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A atuação do serviço social no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II Ponta do Coral) no município de Florianópolis - SC

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A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS II PONTA DO CORAL) NO MUNICÍPIO DE

FLORIANÓPOLIS - SC

Palhoça 2008

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A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS II PONTA DO CORAL) NO MUNICÍPIO DE

FLORIANÓPOLIS - SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profª Maria de Lourdes Leite Silva Basto, MSC

Palhoça 2008

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A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS II PONTA DO CORAL) NO MUNICÍPIO DE

FLORIANÓPOLIS - SC

Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Assistente Social e aprovado pelo curso de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina

Palhoça, ____ de ___________ de 2008.

__________________________________________ Profª orientadora Maria de Lourdes Leite Silva Basto, MSC

Universidade do Sul de Santa Catarina

_____________________________________________ Profª Janice Merigo, MSC

Universidade do Sul de Santa Catarina

_____________________________________________ Profº Jeferson Rodrigues, MSC

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Agradeço a Deus, em primeiro lugar, pelas oportunidades que sempre me proporcionou. Sem suas bênçãos em minha vida não teria chegado até aqui.

A meu querido Pai, Luiz Carlos (in memorian), que sempre batalhou para que eu pudesse fazer faculdade e, mesmo partindo continuou me fortalecendo para que seguisse até o final do curso.

As minhas irmãs, sobrinhos e a minha querida mãe Laureana Maria, que me serve de apoio.

A minha amiga Andreza que quando eu mais preciso está sempre disposta a ajudar.

À família Anzorena que me tratam como se eu fizesse parte dela.

Às professoras Janice Merigo e Maria de Lourdes da Silva Leite Basto, pelas orientações e pelas palavras de incentivo;

Aos colegas de turma pelos quatro anos de caminhada, em especial, às verdadeiras amizades que conquistei Estela Maria Rodrigues, Gabriela Müller e Marina de Souza pelo companheirismo e por dividirmos momentos de alegrias e tristezas, passamos dias inesquecíveis.

As minhas primas Marta, Cleuza e Fabrícia que me deram muita força para continuar na faculdade e fazer minha formatura.

Ao meu namorado e minha sogra, pela força, e por sempre me deixarem realizar os trabalhos de faculdade em sua casa.

Aos usuários e funcionários do Caps II Ponta do Coral, agradeço o carinho que sempre me dedicaram e o aprendizado oportunizado.

Enfim, a todas essas pessoas, deixo meu sincero agradecimento. Peço a Deus que abençoe e ilumine seus caminhos.

Ao amigo João Renato que sempre esteve presente mesmo após o falecimento do meu pai.

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O presente trabalho foi realizado a partir do estágio curricular em Serviço Social no Centro de Atenção Psicossocial Caps II Ponta do Coral, com o objetivo de descrever a atuação do Serviço Social na instituição e, ainda, como o Assistente Social é percebido pelos demais profissionais. Para isso, foi descrito o processo de trabalho do Serviço Social na Saúde Mental, bem como, as atividades que o Caps oferece aos usuários. Como método, optou-se por ser uma pesquisa do tipo exploratória e descritiva com abordagem quantitativa, sendo escolhido a aplicação de questionários como instrumento de coleta de dados. Além dos principais resultados analisados, os entrevistados destacaram pontos fundamentais para a atuação do Assistente Social considerando que o Serviço Social atua integrado com todos os profissionais da equipe, desempenhando sua função de forma a contribuir com a inserção social, familiar e de trabalho dos usuários, bem como com a ampliação de sua autonomia na busca por seus direitos. Ressalta-se que o Assistente Social é um profissional com papel decisivo pois, estabelece vínculos com os usuários e familiares. No campo de estágio o trabalho é desenvolvido de forma interdisciplinar, propiciando a troca de saberes em pról de um objetivo em comum. Sendo assim, constata-se que o Serviço Social têm uma participação fundamental na Saúde Mental, seja pelo ponto de vista técnico ou dos usuários. Este profissional deve desenvolver ações que promovam a integração do sujeito com o contexto o qual se insere, que incluem a rede de relações sociais e o ambiente familiar, pois a loucura deve ser entendida para ser tratada.

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1 INTRODUÇÃO...09

2 A SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO BRASILEIRO...11

2.1 A ORIGEM DA PSIQUIATRIA NO BRASIL...11

2.2 O PROCESSO HISTÓRICO DA REFORMA PSIQUIÁTRICA...12

2.3 O MOVIMENTO DE LUTA ANTIMANICOMIAL...14

2.4 POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL E EM SANTA CATARINA...16

3 SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE MENTAL...18

3.1 A PRODUÇÃO DA “LOUCURA” NA SOCIEDADE CAPITALISTA...18

3.2 BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL...21

3.3PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE MENTAL...22

4 O SERVIÇO SOCIAL NO CAPS DE FLORIANÓPOLIS...29

4.1 APRESENTAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO...29

4.2 O SERVIÇO SOCIAL NO CAPS...35

4.2.1 Benefícios previstos na Política de Assistência Social... 35

4.2.2 Cursos profissionalizantes...36

4.2.3 Atendimento Familiar...37

4.2.4 Acompanhamento na Associação de Usuários...39

4.2.5 Participação nas oficinas terapêuticas e de produção...39

4.2.6 Acolhimentos...39

4.2.7 Visitas domiciliares...40

4.2.8 Entrevistas iniciais...40

4.2.9 Participação na assembléia de usuários...40

4.2.10 Participação na elaboração do Projeto Núcleo Oficina do Trabalho...41

4.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...42

4.3.1 Caracterização da pesquisa...42

4.3.2 Sujeitos da pesquisa...42

4.3.3 Instrumento de coleta de dados...42

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6 CONCLUSÃO...50 REFERÊNCIAS...51 APÊNDICE QUESTIONÁRIO...53

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GRÁFICO 1 – Sexo...43

GRÁFICO 2 - Formação profissional:...44

GRÁFICO 3 - Tempo de atuação profissional...45

GRÁFICO 4 - Tempo de atuação no Caps II Ponta do Coral:...46

GRÁFICO 5 - Participação do Assistente Social na equipe técnica do Caps...47

GRÁFICO 6 - Relação do Assistente Social com os outros profissionais da equipe...47

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CAPS – Centro de Atenção Psicossocial PT – Partido dos Trabalhadores

SUS – Sistema Único de Saúde

OMS – Organização Mundial da Saúde

INPS – Instituto Nacional de Previdência Social

HCTP – Hospital De Custódia e Tratamento Psiquiátrico LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social

BPC – Benefício de Prestação Continuada EJA – Educação de Jovens e Adultos PVC – Programa de Volta Pra Casa

SUAS – Sistema Único de Assistência Social INSS – Instituto de Seguridade Social

MDS – Ministério do Desenvolvimento Social FNAS – Fundo Nacional de Assistência Social

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho de Conclusão de Curso é resultado do estágio realizado no Centro de Atenção Psicossocial CAPS II PONTA DO CORAL, no município de Florianópolis/SC. No decorrer do estágio observou-se a importância do Serviço Social na garantia e defesa dos direitos dos usuários na Saúde Mental, por se tratarem de usuários com sofrimentos psíquicos e, na maioria das vezes, excluídos do meio social e familiar. Sendo assim, surgiu o interesse em conhecer a percepção dos profissionais do Caps em relação a atuação do Assistente Social na equipe.

As situações da sociedade moderna acabam gerando com muita freqüência, ansiedades e alterações mentais, transitórias ou permanentes, suficientes em retirar de algumas pessoas a serenidade mental ou a capacidade de decisão necessária aos atos da vida civil.

Dependendo da extensão e do tempo da doença, é impossível ao acometido de transtornos psíquicos praticarem atos civis válidos ou inteiramente hábeis a gerar efeitos pessoais e patrimoniais diante de terceiros. Importante é saber, contudo, que a pessoa com transtornos psiquícos não é, necessariamente, portadora de deficiência.

A demanda psiquiátrica catarinense aumentou rapidamente, seja pelo desenvolvimento vivido pelo estado catarinense, seja pelo crescimento populacional ou pelas crises econômicas. O Estado tem o dever de desenvolver a Política de Saúde Mental. Deve, também, promover ações de saúde aos usuários com transtornos psiquícos, voltadas à prestação de assistência e a garantia de direitos.

Considera-se que seja fundamental ressaltar a atuação do Serviço Social na rede de atenção à Saúde Mental. Todavia, o agir profissional deve pautar-se no Código de ética que regulamenta a profissão.

O referido trabalho de Conclusão de Curso apresenta inicialmente, a introdução, seguidos de três capítulos: A Saúde Mental no Contexto Brasileiro, Serviço Social e Saúde Mental e o Serviço Social no Caps de Florianópolis. Após seguem as considerações finais, bibliografia e apêndice.

Apresenta como principal objetivo, conhecer a percepção dos profissionais do Caps em relação a atuação do Assistente Social na equipe.

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Descrever a experiência do Serviço Social na Saúde Mental, vivenciada no Caps II Ponta do Coral, no Município de Florianópolis SC. Como objetivos específicos especificar o processo de trabalho do Serviço Social na instituição, e conceitualizar a Política de Saúde Mental bem como a experiência vivenciada.

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2 A SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO BRASILEIRO

Neste primeiro capítulo, será abordada a Saúde Mental no contexto brasileiro, bem como a origem da psiquiatria no Brasil, o processo da Reforma Psiquiátrica, o movimento de Luta Antimanicomial e a política de Saúde Mental no Brasil e em Santa Catarina.

2.1 A ORIGEM DA PSIQUIATRIA NO BRASIL

A psiquiatria no Brasil surge com a chegada da família real no País, com o objetivo de colocar ordem na urbanização e disciplinar a sociedade e sendo, dessa forma, compatível ao desenvolvimento mercantil e às novas políticas do século XIX.

Segundo Venâncio (2003, p.17)

A chegada da família real ao Brasil provocou transformações econômicas, culturais e políticas. Abriram–se os portos às nações amigas e firmou-se um tratado comercial com a Inglaterra, provocando um rápido progresso no País. Até sua independência, em 1822, o Brasil passou um período de transição, com a realização de uma série de benefícios. A imprensa voltou a funcionar, fundou-se o Banco do Brasil, criaram-se as escolas médicas e a Biblioteca Pública (atual Biblioteca Nacional), construíram-se as primeiras estradas, e as primeiras indústrias (siderurgia e construção naval) começaram a funcionar.

Para o autor, a criação do primeiro hospício brasileiro está relacionada com o crescimento e o processo de urbanização, e a necessidade de recolher os habitantes que perambulavam pelas ruas, principalmente os desempregados, que não aceitavam as condições de trabalho existentes, os mendigos, órfãos, os marginais de todo o tipo e os “loucos”. Esses habitantes eram recolhidos nos Asilos de Mendicância e de órfãos, administrados pela Santa Casa de Misericórdia. Os imigrantes foram a clientela predominante do primeiro hospício brasileiro, no início de sua existência, visto que a mão – de – obra, até então escrava, começou a mudar de perfil com a chegada dos estrangeiros.

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A loucura começou a ser encarada como doença, e como tal, sujeita a tratamento médico, se tornando objeto de cuidados específicos no primeiro hospício brasileiro, chamado hospício de Pedro II que foi construído, como dependência da Santa Casa, na Praia Vermelha, bem distante do centro urbano na época. Sendo inaugurado em 1852, com 350 leitos.

De acordo com Venâncio (2003), o hospício de Pedro II, em 1841, foi criado na cidade do Rio de Janeiro por decreto do Imperador, pois, naquela época os loucos geralmente morriam por serem submetidos a maus-tratos. Foi inaugurado com 144 dos seus 350 leitos ocupados e sua lotação esgotou-se após um ano de funcionamento.

No entanto, apesar da criação do hospício continuaram, os médicos a tecer críticas aos maus-tratos, à superlotação e à ausência de cura dos “doentes“. O resultado dessas críticas levou à desanexação do hospício da Santa Casa em 1890. Com o advento da República, o hospício passou a se chamar Hospício Nacional dos Alienados. O poder gerencial dos religiosos foi, então, substituído pelo poder dos médicos, que se consideravam os únicos capazes de levar adiante a proposta terapêutica do hospício.

O manicômio, dentre outros dispositivos disciplinares igualmente complexos, atravessou séculos até nossos dias, conformando uma sociedade disciplinar com dispositivos disciplinares complementares num processo de legitimação da exclusão e de supremacia da razão.

Frente a esta realidade surgem alguns movimentos que questionam a ordem estabelecida, procurando romper com a tradição manicomial brasileira, principalmente, com o fim da segunda guerra mundial. Todas essas experiências são referidas a um ou outro serviço ou grupo e estão à margem das propostas e dos investimentos públicos efetivos. Há forte oposição exercida pelo setor privado que se expande e passa a controlar o aparelho de Estado também no campo da saúde.

2.2 O PROCESSO HISTÓRICO DA REFORMA PSIQUIÁTRICA

Segundo Amarante (1995), a Reforma Psiquiátrica surge para traçar estratégias quanto ao questionamento e elaboração de propostas de transformação

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do modelo clássico e do paradigma da psiquiatria. Deve-se priorizar a regulamentação dos direitos das pessoas com transtornos psíquicos, bem como a substituição progressiva dos manicômios do País, por serviços psiquiátricos alternativos, dando início as lutas do Movimento da Reforma Psiquiátrica, consolidando-o como política de governo.

Tendo em vista que o médico era aquele que detinha um saber científico sobre a doença mental, era dele o direito de intervir e decidir sobre o “paciente”. É estabelecida, então, entre o médico e o “paciente”, uma relação de poder e submissão, de sujeito para objeto, onde o médico era o sujeito conhecedor e o “paciente”, objeto conhecido. Esta relação impede que o “paciente” se perceba como sujeito que sofre e que possui um entendimento próprio de seu sofrimento. Ser objeto remete em não ser alguém, ou seja, em não ter o direito de ser “responsável” pela sua vida.

Para Bisneto (2007, p.181)

O Movimento de Reforma Psiquiátrica nas suas várias vertentes tem como ponto comum a inter-relação entre o social e o sofrimento mental, e a ênfase na transformação das instituições sociais que intervêm no tratamento dos transtornos psíquicos: as organizações, asilos, hospícios, manicômios, as instituições psiquiátricas, psicanálise, psicologia, psicoterapia.

Bisneto (2007), considerava que com a desvalorização do trabalho humano e devido à falta de solidariedade com os excluídos, a continuidade das propostas da Reforma Psiquiátrica está tendo altos e baixos como, a diminuição dos investimentos públicos nos setores de Saúde Mental.

Os movimentos de Reforma Psiquiátrica que vêm acontecendo ao longo da história vêm questionando esta relação de poder entre médico e “paciente”. A crítica ao modelo “privatizante e hospitalocêntrico” vem impregnada por uma crítica ao poder que o psiquiatra possui e sobre as práticas manicomiais que derivam do exercício deste poder.

A crítica a esse modelo, dá origem a uma nova visão de saúde, com uma rede de atenção á Saúde Mental, criando serviços substitutivos aos já existentes, priorizando o atendimento às pessoas com transtornos psíquicos, nesses serviços. Portanto, cada vez mais essa rede vêm se fortalecendo, principalmente pelo fato dessas pessoas começarem a ser atendidas em redes de hospitais gerais e não mais em manicômios.

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Assim, surgiram novos protagonistas nas equipes atuantes nos serviços de Saúde Mental como por exemplo: Assistentes Sociais, Sociólogos, Artistas Plásticos, Terapeutas Ocupacionais e Arte Terapeutas, que introduziram novas práticas aos tratamentos tradicionais e descentralizaram, de certo modo, em termos de propostas de tratamento, a figura do médico, égide centralizadora de ações das equipes de Saúde Mental, no modelo tradicional.

De acordo com Bisneto (2007), a Reforma Psiquiátrica apresenta aspectos destacáveis que tocam o Serviço Social, sendo eles: a transformação progressiva das instituições psiquiátricas e de assistência social, bem como o reforço dos seus aspectos políticos.

Neste contexto, a interdisciplinaridade se torna indispensável para ultrapassar os limites dos saberes, como espaço democrático que permite maior horizontalidade nas relações de poder entre técnicos e usuários.

Está sendo considerada reforma psiquiátrica o processo histórico de formulação crítica e prática que tem como objetivos e estratégias o questionamento e a elaboração de propostas de transformação do modelo clássico e do paradigma da psiquiatria. No Brasil, a reforma psiquiátrica é um processo que surge mais concreta e principalmente a partir da conjuntura da redemocratização, em fins da década de 1970, fundado não apenas na crítica conjuntural ao subsistema nacional de saúde mental, mas também, e principalmente, na crítica estrutural ao saber e às instituições psiquiátricas clássicas, no bojo de toda a movimentação político-social que caracteriza esta mesma conjuntura de redemocratização (Amarante, 1995, p. 91).

Sendo assim, a Reforma Psiquiátrica amplia cada vez mais a atuação do Serviço Social na área da Saúde Mental, porque, surge mais um campo, pois, os Assistentes Sociais, contribuem com sua formação social e Política.

2.3 O MOVIMENTO DE LUTA ANTIMANICOMIAL

O Movimento de Luta Antimanicomial é um marco para o auxílio nas mudanças dos serviços psiquiátricos.

No dia 18 de Maio comemora-se o dia da Luta – Antimanicomial. No município de Florianópolis SC, esse dia ganha uma comemoração com programações especiais destinadas sempre a esse tema. Os usuários participam de feiras, palestras, fazem apresentações artísticas e expõem as peças produzidas nas

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oficinas do Caps. Geralmente os eventos desta data acontecem no centro da cidade ou na Universidade Federal de Santa Catarina.

De acordo com Bisneto (2007, p.34)

No Brasil, nos anos 1970, os militantes das várias correntes de psiquiatrias e psicologias alternativas se reuniram no Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental e organizaram congressos em níveis regionais e até nacionais, dos quais, na década de 1980, se originou o que chamamos de Movimento de Reforma Psiquiátrica (Amarante, 1995; “ Breve periodização histórica do processo de reforma psiquiátrica no Brasil recente “, in Vasconcelos, 2000 c. APUD BISNETO 2007 ). O Projeto de Lei de 1989 do deputado Paulo Delgado, do Partido dos Trabalhadores (PT) de Minas Gerais, que dispõe sobre a substituição progressiva dos manicômios por serviços psiquiátricos alternativos, é um marco histórico da luta antimanicomial, do movimento de desinstitucionalização da Psiquiatria tradicional.

Segundo Bisneto (2007), o projeto de Lei 3.657/89, conhecido como Lei Paulo Delgado, contém três pontos: detém a oferta de leitos manicomiais financiados com dinheiro público, redireciona os investimentos para outros dispositivos assistenciais não-manicomiais e torna obrigatória a comunicação oficial de internações feitas contra a vontade.

No que diz respeito à rede de atenção à Saúde Mental no município de Florianópolis, atualmente, conta com atendimento para pessoas com sofrimentos psíquicos no Centro de Atenção Psicossocial Caps II Ponta do Coral, através de um modelo que busca a autonomia do usuário e sua reintegração social.

De acordo com a Portaria 336/GM de 19/12/2002, o Ministério da Saúde, no uso de suas atribuições legais, com base na lei 10.216, de 06/04/2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas acometidas de transtornos psíquicos e redireciona o modelo assistencial em Saúde Mental, define:

ART 1- Estabelecer que os Centros de atenção Psicossocial poderão constituir-se nas seguintes modalidades de serviços: Caps I,Caps II,Caps III, definidos por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional,conforme disposto nesta portaria;

Art. 4- Definir, que as modalidades de serviços estabelecidos pelo Artigo 1 dessa portaria correspondam às características abaixo discriminadas:

4.1 – Caps. I- Serviço de atenção psicossocial com capacidade operacional para atendimento em municípios com população entre 20.000 e 70.000 habitantes;

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4.2 – Caps II- Serviço de atenção psicossocial com capacidade operacional para atendimento em municípios com população entre 70.000 e 200.000 habitantes;

4.3 – Caps III – Serviços de Atenção psicossocial com capacidade operacional para atendimentos em municípios com população acima de 200.000 habitantes.

No Caps II Ponta do Coral, a dinâmica do processo de trabalho favorece as abordagens que caminham no sentido da interdisciplinariedade, orientadas pelo projeto terapêutico que busca viabilizar a eqüidade, integralidade e intersetoriedade no atendimento das necessidades dos usuários e/ou grupos.

Desta forma, apesar da forte presença histórica da “Psiquiatria” como detentora do mandato social mais amplo no trato da “loucura”, esta nova modalidade de atenção psicossocial abre inúmeras possibilidades de valorização e de disputas de outros profissionais das equipes, pois, trazem outros saberes sobre a loucura. Assim, os paradigmas da Reforma Psiquiátrica são sustentados por conferências, documentos e portarias, que versam sobre a substituição progressiva do hospital psiquiátrico por uma rede de atenção integral à Saúde Mental, sobre o desmonte do aparato jurídico-institucional que legitima a instituição manicomial e o enfrentamento da cultura manicomial, ressignificando a loucura.

2.4 A POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL E EM SANTA CATARINA

Em 1986, os princípios e diretrizes da reforma sanitária foram sistematizados na VII Conferência Nacional de Saúde, destacando-se os seguintes elementos: conceito ampliado de saúde; reconhecimento da saúde como direito de todos e dever do Estado; SUS; Participação Popular.

Para Bisneto (2007), o Movimento Sanitarista que se iniciou em 1970, resultou no que conhecemos por Reforma Sanitária Brasileira, caracterizado por avanços democráticos na área da Saúde expressos na Constituição Brasileira de 1988, resultando na criação do SUS (Sistema Único de Saúde), que previa universalidade, integralidade e eqüidade da assistência à Saúde como direito do cidadão e dever do Estado.

A proposta que a Reforma Sanitária faz para reorientar o sistema de saúde brasileiro para cumprir os preceitos constitucionais é a implantação do

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Sistema único de Saúde (SUS). Em 1988, a Constituição Federal consagrou saúde como produto social e estabeleceu as bases legais dos municípios como responsáveis pela elaboração da política de saúde.

Para Bisneto (2007), com a implantação gradativa do SUS, no início dos anos 1990, a saúde se reafirma como o maior campo de trabalho do Serviço Social

Desde 1990, com a aprovação da Lei 8.080 – que institucionalizou o Sistema Único de Saúde (SUS) e ampliou o conceito de Saúde para além de sua dimensão curativa – os Assistentes Sociais tornaram-se protagonistas nesse processo (...) Hoje, a Saúde emprega boa parte dos 56 mil assistentes sociais existentes no Brasil, constituindo-se assim em seu principal mercado de trabalho. (Abreu, 1999:36. Apud BISNETO 2007)

Bisneto (2007) afirma que, a constituição é clara quando em seu artigo 196, configura a saúde como um direito de todos e um dever do Estado, garantidos através de políticas econômicas e sociais dirigidas tanto para a redução dos riscos de doenças e outros agravos quanto para a universalização do sistema. Ela consolida o marco legal do SUS como um sistema formado por várias instituições, nos três níveis de governo (União, estados e municípios), de direito universal, descentralizado e participativo, voltado para ações preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais.

De acordo com Bisneto (2007), deve-se haver uma integração entre Saúde Mental e atenção básica, com responsabilidades a serem compartilhadas, criando estratégias para ações conjuntas evitando práticas que levem à psiquiatrização, criando vínculos com famílias, desenvolvendo ações de mobilização de recursos comunitários e priorizando abordagens coletivas.

Dentro da atual Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde, os Caps são considerados dispositivos estratégicos para a organização da rede de atenção em Saúde Mental. Devem ser territorializados, ou seja, devem estar circunscritos no espaço de convívio social (família, escola, trabalho, Igreja, etc.) daqueles usuários que os freqüentam. Deve ser um serviço que resgate as potencialidades dos recursos comunitários à sua volta, pois todos estes recursos devem ser incluídos nos cuidados de Saúde Mental. A reinserção social pode se dar a partir do Caps, mas sempre em direção à comunidade.

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Neste capítulo será abordado o Serviço Social e a Saúde Mental, a partir de breves considerações acerca da produção da “loucura” na sociedade capitalista bem como, a trajetória histórica do Serviço Social, e o processo de trabalho do Assistente Social na Saúde Mental.

3.1 A PRODUÇÃO DA “LOUCURA” NA SOCIEDADE CAPITALISTA

De acordo com Martinelli (2000), a tarefa de periodizar a história mostrou-se mostrou-sempre muito complexa, mostrou-sendo permanentemente atravessada por uma diversidade de critérios e por uma ampla heterogeneidade de posicionamento.

Para Martinelli (2000,p.53)

As periodizações, plenas de controvérsia, no geral acabam por revelar a ausência de consenso entre os historiadores sobre os diferentes estágios e momentos de transmissão da humanidade. A concepção materialista da historia, colocando-se como uma autêntica e real superação desse impasse, preocupa-se menos com a periodização e mais com o fundamento explicativo das transformações que se processam na sociedade.

Tomando por referência o modo pelo qual a produção material é realizada, uma vez que considerado que este é determinante da organização política e do quadro institucional da sociedade, a concepção materialista vai procurar desvendar em cada modo de produção a historia que lhe é inerente e as suas contradições internas. A compreensão de tais contradições é de fundamental importância, pois é o seu amadurecimento que produz os diferentes fluxos históricos, a passagem de um modo de produção para outros e as transformações

Vasconcelos (2000), considera que o fenômeno singular conhecido como “loucura” tem longo registro na história da humanidade e extensa aparição nas diversas sociedades, inclusive em sociedades identificadas como primitivas. Foram-lhes atribuídas várias caracterizações para este fenômeno, como: castigo dos deuses, experiência trágica da vida, como possessão por demônios ou poderes sobrenaturais. Era considerada como experiência diferente de vida, ora apreciada, ora combatida, dependendo da sociedade em que se expressava, ou de como se manifestava nos diferentes contextos.

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Sendo assim, a “loucura” (independentemente da sua natureza), que faz emergir a incongruência dos valores sociais vigentes, que denuncia as ambivalências econômicas, morais, sexuais e políticas da sociedade, precisa ser neutralizada por um saber competente que a segregue do contato maior com o resto da sociedade.

Segundo Bisneto (2007), a “loucura” foi apropriada pelo discurso médico, virando patológico. No processo de construção da doença mental foi construindo-se a psiquiatria, fazendo com que a loucura passasse a se firmar com as bases sociais e culturais.

A sociedade capitalista é atravessada por interesses econômicos que estruturam relações de poder. As elites tentam taxar as divergências de disfuncionalidades, ignorando a natureza complexa da sociedade, numa apropriação social tendenciosa.

Bisneto (2007), considera que há uma complexidade nas sociedades. Por cada sujeito ter suas tradições e hábitos, o que é aceitável para uns, pode ser inaceitável para outros. Desta forma, o que é visto como loucura por uns, pode ser encarado como modo de agir por outros, de acordo com seus hábitos e estilo de vida.

Aquilo que é divergente precisa ser considerado pelos interesses instituídos como desvio doentio e anti-social, irracional, algo a ser curado ou então excluído. Então, pensamos que a transformação da loucura em anormalidade e depois em patologia só pode ser contextualizada pela análise da dimensão política da sociedade, articulada com as dimensões econômicas e ideológicas (culturas, representações, saberes) e não apenas por critérios científicos pretensiosamente neutros e aquém do social.

De acordo com Bisneto (2007, p.176)

Claro, que não achamos que a loucura se reduz a uma “divergência social”, mas as teses polêmicas como estas precisam ser postas em debate, pois, é mais um exemplo de como há ligações entre sociedade e loucura que estão pouco exploradas no Serviço Social. A análise que o Serviço Social faz da sua atuação em Saúde Mental precisa contemplar o movimento das relações de poder dentro da sociedade, articulado ao movimento das elites econômicas do capitalismo.

A concepção de loucura como doença mental autonomizada em relação aos processos sociais já sofreu contestações ao passar dos anos.

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Segundo Venâncio (2003), dentro de cada sociedade há um padrão de normalidade, ou seja, o que é considerado aceitável dentro de padrões estéticos, de comportamento e atitudes. Toda pessoa que não esteja dentro desses padrões é considerado como diferente ou anormal.

Para Venâncio (2003), os indivíduos fora da norma são os chamados ‘estigmatizados’ por apresentarem alguma característica que os diferenciem dos outros, dificultando sua aceitação e integração na comunidade.

No que se refere aos estigmas com algumas características “visíveis”, física ou corporal, Podem incluir-se as pessoas com deficiência física, amputados, ou com síndrome de down.

Também podem ser citados, os estigmas relacionados às características pessoais, ou algum traço de personalidade ou comportamento, que é visto de maneira depreciativa pela comunidade, onde se incluem as pessoas com transtornos mentais, os mendigos, os alcoolistas e os homossexuais.

Um terceiro e último tipo de estigma, relaciona-se à raça, religião ou qualquer outra característica do grupo familiar ao qual ele pertença.

O que é comum a todos os grupos é que a pessoa que apresenta o estigma se relaciona com a comunidade através dele. Aquela característica física, cultural ou familiar que o distingue das pessoas ditas “normais” obscurece todas as suas outras características pessoais.

Segundo Venâncio (2003), a Organização Mundial da Saúde (OMS), prefere falar em transtornos e não em doenças mentais, pois, na psiquiatria é tudo meio “incerto”, ou seja, os sentimentos e a mente do ser humano ainda é objeto de estudo para conhecimento. Portanto, as causas dos transtornos são pautadas por incertezas, pois, o tratamento é apenas sintomático, tratando os sintomas e não a causa do problema.

Observa-se aqui, um ponto interessante, pois quando as pessoas procuram o médico sentindo alguma dor, ou com alguma fratura, os médicos fazem exames para ver o que aconteceu, ou até mesmo fazem um curativo. Porém, na área da psiquiatria, isso não existe, não há exames que comprovem, mas sim estudos relacionados aos sintomas.

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3.2 BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL

Segundo Martinelli (2000), para coibir as manifestações dos trabalhadores, com o intuito de impedir suas práticas de classe e abafar suas expressões políticas e sociais, a Burguesia, Igreja e Estado uniram-se em um compacto bloco político. Na Inglaterra, o resultado concreto dessa união foi o surgimento da Sociedade de Organização da Caridade, no ano de 1869, surgindo assim, os primeiros Assistentes Sociais, como agentes executores da prática da assistência social, atividade esta que ao se profissionalizar, passou a denominar-se de Serviço Social.

Sendo assim, a origem do Serviço Social, como profissão, se dá como uma criação do capitalismo. O Serviço Social deve levar em consideração as situações excludentes para fortalecer relações sociais significativas. Esse fortalecimento não seria apenas no sentido de fortalecer o sujeito em relação aos direitos sociais, mas, também, questionar a legislação vigente.

Segundo Bisneto (2007), com a privatização dos atendimentos médicos, após 1964, obteve-se um percebível aumento no número de hospícios. Devido à passagem do atendimento psiquiátrico para a rede previdenciária privada, abriram-se clínicas psiquiátricas em maior quantidade que faziam atendimentos e eram pagas pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) . Se multiplicando, devido a este fato, a possibilidade de empregar mais Assistentes Sociais na área da Saúde Mental.

A inserção efetiva do Serviço Social em hospitais psiquiátricos se deu por força de exigências do INPS. Sendo que a entrada de Assistentes Sociais na Saúde Mental segue na mesma linha tentando, após 1964, modificar o quadro de atuação do Serviço Social no Brasil, com a modernização dos aparatos do Estado, com ofertas de serviços médicos e assistenciais aos trabalhadores.

De acordo com Bisneto (2007), o Serviço Social em seu processo de trabalho na psiquiatria, encontrou imediatamente dificuldades de articulação entre as novas teorias em Serviço Social e a consecução de seu exercício. Os paradigmas em Serviço Social que orientavam a prática nos anos 1970 não conseguiram estabelecer metodologias para atuação em Saúde mental.

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O Serviço Social surge com foco na garantia e defesa do acesso ás políticas sociais básicas. Portanto, o fortalecimento do usuário ao acesso implica o trabalho social através das mediações.

3.3 O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE MENTAL

Segundo Bisneto (2007), atualmente, o Assistente Social é requisitado para participar de atendimentos interdisciplinares dando atenção ao sofrimento psiquíco em seu lado social, sendo valorizado pelo novo enfoque da psiquiatria reformada, porém, nem sempre foi assim. Nos anos 1970, o Assistente Social fazia parte de equipes multiprofissionais sem definições claras do perfil de atuação e sem métodos de trabalho, trabalhando mais como auxiliar do psiquiatra nos problemas sociais do que, especificamente como Assistente Social.

A orientação e o encaminhamento de direitos sociais são fortalecidos pelo Projeto Ético-político da categoria e reconhecimento legal dos direitos sociais na Constituição de 1988.

O Assistente Social, como profissional, deve agir de acordo com o código de ética que regulamenta a profissão, conhecendo as questões de sobrevivência social e material dos usuários. Também deve viabilizar o acesso, implementar ações que incidam sobre essas condições, que resultam no campo dos valores, comportamentos, cultura, conhecimento, resultando em efeitos reais que interfiram na construção da vida dos sujeitos.

Segundo Vieira (1976), a finalidade do Serviço Social é instrumentalizar o sujeito a resolver seus problemas sociais. Para a autora, os problemas sociais podem surgir do ambiente em que vivemos ou podem ser oriundos do próprio sujeito, devido à falta de inadequação ao ambiente ou às circunstâncias, à influência de preconceitos ou de emoções momentâneas, ao desconhecimento de recursos existentes ou da maneira de utilizá-los para solucionar seus problemas, as dificuldades de relacionamento na família, no trabalho, no círculo de amigos ou de integração na vida comunitária.

O Assistente Social é o profissional que atua no sentido do bem-estar coletivo e na integração do indivíduo à sociedade. Sua atuação está voltada à

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orientação, planejamento e promoção uma vida mais saudável, em todos os sentidos. Mesmo quando atende a um indivíduo, o Assistente Social está trabalhando com um grupo social, pois entende que esta pessoa está inserida em um contexto no qual não se pode dissociar o individual do coletivo.

Segundo Guerra (1995), o profissional de Serviço Social na medida em que vai atingindo seus objetivos, vai criando a capacidade da instrumentalidade. É por meio dessa instrumentalidade que estes profissionais modificam as relações objetivas e subjetivas, bem como suas relações interpessoais e sociais existentes na realidade social do nível cotidiano.

O Serviço Social compreendido como um trabalho rompe com aquelas concepções que consideram a profissão decorrente da caridade. A diferença entre as atividades caritativas e o Serviço Social está localizada nas dimensões inerentes à formação profissional, quais sejam: ético-político, técnico-operativo (instrumental) e teórico-metodológico.

Ainda de acordo Guerra (1995), o alcance das finalidades é o resultado do processo de trabalho que é entendido como uma atividade prático-reflexiva. As finalidades dependem das condições objetivas e subjetivas.

O Serviço Social tem sua base de sustentação e de intervenção vinculado à mediação que realiza em instituições de caráter público, privado ou entidades filantrópicas. A instrumentalidade é compreendida como um conjunto de condições que a profissão cria e recria no exercício profissional e que se diversifica em função de um conjunto de variáveis que envolvem o contexto organizacional e o contexto sócio –econômico -político e cultural.

É no movimento da história que a instrumentalidade do Serviço Social se constitui uma mediação que engendra a correção dos meios, a coerência e a legitimidade dos fins, transcendendo às ações instrumentais e à razão instrumental.

Para Guerra (1995), a instrumentalidade no Serviço Social, é a utilização dos instrumentos necessários à sua atuação, onde os Assistentes Sociais esperam de suas finalidades, os resultados profissionais propriamente ditos. O sufixo “idade” tem a ver com a capacidade, qualidade ou propriedade de algo. Com isso, afirma-se que a instrumentalidade no exercício profissional refere-se a uma determinada capacidade constitutiva da profissão, construída e reconstruída no processo sócio-histórico.

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A instrumentalidade é uma mediação que permite a passagem das ações meramente instrumentais para o exercício do profissional crítico e competente, permitindo pensar os valores subjacentes às ações, no nível e na direção das respostas às demandas sociais, orientadas pelas escolhas teórico-metodológicas e ético-políticas, que por sua vez, implicam em projetar não apenas os meios/instrumentos de realização, mas essencialmente o que se espera como resultado de ação.

Como mediação, a instrumentalidade permite, também, o movimento contrário, ou seja, que as referências teóricas, explicativas da lógica e da dinâmica da sociedade, possam ser remetidas à compreensão das particularidades do exercício profissional e das singularidades do cotidiano. Aqui, a instrumentalidade sendo uma particularidade e como tal, mediação, é o espaço no qual a cultura profissional se localiza. Dela, os Assistentes Sociais recolhem e nela constroem os indicativos teórico-práticos de intervenção imediata, o chamado instrumental-técnico ou as ditas metodologias de ação.

Um dos instrumentos utilizados pelo Serviço Social na Saúde Mental (como em outras áreas em que o Assistente Social também atua), é a visita domiciliar.

Segundo Amaro (2000), a visita domiciliar é uma prática profissional, investigativa ou para atendimento, realizada pelos profissionais no meio familiar do indivíduo. Os profissionais devem fazer uma abordagem de modo a que prevaleça a ética e o respeito para com o visitado. O sujeito visitado é quem irá determinar o desenrolar da visita, pois, é ele quem vai, devido à relação estabelecida de confiança ou não, no decorrer da visita com o profissional que está visitando, facilitar ou dificultar seu andamento.

A entrevista é utilizada pelo profissional de Serviço Social como um instrumento do seu processo de trabalho, não apenas para obtenção de dados. O conteúdo obtido a partir da entrevista compõe o processo de diálogo e reflexão estabelecido entre usuário e Assistente Social, indispensável ao estudo social e encaminhamento da situação social. O elemento essencial da entrevista é o diálogo, que permite troca de informações entre duas ou mais pessoas inseridas na problemática, na qual interage o profissional de Serviço Social e usuários em busca de uma solução para a situação que o desafia.

Para Sarmento (1994), os Assistentes Sociais se organizam em um grupo de entrevistadores que estruturam a entrevista para manter um contato de caráter sigiloso entre Assistente Social e usuário, para auxiliar na elaboração de estudos

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sobre a situação apresentada, visando o apoio ao usuário. Para compreender as relações de sua realidade, a relação estabelecida entre Assistente Social e usuário deve ser objetiva.

De acordo com Sarmento (1994), além destas habilidades, é necessário um conhecimento sobre a natureza humana, no que se refere aos seus sentimentos e às atitudes das pessoas diante das suas dificuldades.

Significa dizer que o Assistente Social precisa conhecer os motivos determinantes para o comportamento humano que podem estar explicados ou não nos sentimentos, temores, expectativas, princípios e moral das pessoas diante de suas dificuldades e relações durante o processo de entrevista.

Conforme Sarmento (1994), a duração da entrevista depende se seus objetivos foram alcançados. Também deve ser favorecida a comunicação entre Assistente Social e usuário, pois só assim a relação de confiança será estabelecida, favorecendo, então, o entrevistador. O autor considera o diálogo um elemento essencial da entrevista.

No momento da entrevista, o Assistente Social deve assegurar a apreensão do conteúdo comunicado, tanto pela linguagem verbal como pela não verbal e assim, compreender a realidade que se apresenta através dos sentimentos, dos desejos e das necessidades sociais. O entrevistador deve observar cada detalhe da entrevista, pois, até mesmo algum gesto do entrevistado pode fazer algum sentido.

Segundo Lewgoy e Silveira (2007), a entrevista, como outros instrumentos, exige um rito para seu desenvolvimento que classifica - se em etapas, sendo a primeira etapa é o planejamento. Planejar significa organizar, dar clareza e precisão à própria ação, transformando a realidade numa direção escolhida; agir racional e intencionalmente; explicitar os fundamentos e realizar um conjunto orgânico de ações. Planejando, o Assistente Social já está preparado para qualquer situação imprevista que poderá acontecer no momento da prática de suas ações. Sendo assim, é importante que o Assistente Social se organize para a realização da entrevista, considerando que sua ação esteja sustentada pelos eixos teórico, técnico e ético-político.

A segunda etapa, corresponde a execução, se constituindo de momentos que se entrecuzam através dos estágios da coleta de dados e da avaliação. As

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informações constatadas na coleta de dados, devem ser interpretadas pelo entrevistador.

A terceira etapa é a do registro da entrevista que se fundamenta no direito do usuário em ter a evolução do seu atendimento documentado e no acesso aos dados registrados, sendo este intransferível, tendo como objetivo contribuir para a integralidade do atendimento e compartilhar o conhecimento com os demais funcionários da instituição. Podemos observar hoje em dia, um exemplo que está acontecendo na área da saúde, pois, as secretarias Municipais e Estaduais estão informatizando o atendimento. Sendo assim, qualquer funcionário habilitado pode ter acesso a esses dados.

De maneira geral, essas são algumas concepções teóricas sobre a entrevista como um instrumento técnico – operativo do Serviço Social. Cabe ressaltar que para a realização da entrevista é necessário compreender o universo social do usuário, visando à ampliação dos conhecimentos deste sobre a realidade que o desafia.

O Assistente Social atua também nos grupos, com a função de motivar e facilitar o desenvolvimento deste grupo, bem como, ser o mediador de conflitos. Deve estar atento para o desenvolvimento de habilidades de comunicação e criatividade, envolvendo técnicas e dinâmicas de intervenção grupal. Envolve a definição de finalidades, atribuições e de papéis a partir da realidade de cada grupo, desenvolvendo seu processo de trabalho na perspectiva de mudança social, fazendo prevalecer à cidadania.

Para Vieira (1976, p.125)

O que importa no Serviço Social de grupo não é apenas a atividade em si, mas os valores sociais que a atividade traz ao grupo e aos membros. Os valores sociais aumentam à medida que os membros aprendem a conviver no grupo. Todos têm conhecimento das relações com outras pessoas, porém muitas vezes, não sabem como estabelecê-las.

De acordo com Vieira (1976), o Serviço Social de grupo é um processo do Serviço Social que, através de experiências apresentadas, visa capacitar os sujeitos a melhorarem seu relacionamento social e enfrentarem de modo mais efetivo seus problemas pessoais de grupo e comunitários. Tem-se como protagonistas os sujeitos e como objetivos as dificuldades que estes encontram para viver na comunidade. As atividades em grupo também ajudam o indivíduo a se adequar às

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várias situações em que se depara na vida e a adotar atitudes construtivas nas relações com seus semelhantes. Pela sua natureza, o Serviço Social de grupo é, principalmente, preventivo e educativo.

Um aspecto importante a ser ressaltado é a interdisciplinaridade. Na Saúde Mental, o Serviço Social trabalha com os outros profissionais da equipe de uma maneira pela qual eles possam discutir às demandas apresentadas ao serviço.

Segundo Vasconcelos (2000), a interdisciplinaridade é uma relação de reciprocidade e enriquecimento no sentido de adquirir saberes ás áreas envolvidas. Com um trabalho em conjunto sobre uma problemática, agem de acordo com uma proposta de trabalho conjunta.

Para Vasconcelos (2000), a proposta da interdisciplinaridade é reconhecer os olhares diferenciados para um mesmo tema, sendo assim, cada área envolvida expõe seu conhecimento favorecendo a reciprocidade de saberes e dos diferentes entendimentos sobre o assunto.

Torna-se tarefa urgente no país discutir as legislações profissionais em geral e do sistema de saúde, bem como os estatutos dos serviços de Saúde Mental, no sentido de descobrir espaços que possibilitam distribuir melhor as responsabilidades legais pela assistência entre os diversos profissionais. É preciso criar bases jurídicas “preventivas” que sustentem os processos de democratização das equipes interdisciplinares.

Vasconcelos (2000), considera que um aspecto importante da Reforma Psiquiátrica e suas propostas interdisciplinares, e sua relação com a estrutura das políticas sociais, diz respeito à crise atual do Estado e às conseqüentes políticas de ajustamento neoliberais. Torna-se urgente a criação de uma cultura profissional adequada ao contexto da saúde pública, em que os profissionais possam aderir às propostas de mudança de suas identidades profissionais convencionais para se engajar em práticas interdisciplinares.

Para tanto, exige-se um mínimo de reciprocidade em termo de salários dignos, boas condições de trabalho, jornada de trabalho que evite o multiemprego excessivo e investimento em treinamento e supervisão.

No Brasil, nas condições atuais das prefeituras, principais responsáveis pela assistência no processo de municipalização da Saúde Mental, essas condições ideais são raramente alcançadas e, muitas vezes, assistimos a uma luta e

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mobilização dos trabalhadores de Saúde Mental para reivindicação de melhores condições de trabalho.

De acordo com Vasconcelos (2000), a perspectiva da desinstitucionalização em Saúde Mental implica na recuperação da complexidade e/ ou o desenvolvimento das diversas dimensões e aptidões da vida humana. Isso implica, por outro lado, também na valorização dessas dimensões nos trabalhadores de Saúde Mental o que, na maioria das vezes, extrapola a sua capacitação especificamente técnica e profissional. Assim, a experiência recente nos novos serviços indica que é importante se apropriar e estimular que os trabalhadores utilizam suas habilidades extraprofissionais, como, por exemplo: em artes plásticas, música, dança, teatro, turismo, esporte, atividades corporais...

Por exemplo, um Psicólogo pode ter feito um curso técnico em agronomia, e seu saber pode ser utilizado em uma “oficina da terra”, ou os conhecimentos prévios em contabilidade e administração de uma Assistente Social podem ser fundamentais para a organização de cooperativas ou empresas sociais. Isso cria, na prática, um ambiente aberto de práticas interdisciplinares, estimulando a quebra dos limites institucionais de competência e/ou associados aos interesses corporativos.

Cabe ressaltar, que no Caps II Ponta do Coral, estas habilidades são exploradas, pois, cada oficina que acontece na instituição tem a participação de um profissional do serviço, seja ele, Assistente Social, Psicólogo ou Enfermeiro. Mas para essa participação o profissional deve se aprimorar nas técnicas utilizadas nas oficinas, como é o caso da oficina de cerâmica, por exemplo, onde a Psicóloga que participa fez cursos para conhecer a técnica e poder auxiliar os usuários.

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4 O SERVIÇO SOCIAL NO CAPS DE FLORIANÓPOLIS

Neste capítulo, será abordado o Serviço Social No Caps II Ponta do Coral no município de Florianópolis, bem com a apresentação e caracterização do campo de estágio, o Serviço Social no Caps, o resultado e a análise da pesquisa elaborada no campo de estágio.

4.1 APRESENTAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO

Segundo o Projeto Terapêutico do Caps II Ponta do Coral (2004) os municípios com mais de 70.000 habitantes são prioritários para a implementação de Centro de Atenção Diária em Saúde Mental e para cada 70.000 habitantes deve existir um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) de referência.

Os CAPS constituem um serviço comunitário que tem como papel cuidar de pessoas acometidas de transtornos psíquicos, em especial os severos e persistentes, no seu território de abrangência. Devem obedecer a alguns princípios básicos, dentre os quais se responsabilizar pelo acolhimento de 100% da demanda das pessoas com transtornos severos de seu território, garantindo a presença de profissional responsável durante todo o período de funcionamento da unidade. Deve criar uma ambiência terapêutica acolhedora no serviço que possa incluir usuários desestruturados que não consigam acompanhar as atividades estruturadas na unidade.

Florianópolis está próximo a hospitais psiquiátricos e é município sede do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP). A atual política do Ministério da Saúde prevê a implantação de redes de serviços locais, descentralizados e extra – hospitalares de atenção ao sofrimento psíquico.

A instituição foi fundada no ano de 1996, de natureza pública, vinculada à Secretaria Municipal de Saúde, com atendimento de segunda à sexta feira, das 08:00 h. da manhã às 18:00 h. da tarde. Tem por objetivo, prestar assistência de forma intensiva à pessoa em sofrimento psíquico, com comprometimento severo e persistente, que já passaram ou estão suscetíveis a internação hospitalar, com

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impossibilidade de realizar atividades cotidianas e com padrões de relações instáveis, que o colocam em situação de risco.

Localizado na Rua Rui Barbosa, número 713, bairro Agronômica, no município de Florianópolis/SC, recebeu o nome de Caps II Ponta do Coral, por estar localizado na localidade chamada Ponta do Coral próximo a Beira-Mar Norte.

O Caps atende, mensalmente, cerca de 200 usuários, divididos em três modalidades: usuários intensivos, usuários semi-intensivos e usuários não-intensivos. Os usuários que freqüentam diariamente recebem três refeições diárias: café da manhã, almoço e café da tarde.

Sua equipe de nível superior é formada por Assistente Social, Educadora Artística, Enfermeira, Psicólogos, Psiquiatras e Socióloga. Sua equipe de nível médio é formada por auxiliares administrativos, recepcionista, técnica de enfermagem, estagiária de Psicologia e de Serviço Social ( para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso ).

Segundo o Projeto Terapêutico do Caps (2004), a Instituição visa singularizar a atenção prestada, tendo estabelecido projetos terapêuticos individuais com mini equipes de referência para cada usuário, no sentido de construir conjuntamente uma proposta e um contrato de atendimento, que vise projetos de saúde e inserção social, estabelecendo metas a serem buscadas pelo usuário com a mediação do serviço.

Neste sentido, utilizam variadas estratégias de atenção psicossocial, que tem em cada uma, elementos importantes de re-construção de saúde por parte dos profissionais e usuários, os quais propõem, constroem, participam e avaliam grupos, oficinas e demais atividades terapêuticas e de reabilitação.

De acordo com o Projeto Terapêutico do Caps (2004), oficinas terapêuticas são espaços de socialização, expressão e aprendizagem visando à autonomia e a promoção da cidadania do usuário. As oficinas terapêuticas que o Caps oferece são:

Música

Oficina terapêutica realizada uma vez por semana. Busca gerar vínculos entre seus participantes através da linguagem artística; permite a ampliação da linguagem de modo a possibilitar a representação, a expressão e própria

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compreensão do estado interno do sujeito e de suas experiências emocionais por ele mesmo, notadamente para aqueles que têm recursos simbólicos restritos;

Por ser uma oficina aberta, qualquer usuário que estiver na instituição pode participar. Com as cadeiras em formato de círculo, os usuários cantam e tocam instrumentos à sua escolha, desenvolvendo criatividade e coordenação motora.

Teatro

Oficina realizada uma vez por semana. Visa utilizar o teatro como veículo de crescimento grupal, com funções rotativas, uma vez que o participante elabora e vivencia diferentes papéis, personagens, num espaço de grupo, bem como reconstruir o vínculo social – familiar através da circulação do produto artístico dentro e fora da instituição. Considera-se que a arte oferece um espaço simbólico, para trabalhar sobre a realidade existente e a possível, estabelecendo uma ponte entre a realidade e imaginação possibilitando, assim, alargar os limites do seu cotidiano;

Desenvolvida por um professor e estagiários do curso de Psicologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Na oficina, os usuários desenvolvem a expressão do corpo. Possui um grupo fixo de usuários. Geralmente apresentam peças relacionadas a “loucura”.

Artes Plásticas

Oficina realizada uma vez por semana. Visa propiciar aos usuários um espaço coletivo de expressão através da pintura, incentivar a autonomia e a livre expressão artística.

Oficina de Jogos

Busca propiciar momentos de lazer através de jogos e passeios à locais de interesse dos usuários; estimular a sociabilidade entre os usuários e o aprendizado da cooperação/competição nas atividades grupais e, possibilitar o acesso dos usuários à espaços culturais e de belezas naturais que possas desencadear efeitos terapêuticos;

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Acontece uma vez por semana. Os usuários escutam música e dançam. Participam os usuários e uma enfermeira.

Já as oficinas de produção são:

Cerâmica

Oficina realizada duas vezes por semana. Visa criar um espaço onde o usuário possa redescobrir sua capacidade produtiva e desenvolver o sentimento de pertinência ao grupo; Criar alternativas econômicas e profissionais estimulando a inserção social. Possui um grupo fixo de usuários. Aqui, eles produzem as peças e colocam para venda no Caps e em feiras e eventos que participam.

Velas

Oficina realizada uma vez por semana. Visa criar um espaço onde o usuário possa redescobrir sua capacidade produtiva e desenvolver aspectos relacionados à comercialização da produção da oficina; explorar a criatividade na escolha dos elementos levando em conta o produto final em termos estéticos e vendáveis; refletir sobre o processo de criação, qualificação, venda, administração de recursos materiais e procurar espaço para exposição e comercialização.

Possui um grupo fixo de usuários. As velas, que os usuários mesmos produzem, são de diferentes formas e aromas. Após a produção, eles embrulham e colocam para a venda no Caps e também em feiras e eventos que participam. Há o caso de algumas peças serem uma “junção” das duas oficinas, ou seja, por fora da peça vai à cerâmica e por dentro a vela.

Bijouterias

Oficina realizada uma vez por semana. Partiu da idéia de propiciar um novo espaço de expressão criativa, através da produção de bijouterias. Visa estimular um fazer criativo, bem como a busca de formas de incentivos financeiros, através da venda das peças produzidas, para os usuários que participam.

Possui um grupo fixo de usuários. Aqui os usuários produzem peças de bijouterias, de acordo com sua criatividade. O próprio usuário fica livre para escolher

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a peça que deseja produzir no dia. Após terminarem a produção das peças, as mesmas vão para a venda.

Mosaico

Oficina realizada duas vezes por semana. Visa criar um espaço onde o usuário possa redescobrir sua capacidade produtiva; viabilizar a criação de um espaço grupal para invenção e o compartilhamento de novas formas de expressão; criar alternativas econômicas e profissionais estimulando a inserção social e, refletir sobre o processo de criação, qualificação, venda e administração de recursos materiais. Possui um grupo fixo de usuários. Após o término das peças, as mesmas são colocadas para venda.

O dinheiro arrecadado com as vendas das peças das oficinas de produção, fica uma porcentagem (que a oficina, juntamente com os usuários escolhem), para a oficina, para a compra dos materiais utilizados nas peças, e outra parte é dividido entre os usuários de acordo com sua presença na oficina, ou seja, o usuário ganha por presença e não por quantidade de peças vendidas. Essas oficinas fazem parte do projeto Geração e Renda, Núcleo e Oficina do Trabalho.

Vale ressaltar, que todas as oficinas, tanto as Terapêuticas, quanto as de produção, são acompanhadas por um, ou dois técnicos. Quando o usuário passa pela entrevista inicial, o mesmo já diz em qual oficina têm interesse em participar, nenhum técnico toma a decisão de colocá-lo em alguma oficina sem seu interesse. O Caps oferece ainda:

Grupo Terapêutico

Trabalho coletivo de repensar o sofrimento e a maneira de lidar com ele, buscando descobrir outras possibilidades de viver. Aqui os usuários fazem terapia em grupo. Nele participam Psicólogos e os usuários.

Grupo de Família

Realizado de forma a construir um vínculo com os familiares. É um espaço muito importante, pois aqui os familiares podem falar do seu dia – a – dia com o usuário e ouvir um pouco mais sobre ele.

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Assembléia dos usuários

Podem participar usuários, familiares e técnicos. Iniciou-se em 30 de Junho de 1999, a partir da necessidade de garantir um espaço de construção coletiva deste serviço, motivando o envolvimento dos usuários na definição de regras de convivência, sugestões e avaliação das atividades realizadas. Atualmente, é formada por técnicos, usuários, estagiários e familiares. Acontece uma vez por semana.

É um espaço aberto, onde se elegem pontos de pauta que por vezes geram conflitos, debates e encaminhamentos que levam à deliberações. Aqui, os usuários fazem a ata, e coordenam a assembléia. Além de alencarem o assunto a ser discutido, participarem ativamente na solução. Tudo é colocado em votação, onde, a maioria vence.

Visitas Domiciliares

Visa aproximar o Caps do cotidiano de cada usuário, acompanhar a reinserção dos usuários na família, motivar o retorno dos usuários que estão afastados dos atendimentos para retornarem suas atividades e ampliar a relação do serviço com a comunidade, buscando estabelecer um vínculo com as instituições que compõem a rede sócio-assistencial.

Articulação com Entidades/Programas e Serviços

Visa conhecer os recursos oferecidos por outras entidades que trabalham com a assistência e/ou a promoção da saúde mental, facilitando a criação de uma rede integrada de serviços e o aproveitamento das potencialidades de cada uma;

Orientações aos usuários

Objetiva através de intervenções focais e breves, instrumentalizar o usuário para enfrentar situações de seu cotidiano;

Atenção Medicamentosa

Visa proporcionar ao usuário orientação acerca do uso de medicação psicofarmacológica;

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Grupo de Acolhimento

Acontece toda segunda – feira no período matutino. Aqui, os usuários relatam como foi seu fim de semana, detalhando tudo que fizeram. Falam também do seu planejamento para a semana que se inicia. Participam os usuários e os funcionários que estiverem no serviço no momento.

4.2 O SERVIÇO SOCIAL NO CAPS

Em 1996, o Caps iniciou seus atendimentos no casarão da Agronômica, tendo na equipe três Assistentes Sociais. Atualmente, a instituição possui uma Assistente Social cuja contratação foi feita por concurso público. O serviço social na instituição possui as seguintes demandas:

4.2.1 Benefícios Previstos na Política de Assistência Social

A Assistência Social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações, de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento as necessidades básicas.

Segundo o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), a lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), garante o benefício mensal de um salário mínimo, através do BPC (Benefício de Prestação Continuada). É um benefício assistencial pago mensalmente a idosos (65 anos ou mais), e pessoas com deficiência, impossibilitadas de prover sua manutenção ou tê-la provida por sua família.

Em ambos os casos, devem pertencer à famílias com renda por pessoa

per capita inferior a ¼ do salário mínimo. Esse benefício está garantido pela

Constituição Federal, regulamentado pela Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS- e integra o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, Proteção Social Básica.

É requerido junto às agências do INSS, mas não se trata de um benefício previdenciário, mas sim assistencial, totalmente financiado com recursos do Fundo

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Nacional de Assistência Social. Por meio de convênio, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), repassa recursos do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) ao Instituto de Seguridade Social (INSS), que operacionaliza a concessão e o pagamento aos beneficiários. A responsabilidade de regulamentar e coordenar é do Ministério da Assistência Social por meio do sistema descentralizado e participativo da Assistência Social. Por lei, este benefício deve ser revisado a cada dois anos.

Atendendo ao disposto na Lei 10.708 (2003), que no Artigo 5º, determina que os “pacientes” há longo tempo hospitalizados, ou para os quais se caracterize situação de grave dependência institucional, sejam objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, é apresentado o Programa De Volta Para Casa (PVC), que acompanha a integração social fora da unidade hospitalar, de pessoas acometidas de transtornos psíquicos, com história de internações psiquiátricas com dois ou mais anos.

4.2.2 Cursos profissionalizantes

Vários usuários do Caps não têm emprego por falta de oportunidades de estudo, fato este que dificulta a inserção no mercado de trabalho. Sendo assim, procuram o Serviço Social, para tentar encaminhá-los para algum curso profissionalizante. Porém, o Caps não possui nenhuma parceria para esses cursos. O encaminhamento é feito ao CRAS, pois o mesmo possui as parcerias para diversos cursos.

Cabe aos CRAS a articulação com a rede de proteção social, no que se refere aos direitos de cidadania, manter ativo o serviço de vigilância da exclusão social na produção, sistematização e divulgação dos indicadores de sua área de abrangência, realizando mapeamento e organização da rede sócio-assistencial básica.

Referências

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