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A diplomacia brasileira nos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva a luz do Mercosul

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CARLA BITENCOURT

A DIPLOMACIA BRASILEIRA NOS GOVERNOS DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO E LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA A LUZ DO

MERCOSUL

Tubarão 2010

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CARLA BITENCOURT

A DIPLOMACIA BRASILEIRA NOS GOVERNOS DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO E LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA A LUZ DO

MERCOSUL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel.

Orientadora: Profa. Gisele Vargas, Esp.

Tubarão 2010

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CARLA BITENCOURT

A DIPLOMACIA BRASILEIRA NOS GOVERNOS DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO E LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA A LUZ DO

MERCOSUL

FOLHA DE APROVAÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso da graduação de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, foi julgado adequado à obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais e aprovado em sua forma final pelo curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Nota TCC: 8,0

Nota final da disciplina: 8,55

Tubarão, SC, 17 de novembro de 2010. Banca Examinadora:

__________________________________________ Profª Orientadora: Gisele Vargas, Esp.

__________________________________________ Profª examinadora: Milene Pacheco Kindermann, Dra.

__________________________________________ Profª examinadora: Gabriela Cesa.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 7

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 13

2.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ... 13

2.2. O ESTADO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS ... 14

2.3. ASPECTOS CONCEITUAIS DA DIPLOMACIA ... 16

2.4. POLÍTICA EXTERNA E DIPLOMACIA ... 19

2.5 MERCOSUL ... 22

2.5.1 Aspectos históricos do bloco ... 22

2.5.2. Objetivos do MERCOSUL ... 23

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ... 26

3.1. CARACTERÍSTICAS DOS GOVERNOS DE FHC A LUZ DO MERCOSUL ... 26

3.2. CARACTERÍSTICAS DOS GOVERNOS DE LULA A LUZ DO MERCOSUL ... 30

3.3 GOVERNOS DE FHC E LULA ... 38

4 CONCLUSÃO ... 42

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela dádiva da vida e pela família maravilhosa que tive. Vida esta trilhada com muitos obstáculos sendo que ele mesmo me deu força, coragem e perseverança para superá-los.

Agradeço a meus queridos e amados pais, que hoje já não se encontram mais entre nós, mas que de onde estiverem estarão torcendo pelo meu sucesso e que em vida foram os principais colaboradores em minha vida, em meus estudos, em meus projetos e minhas realizações em geral. Sou grata pelo amor e compreensão deles.

Agradeço a toda a minha família em geral que me apoiou nos momentos mais difíceis e me compreendeu nas horas em que tive que deixar a diversão de lado e tive que estudar para obter o sucesso desejado de minha futura carreira.

Agradeço em especial a minha irmã Vera Lúcia, que como irmã me ajudou em todos os momentos de minha vida, será e é como uma mãe em minha vida. Foi uma amiga, irmã, mãe, companheira fiel e me repreendeu quando necessário, sempre pensando no meu melhor.

Agradeço também a minha professora orientadora Gisele Vargas, que me ajudou nos momentos difíceis da vida e na confecção de meu trabalho de conclusão de curso. Soube elogiar, agradecer, orientar e corrigir o trabalho. Dedicou-se e empenhou-se ao máximo para o sucesso da pesquisa.

Agradeço a todos os meus amigos por me apoiarem, me compreenderem e me ajudaram nos mais variados momentos de minha vida. Amigos aqueles que estavam presentes em tempos de alegrias e de tristezas, que jamais serão esquecidos de minha memória.

E por fim agradeço a Unisul e demais professores do curso de Relações Internacionais, pelos ensinamentos dados, pelas conversas, pelas dicas, pelo apoio em geral que dedicaram aos seus alunos.

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RESUMO

O presente estudo que tem por tema analisar a diplomacia brasileira nos governos de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) em relação ao MERCOSUL e tem como problema de pesquisa identificar as estratégias de condução da diplomacia brasileira adotadas nos governos de FHC e Lula em relação ao MERCOSUL. Sendo como objetivo geral analisar a atuação destes Presidentes em relação ao bloco regional econômico MERCOSUL, destacando a diplomacia brasileira adotada por cada Chefe de Estado. Na revisão bibliográfica serão abordado os aspectos conceituais de diplomacia, política externa, Estado, governo, os aspectos históricos do MERCOSUL e seus respectivos objetivos. No capítulo de apresentação e análise de dados será elencado uma análise da condução da diplomacia dos Presidentes, FHC e Lula, no âmbito do MERCOSUL, por fim realizar um comparativo entre os respectivos Presidentes. Ao final da respectiva pesquisa será realizado a conclusão e as recomendações sobre o tema e será exposto o resultado do estudo.

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ABSTRATC

The present study has as theme to examine the diplomacy in the Brazilian government of Fernando Henrique Cardoso (FHC) and the government of Luiz Inacio Lula da Silva (Lula) in relation to MERCOSUR and has as research problem to identify the conduction strategies of brazilian diplomacy adopted in FHC and Lula in relation to MERCOSUR. The main goal is to analyze the performance of these Presidents in relation to economic regional bloc MERCOSUR, noting each Brazilian diplomacy strategy adopted by each leader. At bibliography it will be discussed the definition of diplomacy, foreign policy, state government, the historical aspects of MERCOSUR and their respective goals. The data analysis and presentation chapter will review the conduct of Presidents FHC and Lula diplomacy, in the MERCOSUR, in order to create a comparison between the respective Presidents. The end of the research will be conducted to a conclusion and recommendations on the subject and the research result will be exposed.

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1. INTRODUÇÃO

O tema deste estudo é analisar as estratégias de condução da diplomacia brasileira adotadas nos governos de Fernando Henrique Cardoso (FHC) (1995-2002) e nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) (2003-2010) em relação ao MERCOSUL.

Por diplomacia entende-se que é o conjunto de pessoas, de instituições e de práticas pelas quais se materializam as escolhas do Chefe de Estado, no domínio das relações internacionais, incluindo, portanto o corpo de diplomatas, as delegações em países estrangeiros e em organizações intergovernamentais, embaixadas, consulados e outros organismos de representação do Estado no exterior. (MOITA, 2007).

Diferentemente da diplomacia a política externa, que é o conjunto de objetivos políticos que um determinado Estado almeja alcançar nas suas relações internacionais com o mundo, é planejada e organizada de forma que visa proteger os interesses nacionais do país, tais como sua segurança nacional e prosperidade econômica. (SILVA et al, 2003).

A diplomacia é um segmento da política externa, sendo esta adotada pelo Chefe de Estado e seu ministro de Relações Exteriores para determinar as ações a serem efetuadas nas Relações Internacionais. Portanto, a diplomacia é como essas ações serão planejadas e executadas pelos diplomatas e demais instituições responsáveis por tais procedimentos.

Vale ressaltar que a atuação da diplomacia e da política externa sempre estiveram presentes nas relações transfronteiriças, no entanto, a diplomacia é exercida pelo corpo diplomático do governo que considera que o MERCOSUL tem se tornado uma das prioridades nas últimas décadas.

Cabe, nesse contexto, lembrar que o MERCOSUL foi constituído através do Tratado de Assunção em 26 de março de 1991, sendo composto pelo Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina, que na ocasião acordaram ampliar as dimensões dos seus mercados nacionais, com base na premissa de que a integração constitui condição fundamental para acelerar o processo de desenvolvimento econômico e social de seus povos. (BRASIL, 2010a).

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O bloco econômico MERCOSUL tem como objetivo a formação de um mercado comum entre seus Estados-Partes, primando pela livre circulação de bens, serviços e fatores de produção entre os países do bloco, o estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial conjunta em relação a terceiros Estados. (BRASIL, 2010a).

No governo de FHC ficou compreendido, por seu corpo diplomático, que o MERCOSUL era uma base possível para a integração econômica da América do Sul com o mundo, e que o mesmo conduziria ao fortalecimento das relações econômicas na região e para além dela. Entretanto, houve a fragilização do MERCOSUL, devido ao fato de serem deixados de lado os aspectos estratégicos e sociais de integração entre os Estados membros do bloco, sendo a diplomacia brasileira direcionada com foco excessivo na dimensão do livre comércio. De forma geral, percebe-se que os temas econômicos e comerciais se sobrepuseram na era FHC sobre a agenda do MERCOSUL. (FOLHA, 2010a).

Em contrapartida, no governo Lula o seu corpo diplomático elegeu o MERCOSUL como uma prioridade da diplomacia brasileira, tendo em vista que as grandes potências mundiais, tais como União Europeia, Estados Unidos da América, China, dentre outros, constituíram seus próprios blocos regionais para fortalecer a capacidade de integração entre si.

Ressalta-se que nesses blocos, que reúnem as grandes potências mundiais, os países participantes possuem interesses em comum, tais como garantir as melhores condições de livre comércio entre os países membros, reduzir as desigualdades sociais e econômicas entre as regiões, fomentar o desenvolvimento econômico dos países em fase de crescimento, dentre outros objetivos. Com a adoção dessas ações e de outras, dentro do bloco, o mesmo se torna fortalecido na esfera internacional, ampliando a capacidade de negociação em fóruns internacionais.

Em virtude dos históricos desses blocos econômicos, Lula adotou planos para o reforço e aprofundamento do MERCOSUL que foi apresentado aos demais países integrantes, ou seja, ao Paraguai, à Argentina e ao Uruguai. Tais planos tratam da implementação de normas já adotadas e a finalização de um conjunto de outras ações e medidas, já negociadas anteriormente, ao seu governo, tais como a coordenação de políticas macroeconômicas, a criação de uma moeda comum entre os países do bloco e

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ações para integração profunda dos países na constituição do mercado comum. Este é o principal objetivo defendido pelos países membros. (ALMEIDA, 2005)

Lula ressaltou, diversas vezes, a importância estratégica do MERCOSUL para o seu governo, pois poderia constituir uma espécie de base material para a união política da América do Sul. Para Lula, os temas sociais e políticos assumiram a precedência no processo de integração do bloco. Na sua gestão governamental houve o fortalecimento e expansão do bloco MERCOSUL, com ênfase nos aspectos estratégicos e sociais do processo de integração. (ALMEIDA, 2005)

Analisando os aspectos acima destacados, tanto nos governos de FHC, quanto nos governos de Lula, os chefes de Estado conduziram à diplomacia brasileira de forma diferenciada. Nesse sentido o projeto busca resposta para a seguinte pergunta de pesquisa: Quais as estratégias de condução da diplomacia brasileira adotadas no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) em relação ao MERCOSUL?

O presente trabalho tem como objetivo geral distinguir a condução da diplomacia brasileira dos governos de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) em relação ao bloco regional econômico MERCOSUL.

Como objetivos específicos, apresentam-se: compreender os aspectos conceituais da diplomacia, da política externa, diferenciação entre governo e Estado, analisar os aspectos históricos do MERCOSUL e seus objetivos, apresentar as características dos governos de FHC e Lula e distinguir a atuação da diplomacia brasileira nos governos dos Presidentes FHC e Lula em relação ao referido bloco.

Podem ser levantar duas hipóteses em relação ao tema, tais como: no governo de FHC, o MERCOSUL era visto pela sua administração como uma base possível para a integração econômica da região com o mundo e que conduziria ao fortalecimento das relações econômicas do Brasil com os demais países; e no governo de Lula, o MERCOSUL é uma prioridade da diplomacia brasileira, tendo em vista que as grandes potências mundiais constituíram seus próprios blocos regionais para integrar e fortalecer as relações econômicas internacionais.

Este estudo foi realizado com base na atuação dos governos de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) em relação ao bloco regional econômico MERCOSUL, destacando a diplomacia brasileira adotada por cada

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Chefe de Estado.

O presente trabalho tem como tema a diplomacia brasileira exercida nos governos de FHC e de Lula na perspectiva do MERCOSUL. É uma análise dos dois governos onde foi apresentada a evolução histórica e a atuação de cada um em suas respectivas gestões.

Importa ressaltar que, por se tratar de um tema atual, a análise da diplomacia desses Chefes de Estado em vários âmbitos é fundamental para o entendimento da política externa e a execução da diplomacia brasileira nos temas atuais das relações internacionais.

No governo de FHC houve a fragilização do bloco econômico MERCOSUL, pois o Chefe de Estado não estabeleceu metas e objetivos em torno das alianças estratégicas entre os Estados-Partes do bloco, sendo essa integração fundamental para o fortalecimento das relações internacionais entre os integrantes do bloco e entre o bloco e o mundo. Nesse contexto, a diplomacia brasileira foi direcionada com foco excessivo na dimensão do livre comércio.

Em contrapartida, no governo de Lula a condução da diplomacia brasileira apresenta uma postura mais assertiva. O Chefe de Estado buscou firmar alianças privilegiadas no Sul, com foco especial nos processos de integração do MERCOSUL, além do estabelecimento de objetivos e metas entre os países para que haja o fortalecimento interno do bloco e, num futuro não muito distante, a transformação numa potência mundial.

Portanto, o estudo do presente tema levanta hipóteses e analisa a atuação da diplomacia brasileira nos governos de FHC e Lula diante do bloco MERCOSUL. Tem-se como objetivo averiguar as atuações dos Chefes de Estado e quais os efeitos causados por essa condução de diplomacia diferenciada, levando em consideração que são dois mandatos distintos e em tempos diferentes.

O presente relatório foi desenvolvido por meio da pesquisa bibliográfica. Segundo Carvalho (2006), pesquisa bibliográfica é a atividade de localização e consulta de fontes diversas de informação escrita, para coletar dados gerais ou específicos a respeito de um determinado tema, podendo ser desenvolvida em diferentes etapas. Para Leonel (2007) pesquisa bibliográfica é aquela no qual se desenvolve tentando explicar um problema a partir das teorias publicadas em diversos tipos de fontes, tais como,

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livros, artigos, enciclopédias, manuais, dissertações, anais, meios eletrônicos, internet dentre outros meios.

A pesquisa desenvolvida para a realização do TCC II também pode ser classificada como uma pesquisa exploratória. De acordo com Leonel (2007), pesquisa exploratória tem como principal objetivo proporcionar maior familiaridade com o objeto de estudo. É necessário desencadear um processo de investigação que identifique a natureza do fenômeno e apresente as características essenciais das variáveis no qual vai se estudar, pois o pesquisador poderá não dispor de conhecimentos suficientes para montar adequadamente um problema ou elaborar de forma mais precisa uma hipótese.

O método utilizado para a produção da pesquisa foi indutivo. Para Leonel (2007) método indutivo se baseia na generalização de propriedades comuns a certo número de casos observados, a todas as ocorrências de fatos similares que poderão se verificar no futuro. Portanto, o método indutivo é aquele que, ao partir de premissas menores pode-se chega às generalidades.

A pesquisa bibliográfica foi realizada com base nas produções científicas existentes no meio acadêmico, tais como livros, artigos e dissertações e em jornais, revistas, internet e vídeos. De acordo com Gilberto Martins (2000), trata-se de um estudo para conhecer as contribuições científicas sobre o tema, tendo como objetivo recolher, selecionar, analisar e interpretar as contribuições teóricas existentes sobre o fenômeno pesquisado.

Os dados deste trabalho foram analisados e apresentados em forma de relatório para a disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II e submetido à apresentação e aprovação em banca.

Podem ser apontadas algumas limitações para a realização desse relatório. A principal é que o estudo apresenta dois governos distintos, sendo que os artigos, livros e demais informações podem ser tendenciosos, haja vista o autor apoiar um determinado governo e desconsiderar o outro.

Outra limitação encontrada é à inexistência de entrevistas com os próprios Chefes de Estado, lê-se FHC e Lula, e de seus ministros de relações exteriores, pois poderiam servir como uma fonte certa de informações de cada governo.

Com relação ao MERCOSUL a limitação encontrada refere-se à impossibilidade de se realizar visitas a sua secretaria em Montevidéu, sendo análise do

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bloco apenas através de seu site e produções científicas, podendo não conter todas as informações necessárias pertinentes ao projeto.

Este relatório possui introdução, desenvolvimento e conclusão e está organizado em quatro capítulos.

A introdução consiste na exposição do tema, do problema, do objetivo geral e os objetivos específicos, as hipóteses, a delimitação do estudo, a justificativa, os procedimentos metodológicos e a organização do trabalho.

O desenvolvimento compreende dois capítulos. O segundo capítulo trata da revisão bibliográfica que versa noções de diplomacia, política externa, Estado e governo, conhecimentos sobre o MERCOSUL e seus objetivos.

O terceiro capítulo aborda as características dos governos de FHC e Lula na condução da diplomacia brasileira em relação ao MERCOSUL e distinguir a atuação nos governos de FHC e Lula a luz do bloco econômico.

Por fim, no quarto capítulo apresenta a conclusão e as recomendações a cerca do tema tratado no Trabalho de Conclusão de Curso II.

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2. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

2.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O homem, desde os tempos mais remotos, usa da diplomacia para estabelecer ligações entre pessoas e países para ações sociais e econômicas com destaque, nas últimas décadas, na esfera política. O ato de praticar a diplomacia foi um importante fato, designado pelo Estado, para estabelecer relações entre nações e que vem sendo exercido desde a formação dos primeiros Estados há milênios.

O Estado considera que as principais funções exercidas pela diplomacia são as tarefas de negociar em seu favor com o objetivo de concluir acordos, obter informações sobre os acontecimentos de uma determinada situação com outro Estado negociador, além de representá-lo em eventos internacionais, defendendo seus interesses nacionais.

As relações internacionais se expandem a cada dia através da globalização, por meio de acordos firmados por chefes de Estado em busca de parcerias que serão importantes para o desenvolvimento internacional de um Estado. Nas últimas décadas, as relações internacionais, destaca-se nas políticas de governo dos Chefes de Estado, tornando-se uma das prioridades dos governos.

Importa destacar que as relações internacionais visam o estudo das relações políticas, econômicas e sociais entre diferentes países, cujos reflexos transcendam as fronteiras do Estado soberano. O Estado é um dos principais atores da diplomacia e política externa nas relações internacionais.

A política externa, o conjunto de objetivos políticos que um determinado Estado almeja alcançar nas suas relações internacionais com o mundo, é planejada e organizada de forma a proteger os interesses nacionais do país, tais como a segurança nacional e prosperidade econômica.

Outrossim, a diplomacia é como serão executadas, planejadas e colocadas em ação esses objetivos através da atuação de diplomatas e demais instituições responsáveis por tais procedimentos. Diferencia-se da política externa pela sua atuação.

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E o MERCOSUL, que está em constante ampliação, é uma das prioridades da política externa e da diplomacia brasileira, defendidas pelos Chefes de Estado, pois é base para uma integração entre os países membros, para o desenvolvimento desses países e consequentemente do bloco econômico.

2.2. O ESTADO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

As relações internacionais é a área que representa os interesses do Estado no plano internacional. O objeto das relações internacionais é o meio internacional, e é compreendido como o conjunto das relações interestatais somadas às relações transnacionais. (SILVA, 2008).

Possuem envolvimento com as relações políticas, econômicas e sociais entre diferentes países, no qual essas relações atravessam as fronteiras de um Estado. Entre os principais atores internacionais podemos citar os Estados, as empresas transnacionais, as organizações internacionais e as organizações não governamentais. (SILVA, 2008).

De acordo com a Constituição brasileira de 1988, e em seu art. 4º, as relações internacionais são regidas pelos seguintes princípios:

A independência nacional, a prevalência dos direitos humanos, a autodeterminação dos povos, a não intervenção, a igualdade entre os Estados, a defesa da paz, a solução pacífica dos conflitos, o repúdio ao terrorismo e ao racismo, a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e a concessão de asilo político. (BRASIL, 2010).

Nesse contexto, o Estado é o ator fundamental nas relações internacionais, sendo a organização política de um país, com estrutura de poder instituída sobre determinado território ou população. O que legitima o poder do Estado é o direito, ordem jurídica que regula o funcionamento das instituições e o cumprimento das leis pelas quais deve reger-se a coletividade. (GRANDE ENCICLOPÉDIA BARSA, 2005).

Os elementos componentes do Estado são o poder, território e o povo. Poder é a capacidade que o Estado tem para impor a sociedade o cumprimento e a aceitação das decisões do governo ou órgão executivo do Estado. O território é o espaço físico no qual se exerce o poder. O povo é a comunidade humana que possui elementos culturais,

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vínculos econômicos, tradições e histórias comuns. (GRANDE ENCICLOPÉDIA BARSA, 2005).

O Estado brasileiro é formado pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, tem como fundamentos:

A soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição brasileira de 1988, no art. 1º. Possui objetivos fundamentais como construir uma sociedade livre, justa e solidária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de discriminação. (BRASIL, 2010).

É necessário frisar as diferenças entre Estado e governo. Governo é uma organização, a autoridade governante de uma unidade política e que tem o poder de regrar uma sociedade política e o aparato pelo qual o corpo governante funciona e exerce autoridade. (SILVA, 1999).

É usualmente utilizado para designar a instância máxima de administração executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um Estado ou uma nação. Normalmente chama-se de governo o conjunto dos dirigentes executivos do Estado ou ministros, ou seja, é um grupo de pessoas que tem o poder de mandar em um território, de acordo com a lei. (SILVA, 1999). Tem como características:

Criar leis, regras e regulamentações, coletar impostos e imprimir dinheiro; possuir sistemas de justiça que listam os atos ou atividades que são contra a lei e descrevem punições para violações da lei; usar força policial para garantir que a população siga as leis e a segurança pública; ter diplomatas, que se comuniquem com governos de outros países, tentando resolver problemas ou desentendimentos entre dois países, o que pode ajudar os países a evitar guerras, fazerem acordos comerciais e experiências de intercâmbio de conhecimento e possuir força militar para proteger o país de ataques e/ou para atacar e invadir lugares. (GRANDE ENCICLOPÉDIA BARSA, 2005).

Apesar de ambos estarem interligados para atuar em um único sentido, o de administrar uma nação, é notável a diferenciação entre governo e Estado. O Estado tem papel fundamental nas relações internacionais, pois é o principal ator da política externa

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de um país, representando assim seus interesses diante de outros Estados e governo é o conjunto de instituições que regram uma sociedade.

2.3 ASPECTOS CONCEITUAIS DE DIPLOMACIA

As ações diplomáticas buscam persuadir, pressionar e vincular os diversos protagonistas da vida internacional, tais como governamentais e não governamentais, com ênfase em objetivos de um país e em seus benefícios. (DANESE, 1999).

De acordo com Plácido e Silva (1999), diplomacia é derivada de “diploma”, que tem a finalidade de dirigir todos os negócios internacionais de um país. Aos diplomatas compete a direção e manutenção das relações internacionais, firmando os tratados de amizade ou de comércio, de acordo com as necessidades do momento.

Para Moita (2007), diplomacia é o conjunto de pessoas, de instituições e de práticas pelas quais se materializam as escolhas dos Chefes de Estado no domínio das relações internacionais, incluindo, portanto o corpo de diplomatas, as delegações em países estrangeiros e em organizações intergovernamentais, embaixadas, consulados e outros organismos de representação do Estado no exterior.

Segundo Almeida (2001), os atores envolvidos na condução da diplomacia, devem observar dez regras básicas para a sua atuação, tais como:

a) Servir a pátria, mais do que aos governos, conhecer profundamente os interesses permanentes da nação e do povo aos quais serve; ter absolutamente claros quais são os grandes princípios de atuação do país a serviço do qual se encontra.

b) Ter domínio total de cada assunto, dedicar-se com afinco ao estudo dos assuntos de que esteja encarregado, aprofundar os temas em pesquisas paralelas. Esta é uma regra absolutamente importante na execução da diplomacia.

c) Adotar uma perspectiva histórica e estrutural de cada tema situá-lo no contexto próprio, manter independência de julgamento em relação às ideias recebidas e às “verdades reveladas”.

d) Empregar as armas da crítica ao considerar posições que devam ser adotadas por sua delegação e analisar as posições adversárias, procurando colocá-las igualmente no contexto de quem as defende.

e) Dar preferência à substância sobre a forma, ao conteúdo sobre a roupagem, aos interesses econômicos concretos sobre disposições jurídico-abstratas.

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f) Afastar ideologias ou interesses político-partidários das considerações relativas à política externa do país. Deve-se buscar o equilíbrio de posições e uma definição ampla, verdadeiramente nacional, do que seja interesse público relevante.

g) Antecipar ações e reações em um processo negociador, prever caminhos de conciliação e soluções de compromisso, nunca tentar derrotar completamente ou humilhar a parte adversa.

h) Ser eficiente na representação, ser conciso e preciso na informação, ser objetivo na negociação.

i) Valorize a carreira diplomática sem ser carreirista, seja membro da corporação sem ser corporatista, não torne absolutas as regras hierárquicas, que não podem obstaculizar a defesa de posições bem fundamentadas. j) Não faça da diplomacia o foco exclusivo de suas atividades intelectuais e profissionais, pratique alguma outra atividade enriquecedora do espírito ou do físico, não coloque a carreira absolutamente à frente de sua família e dos amigos. A performance profissional é importante, mas ela não pode ocupar todo o espaço mental do servidor, à exclusão de outras atividades igualmente valorizadas socialmente, seja no esporte, seja no terreno da cultura ou da arte.

Cabe analisar que o diplomata é um agente do Estado, no qual é responsável pela execução e condução da diplomacia, sendo que as principais funções desse profissional são a representação de seu país perante as comunidades internacionais, colher informações necessárias para a formulação da política externa, participar de reuniões internacionais, negociar acordos em nome de seu país, assistir as missões no exterior de setores do governo e da sociedade, proteger os seus compatriotas e promover a cultura e os valores de seu povo. (O DIPLOMATA, 2010).

O diplomata é preparado para tratar de uma série de temas, que vão desde paz e segurança, normas de comércio e relações econômicas e financeiras até direitos humanos, meio ambiente, tráfico ilícito de drogas, fluxos migratórios, passando, naturalmente, por tudo que diga respeito ao fortalecimento dos laços de amizade e cooperação do Brasil com seus múltiplos parceiros externos. (O DIPLOMATA, 2010).

No âmbito das relações internacionais a diplomacia, de acordo com Barnabé (2009), se depara com diversas manifestações, tais como empresarial, presidencial, cultural, dentre outras, que envolvem temas diversos, novos atores e uma rede de caminhos que escapam da lógica da diplomacia tradicional.

A diplomacia empresarial é a atividade de representar internacionalmente os interesses de uma empresa nacional, é a aproximação do setor privado ao campo das Relações Internacionais. O Diplomata Empresarial é o novo ator que milita na interface

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internacional, um mercado sofisticado que realiza transações comerciais para as empresas. (TROYJO, 2009).

Já a diplomacia cultural é o recurso privilegiado na construção de imagem, prestígio e confiança que requerem os países, além de contribuir para o diálogo intercultural e a união entre os povos. É também uma atividade das relações exteriores, que está cada vez mais articulada com objetivos comerciais, econômicos e de desenvolvimento, podendo contribuir tanto em forma direta como indireta para as relações exteriores. (PODESTÁ apud SOARES, 2008, p. 58).

De acordo com Danese (1999), a diplomacia presidencial constitui-se de um projeto diplomático que não se limita a apenas uma tarefa de comunicação social, sendo então uma ação política, de natureza não burocrática, que está no âmbito das competências jurídicas dos chefes de Estado e de governo, também como de órgãos e agentes das relações internacionais.

Vale lembrar que referida diplomacia acontece quando o Presidente da República tem uma participação pessoal, ativa e efetiva na execução da política externa, com o cumprimento de uma extensa agenda internacional, pois necessita inserir o país no mundo provendo sua promoção, com viagens a outros países e aos seus Presidentes, em organizações e blocos internacionais. (BARNABÉ, 2005).

Na diplomacia presidencial compete ainda ao Chefe de Estado realizar pronunciamentos, participação em foros internacionais, encontros presidenciais, atuando diretamente em negócios internacionais, a condução pessoal dos processos de decisão de política externa, viagens presidenciais, reuniões com outros Chefes de Estado pra resolução de conflitos críticos, dentre outras funções. (PRETO, 2006).

A diplomacia presidencial é um segmento oposto à diplomacia tradicional, sendo que esta última compreende os instrumentos pelos quais os Estados constituem ou mantêm relações recíprocas. (APRIGIO, 2010). Além dessas duas diplomacias serem opostos há elementos que não são próprios da diplomacia tradicional, tais como a opinião pública, anseio em resultados, a projeção e a visibilidade em contraste com o anonimato de diplomatas. São questões rotineiras da função do Presidente que fazem parte da diplomacia tradicional. (PRETO, 2006).

Danese (1999) afirma que a diplomacia tradicional e presidencial não são opostas, sendo que uma complementa a outra. Houve uma queda da visibilidade da

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diplomacia tradicional para o aumento da visibilidade da diplomacia presidencial, segundo o autor. Esta última é a mais presente nos últimos anos, pois é um termo utilizado na mídia e em meios acadêmicos, no qual vem se analisando que é um tema comum na execução da política externa brasileira.

A diplomacia, nas suas mais variadas manifestações, mostra-se de extrema importância para o Estado e, ao longo do tempo e dos governos analisados adiante, há a mudança de uma diplomacia tradicional para uma diplomacia presidencial ativa, pois com a globalização e a expansão mundial, viu-se a necessidade de ampliação da mesma.

2.4. DIPLOMACIA E POLÍTICA EXTERNA

A integração entre países vem se ampliando a cada dia e com essa integração vem surgindo à necessidade da participação de organizações não governamentais e governamentais, empresas privadas e públicas, grupos sociais, dentre outros atores internacionais. (OLIVEIRA, 2005).

Em tempos atuais a política externa reagiu a mudanças e tornou-se mais proativa e pragmática. Em tempos anteriores conservava a defesa do multilateralismo universal e da autonomia da política externa, e atualmente tem a ambição de programar uma agenda internacional. (LIMA, 2010).

De forma clara e objetiva podemos dizer que política externa é o conjunto de atividades políticas, sendo que os Estados defendem seus interesses diante de outros Estados. É uma área particular de ação política dos governos e que se projeta em âmbito externo. (OLIVEIRA, 2005).

Possui duas dimensões de planejamento, política de Estado e política de governo. As políticas do Estado são os interesses da nação, que são protegidos pela Constituição Brasileira, tais como saúde, educação, empregos, dentre outros princípios básicos defendidos pela Constituição. De tal modo, pode se concluir que mesmo mudando o governo, a ideia não é abandonada e nem tem seus princípios distorcidos. (PRETO, 2006).

São aquelas políticas que envolvem as burocracias de mais de uma agência do Estado, que logo passam para o Parlamento, no qual foram realizados estudos

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técnicos, simulações, análises de impacto horizontal e vertical, efeitos econômicos ou orçamentários, realizando um cálculo de custo-benefício levando em conta a trajetória completa da política que se pretende implementar no Estado. (ALMEIDA, 2009).

A política de governo são os planos e as ações que o Estado faz para garantir os interesses nacionais defendidos pela Constituição brasileira. Como exemplo de política de governo pode-se citar a forma como a educação vem se ampliando no país, com mais escolas públicas, bolsas de estudos a estudantes carentes nas universidades, dentre outras formas de desenvolver a educação no país. Lembrando ainda que na troca de governante poderá haver a mudança desta política. (PRETO, 2006).

São essas políticas que podem envolver escolhas complexas, mas pode-se dizer que o caminho entre a apresentação do problema e a definição de uma política de governo, é bem mais curto e simples, ficando geralmente no plano administrativo ou na competência dos próprios ministérios setoriais. (ALMEIDA, 2009).

Entretanto é necessário entender política externa e política doméstica. As decisões dessas duas políticas possuem semelhanças em comum, porém cada uma segue características próprias. (PRETO, 2006).

O governo ao tomar decisões externas com outros países, compreende-se que não são controladas as reações dos Estados estrangeiros, pois não se detém o controle das decisões desses Estados e o mesmo não é defendido pelas leis nacionais, esta é a política externa de um país. (PRETO, 2006).

O governo ao tomar uma decisão de caráter doméstico está protegido pelas leis nacionais, por meios administrativos e policiais, sendo estas decisões da política doméstica.

A condução da diplomacia brasileira e da política externa são coordenadas pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), que é o órgão político da Administração direta cuja missão institucional é auxiliar o Presidente da República na formulação da política exterior do Brasil, assegurar sua execução, manter relações diplomáticas com governos de Estados estrangeiros, organismos e organizações internacionais e promover os interesses do Estado e da sociedade de brasileiros no exterior. (BRASIL, 2010).

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Política internacional; relações diplomáticas e serviços consulares; participação nas negociações comerciais, econômicas, jurídicas, financeiras, técnicas e culturais com Governos e entidades estrangeiras, programas de cooperação internacional e de promoção comercial; apoio a delegações, comitivas e representações brasileiras em agências e organismos internacionais e multilaterais. (BRASIL, 2010).

No trato dos assuntos de sua competência, o MRE possui as seguintes incumbências:

a) Executar as diretrizes de política exterior estabelecidas pelo Presidente da República;

b) Propor ao Presidente da República linhas de atuação na condução dos negócios estrangeiros;

c) Recolher as informações necessárias à formulação e execução da política exterior do Brasil, tendo em vista os interesses da segurança e do desenvolvimento nacionais;

d) Contribuir para a formulação e implementação, no plano internacional, de políticas de interesse para o Estado e a sociedade em colaboração com organismos da sociedade civil brasileira;

e) Administrar as relações políticas, econômicas, jurídicas, comerciais, culturais, científicas, técnicas e tecnológicas do Brasil com a sociedade internacional;

f) Negociar e celebrar tratados, acordos e demais atos internacionais; g) Promover os interesses governamentais, de instituições públicas e privadas, de empresas e de cidadãos brasileiros no exterior. (BRASIL, 2010).

Desse modo, as diretrizes da política externa, quanto às manifestações da diplomacia sempre foram utilizadas pelos governantes e pelo MRE, para implementarem seus planos de governo, sendo possível citar o ex-Presidente Itamar Franco (1992-1995) que estruturou a atuação da diplomacia brasileira de sua gestão em torno de três ideias principais: o desenvolvimento do país, a democracia e a paz. (GARCIA, 2008).

Por fim, tanto a diplomacia quanto a política externa brasileira sempre foram praticadas por diversos Presidentes e cada um a conduziu de forma diferenciada. Contudo, nas últimas décadas, a atuação da diplomacia vem sendo exercida em temas atuais, visando o desenvolvimento do país e tendo como foco central as relações exteriores do Brasil com diversos países e blocos econômicos, tais como a União Europeia, os EUA, a China, o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL).

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2.5.1. Aspectos históricos do bloco

O MERCOSUL foi fato importante da integração da região da América do Sul no ano de 1985 até os dias de hoje. Brasil e Argentina precisavam estreitar suas relações comerciais e o bloco foi criado para a formação de um mercado regional. (BRASIL, 2010c).

O bloco foi iniciado já no governo de José Sarney, quando os presidentes do Brasil e da Argentina assinaram em 30 de novembro de 1985 a Declaração de Iguaçu, tendo como finalidade a aproximação das economias dos dois países, visando interesses em comum. (BRASIL, 2010c).

Logo após a assinatura desta declaração, os resultados da parceria foram relatados na Ata de integração entre Brasil e Argentina em 1986, quando foram estabelecidos protocolos setoriais, voltados à integração de setores produtivos específicos dos respectivos países. (BRASIL, 2010c).

Em 1988 foi reafirmada essa integração entre os dois países com o tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento,que visava uma meta, a de que os países teriam o prazo de dez anos para que juntos pudessem formar um espaço econômico comum, com a eliminação de barreiras tarifárias e não tarifárias e a elaboração de políticas conjuntas. (FREITAS JÚNIOR, 2006).

Para cumprir essa meta foi criado o Tratado de Assunção em 26 de março de 1991, com a finalidade de criar um Mercado Comum do Sul entre os países, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. (BRASIL, 2010c).

Logo após a assinatura do tratado de Assunção foram firmados mais 3 protocolos: o de Brasília, de Olivos e de Ouro Preto. (FREITAS JÚNIOR, 2006).

O protocolo de Brasília foi firmado em 17 de dezembro de 1991 e estabeleceu soluções para as controvérsias no MERCOSUL. (FREITAS JÚNIOR, 2006).

O protocolo de Ouro Preto foi criado em dezembro de 1994 e instituído para estabelecer a estrutura institucional do MERCOSUL composto por o Conselho do Mercado Comum (CMC), Grupo Mercado Comum (GMC), Comissão de Comércio do

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MERCOSUL (CCM), Comissão Parlamentar Conjunta (CPC), Foro Consultivo Econômico-Social (FCES) e a Secretaria Administrativa do MERCOSUL (SAM). (FREITAS JÚNIOR, 2006).

O protocolo de Olivos foi firmado em fevereiro de 2002 para o aperfeiçoamento do protocolo de Brasília, para aprimorar as soluções de controvérsias entre os estado membros do bloco. (FREITAS JÚNIOR, 2006).

Foi protocolado e assinado em 24 de julho de 1998 na cidade argentina de Ushuaia, o protocolo de Ushuaia, pelos quatro Estados-membros do MERCOSUL, Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai e os dois Estados-associados Bolívia e Chile, reafirmando o compromisso democrático entre os Estados assinados. (FOLHA, 2010).

E por último foi instituído o Protocolo de adesão da República Bolivariana da Venezuela ao MERCOSUL em 2006. Entretanto, este país teria que estar em conformidade com a legislação do bloco para ter completa aceitação dos Estados-partes. Contudo, este país ainda não é membro, pois o Paraguai não assinou o tratado concordando a entrada da Venezuela.

Portanto o interesse dos países na integração regional para o fortalecimento do bloco diante de outros blocos e de outros países é notável. Foram estabelecidos protocolos que visam à harmonização entre os países membros do bloco, determinando regras e determinações aos membros, para o bom funcionamento do bloco.

2.5.2. Objetivos do MERCOSUL

De acordo com as afirmações de Egler (2006), o MERCOSUL é um amplo projeto de integração concebido por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, que envolve dimensões econômicas, políticas e sociais e que tem por objetivo à formação de um mercado comum entre os seus Estados-Partes, primando pela livre circulação de bens, serviços e fatores de produção entre os países do bloco, o estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial conjunta em relação a terceiros Estados. (BRASIL, 2010a).

No aspecto econômico, o MERCOSUL assume atualmente o caráter de União Aduaneira, mas com principal objetivo de constituir-se em verdadeiro Mercado

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Comum, seguindo os objetivos estabelecidos no Tratado de Assunção, por meio do qual o bloco foi fundado, em 1991.

No que se refere à política tarifária o MERCOSUL conta desde 1995 com uma Tarifa Externa Comum (TEC) que abrange todo o universo de produtos comercializados com terceiros países. Cerca de nove mil itens tarifários integram hoje a nomenclatura comum do MERCOSUL, com tarifas ad valorem que variam, em geral, de 0% a 20%, de acordo com a categoria de produtos e a existência ou não de produção regional. Há uma série de procedimentos aduaneiros e administrativos que foram adotados com vistas a assegurar maior uniformização na aplicação da TEC. (EGLER, 2006).

No âmbito social, os cidadãos dos Estados-Partes do MERCOSUL são amparados com o direito à residência e ao trabalho em qualquer país do bloco, com o único requisito de ter a nacionalidade de algum dos países integrantes. Desde que tenham passaporte válido, certidão de nascimento e certidão negativa de antecedentes penais, cidadãos dos Estados-Partes podem requerer a concessão de residência temporária de até dois anos e antes de expirar este prazo, poderá o mesmo requerer sua transformação em residência permanente. (BRASIL, 2010 b).

Nota-se que o MERCOSUL visa unir todos os integrantes do bloco, com o intuito de fazer um intercâmbio econômico, político e social. A vontade de ampliação sempre acompanhou o bloco, como se demonstra nos acordos com o Chile e a Bolívia para se tornarem Estados associados e mais recentemente com a celebração do Acordo de Complementação Econômica com a Comunidade Andina de Nações – CAN e a entrada da Venezuela, como sócio de pleno direito. (FREITAS JUNIOR, 2006).

Para a criação de um mercado comum, o Tratado de assunção previu o estabelecimento de programa de liberação comercial, com vistas à aplicação de tarifa zero no comércio intrazona para a totalidade do universo tarifário e a implementação de uma tarifa externa comum. Reconheceu, ainda, a necessidade de que Paraguai e Uruguai cumprissem com o programa de liberação comercial de forma diferenciada. Em observância aos princípios do gradualismo e da flexibilidade, os quatro sócios consideraram importante que a desgravação tarifária ocorresse em velocidade menos intensa para as economias menores do agrupamento. (BRASIL, 2010a).

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O MERCOSUL caracteriza-se pelo regionalismo aberto e isso significa que a criação do bloco tem por objetivo não só o incremento do comércio intrazona, mas também o estímulo às trocas com terceiros países não associados do bloco. São Estados Associados do MERCOSUL a Bolívia desde 1996, o Chile desde 1996, o Peru desde 2003, a Colômbia e o Equador desde 2004. Além disso, o Tratado de Assunção é aberto, mediante negociação, à adesão dos demais Países Membros da ALADI. (BRASIL, 2010a).

Por fim podemos analisar que o MERCOSUL é um bloco em crescimento e que tem por seus objetivos a integração dos países, formando um mercado comum, com tarifas para a comercialização de produtos para terceiros países, com foco na livre circulação de bens, serviços e pessoas, dentre outros pontos estratégicos para o fortalecimento do bloco.

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3.1. CARACTERÍSTICAS DOS GOVERNOS DE FHC QUANTO A DIPLOMACIA BRASILEIRA EM RELAÇÃO AO MERCOSUL

Fernando Henrique Cardoso (FHC) foi Presidente da República pelo partido do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), eleito em 1994 em primeiro turno. Seu primeiro governo iniciou-se em 1º de janeiro de 1995 e findou-se em 31 de dezembro de 1998. Tentou a reeleição em 1998 e com êxito foi reeleito já no primeiro turno novamente, com mandato de 1º de janeiro de 1999 a 31 de dezembro de 2002. (RIBEIRO, 2010).

FHC representava o novo político dos anos 1990, considerado jovial, contra a política tradicional, poliglota e intelectualizado. (VIZENTINI, 2005).

De acordo com Barnabé (2009), FHC possuía certa experiência em relação ao planejamento da política externa e com a atuação da diplomacia, pois exerceu a função de Ministro das Relações Exteriores no governo de Itamar Franco, o que contribuiu para uma gestão diplomática mais eficaz durante seu governo.

No entendimento de Almeida (2004), FHC estava apto a exercer o cargo de Ministro das Relações Exteriores, pois possuía uma grande vivência internacional, amplo conhecimento de idiomas e da realidade mundial, possuía contatos estratégicos nos meios acadêmicos e políticos nos principais países do mundo.

Enquanto Ministro, FHC confirmou uma nova visão pragmática do cenário mundial, sendo que associava os empresários brasileiros a novos temas econômicos externos. (ALMEIDA, 2004).

Para FHC as linhas de ação prioritárias da diplomacia brasileira e da política externa foram as de avançar no caminho da integração regional, aprofundando o MERCOSUL, estímulo à estratégia de diversificação de parceiros nas relações bilaterais, ação junto às organizações econômicas multilaterais, em especial à OMC, e concentrar esforços para elevar a posição de potência internacional do Brasil, tornando-se um membro permanente do Contornando-selho de Segurança da ONU, usando como argumento o tamanho territorial do país, contingente populacional e seu status na organização. (VIZENTINI, 2005).

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Houve uma expressiva participação de FHC nas viagens a trabalho, participações em fóruns internacionais, encontros regionais, dentre outros eventos em que participou e que resultaram em boas relações políticas e sociais entre os Chefes de Estados, podemos citar a participação de FHC no fórum econômico do MERCOSUL em 2000, onde esteve presente mantendo relações sociais, políticas e comerciais com outros Chefes de Estado dos países membros do bloco. (BARNABÉ, 2009).

Em dois anos e meio de mandato FHC cumpriu uma agenda extensa com 47 compromissos internacionais, incluindo viagens e escalas, cobrindo praticamente as principais modalidades da diplomacia de visitas, deslocamentos e encontros presidenciáveis. Fato este que contribuiu para que FHC se encontrasse com quase todos os mandatários do mundo, incluindo os presidentes dos países do MERCOSUL. (DANESE, 1999).

É a partir do governo de FHC que a prática da diplomacia presidencial ganha vulto e importância no país. Este Presidente era amparado pelo prestígio internacional e desafiado pelos novos temas que passaram a compor a agenda da diplomacia brasileira, FHC explicitou a relevância do Presidente como ator nas relações internacionais e, embora sempre tendo como referência o MRE, o Presidente passou a interferir diretamente na condução da política externa do país. (BARNABÉ, 2009).

O Ministro das Relações Exteriores, no 1º mandato e uma parte do segundo mandato de FHC, foi Luiz Felipe Lampreia, no qual representou a presidência e o país diante de outros atores internacionais juntamente com o MRE. Em muitos dos seus discursos, enquanto Ministro, o mesmo afirmou a importância da presença do Presidente diante da política externa e da condução da diplomacia brasileira. (DANESE, 1999).

Nos dois mandatos de FHC a conduta da diplomacia brasileira em relação com os outros Estados, esteve pautada no pacifismo, na obediência do direito internacional, na defesa da autodeterminação e da não intervenção e no pragmatismo da defesa dos interesses do Estado. Para FHC e seu ministro de Relações Exteriores, era preciso visualizar o futuro do Brasil, portanto a diplomacia brasileira deve atuar a longo prazo, se adequando com o mundo atual. (PEREIRA, 2007).

O Ministro Lampreia afirmou, ainda, que a diplomacia presidencial que FHC exercia vinha se destacando era uma exigência da diplomacia moderna, que

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também contribuiu para que houvesse uma sintonia perfeita entre o MRE, a presidência e os seus parceiros. (DANESE, 1999).

De acordo com Pinheiro (2004), no governo de FHC, a linha de atuação diplomática buscou reforçar o fortalecimento das instituições multilaterais internacionais, pois considerava que o país não possuía autonomia suficiente para deter o poder e com essa integração internacional o Brasil poderia se tornar mais forte e com maior autonomia em âmbito global.

A política externa neste governo teve como objetivo principal a inserção do Brasil no sistema internacional, inaugurando a imagem de um ator influente. Independentemente dos avanços concretos das diretrizes estabelecidas para o âmbito internacional, os governos FHC estabeleceram um novo papel ao Brasil, o que esteve entre os propósitos brasileiros. (PRADO, 2007). Martins (2005) cita que o Brasil no governo FHC se orientou a preservar e ampliar sua margem de ação autônoma no mundo.

Em um dos seus discursos FHC ressaltou a importância da dimensão internacional do Brasil no mundo, e disse que uma projeção externa faz parte de solução dos problemas do país, sendo que a globalização era irreversível e o país precisava se adequar a tal fato, não podendo o Brasil viver isoladamente, por isso o interesse do presidente em fazer a promoção do país para o mundo e principalmente para os blocos econômicos, tais como União Europeia, MERCOSUL, entre outros. (DANESE, 1999).

A política internacional do governo de FHC foi comandada pelo ministro Luiz Felipe Lampreia, que a definiu como a busca pela autonomia na integração. O uso da diplomacia foi intensivo neste governo por ser considerada como uma maneira de melhor conduzir a política externa e com isso foi possível aprimorar as relações com os países industrializados, aprofundar vínculos com os países da América do Sul, obter um diálogo político mais positivo com os Estados Unidos da América e consolidar o MERCOSUL. (LOPES, 2006).

Afirmou ainda FHC, em seu discurso de posse de presidente, que temos que valorizar ao máximo a presença do Brasil no mundo, tanto política quanto econômica, condição esta que favorece a inserção e a integração regional partindo do MERCOSUL. (CARDOSO, 1995).

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No caso do Brasil, o MERCOSUL tornou-se, no espaço de menos de uma década, o principal projeto da diplomacia nacional. O bloco atrai hoje para a região um volume crescente de investimentos de grande porte, com impactos importantes na geração de novos empregos. Estou, assim, convencido de que as políticas de integração regional têm de ter mecanismos decisivos de combate aos efeitos mais danosos da globalização. (CARDOSO, 1995).

O ex-presidente acena que realizará a construção do MERCOSUL, sendo para o Brasil é uma prioridade absoluta, uma conquista que veio para ficar, e que não deixará de existir pela participação em esquemas de integração de maior abrangência geográfica. Segundo o ex-presidente, “O MERCOSUL é tão importante para o Brasil, quanto a União Europeia é para a França”. (CARDOSO, 1995).

De acordo com Rossi (1997), FHC ao encerrar a cúpula econômica do MERCOSUL em setembro de 1997, desenhou uma espécie de tabela de prioridades para a diplomacia brasileira, na qual o MERCOSUL ocupa de longe o primeiro lugar. Entretando, FHC afirma que, “é impensável o futuro do Brasil, da Argentina, do Chile, do Paraguai e do Uruguai sem o MERCOSUL”.

Segundo Oliveira (2005) o MERCOSUL foi instrumentalizado para legitimar suas políticas econômicas de abertura comercial, mais do que investido no bloco como um projeto comum de integração, durante o governo de FHC.

Para Almeida (2004), o governo de FHC, adotou o MERCOSUL em sua diplomacia presidencial como uma base possível para a integração econômica da região com o mundo e que conduziria ao fortalecimento das relações econômicas na região. De forma geral, os temas econômicos e comerciais tiveram, para FHC, prioridade sobre os demais na agenda do MERCOSUL.

E ainda para Prado (2007), um dos principais objetivos de FHC para o âmbito internacional estava à integração regional, através do aprofundamento do MERCOSUL com o envolvimento brasileiro nas discussões da agenda do bloco regional, a diversificação e ampliação das relações bilaterais do Brasil, tendo em vista o interesse nacional em angariar novas parcerias comerciais e a participação intensa do país nos foros das organizações internacionais.

Entretanto no governo de FHC houve a fragilização do MERCOSUL, pois foi dado ênfase excessiva na dimensão do livre comércio, deixando para segundo plano

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os aspectos estratégicos e sociais do processo de integração, ou seja, pouco progresso na integração econômica, política e física da América do Sul. (FOLHA, 2006).

O cenário mundial em que o governo de FHC se baseou para a sua inserção internacional começou a se desarticular. Em 1999, no início de seu segundo mandato, o MERCOSUL passou por um momento extremamente delicado, onde houve um desequilíbrio entre Brasil e Argentina, o que também afetou a relação com os demais membros e os países associados. MERCOSUL e seus países membros entram em crise, perdendo assim a dinâmica do bloco. (VIZENTINI, 2005).

Para FHC, as relações com os países membros do bloco eram definidas como estratégicas, sendo que houve uma grande ênfase retórica em seu governo a essas relações, mas de fato poucas iniciativas foram implementadas durante o primeiro mandato, a não ser uma bem sucedida mediação no conflito fronteiriço entre o Peru e o Equador, onde os países disputam por um determinado território. (LOPES, 2006).

O MERCOSUL constitui uma das mais importantes prioridades da diplomacia brasileira. O bloco era visto pela administração FHC como uma base possível para a integração econômica do Brasil com o mundo e conducente ao fortalecimento das relações econômicas na região e fora dela. Neste governo era visto que o bloco era possível de integração, porém não o único a ter prioridade. . (ALMEIDA, 2004).

3.1. CARACTERÍSTICAS DOS GOVERNOS DE LULA QUANTO A DIPLOMACIA BRASILEIRA EM RELAÇÃO AO MERCOSUL

Lula, antes de ser o atual Presidente, tentou a candidatura à presidência em outros momentos da política brasileira. Sendo que desde sua primeira campanha política já defendia uma política externa brasileira independente e soberana, sem alinhamentos automáticos, pautada pelos princípios de autodeterminação dos povos, não ingerência nos assuntos internos de outros países e pelo estabelecimento de relações com governos e nações em busca de cooperação a base de plena igualdade de direitos e benefícios mútuos. (ALMEIDA, 2004).

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Entre tantas tentativas de candidatura ao cargo de presidente, Lula é eleito pelo voto direto ao cargo de Presidente da República Federativa do Brasil pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e assumiu seu mandato no dia 01 de janeiro de 2003 e findou em 31 de dezembro de 2006. Tentou reeleição e com sucesso foi eleito novamente a Presidente, assumindo seu segundo mandato em 01 de janeiro de 2007 e que findará em 31 de dezembro de 2010.

Em seu plano de Governo, dentre outros pontos, Lula reconhece a necessidade de revigorar o MERCOSUL, transformando-o em uma zona de convergência de políticas estruturais, agrícolas, comerciais, científicas e tecnológicas, educacionais e culturais, pois só assim o bloco estará apto para enfrentar desafios macroeconômicos, como por exemplo, a política monetária comum, prevista no Tratado de Assunção. (LOPES, 2006).

Lula procurou evidenciar, nesse plano de governo, que os interesses nacionais do Brasil e de seus vizinhos poderiam convergir no âmbito regional, e isso seria comprovado através da política externa. Outro ponto importante é que esse governo considera a política de regionalização compatível com o desenvolvimento nacional. (LOPES, 2006).

Apesar deste plano de governo estar baseado na ideologia partidária do PT, as diretrizes para a área internacional foram estabelecidas de forma a englobar o maior número de frentes de atuação possível. O investimento em várias questões diplomáticas poderia ser mais proveitoso para o Brasil, uma vez que o objetivo principal das escolhas nessa esfera era a conquista de maior espaço no sistema internacional. Para tanto, o governo adotou medidas que não afetariam a imagem do país, em um cenário global caracterizado por intensos jogos de poder e disputas por influência. Nesse sentido, o Brasil se portaria de uma forma neutra e sem alinhamentos. (PRADO, 2007).

Este plano de governo considerava a Política Externa e a diplomacia brasileira indispensável para atingir a soberania do país. A diplomacia era tida como um meio fundamental para que o governo implantasse um projeto de desenvolvimento nacional alternativo, que ambicionava a redução da vulnerabilidade brasileira diante da instabilidade dos mercados financeiros globais. Outro objetivo desta política era o de contribuir positivamente na redução das tensões internacionais e, assim, atingir um equilíbrio econômico, social e político mundial que respeitasse as diferenças culturais, étnicas e religiosas. (LOPES, 2006).

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Na condução da diplomacia dos governos de Lula destaca-se um dinamismo da diplomacia presidencial brasileira, visto que há uma participação pessoal do Chefe de Estado nos assuntos internacionais com intensidade sem igual. Tal afirmação é comprovada por meio das viagens de trabalho realizadas pelo Chefe de Estado, um ativo circuito de contatos entre Chefes de Estados e seus diplomatas. (BARNABÉ, 2009).

A Diplomacia Presidencial não foi muito utilizada no governo de Lula, e passou a ser definida como Ativismo Diplomático do governo de Lula. Esse termo é diferenciado apenas para a distinção entre o governo anterior. (BARNABÉ, 2009).

De acordo com o Ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, que durante os dois mandatos de Lula esteve presente diante do MRE e das relações internacionais, para ele a diplomacia do governo Lula é “ativa e altiva”. Este ativismo e esta altivez do governo Lula são explicitados pelo caráter mais dinâmico e presencial do Presidente e pela imersão do país de maneira mais incisiva em temas diversos, tais como a cooperação Sul-Sul, o multilateralismo, o MERCOSUL, a liderança brasileira, etc. (BARNABÉ, 2009).

No governo de Lula, a condução da política externa e da diplomacia brasileira são as peças chaves para o sucesso da economia nacional, pois com a abertura no mercado externo é possível impulsionar as exportações dos produtos brasileiros, contribuindo assim para a expansão dos negócios nacionais. (RIBEIRO, 2007).

Almeida (2004) afirma que é certo que Lula apresenta um ativismo exemplar, evidenciado em dezenas, ou mais propriamente centenas, de viagens e visitas bilaterais do chefe de governo e seu ministro no exterior.

O Presidente Lula realizou muitas viagens diplomáticas, participando ativamente de foros internacionais e debates multilaterais, e consolidando a imagem do Brasil como país atuante no cenário global. Tomando como exemplo a participação do presidente Lula ao Fórum Econômico Mundial em Davos na Suíça e presença constante as reuniões de Cúpula do MERCOSUL. (PRADO, 2007).

Em seu discurso de posse Lula afirma que “mudança” será a palavra chave para a nova era de seu governo, “mudança por meio do diálogo e da negociação, sem atropelos ou precipitações, para que o resultado seja consistente e duradouro”. (SILVA, 2003).

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E para a mudança do país e reconhecimento internacional, Lula afirmou ainda em seu discurso que:

A grande prioridade da política externa durante o Governo será a construção de uma América do Sul politicamente estável, próspera e unida, com base em ideais democráticos e de justiça social. Para isso é essencial uma ação decidida de revitalização do MERCOSUL, enfraquecido pelas crises de cada um de seus membros e por visões muitas vezes estreitas e egoístas do significado da integração. O MERCOSUL, assim como a integração da América do Sul em seu conjunto, é sobretudo um projeto político. Mas esse projeto repousa em alicerces econômicos comerciais que precisam ser urgentemente reparados e reforçados. (SILVA, 2003).

Neste mesmo discurso, o Presidente Lula afirma que o bloco será prioridade em seu governo e que pretende investir para a revitalização e fortalecimento do bloco para o sucesso dos países membros do MERCOSUL. (SILVA, 2003).

Em discurso na XXIV reunião de cúpula do MERCOSUL nos dias 18 e 19 de junho de 2003, Lula afirma novamente a importância do bloco para o desenvolvimento de uma integração regional. Disse Lula que é possível retomar os passos necessários para consolidar o MERCOSUL como União Aduaneira, para que os produtos encontrem mercados sem restrições e trilhar o caminho para a construção de um verdadeiro Mercado comum, espaço ampliado de prosperidade para as populações. (BRASIL, 2010).

Visto que Lula possuiu uma agenda extensa de viagens e visitas a outros Chefes de Estado, participações em foros internacionais entre outros eventos, podemos verificar que Lula foi mediador de vários conflitos entre os países e foi interlocutor de vários acordos, tais como o Acordo de Livre Comércio entre o MERCOSUL e Peru (ACE-58), onde este país se torna Estado associado do bloco em 2003, a ratificação pelo Brasil do Protocolo de Olivos sobre Solução de Controvérsias no MERCOSUL em 2003. (BRASIL, 2010).

Entre os dias 25 e 26 de setembro de 2003 foi realizado em Montevidéu o I Encontro de Presidentes de Câmaras dos Poderes Legislativos do MERCOSUL, sendo que o Presidente Lula esteve presente no evento para prestigiar o encontro celebrado com outros Presidentes do bloco. (BRASIL, 2010).

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O Presidente Lula participa da XXV Cúpula do MERCOSUL em Montevidéu, onde foi assinado o Acordo de Complementação econômica entre o MERCOSUL e Colômbia, Equador e Venezuela (ACE-59) e foi criado o cargo de Presidente da Comissão de Representantes Permanentes do MERCOSUL, em 16 de dezembro de 2003. (BRASIL, 2010).

Lula inaugurou em Berlim a primeira Mostra Institucional do MERCOSUL com o objetivo de divulgar a imagem do bloco e promover o comércio entre os blocos, no dia 13 de maio de 2004. (BRASIL, 2010).

Em 2004 o governo brasileiro e os países membros do bloco avançaram nos compromissos estabelecidos no Programa de Trabalho para 2004 a 2006, com o objetivo de reconstruir a união aduaneira do MERCOSUL e lançar as bases para o mercado comum. Lula determinou que o fortalecimento do bloco constituía a prioridade central da política externa, a partir de alianças estratégicas com os países da região e da construção de um espaço integrado da América do Sul. (BRASIL, 2010).

Em 7 e 8 de julho de 2004 aconteceu a XXVI Cúpula do MERCOSUL em Puerto Iguazú na Argentina, e o Brasil assume a liderança rotativa do bloco. Lula diz em seu pronunciamento que irá iniciar prontamente as negociações para a conclusão de um acordo de livre comércio entre o MERCOSUL e o México. (BRASIL, 2010).

O Presidente Lula participa da XXVIII Cúpula do MERCOSUL na cidade de Assunção no Paraguai, onde foi estabelecido o Grupo Bilateral de Inteligência Brasil-Paraguai na esfera da pirataria, da falsificação e do contrabando de produtos pirateados e falsificados. (BRASIL, 2010).

Entre os sias 8 e 9 de dezembro de 2005 o Presidente Lula participa da XXIX Cúpula do MERCOSUL em Montevidéu, sendo que no mesmo encontro é tomada a decisão política de promover o ingresso da Venezuela como membro pleno do bloco. É criada ainda a Comissão Estratégica de Reflexão sobre o processo de integração sul-americana. (BRASIL, 2010).

Nos dias 20 e 21 do mês de julho de 2006 o Presidente Lula participa da XXX Cúpula do MERCOSUL, na cidade de Córdoba na Argentina, sendo esta a primeira a contar com a presença da Venezuela como membro pleno no bloco. (BRASIL, 2010).

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