e do questionário sócio-econômico dos candidatos. O dicionário nomeia estas seções em: variáveis de controle do inscrito, variáveis de controle da escola, variáveis da prova objetiva, variáveis da prove de redação e questionário sócio-econômico. Essa última subdividida em: Você e a sua família, Você e o trabalho, Você e os estudos, Seus valores e Egressos. É demasiadamente vasta a quantidade de informação oferecida pelos microdados do ENEM. Porém, este trabalho pretende se ater às variáveis comumente utilizadas em estudos sobre eficácia escolar.

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As variáveis utilizadas na modelagem estatística podem ser incluídas de duas formas como variável resposta, a que deseja se explicar, ou variável explicativa a modelar as chances de ocorrência da variável resposta segundo suas características.

As variáveis explicativas são classificadas de duas formas segundo o propósito da pesquisa, podendo variar entre variáveis de controle e de interesse. As variáveis de controle são aquelas que entram na modelagem para que o efeito de interesse não seja medido de forma equivocada. No caso, por exemplo, se a variável renda não estiver inserida como controle no modelo o efeito da variável de raça (ou de cor) poderia sem superestimado, atribuindo o efeito que essa possivelmente teria a outras variáveis. No presente estudo as variáveis de controle são: sexo, escolaridade do pai, escolaridade da mãe, renda da família, turno do estudo, modalidade de ensino (regular, jovens e adultos, técnico ou profissionalizante), se já concluiu o Ensino Médio, dependência administrativa da escola (federal, estadual, municipal ou privada). Se trabalha ou trabalhou durante o Ensino apresentou 42,3% de não resposta (missing) e por isso não pode ser incluída nos modelos.

Chama-se de variável de interesse a variável dependente para qual a pesquisa é feita. Por desejar explicar o escore no ENEM a partir da Cor ou Raça dos indivíduos são essas as variáveis de interesse. É chamada de cor a variável com as categorias utilizadas pelo IBGE, assim como pelo ENEM, são elas: branco (referência no modelo), pardo, preto, amarelo e indígena. Raça é aqui tratada como uma variável agregada advinda da cor, sendo suas categorias: negros (pretos e pardos) e não-negros (demais categorias, que serve como referência nos modelos).

As variáveis respostas utilizadas para este trabalho consistem em variáveis binárias categóricas. Sua confecção parte de cortes na média aritmética das notas finais da prova objetiva e da redação do ENEM. Estes cortes estão nos valores de 50, 60, 70, 80 e 90 pontos de uma escala de zero a cem. Assim, para cada variável resposta, tem-se o valor “zero” para aqueles que obtiveram um escore abaixo do valor de corte e “um” para aqueles que atingiram um escore igual ou superior ao valor de corte. É observada, como esperado, uma redução do número de indivíduos com o avanço do valor de corte.

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Os Modelos Ajustados

Os modelos hierárquicos ajustados contam com variáveis de dois níveis. Indivíduos, inscritos que compareceram no dia da prova e preencherão o questionário sócio-econômico e declararam sua escola de origem, em primeiro nível e as escolas no segundo nível.

O modelo logístico tem como característica central ser estruturado em função de uma variável binária que indica a ocorrência (ou não) de um determinado evento. Sua principal contribuição é dizer sobre a chance da ocorrência do evento quando associado a alguma variante. Nesse molde é realizada a presente investigação entorno de determinados valores que um indivíduo pode (ou não) atingir no ENEM, e a chance de sua ocorrência associada a determinadas características do indivíduo e sua escola de origem, em especial o que tange a cor e raça.

É importante ressaltar como foi feito o ajuste dos modelos. Uma vez definido o conjunto de variáveis dependentes, todas elas constarão nos modelos exceto cor e raça que participaram hora uma, hora outra, para cada variável resposta. Assim, ao final do processo, tem-se dez diferentes modelos, cinco para raça e cinco para cor, sendo dois modelos para cada corte no escore, referentes aos valores de 50, 60, 70, 80 e 90 pontos.

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ANÁLISE DOS RESULTADOS

Em geral, não houve grandes alterações, seja no coeficiente ou em sua significância das variáveis de controle, dos modelos quando diferenciados por cor ou raça. Encontra-se anexo ao texto a análise de cada resultado de tais variáveis. Vale, de antemão, ressaltar que nenhuma variável do nível 1 se apresentou significativa para o corte dos 90 pontos. Isso indica grande dificuldade de determinar quais seriam os fatores associados a notas iguais ou superiores aos 90 pontos, que foram obtidas somente por 0,3% dos candidatos de Belo Horizonte em 2005.

O quadro abaixo2 demarca, com preenchimento em preto, em quais cortes na pontuação final do ENEM a diferença entre brancos e pretos e negros e não negros, foi significativa.3

TABELA 3 – Ocorrências de Significância na relação entre Escore no ENEM e Cor ou Raça , Belo Horizonte, 2005.

Cortes na

Pontuação 50 60 70 80 90

% de Cadidatos

Dentro do Corte 46,9% 25,1% 10,9% 3,1% 0,3%

Cor

Branco Categoria de referência

Pardo

Preto

Amarelo

Indígena

Raça

Não Negros Categoria de referência

Negros

Fonte: Microdados ENEM 2005

No quadro acima, as categorias de referência são Branco, para cor, e Não Negros, para raça. Assim, qualquer análise sobre a interferência da cor ou raça na chance de um indivíduo em conseguir determinada pontuação deverá ser

2

Para se conhecer os valores dos coeficientes e seus P-valores, vide Anexo II.

3

Foram considerados significativos os coeficientes cujos P-valores são iguais ou inferiores à 5%. Ou seja, cuja chance de se conseguir determinada marca na pontuação devido a diferença entre as cores ou raças, ao se manter os demais fatores constantes, seja de pelo menos 95%.

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feita de forma relativa. Ou seja, há indicação significativa na chance de um indivíduo de cor preta conseguir determinada nota em relação a alguém de cor branca, mantendo constante todos os demais fatores dados pelas variáveis A variável Raça se mostrou significativa (P-valor de 0,08) somente para definir uma alteração na chance do indivíduo conseguir atingir o corte de 50 pontos no escore do ENEM. Segundo o resultado, há uma redução de 6,8% na chance de conseguir tal escore se identificado como Negro (pretos ou pardos) em relação àqueles Não-negros (brancos, amarelos ou indígenas). Porém, se houver maior rigorosidade assumindo somente 5% na significância dos parâmetros, a variável raça, não contribui na explicação de um indivíduo conseguir qualquer valor da pontuação no ENEM.

A variável cor, para o escore de 50 pontos, ao tratar a diferença entre Pardos e

Brancos não se mostrou significativa. Por outro lado, a categoria Preto

apresentou-se significativa e com efeito expressivo. Há uma redução de 18,7% na chance de se conseguir atingir o escore de 50 pontos daqueles que de declararam Pretos em relação aos Brancos, mantendo constantes os demais fatores indicados pelas variáveis de controle.

A diferença associada na relação entre o escore de Pretos e Brancos também se mostra significativa para os cortes de 60 e 80 pontos. Em que o efeito na chance é de redução em 16,3% e 8,8%, respectivamente. Ou seja, o efeito da cor parece decrescer com o avanço da dificuldade, marcada por escores de pontuação mais altos. Já, os modelos de corte em 70 e 90 pontos não apresentaram nenhuma significância associada à diferença de cor ou raça. Quando comparadas as capacidades das categorias Cor e Raça em explicar as notas finais do ENEM é facilmente percebida a diferença. A Cor conseguiu captar de forma mais significativa o efeito de se pertencer a um ou outro grupo. Ou seja, a diferença entre brancos e pretos é mais facilmente percebida e significativa em relação à diferença entre negros e não-negros no que tange ao universo pesquisado.

Ao se comparar cada par de modelos pelo teste AIC (Akaiki Information Criterion), os modelos que utilizaram a variável cor e apresentaram uma significativa diferença entre Brancos e Pretos são os mais adequados para estudar a relação entre classificação racial e pontuação no ENEM. Ao passo

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que, onde tal relação não foi verificada, nos modelos de 70 e 90 pontos de corte, em que ambas variáveis (cor e raça) não se mostraram boas para explicação da nota final no exame, por conter um menor número de categorias, a variável raça seria mais adequada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma vez tida a modelagem estatística aplicada como adequada, a investigação realizada aponta resultados interessantes. Caso o estudo operasse somente com a variável Raça, possivelmente os resultados reduziriam a complexidade que as diferenças raciais podem expressar nesse tipo de exame educacional. A

Cor se mostrou muito mais adequada a perceber as desigualdades dessa

realidade.

Em um momento em que as questões relacionadas às ações afirmativas, especialmente ao que se refere ao ingresso no ensino superior estão se difundindo, ter bons critérios é fundamental, principalmente, se esses contemplarem as especificidades de cada localidade e instituição. Isso incorre em produzir equidade ao invés de manter desigualdades ou promove-las.

A fim de corroborar na discussão dos resultados, foram elaboradas duas tabelas com os valores percentuais nacionais do ENEM de 1995, por cor e raça, sobre respostas afirmativas de duas questões de interesse: relação com pessoas racistas (Tabela 4) e descriminações já sofridas (Tabela 5).

TABELA 4 – Percentual de Respostas Afirmativas à Convivência com Racistas, por Cor e Raça , Brasil, 2005.

Parentes racistas Amigos racistas colegas de escola/trabalho racistas vizinhos ou conhecidos racistas Raça Negros 30,0 37,9 39,2 51,8 Não-negros 33,5 40,2 38,4 47,7 Cor Branco 33,3 40,0 38,2 47,4 Pardo 30,7 38,2 38,0 50,2 Preto 27,6 36,8 43,0 56,7 Amarelo 36,0 42,6 40,8 50,6 Indígena 34,0 42,9 42,0 52,9

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A exposição do indivíduo com o racismo de diferentes figuras sociais implica num interessante padrão, pretos e negros convivem menos com racistas entre familiares e amigos, e mais entre colegas de escola/trabalho e vizinhos e conhecidos. Em ambas as direções, pretos tem percentuais mais extremos que negros, ou seja, convive menos com parentes e amigos racistas e mais nos demais âmbitos investigados.

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T A B E L A 5 – P e rc e n tu a l d e R e s p o s ta s A fi rm a ti v a s à D is c ri m in a ç õ e s J á S o fr id a s , p o r C o r e R a ç a , B ra s il, 2 0 0 5 . F o n te : M ic ro d a d o s E N E M 2 0 0 5 A T a b e la 5 a p re s e n ta o s p e rc e n tu a is d e re s p o s ta a fi rm a ti v a s s o b re d if e re n te s d is c ri m in a ç õ e s s o fr id a s p e lo s re s p o n d e n te s . T a m b é m e la b o ra d a a p a rt ir d o s v a lo re s t o ta is n a c io n a is , p o s s ib ili ta c o m p a ra ç õ e s i n te re s s a n te s p a ra a d is c u s s ã o a q u i re a liz a d a . A d is c ri m in a ç ã o é tn ic a , ra c ia l o u d e c o r é d e c la ra d a p o r 2 4 ,3 % d o s n e g ro s , 1 5 ,9 % d o s p a rd o s e 5 1 ,4 % d o s p re to s . E s s e s v a lo re s e x p õ e m v iv ê n c ia s d is ti n ta s e n tr e p re to s e p a rd o s , n o q u e t a n g e a d is c ri m in a ç ã o r a c ia l, p re to s d e c la ra ra m s o fr e r u m p e rc e n tu a l m a io r e m 6 9 % d e d is c ri m in a ç ã o r a c ia l q u e p a rd o s . N a s d e m a is c a te g o ri a s , o s p e rc e n tu a is d e p re to s é , e m m é d ia , 1 1 % m a io r q u e d o s p a rd o s . A s s im c o m o a s d if e re n ç a s e n tr e p re to s e b ra n c o s é s u p e ri o r a d e n e g ro s e n ã o n e g ro s . S e a d is c ri m in a ç ã o r a c ia l p re ju d ic a ri a o d e s e m p e n h o e s c o la r, p o r m e io d e i n c e n ti v o s e e x p e c ta ti v a s d e s ig u a is , e s s a d e s v a n ta g e m , p o r c e rt o , a fe ta ri a d e fo rm a m a is i n c is iv a a p o p u la ç ã o d e c la ra d a m e n te p re ta . J á s o fr e u d is c ri m in a ç ã o e c o n ô m ic a é tn ic a , ra c ia l o u d e c o r g ê n e ro s e r (o u p a re c e r) h o m o s s e x u a l re lig io s a lo c a l d e o ri g e m id a d e p o rt a d o r d e n e c e s s id a d e s e s p e c ia is o u tr o m o ti v o R a ç a N e g ro s 4 2 ,5 2 4 ,3 1 8 ,2 4 ,5 2 7 ,7 2 3 ,9 2 0 ,5 2 ,6 2 6 ,4 N ã o -n e g ro s 3 3 ,2 7 ,4 1 6 ,8 3 ,5 2 0 ,7 1 7 ,1 1 9 ,5 2 ,1 2 2 ,3 C o r B ra n c o 3 2 ,5 6 ,3 1 6 ,5 3 ,4 2 0 ,1 1 6 ,4 1 9 ,3 2 ,0 2 1 ,7 P a rd o 4 0 ,9 1 5 ,9 1 7 ,7 4 ,2 2 7 ,2 2 3 ,2 2 0 ,3 2 ,5 2 6 ,1 P re to 4 7 ,5 5 1 ,4 1 9 ,7 5 ,3 2 9 ,3 2 6 ,4 2 0 ,9 3 ,0 2 7 ,6 A m a re lo 3 8 ,4 1 6 ,4 2 0 ,1 4 ,4 2 5 ,2 2 3 ,4 2 0 ,9 2 ,7 2 7 ,1 In d íg e n a 4 6 ,2 3 0 ,9 1 9 ,9 7 ,1 3 2 ,3 3 1 ,1 2 3 ,9 4 ,4 3 2 ,2

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Este trabalho não pretende esgotar as possibilidades de discussão, pelo contrário, almeja incitá-las. Há ainda a possibilidade de replicar esse método a fim de perceber as variações do fenômeno ao longo do tempo, assim como para outros variantes, como percentual de população negra ou preta. Seria o resultado igualmente significativo para as capitais de Salvador e Porto Alegre que possuem respectivamente o maior e menor percentual de negros? Por fim, este método pode ser aplicado para verificar diferentes faculdades medidas pelo ENEM pelas provas objetiva e discursiva que avaliam os candidatos.

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BIBLIOGRAFIA

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PENA, Sérgio. Humanidade Sem Raças? 2008. São Paulo. Publifolha.

SOARES, José Francisco e ALVES, Maria Teresa Gonzaga. Desigualdades raciais no sistema brasileiro de educação básica. Educação e Pesquisa. 2003, vol. 29, no. 1, pp. 147-165.

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ANEXOS

Anexo I - Análise das Variáveis de Controle

Sexo

A variável sexo tem como categoria de referência o sexo feminino, assim o coeficiente apresentado diz respeito à diferença entre o sexo feminino e o masculino. No caso positivo em todos os modelos, associando ao homem, em relação à mulher, uma chance positiva de conseguir as determinadas notas. O comportamento dos coeficientes é crescente e significativo em todos os modelos exceto para aqueles referentes aos 90 pontos em que nenhuma variável do nível do indivíduo foi significativa. Assim o efeito na chance varia em favorecimento aos homens, aproximadamente, de 16% a 36%, para f50 e f80, respectivamente.

Ano de Nascimento

O ano de nascimento apresentou grande variação entre os modelos. A categoria de referência é “após 1988”, ou seja, que esteja adiantada pelo menos em um ano do correspondente idade-série para o terceiro ano do segundo grau. Para o corte de 50 pontos todas idades avanças em pelo menos 2 anos da idade correspondente à correta, em relação ao grupo mais novo, apresentaram coeficientes negativos e significativos. Porém a tendência dos modelos de cortes mais avançados (70 e 80 pontos), em relação à categoria de referência, foram significativas somente as variáveis de regulam com a idade adequada e um ano a mais nessa e com o coeficiente positivo. Ou seja, há uma chance associada positiva para estas idades em relação aos que prestaram o exame em idade adiantada.

Escolaridade do Pai e Mãe

Para o modelo com o corte de 50 pontos houve um maior número de categorias significativas para a escolaridade do pai. Assim como para aquelas em que são significativas tanto para o pai quanto para a mãe, os coeficientes do pai são maiores. Já para o corte de 60 pontos, somente as categorias de ensino superior e pós-graduação foram significativas para o pai e mãe, porém

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os coeficientes da mãe são superior aos do pai. Os demais modelos, com cortes mais altos no escore, não tem na escolaridade dos pais significância.

Renda Familiar

A variável demonstra ser significativa para os modelos dos 50 e 60 pontos. Comparada à categoria de referência (até um salário mínimo), as demais faixas de renda que variam de 1 a 50 salários mínimos foram significativas com coeficientes positivos e crescentes. Desta forma, os candidatos com maior faixa de renda familiar tem uma maior chance associada a renda de conseguir escores de 50 e 60 pontos, em relação aos que tem renda familiar inferior a um salário mínimo.

Turno de Estudo

O turno de estudo foi se apresentou significativo em todos os modelos, exceto para os 90 pontos. Os coeficientes de estudo “na maior parte do tempo no turno diurno”, e maior parte no noturno não são significativas em todos os modelos. Porém, o estudo no ensino médio exclusivamente noturno, em relação ao exclusivamente diurno mostrou-se significativo e crescente ao longo dos modelos. Conclui-se então que há uma chance maior para os que estudaram no turno diurno se comparado com o noturno. Esta chance é maior ao passo que a dificuldade de se conseguir a pontuação aumenta.

Modalidade de Ensino

A educação de jovens e adultos (antigo supletivo), em relação ao ensino regular, mostrou coeficientes negativos e significativos para os modelos de 50, 60 e 70 pontos. Por sua vez, o ensino técnico/profissional também tem comparado com o ensino regular coeficientes significativos e negativos, porém somente para os modelos de 50 e 60 pontos de corte e menos expressivos que o da educação de jovens e adultos.

Conclusão do Ensino Médio

Já ter concluído o ensino médio no ano do ENEM produz uma chance positiva em relação àqueles que formarão ao final do ano do exame, para os modelos de 50 e 60 pontos. Sendo maior no modelo do corte de 60 pontos. Em geral,

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aqueles que estão no ensino médio e não concluirão no ano de referência não aparecem de forma significativa.

Dependência Administrativa da Escola

Esta variável é a única que tem significância em todos os modelos, incluindo o referente aos 90 ou mais pontos. Outro fator importante diz respeito às duas categorias que apresentaram resultados significativos (Particular e Federal) cujos coeficientes se mostraram os maiores dentre todas as demais variáveis significativas de todos os modelos. Entre esses, a categoria “Federal” é, em todos os casos, maior que a “Particular”. A chance associada à administração “Federal” (em relação à “Estadual”) de se conseguir atingir os escores de 50 e 90 pontos são superiores em 6490% e 4247%, respectivamente. Para o caso das escolas privadas estes valores são 525% (f50) e 351% (f90). Estes valores são referentes à diferença associada à escola Estadual.

Anexo II

TABELA 6 – Coeficientes de Cor e Raça para cada Modelo Final

Fonte: Microdados ENEM 2005

50 60

Categoria Coeficiente % P-valor Coeficiente % P-valor

Pardo -0.062000 - 0.158946 -0.04515 - 0.389936 Preto -0.207351 -18,7 0.001116 ** -0.17765 -16,3 0.038970 * Amarelo -0.142452 - 0.169525 -0.42217 -34,4 0.004969 ** Indígena -0.596025 -44,9 0.030404 * -0.34378 - 0.352330 Negro -0.07014 -6,8 0.082648 . -0.037295 - 0.448828 70 80

Categoria Coeficiente % P-valor Coeficiente % P-valor

Pardo 0.03714 - 0.608385 -9.659e-02 - 0.41728

Preto -0.06311 - 0.649295 -8.493e-01 -8,1 0.00953 **

Amarelo -0.35670 - 0.145476 -3.947e-01 - 0.39707

Indígena -0.24560 - 0.635090 -7.182e-01 - 0.50672

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