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AVALIAÇÃO DO CONTROLE DO BICUDO DO ALGODOEIRO (Anthonomus grandis Boh) EM APLICAÇÕES COM E SEM A ADIÇÃO DE ÓLEO COMO ADJUVANTE DE CALDA

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AVALIAÇÃO DO CONTROLE DO BICUDO DO ALGODOEIRO (Anthonomus grandis Boh) EM APLICAÇÕES COM E SEM A ADIÇÃO DE ÓLEO COMO ADJUVANTE DE CALDA Ulisses R. Antuniassi (UNESP - Botucatu / ulisses@fca.unesp.br), Lucia M. Vivan (Fundação Mato

Grosso), Walter Jorge dos Santos (IAPAR), Maurício L. V. Santen (Cheminova do Brasil) RESUMO - O bicudo Anthonomus grandis Boh é uma das principais pragas do algodoeiro, podendo inviabilizar o cultivo caso medidas eficientes de controle não sejam adotadas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a performance de inseticidas no controle do bicudo com e sem a adição óleo vegetal na calda. O trabalho foi realizado em Campo Verde/MT, com delineamento em blocos ao acaso e quatro repetições, considerando 13 tratamentos correspondentes a inseticidas isolados ou em mistura com e sem a adição de óleo vegetal (Agróleo, 1L/ha) e emulsificante (Agral, 0,02 L/ha). As aplicações foram realizadas de maneira seqüencial, nos dias 12, 18 e 22 de abril de 2006. Utilizou-se um pulverizador Uniport 2000, aplicando 114 L/ha com gotas muito finas e velocidade foi de 12 km/h. Em cada parcela foram coletados 200 botões florais cinco dias após a 3a.aplicação para a análise da porcentagem de dano causado pelo bicudo. Os resultados mostraram que os tratamentos com inseticidas apresentaram danos significativamente menores que a testemunha. O percentual de dano do tratamento Malathion 1,5 L pc/ha aumentou com a adição de óleo na calda, ocorrendo o oposto para o Endossulfan 2,0 L pc/ha. Para os demais tratamentos, a adição de óleo na calda não apresentou diferença significativa no percentual de dano.

Palavras-chave: tecnologia de aplicação, pulverização, inseticidas. INTRODUÇÃO

O bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis Boh) é uma das pragas com maior potencial para causar danos à cultura do algodoeiro. Em regiões altamente infestadas por esta praga e onde o controle adequado não é realizado, o inseto pode inviabilizar o cultivo do algodoeiro a longo prazo (BASTOS et al., 2005). O ataque inicia-se pelas margens da cultura, sendo q os danos são causados tanto pelo adulto quanto pela larva. Em ausência de estruturas frutíferas, o adulto pode alimentar-se de folhas jovens, do pecíolo e da parte terminal do caule. Em geral o bicudo perfura os botões florais para alimentar-se e colocar seus ovos. As brácteas tornam-se amarelas, bem abertas. Quando atacadas, as flores ficam com o aspecto de 'balão',por causa da não abertura normal das pétalas. Depois da eclosão, as larvas se alimentam dentro das gemas florais ou maçãs, ocasionando mais queda de gemas ou dano na fibra (SILVIE et al.,2007).. Segundo Felício et al. (2005), esta praga se destaca pois os danos causados aparecem na época de maturação da cultura, causando danos às fibras, às sementes e chegando a destruir parte da produção. A adição de óleo na calda inseticida tem como funções reduzir o risco de evaporação e melhorar a absorção desses produtos. O óleo apresenta uma temperatura de evaporação superior a da água, sendo menor sua evaporação na temperatura ambiente. Por isto, quanto maior o percentual de óleo na calda inseticida menor a fração da mesma sujeita à evaporação durante a aplicação. (ANTUNIASSI, 2007). Apesar do óleo adicionado as aplicações de baixo volume ser mais divulgado, o uso de óleo nas caldas com volume superior a 20 L/ha tem-se tornado freqüente, principalmente, nas aplicações com gotas finas e muito finas nos

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sistemas aéreos e terrestres. Segundo GUEDES et al., (1995), os óleos têm sido utilizados como diluente ou adjuvante para inseticidas; contudo, os resultados de estudos para avaliar o efeito do óleo na eficiência de inseticidas têm sido variados. TREACY et al. (1991) citam que este efeito pode ser positivo ou negativo, dependendo do tipo de óleo, grupo de inseticida, espécie do inseto ou planta hospedeira, e de fatores abióticos. . O objetivo deste trabalho foi avaliar a performance de inseticidas no controle do bicudo com e sem a adição óleo vegetal e emulsificante na calda.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado na Fazenda Paraná (Campo Verde/MT), em talhão com a cultivar CV 02, plantada em 23/12/05. O delineamento foi realizado em blocos ao acaso, com quatro repetições, considerando 13 tratamentos. A análise dos resultados foi realizada através da comparação de médias pelo Intervalo de Confiança ao nível de 90%. Os tratamentos (Tab. 1) corresponderam à aplicação de diferentes inseticidas, isolados ou em mistura, com e sem a adição de óleo vegetal (Agróleo) e emulsificante (Agral). As doses utilizadas foram de 1 L/ha para o óleo e 0,02 L/ha para o emulsificante. As aplicações foram realizadas de maneira seqüencial, nas dias 12, 18 e 22 de abril de 2006 (Figs. 1 e 2). Utilizou-se um pulverizador Uniport 2000 com 65 pontas JA laranja (cone vazio), espaçadas de 35 cm. A vazão foi de 0,8 L/min em cada ponta, com padrão de gotas muito finas, de acordo com a norma ASAE S572. A velocidade do pulverizador utilizada para aplicação do inseticida foi de 12 km/h. O volume de calda foi de 114 L/ha.

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Figura 2. Processo de abastecimento de calda no intervalo entre as parcelas.

Cada parcela correspondeu a uma área aplicada de aproximadamente 100 x 22,5 m, com utilização dos 20 m2 centrais para as avaliações. Em cada parcela foram coletados 200 botões florais 5 dias após a 3a.aplicação para a análise da porcentagem de dano causado pela praga.

Tabela 1. Descrição dos tratamentos.

Tratamento Dose (L ou kg pc/ha)

1 Testemunha - 2 Malathion 1,0 3 Malathion 1,5 4 Paracap 450 SC 1,0 5 Endosulfan 350 CE 2,0 6 Malathion + Nexide 1,0 + 0,07 7 Bulldock 125 SC 0,1

8 Malathion + óleo + emulsificante 1,0 + 1,0 + 0,02

9 Malathion + óleo + emulsificante 1,5 + 1,0 + 0,02

10 Paracap 450 SC + óleo + emulsificante 1,0 + 1,0 + 0,02

11 Endosulfan 350 CE + óleo + emulsificante 2,0 + 1,0 + 0,02 12 Malathion + Nexide + óleo + emulsificante 1,0 + 0,07 + 1,0 + 0,02 13 Bulldock 125 SC + óleo + emulsificante 0,1 + 1,0 + 0,02

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

As aplicações foram realizadas em condições climáticas adequadas, com temperatura variando entre 24 e 30 oC, umidade relativa entre 68 t 79,9% e ventos entre 3 e 4,1 km.h. A maioria dos tratamentos apresentou porcentagem de dano entre 10 e 30%, sendo que apenas os tratamentos Endossulfan 2,0 L/ha e Malation 1,5 L/ha com óleo ficaram próximos a 40%. Desta forma, todos os tratamentos apresentaram danos significativamente menores que a testemunha (Fig. 3). A menor porcentagem de dano provocado pelo bicudo foi observada quando se pulverizou Malathion + Nexide. Os maiores danos foram observados na testemunha, que apresentou 83,3% de dano.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Mal athi on 1 ,0 Mal athi on 1 ,5 Par acap 1,0 End ossu lfan 2,0 Mal at. + Nex ide Bul ldoc k Mal at. 1 ,0 + ole o Mal at. 1 ,5 + ole o Par acap 1,0 + o leo End ossu lfan 2,0 + ol eo Mal at. + Nex ide + ol eo Bul ldoc k + oleo Test em unha D a n o ( % )

Figura 3. Média da porcentagem de dano em 200 botões florais coletados 5 dias após a 3a. aplicação. As barras verticais indicam o IC 90%.

Observa-se que apenas no caso dos tratamentos Malathion 1,5 e Malathion+Nexide houve aumento da porcentagem de dano com a adição de óleo na calda inseticida (Tab. 2). Esse aumento foi significativo para o Malathion 1,5 considerando-se o intervalo de confiança ao nível de 90%. Nos demais tratamentos, a adição de óleo tendeu em reduzir a porcentagem de dano provocada pelo bicudo, embora estas reduções não tenham sido significativas. Vale ressaltar, porém, que no tratamento Endossulfan 2,0 a diferença foi maior (redução de de 43,3 para 30,0%), estando no limite de significância da análise do IC 90% (o valor máximo para a aplicação com óleo foi igual ao valor mínimo para a aplicação sem óleo). Para os demais tratamentos, a adição de óleo na calda não apresentou diferença significativa no percentual de dano aos botões florais. Neste sentido, resultados variáveis na interação de inseticidas com óleo na calda já foram descritos e discutidos por TREACY et al. (1991). Os resultados mostram, por outro lado, que a adição de óleo na calda não apresentou problemas de compatibilidade no desempenho da maioria os tratamentos propostos. Isto mostra à viabilidade prática da adição de óleo na calda inseticida nos casos em que a tecnologia de aplicação necessitar de maiores cuidados devido às condições climáticas, reduzindo os riscos de evaporação dos produtos.

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Tabela 2. Valores das porcentagens de dano em 200 botões florais coletados 5 das após a 3a. aplicação, considerando-se as aplicações com e sem óleo na calda. Os valores máximos e mínimos correspondem à representação do IC 90%. Média Máx Mín Média Máx Mín Malathion 1,0 31,0 35,8 26,2 26,5 32,1 20,9 Malathion 1,5 25,0 29,5 20,5 39,3 47,9 30,6 Paracap 1,0 28,8 34,2 23,3 28,0 33,1 22,9 Endossulfan 2,0 43,3 51,8 34,7 30,0 34,7 25,3 Malathion + Nexide 12,5 14,9 10,1 15,8 18,6 12,9 Bulldock 18,8 22,3 15,2 14,0 18,8 9,2

Sem óleo Com óleo

Tratamentos

CONCLUSÕES

• Os tratamentos com inseticidas apresentaram danos menores que a testemunha;

• O percentual de dano provocado pelo bicudo no tratamento Malathion 1,5 L pc/ha aumentou com a adição de óleo na calda inseticida;

• O percentual de dano provocado pelo bicudo no tratamento com Endossulfan 2,0 L pc/ha apresentou tendência de redução com a adição do óleo na calda inseticida.

• Os demais tratamentos (Malathion 1,0 L/.ha, Paracap 1,0 L/ha, Malathion + Nexide e Bulldock), a adição de óleo na calda não apresentou diferença significativa no percentual de dano provocado pelo bicudo nos botões florais.

CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO

Do ponto de vista prático, as condições climáticas inadequadas representam um dos maiores entraves ao rendimento operacional das aplicações, reduzindo o tempo disponível para o deslocamento das máquinas no campo. Por esta razão, o uso de óleo como adjuvante pode otimizar o rendimento operacional, permitindo que a aplicação seja realizada de maneira rápida e eficiente. Em termos científicos, não havia um conjunto de dados que permitisse referendar o uso de óleo vegetal em conjunto com os principais inseticidas para o controle do bicudo, justificando e clarificando a contribuição científica da geração destes dados de pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNIASSI, U. R. Tecnologia de aplicação de defensivos na cultura da soja. Boletim de Pesquisa de Soja, Rondonópolis, v.11, p.199 - 216, 2007.

BASTOS, C.S., PEREIRA, M.J.B., TAKIZAWA, E.K., OHL, G., AQUINO, V.R. Bicudo do algodoeiro: identificação, biologia, amostragem e táticas de controle. Campina Grande, Embrapa Algodão, 2005. 31p. (Circular Técnica, 79).

FELÍCIO, R.S., SCOMPARIM, A.L.X., OLIVEIRA, E. Biologia do bicudo do algodoeiro no município de Itiquira, MT. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 5., 2005, Salvador. Resumos... Campina Grande: Embrapa Algodão/ABAPA, 2005. p. 28.

GUEDES, .N.C., PICANÇO, M.C., GUEDES, N.M.P., MADEIRA, N.R. Sinergismo do óleo mineral sobre a oxicidade de inseticidas para Scrobipalpuloides absoluta (Lepidóptera: Gelechiidae). Pesq. Agropec. Bras., Brasília, v.30, n.3, p.313-318, 1995.

SILVIE, P., BÉLOT, J.L, MICHEL, B. Manual de identificação das pragas e seus danos no cultivo do algodão. 2 ed. [S.l.]: COODETEC, 2007. 119p. (COODETEC. Boletim Técnico, 34).

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TREACY, M.F., BENEDICT, J.H., SCHMIDT, K.M.,ANDERSON, R.M. Mineral oil: enhancement of field efficacy of a pyrethroid against Boll weevil (Coleoptera: Curculionidae). Journal of Economic

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