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Barreiras tarifárias e não tarifárias que afetam as exportações brasileiras de carne de frango

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA GUSTAVO MUNIZ CARDOSO

BARREIRAS TARIFÁRIAS E NÃO TARIFÁRIAS QUE AFETAM AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE DE FRANGO

Florianópolis 2019

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GUSTAVO MUNIZ CARDOSO

BARREIRAS TARIFÁRIAS E NÃO TARIFÁRIAS QUE AFETAM AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE DE FRANGO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais.

Orientador: Jurema Pacheco Marques

Florianópolis 2019

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus e aos meus pais Carlos Roberto e Marinele por me fortalecerem e me oferecerem essa oportunidade. Gostaria de agradecer, também, a minha orientadora e aos meus professores da Universidade do Sul de Santa Catarina por compartilharem os seus conhecimentos durante toda essa caminhada.

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RESUMO

Esse trabalho tem como tema as barreiras tarifárias e não tarifárias que afetam na exportação de carne de frango brasileira e tem como objetivo verificar quais são aplicadas pelos principais países importadores. O método utilizado foi o bibliográfico, através do levantamento da base de dados e informações, para realizações de análises. No estudo foram utilizados conceitos para explicar sobre como o comércio internacional e o comércio exterior funcionam, e suas diferenças. O protecionismo versus a liberalização comercial, criações do GATT e OMC, e seus princípios. Classificações das barreiras tarifárias e não tarifárias, e suas aplicações. Processos históricos da avicultura no Brasil. Apresentações e análises de gráficos, tabelas e figuras sobre a produção e exportação da carne de frango brasileira. Classificação tarifária do produto e a demonstração de quais são as barreiras tarifárias e não tarifárias aplicadas pelos principais países importadores da carne de frango brasileira. Por fim, a realização da pesquisa sobre as barreiras tarifárias e não tarifárias são importantes para que possamos identificar e compreender quais delas são aplicadas pelos principais países importadores da carne de frango brasileira e os problemas que as empresas brasileiras podem sofrer ao exportar esse produto.

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ABSTRACT

This work focuses on tariff and non-tariff barriers that affect the export of Brazilian chicken meat and aims to verify which are applied by the main importing countries. The method used was the bibliographic one, through the survey of the database and information, to carry out analyses. The study used concepts to explain how international trade and foreign trade work, and their differences. Protectionism versus trade liberalization, creations of GATT and WTO, and its principles. Classifications of tariff and non-tariff barriers and their applications. Historical processes of poultry farming in Brazil. Presentations and analysis of graphs, tables and figures on the production and export of Brazilian chicken meat. Tariff classification of the product and demonstration of the tariff and non-tariff barriers applied by the main importing countries of Brazilian chicken meat. Finally, the research on tariff and non-tariff barriers are important for us to identify and understand which of them are applied by the main importing countries of Brazilian chicken meat and the problems that Brazilian companies may suffer when exporting this product.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mercado mundial de carne de frango em milhões de toneladas ...40 Figura 2 – Participação dos principais países exportadores de carne de frango esperada para 2019, segundo estimativa do USDA...45 Figura 3 – Maiores compradores de carne de frango do Brasil, em faturamento, no 1° quadrimestre de 2019...47 Figura 4 – Estados exportadores de carne de frango em 2018...54 Figura 5 – Destino das exportações de carne de frango de Santa Catarina...54

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Produção brasileira de carne de frango em milhões de toneladas...39 Tabela 2 – Tendências de produção em 2019 nos principais países produtores e variação em relação ao previsto em 2018 e ao que foi produzido em 2014...41 Tabela 3 – Exportação de carne de frango, em milhões de toneladas, entre os anos de 2015 e 2019 (expectativa), segundo dados do USDA...43 Tabela 4 – Dados de compra, em milhões de dólares, dos maiores importadores de carne de frango do Brasil em maio de 2018 e 2019...46 Tabela 5 – Arábia Saudita: Principais fornecedores de carne de frango nos anos de 2016 e 2017. Evolução das importações anuais entre 2001 e 2019...50 Tabela 6 – Barreiras tarifárias e não tarifárias aplicadas pela China sobre a exportação da carne de frango brasileira...58 Tabela 7 – Barreiras tarifárias e não tarifárias aplicadas pela Arábia Saudita sobre a exportação da carne de frango brasileira...61 Tabela 8 – Barreiras tarifárias e não tarifárias aplicadas pela Japão sobre a exportação da carne de frango brasileira...63

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Exportações Brasileiras de Carne de Frango...43 Gráfico 2 – Valores da exportação de carne de frango brasileira para a China no período de 2009 até 2019...48 Gráfico 3 – Volumes da exportação de carne de frango brasileira para a China no

período de 2009 até 2019...48 Gráfico 4 – Valores e volumes da exportação de carne de frango brasileira para a Arábia Saudita no período de 2009 até 2019...50 Gráfico 5 – Japão: Principais fornecedores de carne de frango em uma década...52 Gráfico 6 - Valores e volumes da exportação de carne de frango brasileira para o Japão no período de 2009 até 2019...53

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 12 1.2 OBJETIVOS ... 13 1.2.1 OBJETIVO GERAL ... 13 1.2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ... 13 1.3 JUSTIFICATIVA ... 13 1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 16

2.1 COMÉRCIO INTERNACIONAL E COMÉRCIO EXTERIOR ... 16

2.2 PROTECIONISMO X LIBERALIZAÇÃO COMERCIAL ... 18

2.3 BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL ... 21

2.3.1 BARREIRAS TARIFÁRIAS ... 22

2.3.1.1 Imposto de importação ... 23

2.3.1.2 Imposto de exportação ... 23

2.3.1.3 Tarifas ... 23

2.3.2 BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS ... 24

2.3.2.1 Restrições Quantitativas ... 25

2.3.2.2 Regulamentos Técnicos ... 26

2.3.2.3 Medidas Sanitárias e Fitossanitárias ... 27

2.3.2.4 Padrões Privados/Normas Voluntárias ... 28

2.3.2.5 Serviços ... 29 2.3.2.6 Propriedade Intelectual ... 30 2.3.2.7 Compras Governamentais ... 30 2.3.2.8 Regras de Origem ... 31 2.3.2.9 Medidas Antidumping ... 31 2.3.2.10 Medidas Compensatórias... 32 2.3.2.11 Medidas de Salvaguarda ... 34

3 INDÚSTRIA DE CARNE DE FRANGO BRASILEIRA ... 35

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3.2 PRODUÇÃO DE CARNE DE FRANGO NO BRASIL E AO REDOR DO

MUNDO ... 37 3.3 EXPORTAÇÃO MUNDIAL DA CARNE DE FRANGO BRASILEIRA ... 42 3.3.1 EXPORTAÇÃO DA CARNE DE FRANGO BRASILEIRA PARA A CHINA 46 3.3.2 EXPORTAÇÃO DA CARNE DE FRANGO BRASILEIRA PARA A ÁRABIA SAUDITA ... 49 3.3.3 EXPORTAÇÃO DA CARNE DE FRANGO BRASILEIRA PARA O JAPÃO 51 3.3.4 EXPORTAÇÃO DA CARNE DE FRANGO DE SANTA CATARINA ... 53

4 BARREIRAS TARIFÁRIAS E NÃO TARIFÁRIAS QUE AFETAM NA

EXPORTAÇÃO DA CARNE DE FRANGO BRASILEIRA ... 56

4.1 CLASSIFICAÇÃO TARIFÁRIA DO PRODUTO ... 56 4.2 BARREIRAS TARIFÁRIAS E NÃO TARIFÁRIAS APLICADAS PELA

CHINA. ... ....57 4.3 BARREIRAS TARIFÁRIAS E NÃO TARIFÁRIAS APLICADAS PELA

ARÁBIA SAUDITA ... 59 4.4 BARREIRAS TARIFÁRIAS E NÃO TARIFÁRIAS APLICADAS PELO

JAPÃO. ... 62

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1 INTRODUÇÃO

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

O presente trabalho visa caracterizar as barreiras tarifárias e não tarifárias, para que possamos verificar quais são as barreiras que acabam afetando as exportações de carne de frango brasileira nos principais países importadores, apresenta-se também o volume que é produzido, exportado e o seu crescimento ao longo dos anos.

O Brasil vem há anos dominando o mercado de carne de frango sendo um dos mais relevantes produtores e exportadores do mundo. Desde 1920 a carne de frango já era importante na alimentação da população, nesse tempo as aves demoravam cerca de seis meses para obter o peso ideal de abate e isso fazia com que se tornasse uma barreira para o aumento do consumo dela. (ARASHIR, 1989)

A partir de 1930, o Brasil começou a se modernizar economicamente para sair da dependência da exportação cafeeira, dessa maneira foram feitas várias estratégias para incentivar a atividade agropecuária. A indústria de frangos foi uma das primeiras a ser incentivada na produção em grande escala, para atender a alta demanda da população brasileira. (ARASHIR, 1989)

Os imigrantes e descendentes de europeus que vieram para o Brasil foram de extrema importância para modernização econômica do Brasil, devido as novas técnicas e conhecimentos que eles trouxeram para a melhora da produção de frango.Emmeados da década de 50 e 60 a criação e abate de frangos ganhou um enorme impulso, através de um ciclo novo de modernização dos métodos de produção.Foram criadas também vacinas novas para expandir os cuidados em relação a sanidade avícola e a genética passou cada vez mais a estar presente na produção. A partir daí ocorreu uma maior integração entre os produtores de frango e as agroindústrias, com isso passou a ter um investimento maior nas tecnologias da cadeia produtiva de frango (novos métodos de criação, alimentação e abatedouro). (ARASHIR, 1989)

Hoje em dia o setor agroindustrial do Brasil de produção de carne de frango se destaca pelo dinamismo e a importância socioeconômica. A produção da carne de frango é totalmente interligada com as empresas que pertencem a cadeia avícola. O crescimento das aves é muito mais rápido do que antigamente, o custo produtivo é muito menor se comparado a outros tipos de animais, o preço ao consumidor é muito mais acessível e com as mudanças da população para uma alimentação muito mais saudável tornaram o consumo de carne de frango muito mais elevado.

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As barreiras tarifárias e não tarifárias são importantes medidas para que os produtos ou serviços exportados estejam devidamente adequados a todos os requisitos exigidos pelos países importadores e também para que não ocorra concorrência desleal entre produtos ou serviços estrangeiros e nacionais.

Neste contexto tem-se como pergunta de pesquisa: “Quais são as barreiras tarifárias e não tarifárias que o mercado de carne de frango brasileiro sofre ao exportar?”

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Verificar as barreiras tarifárias e não tarifárias aplicadas nas exportações de carne de frango brasileira.

1.2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

a) Descrever os dados sobre o comércio de carne de frango mundialmente.

b) Apresentar o volume das produções e exportações de carne de frango do Brasil no período de 2009 a 2019.

c) Identificar as barreiras tarifárias e não tarifárias aplicadas nas exportações de carne de frango brasileira.

1.3 JUSTIFICATIVA

As carnes de frango possuem quantidades muito menores de gorduras saturadas do que as carnes bovina e essas gorduras são as grandes encarregadas pela maioria dos casos de problemas cardíacos no mundo. Podemos encontrar nas carnes de frango grandes quantidades de vitaminas, que são fundamentais para o metabolismo celular, para órgãos internos como o estômago, fígado, intestino e órgãos mais exteriores e visíveis como a pele e o cabelo. Ela é extremamente rica em vitamina B3, que contribui para dilatação dos vasos sanguíneos e o sistema respiratório. A falta dessa vitamina pode ocasionar fraquezas musculares e algumas lesões na pele. Assim como todos os tipos de carnes, as carnes de frango também são ricas em proteínas, que são de grande importância para os nossos organismos pela sua função construtora e reparadora. (QUAL A IMPORTÂNCIA..., 2011)

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De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, 2019), o Brasil é o segundo maior produtor mundial de carnes de frango (atrás somente dos Estados Unidos) e o maior exportador do mundo. Devido a isso é de extrema importância analisarmos e debatermos sobre o tema, pois o Brasil possui um papel muito relevante tanto na produção, como na exportação da carne de frango mundial.

Diante disso, é importante observarmos as exportações da carne de frango brasileira e as barreiras tarifárias e não tarifárias impostas ao Brasil pelos outros países, pois elas são ferramentas que os governos dos países impõem para a proteção do mercado interno e o bem-estar da população.

Segundo Carreau e Juillard (1998), barreiras comerciais podem ser entendidas, de forma geral, como qualquer medida ou prática, de origem pública ou privada, que tenha o efeito de restringir o acesso de bens e serviços de origem estrangeira a um mercado, tanto no estágio da importação, como no da comercialização.

As barreiras podem ser de dois tipos: tarifárias ou não tarifárias. Nas barreiras tarifárias considera-se os impostos (importação e exportação) e as quotas tarifárias. Já nas barreiras não tarifárias temos vários fatores, como: as restrições quantitativas, regulamentos técnicos, medidas sanitárias e fitossanitárias, padrões privados, serviços, subsídios, propriedade intelectual, compras governamentais, regras de origem, entre outros. (MANUAL..., 2017)

Portanto, estudar as barreiras tarifárias e não tarifárias na exportação da carne de frango brasileira é academicamente importante para que possamos identificar os problemas que o Brasil sofre ao exportar e compreendermos a relevância que ele possui no setor avicultor.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Em relação aos procedimentos metodológicos este trabalho pode ser classificado como uma pesquisa qualitativa de base explicativa descritiva com o objetivo de verificar as barreiras comerciais na exportação de carne de frango brasileira.

A pesquisa qualitativa para Triviños (1987), se trata da pesquisa através de dados tendo como objetivo buscar o seu significado com base na percepção do fenômeno que possui dentro do seu contexto. A pesquisa qualitativa busca também a explicação da suas origens, relações e mudanças, e tenta deduzir suas possíveis consequências.

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De acordo com Gil (2008), pesquisa explicativa são aquelas pesquisas que têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso mesmo é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente.

Sobre pesquisa descritiva podemos afirmar que:

Pesquisa descritiva é aquela que analisa, observa, registra e correlaciona aspectos (variáveis) que envolvem fatos ou fenômenos, sem manipulá-los. Os fenômenos humanos ou naturais são investigados sem a interferência do pesquisador que apenas “procura descobrir, com a precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características. (Cervo; Bervian, 1983, p. 55).

O levantamento da base de dados e informações para análise será realizado através do método bibliográfico.

Para Lakatos e Marconi (2001, p. 183), a pesquisa bibliográfica:

“[...] abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, materiais cartográficos, etc. [...] e sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto [...]”.

A classificação dos objetivos é em pesquisa descritiva que tem como método a realização de levantamento de fontes secundárias. As fontes secundárias utilizadas serão livros de autores que abordam sobre o tema, relatórios publicados pelo governo brasileiro, sites, artigos científicos, trabalhos de pesquisas que falam sobre o assunto e que estão relacionadas com o problema em questão.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 COMÉRCIO INTERNACIONAL E COMÉRCIO EXTERIOR

Embora sejam similares, comércio internacional e comércio exterior possuem diferenças. As diferenças entre eles estão nas normas que os regulam. O comércio internacional realiza acordos bilaterais e adota regras de órgãos internacionais, como OMC (Organização Mundial do Comércio) ou blocos regionais, como Mercosul e União Europeia. O comércio exterior tem como meta um Estado específico em relação aos demais, por isso ele é regulamentado pelas legislações internas dele próprio. Os objetivos dessas normas internas são assegurar os interesses dos Estados em seus acordos comerciais. (ENTENDA..., 2018)

Com base nos critérios adotados por Killough (1960:3-10), podemos afirmar que as diferenças entre o comércio interno e o comércio internacional são devidas principalmente a: variações no grau de mobilidade dos fatores de produção, natureza do mercado, existência de barreiras aduaneiras a outras restrições, longas distâncias, variações de ordem monetária e variações de ordem legal. (RATTI, 2001)

O comércio internacional tem como objetivo a troca de bens e serviços por meio de acordos entre os Estados. Ele é de extrema importância para o crescimento e desenvolvimento econômico dos países. Em grande parte dos Estados, o comércio internacional representa uma porcentagem bem relevante do PIB (Produto Interno Bruto). Nos últimos tempos ele vem crescendo devido a globalização, através da evolução e do crescimento dos transportes, das comunicações e das indústrias. (COMÉRCIO..., [2019]) Existem muitas teorias que englobam o comércio internacional e compreende-las é importante para conhecer o seu funcionamento. A primeira teoria é considerada clássica, trata se das vantagens absolutas de Adam Smith (A Riqueza das Nações, 1776), ela fala que uma nação só irá exportar um produto caso ela consiga produzir ele por um custo baixo, cada Estado necessita produzir produtos que obtiver maiores vantagens através dos custos e o modo de produzir.

De acordo com Appleyard, Field e Cobb (2010), Smith aplicou suas ideias sobre a atividade econômica em um país à especialização e à troca entre países. Ele concluiu que os países deveriam se especializar em mercadorias nas quais tinham vantagem absoluta para exportá-las, e deveriam importar aquelas nas quais o parceiro comercial tinha absoluta vantagem. Cada país deveria exportar essas mercadorias que produziam

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mais eficientemente porque o trabalho absoluto requerido por unidade era menor do que o do possível parceiro comercial.

A segunda teoria também é considerada clássica, trata-se das vantagens comparativas de David Ricardo (Sobre os Princípios da Economia Política e da Tributação, 1817), esta teoria aborda que o comércio internacional é motivado pela disponibilidade de diferentes fatores produtivos (terra, trabalho, capital e tecnologia) entre os Estados e que eles necessitam se especializar em bens ou serviços que produzem relativamente melhor.

Para Gonçalves (2016), de acordo com o modelo de David Ricardo, os custos comparativos são determinados pela produtividade relativa do trabalho. A produtividade é a quantidade de produção por trabalhador. Variações nessa produtividade entre os países adviriam principalmente de diferenças tecnológicas entre eles. Assim, técnicas mais eficazes implicam maior produtividade e menor custo de produção.

Já a terceira teoria é considerada uma teoria moderna, criada pelos economistas Eli Filip Heckscher e Bertil Ohlin (1970), a teoria das proporções dos fatores fala que o comércio internacional vai ser determinado por diferenças na disposição de fatores naturais, ela prevê que um Estado vai exportar produtos que necessitam a utilização intensa dos fatores que são existentes em abundancia nele e que vai importar produtos cujo a produção depende de fatores escassos naquele Estado. (RATTI, 2001)

De acordo com Appleyard, Field e Cobb (2010) podemos afirmar que:

“construindo um rigoroso conjunto de pressupostos. Heckscher-Ohlin demonstraram que as diferenças nas dotações relativas de fatores são suficientes para gerar uma base para o comércio, mesmo se não houver diferenças de tecnologia ou de demanda entre os países. O modelo permitiu a eles não apenas predizer o padrão do comércio com base na dotação inicial de fatores, mas também demonstrar que o comércio levaria a uma equalização de preços dos fatores entre os países.”

O comércio exterior tem como objetivo denominar as regras internas de um Estado, relacionadas ao comércio internacional, são criadas para que seja disciplinado todos os produtos do exterior que entram no Estado e os produtos que saem para o exterior. Ele trata das questões tributárias, administrativas, financeiras e aduaneiras. Está área necessita assegurar que todos os produtos estejam em condições perfeitas e exigidas no transporte, assim como também as documentações e impostos quitados para que as mercadorias sejam despachadas de forma correta. (ENTENDA..., 2018)

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2.2 PROTECIONISMO X LIBERALIZAÇÃO COMERCIAL

Durante o século XX com a decorrente liberalização comercial entre os países, acabou se alterando as maneiras de relações comerciais entre eles, devido antigamente cada país poder ter sua própria autonomia no controle da entrada de mercadorias vindas do exterior e adotando vários métodos de restrição para dificultar a entrada delas. Porém, com o grande crescimento das negociações internacionais, se tornou necessário impor normas em nível global para que o mercado internacional se tornasse competitivo e não ocorresse inúmeras medidas protecionistas. (MAIA, 2007)

De acordo com Maia (2007):

“para desenvolver especificamente o comércio internacional, foram feitas tentativas de se criar a Organização Internacional do Comércio (OIC); entretanto, devido à oposição dos Estados Unidos, essa organização nunca foi operante.”

Assim, 23 nações se reuniram em 1947, em Genebra, e celebraram um acordo sobre comércio internacional, que ficou conhecido como General Agreement on Tariffs and Trade (GATT), isto é, Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio.

Os princípios básicos do GATT eram:

a) que o comércio deve ser conduzido de maneira não discriminatória; b) tem que ser condenado o uso de qualquer tipo de restrição quantitativa; c) as disputas devem ser resolvidas através de consultas.

Para Ratti (2001), de primordial importância era o artigo I do Acordo, relativo à clausula de nação mais favorecida, que determinava o seguinte:

“todas as vantagens, privilégios, favores ou imunidades concedidos por uma das partes contratantes a um produto proveniente ou com destinação a qualquer outro país serão imediatamente estendidos a todo produto similar proveniente ou com destinação aos territórios de todas as outras partes contratantes.” Portanto, Maia (2007) aborda que o objetivo do GATT era o crescimento do comércio internacional, através da eliminação de qualquer tipo de barreira comercial e de protecionismo.

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O GATT acabou abrindo as seguintes exceções:

a) os países que estejam enfrentando dificuldades em seus Balanços de Pagamentos podem estabelecer tarifas restritivas. Isso, entretanto, só é permitido pelo período necessário para o restabelecimento da normalidade e depois de ouvido o FMI; b) as regras do GATT podem ser quebradas pelos países subdesenvolvidos, quando

isso for necessário para acelerar seu desenvolvimento econômico. Essa permissão é válida se ocorrer autorização do GATT;

c) quando a produção nacional de artigos agrícolas e de pesca estiver sujeita a restrições e controles, esses mesmos controles e restrições podem ser extensivos aos importados.

Periodicamente, os países participantes do GATT promoviam negociações multilaterais (rounds ou “rodadas”), nas quais eram estabelecidas reduções tarifárias e discutidos outros assuntos relacionados com a expansão do comércio internacional. (MAIA, 2007)

O GATT admitia a utilização, por parte de um país-membro, de subsídios à exportação, desde que tal atitude não causasse prejuízo a setores produtivos de outros países associados. (RATTI, 2001)

No caso de ser comprovado esse prejuízo, o país prejudicado podia defender-se, mediante aplicação de countervailing duties. Um país associado também podia utilizar direitos antidumping como defesa contra a prática de dumping por parte de outro país. (RATTI, 2001)

Em dezembro de 1993 foi encerrada a rodada do Uruguai, que há sete anos vinha sendo discutida. Os diversos acordos dela resultantes foram aprovados em Conferência Ministerial realizada de 12 a 15 de abril de 1994 em Marrakesh, Marrocos. (RATTI, 2001) Entre todas as reuniões do GATT, ela foi: a que teve maior número de participantes (116 países); a mais ampla, pois incluía serviços e direitos autorais; a mais longa (de 1986-1994). (RATTI, 2001)

Os principais entraves para essa rodada foram a comercialização dos produtos agrícolas e a de alguns serviços. Com relação aos produtos agrícolas, houve cortes nas tarifas protecionistas, porém não foram eliminados os subsídios. No caso dos serviços, os audiovisuais, que incluem cinema e televisão, ficaram fora das negociações. (RATTI, 2001)

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Nessa rodada foi aprovada uma redução geral das tarifas de importação a ser aplicada durante o prazo de quatro anos. (RATTI, 2001)

O acordo anterior do GATT de 1947 foi substituído pelo GATT 1994, que compreende as disposições originais do GATT 1947 e várias outras que passaram a vigorar posteriormente. (RATTI, 2001)

Além dos acordos multilaterais sobre o comércio de bens (GATT 1994 e outros), foram também aprovados acordos sobre comércio de serviços e sobre direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio e os chamados acordos de comércio plurilaterais. (RATTI, 2001)

Essa rodada também estabeleceu que o GATT seria substituído por uma nova entidade, denominada Organização Mundial do Comércio (OMC), que teria mais força para que as partes pudessem cumprir com as regras estabelecidas. (RATTI, 2001)

De acordo com Maia (2007):

“o GATT era simplesmente um acordo; não era um organismo internacional e, praticamente, teve por objetivo apenas o comércio mundial. A OMC também tem por objetivo desenvolver o comércio internacional; entretanto, é mais ampla porque se preocupa com os serviços e direitos de propriedade intelectual. É um órgão permanente e com personalidade jurídica.”

Já para Ratti (2001), de particular importância foi a criação, com vigência a partir de 01/01/95, da Organização Mundial do Comércio (OMC) e contou com a adesão de 124 países. Ela vem a ser a instituição responsável pela aplicação, administração e funcionamento dos diversos acordos comerciais. E o foro para as negociações entre os países-membros no tocante às suas relações comerciais multilaterais. Trata das normas e procedimentos que regem a solução de controvérsias e administra o mecanismo de exame das políticas comerciais nacionais.

Inicialmente, o governo norte americano se opôs à criação da OMC; receava que as regras da OMC colidissem com a estrutura jurídica americana relativa a represálias comerciais a países por ele considerados desleais em comércio exterior. (MAIA, 2007)

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Entretanto, em dezembro de 1994, com a autorização do Congresso Americano, os Estados Unidos aderiram à OMC. Essa adesão foi vital para o estabelecimento da OMC. (MAIA, 2007)

A OMC possui três entidades operacionais: o Conselho Geral, o Corpo de Solução de Disputas e o Corpo de Exame da Política Comercial. Sua sede é em Genebra, Suíça.

Em dezembro de 1994, o governo do Brasil, devidamente autorizado pelo senado e pela Câmara de Deputados, aprovou o ingresso na OMC; com isso, o Brasil se tornou um dos sócios fundadores. (RATTI, 2001)

A terceira Reunião Ministerial da OMC realizada em Seattle (EUA) em dezembro de 1999 e que seria a Rodada do Milênio, acabou sendo um fracasso total, pois os países desenvolvidos declararam que iriam manter o protecionismo agrícola em seus países. União Europeia, Japão e Estados Unidos, foram os mais interessados na manutenção de barreiras comerciais e dos subsídios à exportação. (RATTI, 2001)

O presidente estadunidense na época, Bill Clinton, foi considerado o principal responsável pelo fracasso daquela reunião. Tudo por causa se seu oportunismo eleitoral. (RATTI, 2001)

2.3 BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL

Para Lopez e Gama (2005), um dos grandes desafios enfrentados, principalmente pelos países em desenvolvimento, nas negociações multilaterais é a eliminação ou, ao menos, a redução significativa das barreiras ao comércio.

De acordo com Faro e Faro (2010): “entende-se barreira toda lei, medida, procedimento ou qualquer outra prática que imponha restrições ou que venha representar entraves ao pleno desenvolvimento dessa atividade econômica.”

As barreiras comerciais podem ser divididas em dois grupos: barreiras externas (barreiras tarifárias, não tarifárias e técnicas) e barreiras internas (resultantes de políticas macroeconômicas e setoriais ineficazes, potencializadas pela existência de processos burocráticos desmedidos). (FARO E FARO, 2010)

Elas podem violar ou não regras internacionais de comércio acordadas no âmbito da OMC. As tarifas, por exemplo, só não são aceitas pela OMC quando acima das consolidadas junto àquela Organização. (LOPEZ E GAMA, 2005)

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Também é defendido a utilização das barreiras comerciais como uma maneira de proteger as indústrias nascentes, dando condições suficientes para elas se desenvolverem e se protegerem das competições diretas de produtos de outros países. (LOPEZ E GAMA, 2005)

Segundo Ellsworth (1978), quando se verifica a necessidade de proteção frente ao comércio desleal – geralmente subsidiado pelos países para tornar as produções competitivas no mercado internacional e quando for capaz de assegurar o equilíbrio na balança comercial, ao controlar o nível de importações do país.

2.3.1 BARREIRAS TARIFÁRIAS

Barreira tarifária é um instrumento da política comercial mais utilizado pelos países, que influencia nos preços do mercado sem interferir de forma direta na quantia a ser comprada ou vendida. A função das barreiras tarifárias é restringir o comércio através de impostos ou tarifas que são aplicáveis na importação ou exportação de produtos. (LOPEZ E GAMA, 2005)

Qualquer tipo de obstáculo que se interpõe a realização de uma transação internacional de comércio, devido as cobranças dos direitos aduaneiros. Essa cobrança é um componente comum a estrutura legislativa da aduana de qualquer país. Entretanto, os tributos compreendem as barreiras tarifárias ao comércio exterior quando engloba uma arrecadação de valores em percentual alto o suficiente para dificultar as negociações comerciais. (FARO E FARO, 2010)

A função das barreiras tarifárias é restringir o comércio através de impostos ou tarifas que são aplicáveis na importação ou exportação de produtos. (LOPEZ E GAMA, 2005)

Na importação, a barreira tarifária se impõe através de tributos discriminatórios sobre produtos de outros países, com o objetivo de conter a sua incorporação no mercado importador. Seu emprego, normalmente é justificado pela sua vontade de proteger o produto nacional da concorrência predatória. (LOPEZ E GAMA, 2005)

Os quatro tipos de barreiras tarifárias existentes são: imposto de importação (aplicado na entrada da mercadoria), imposto de exportação (aplicado na saída da mercadoria), quota tarifária de importação (aplicado na entrada da mercadoria) e quota tarifária de exportação (aplicado na saída da mercadoria). (MANUAL..., 2017)

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2.3.1.1 Imposto de importação

De acordo com a Receita Federal ([2019]):

“O imposto sobre a importação de produtos estrangeiros (II) incide sobre a importação de mercadorias estrangeiras e sobre a bagagem de viajante procedente do exterior. No caso de mercadorias estrangeiras, a base de cálculo é o valor aduaneiro e a alíquota está indicada na Tarifa Externa Comum (TEC). No caso da bagagem, a base de cálculo é o valor dos bens que ultrapassem a cota de isenção e a alíquota é de cinquenta por cento.”

Já o Manual... (2017) fala que o imposto de importação é a aplicação de um percentual que incide sobre o valor das mercadorias importadas (tarifa ad valorem) ou como um determinado valor por quantia da mercadoria importada (tarifa específica). Devido ser aplicado somente na entrada da mercadoria no país, a tarifa representa um ônus adicional a mercadoria exportada, que não é aplicável a mercadoria idêntica produzida no país importador. As tarifas que incidem na importação de mercadorias são restringidas por acordos comerciais ou por compromissos que o país possui com a OMC. (MANUAL..., 2017)

2.3.1.2 Imposto de exportação

O imposto de exportação é aplicado na saída da mercadoria do país exportador. Ele pode alterar o comércio exterior de um país, principalmente se essa for a única ou a principal fonte de determinadas mercadorias aplicadas pelo país. Também é utilizado como uma forma de incentivo para o processamento de matérias-primas nos países, com a futura exportação de mercadorias finalizadas. O imposto de exportação não costuma ser limitado por compromissos com a OMC. Não podem ser exercidas alíquotas diferentes dependendo do país de destino das mercadorias exportadas. (MANUAL..., 2017)

2.3.1.3 Tarifas

As tarifas costumam ser instituídas pelas seguintes razões: necessidade de novas fontes de receita, equilíbrio do balanço de pagamentos através da redução de operações que impliquem dispêndio de divisas e proteção à indústria nacional. (LOPEZ E GAMA, 2005)

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De acordo com Krugman e Obstfeld (1999): “as tarifas têm como função principal elevar os preços dos produtos importados no mercado interno, protegendo setores e alavancando receitas.”

Elas podem ser classificadas em quatro tipos: Específica – É determinada pelas características físicas dos produtos e são aplicadas sobre produtos importados que possam ser objetos de dumping. Variáveis – É determinada pelo valor da mercadoria, sob forma de percentual desse valor. Elas são aplicadas sobre produtos que possam existir competições desleais, através de um preço de referência dos tributos, normalmente são aplicadas sobre produtos que pertencem aos setores ineficientes. Escalonadas – É determinada pela aplicação progressiva de um produto, através de um limite a entrada de produtos no país, incidindo na quantidade e no nível de elaboração dos produtos. Sazonais – Sua aplicação é realizada em determinadas épocas do ano. (LOPEZ E GAMA, 2005)

2.3.2 BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS

As barreiras não tarifárias têm como objetivo a realização de procedimentos que interferem nas relações comerciais entres os países, através da inserção de métodos de apoio à política econômica realizada pelas autoridades dos governos. Porém estes procedimentos não envolvem a cobrança de direitos aduaneiros ou qualquer outro tipo de tributos, o objetivo de proteger as indústrias nacionais continua sendo o mesmo. (FARO E FARO, 2010)

Elas podem ser apontadas como um estabelecimento de cotas para a importação de produtos (restringindo a compra de produtos do exterior), também como procedimentos burocráticos com vínculo ao licenciamento das operações e até mesmo como medidas de defesa comercial (quando não legitimadas). (FARO E FARO, 2010)

Para Lopez e Gama (2005), barreiras não tarifárias são aquelas que discriminam o produto estrangeiro sem se referir ao pagamento de tributos, dentre as quais são citadas: proibição de importações; licenças de importação; cotas; controles de preço; exigências em matéria de embalagem e etiquetagem; normas sanitárias e fitossanitárias; normas de qualidade; normas e regulamentos técnicos; direitos antidumping; subsídios e direitos compensatórios; regras de origem; barreiras logísticas.

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2.3.2.1 Restrições Quantitativas

As restrições quantitativas não costumam ser permitidas pelas regras da OMC, entretanto em algumas situações elas são permitidas, como para conter surtos de importações, medidas de emergência para que se tenha um equilíbrio na balança de pagamentos e até mesmo para proteção ambiental e da saúde humana. (MANUAL..., 2017)

De acordo com Lopez e Gama (2005):

“regulamentos técnicos são regras, de cumprimento obrigatório, estabelecidas pelo governo para assegurar a segurança e saúde dos consumidores, proteção contra práticas comerciais enganosas e compra de produtos inadequados ao uso e proteção do meio ambiente. Os produtos que não estejam de acordo com tais regulamentos não podem ser comercializados.”

No Brasil, o órgão responsável é o Instituto Nacional de Normalização, Metrologia e Qualidade Industrial (Inmetro), do MDIC.

Existem dois tipos de restrições quantitativas: as quotas (podendo ser de importação ou exportação) e a proibição comercial (podendo ser de importação ou exportação e ela serve para impedir que um produto estrangeiro tenha acesso ao mercado interno ou que um produto nacional seja vendido para mercados estrangeiros). (MANUAL..., 2017)

As quotas tarifárias de importação determinam uma quantia em relação à qual é aplicada uma tarifa específica. Normalmente as quotas são definidas por volumes anuais. A grande maioria das mercadorias só podem ser impostas em circunstâncias excepcionais. As mercadorias que se enquadram no acordo da OMC sobre agricultura são uma exceção, portanto são aplicadas quotas no curso normal do comércio.

De acordo com o Manual... (2017):

“A tarifa diferenciada aplicada à quantidade que excede a quota é maior que a tarifa aplicada à quota e pode chegar a ser uma tarifa proibitiva (isto é, uma tarifa tão elevada que, na prática, impossibilita qualquer tipo de importação extra quota). As quotas tarifárias são uma barreira comercial de extrema importância, devido somente uma determinada quantidade de mercadorias possuírem um verdadeiro acesso ao mercado estrangeiro”.

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As quotas tarifárias de exportação também preveem a aplicação de tarifas a determinadas quantidades de mercadorias exportadas.

De acordo com o Manual... (2017):

“A tarifa diferenciada aplicada à quantidade que excede a quota é maior que a tarifa aplicada à quota, podendo inviabilizar as exportações que estejam além do limite quantitativo admitido.” Elas só são admitidas quando possuem circunstâncias excepcionais, com a imposição de uma quantidade maior do bem vai ser ofertada para o mercado interno e pode acabar resultando na redução do seu preço.”

As quotas de exportação só são aceitas em casos extremos, pois se ocorrer a aplicação dela e um produto for ofertado em maior quantidade no mercado nacional, pode ocasionar na redução dos preços e acabar afetando na competitividade com produtos importados de outros países. (MANUAL..., 2017)

2.3.2.2 Regulamentos Técnicos

De acordo com o Inmetro ([2019]), regulamento técnico é todo:

“Documento aprovado por órgãos governamentais em que se estabelecem as características de um produto ou dos processos e métodos de produção com eles relacionados, com inclusão das disposições administrativas aplicáveis e cuja observância é obrigatória. Também pode incluir prescrições em matéria de terminologia, símbolos, embalagem, marcação ou etiquetagem aplicáveis a um produto, processo ou método de produção, ou tratar exclusivamente delas.”

Os regulamentos técnicos têm como objetivo estabelecer normas obrigatórias que precisam ser cumpridas pelos produtos ou pelo seu processo de produção. Em inúmeros casos é preciso realizar procedimentos de avaliação de conformidade (que incluem testes, verificações e especificações) para dizer se o produto atende a todas as exigências necessárias dos regulamentos técnicos. Estas avaliações podem ter um alto custo tanto para o exportador quanto para o importador. (MANUAL..., 2017)

Eles costumam ser estabelecidos por autoridades do governo na área da segurança, meio ambiente, saúde e proteção ao consumidor. São aplicados de maneira não discriminatória entre produtos nacionais e importados. Os regulamentos técnicos que são

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adotados por cada país devem ser instrumentos legítimos de implementação de políticas públicas que são admitidas pelas normas da OMC. (MANUAL..., 2017)

De acordo com Faro e Faro (2010):

“na formulação de um regulamento ou norma técnica, um país deve primeiramente observar o Acordo sobre Barreiras Técnicas firmado no âmbito da OMC, conhecido como TBT (Technical Barriers to Trade), iniciativa essencial para que esse instrumento não se caracterize como uma regra abusiva e dissonante do padrão internacional, sendo passível de questionamento, portanto.”

Esse passo deve contemplar a participação de todos os interessados nesse sentido, ou seja, governo, setores produtivos, consumidores, representantes comunitários, institutos de pesquisas, universidades, etc., para que a sua concepção seja fruto do consenso entre esses atores, além de demandar a sua correspondente validação por uma entidade cuja competência quanto à normalização e certificação da qualidade seja reconhecida internacionalmente. (FARO E FARO, 2010)

As normas e regulamentos técnicos não se aplicam somente aos produtos, mas também aos serviços, processos, sistemas de gestão de materiais e de pessoas. Na realidade, tais instrumentos podem estabelecer exigências e requisitos mínimos essenciais, entre outros aspectos, quanto à qualidade, desempenho, segurança, procedimentos operacionais e padronização. (FARO E FARO, 2010)

2.3.2.3 Medidas Sanitárias e Fitossanitárias

De acordo com o MRE (Ministério das Relações Exteriores) ([2019]):

“As medidas sanitárias e fitossanitárias (SPS, na sua sigla em inglês) visam proteger a vida e a saúde humana e animal e a sanidade vegetal por meio de normas, procedimentos e controles aplicáveis ao comércio internacional de produtos agrícolas, de forma a assegurar a inocuidade e a qualidade dos alimentos consumidos internamente e exportados, bem como a proteção do território nacional contra pragas e doenças. Para evitar que esses objetivos legítimos resultem em obstáculos indevidos ao comércio internacional, negociou-se, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (1994). O Acordo SPS da OMC define que as medidas adotadas pelos países, razoáveis, proporcionais e temporárias, devem ter como referência os padrões estabelecidos pelas Organizações Internacionais mencionadas no acordo SPS: o Codex Alimentarius, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e a Convenção Internacional de Proteção dos Vegetais (CIPV).”

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Para Lopez e Gama (2005), medidas sanitárias e fitossanitárias são ações expressas em qualquer lei, decreto, regulamento ou procedimento, desde que aplicadas à:

• Proteção da vida e da saúde de animais e plantas de pragas, doenças e organismos patogênicos.

• Proteção da vida e saúde de pessoas e animais de riscos resultantes da presença de aditivos, contaminantes, toxinas ou organismos patogênicos nos produtos alimentícios.

• Proteção da vida e saúde das pessoas de riscos resultantes de doenças propagadas por plantas e animais.

• Prevenção ou controle de outros prejuízos causados a um país como resultado da entrada, radicação ou propagação de pragas.

Para que os países possam cumprir os objetivos citados, eles têm por costume implementar medidas de controle rigorosos, que incluem inspeções nos produtos importados (incluindo no território do país exportador), a exigência de um determinado padrão de qualidade, testes laboratoriais, dentre outras medidas que possam representar um alto custo. (MANUAL..., 2017)

No período da Rodada do Uruguai foi realizado o Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias, com o objetivo de impedir que medidas de proteção à saúde humana constituam barreiras ao comércio internacional. Para tanto, é exigido que o país comprove, cientificamente, a necessidade da adoção ou manutenção de qualquer medida do gênero. (LOPEZ E GAMA, 2005)

2.3.2.4 Padrões Privados/Normas Voluntárias

De acordo com o Manual... (2017) o padrão privado pode se tornar uma barreira ao comércio devido as seguintes razões:

• Multiplicidade e sobreposição de padrões privados, o que implica custos adicionais;

• Existência simultânea de normas estatais e privadas referentes ao mesmo tema, nem sempre compatíveis, o que gera custos e imprevisibilidade; • Dificuldade de seguir padrões que sejam mais complexos e rigorosos que os padrões estatais

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Eles são padrões ou normas exigidas por entidades privadas, como grupos varejistas e ONGS – relativas à segurança, qualidade ou sustentabilidade de produtos. Mesmo tendo origem privada em alguns casos o padrão privado conta com a participação de governos em sua criação. (MANUAL..., 2017)

2.3.2.5 Serviços

O serviço de importação e exportação ocorre de diversas maneiras, o que acaba tornando a sua regulamentação mais difícil. Alguns exemplos de maneiras da prestação de serviços são: Através da utilização de tecnologias, pois os serviços podem ser realizados à distância, sem nenhum tipo de fronteira física. Um prestador de serviços pode se deslocar por um determinado período até o local onde o produto será distribuído ou então o cliente pode ir até o local da prestação de serviços para o desenvolvimento dos negócios. (MANUAL..., 2017)

De acordo com o Manual... (2017):

“De modo geral as barreiras ao comércio de serviços podem ocorrer de duas maneiras: Limitações ou proibições de acesso a mercado, por exemplo, quando um país não permite que determinado serviço seja prestado por estrangeiros. Tratamento discriminatório - na prática, mesmo que haja acesso ao mercado, os prestadores estrangeiros não concorrem em condições de igualdade com os prestadores nacionais.”

Para Faro e Faro (2010), as principais barreiras ao comércio de serviços não se encontram apoiadas na cobrança de direitos aduaneiros, estabelecimentos de cotas, ou mesmo outros obstáculos gerados em virtude da aplicação de regulamentos ou normas técnicas. As restrições a esse segmento dizem respeito, fundamentalmente, a três pontos específicos: limitações quanto ao acesso a mercados, limitações quanto ao tratamento nacional, e limitações quanto às regulamentações domésticas.

No que diz respeito ao acesso a mercados, as limitações estão vinculadas ao número de prestadores de serviços e valor dos ativos ou transações; como também ao número total de operações/quantidade de serviços produzidos; número total de pessoas físicas empregadas em um determinado segmento econômico (ou que uma empresa prestadora de serviços possa empregar); e, ainda, quanto à participação do capital estrangeiro. (FARO E FARO, 2010)

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As limitações quanto ao tratamento nacional estão vinculadas à existência de restrições envolvendo a outorga aos serviços e prestadores de serviços de origem estrangeira, em condições favoráveis, a exemplo das oferecidas aos serviços ou prestadores de serviços nacionais. (FARO E FARO, 2010)

Por sua vez, as limitações quanto às regulamentações domésticas dizem respeito às restrições relacionadas à atuação de prestadores de serviços originários de terceiros países, em virtude de uma aparente ou efetiva falta de transparência dos regulamentos e normativos que orientam a execução de serviços. (FARO E FARO, 2010)

2.3.2.6 Propriedade Intelectual

De acordo com Tarifas... ([2019]):

A legislação de propriedade intelectual abrange patentes, marcas comerciais, desenhos industriais, desenhos de layout de circuitos integrados, direitos autorais, indicações geográficas e segredos comerciais. Os direitos concedidos são registrados nos Escritórios Nacionais e coletados no banco de dados da OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual).

A criação de normas para a proteção da propriedade intelectual é de extrema importância para que inúmeros produtos tenham a oportunidade de competir em mercados estrangeiros. (MANUAL..., 2017)

Se não obtiver uma proteção adequada sobre os produtos eles podem acabar obtendo fracasso no mercado devido falsificações dos produtos originais e também podem haver perdas dos incentivos a tecnologias inovadoras. (MANUAL..., 2017)

2.3.2.7 Compras Governamentais

Compras governamentais são a realização de compras de bens e serviços realizadas pelos governos, normalmente através de licitações. Esse mercado vem crescendo muito e está aos poucos sendo aberto para a concorrência de produtos e fornecedores oriundos do mercado estrangeiro, através do Acordo de Compras Governamentais da OMC e de inúmeros acordos bilaterais. (MANUAL..., 2017)

De forma geral vários países acabam utilizando o poder de compra do governo para que se tenha um incentivo de algumas atividades e para a proteção das suas indústrias nacionais. (MANUAL..., 2017)

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2.3.2.8 Regras de Origem

As regras de origem são métodos que servem para definir a origem de um determinado produto. Para que o produto possa ser considerado originário de um determinado país é exigido que exista algum tipo de transformação industrial que seja relevante ou que existe uma grande agregação de valor a este produto naquele país. (MANUAL..., 2017)

De acordo com o Manual... (2017):

“elas são de grande importância para vários instrumentos comerciais, tais como quotas, preferenciais tarifárias, medidas de defesa comercial, dentre outras. Regras de origem que sejam indevidamente complexas e de difícil cumprimento podem, em termos práticos, impedir que produtos tenham efetivo acesso a mercados.”

Já Lopez e Gama (2005) entendem regras de origem como, critérios que determinam a origem de um determinado produto. A negociação de tais critérios em nível multilateral garante regras uniformes, previsíveis e transparentes, eliminando, assim, obstáculos ao comércio pela proliferação de diferentes regras nacionais, muitas vezes baseadas em métodos de atribuição de origem contraditórios.

As regras de origem podem ser de dois tipos: preferenciais (determinam o país de origem dos bens para verificar se os mesmos estão qualificados a receber o tratamento preferencial acordado entre países signatários de um acordo); não preferenciais (determinam o país de origem dos bens de forma a facilitar o fluxo do comércio internacional, mas não estão relacionadas à concessão de tratamentos preferenciais). (LOPEZ E GAMA, 2005)

2.3.2.9 Medidas Antidumping

De acordo com Bizelli e Barbosa (2000):

“Dumping é a introdução no mercado de outro país de um produto a preço inferior ao seu valor normal, se o preço de exportação do produto, quando exportado de um país para outro, for inferior ao comparável, praticado no curso de operações comerciais normais, de um produto similar destinado ao consumo no país de exportação.”

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As medidas antidumping servem para que os produtores nacionais não sejam prejudicados por produtos importados de outros países a preços inferiores ao produto nacional, pois esta prática é considerada como desleal em termos de comércio em acordos internacionais. (DUMPING..., [2019])

De acordo com Reis (2019):

“O Antidumping é o conjunto de medidas, direitos procedimentos legais destinados a combater a prática do dumping. Ele é utilizado como uma forma de defesa comercial utilizada para proteger o livre comércio e coibir o uso de práticas anticoncorrenciais e o abuso de poder econômico. Dessa forma, as políticas antidumping agem para evitar que empresas vendam mercadorias por valor igual ou até mesmo abaixo do seu custo de produção, ou com lucros mínimos, apenas para conseguir dominar um determinado mercado.”

Para a aplicação de uma medida antidumping é necessário a realização de uma investigação com a participação dos países envolvidos, onde são conferidos dados e informações para que o Departamento possa propor essa aplicação se necessário ou então o encerramento da investigação sem nenhuma imposição. (DUMPING, [2019])

Para que a investigação possa ocorrer ela deve ser conduzida de acordo com as regras estabelecidas nos Acordos da OMC e na legislação do país que abriu a investigação. Caso não haja o cumprimento dos procedimentos estabelecidos pelo Acordo Antidumping, pode implicar em uma contestação da medida que vier a ser adotada ao final da investigação e a consequente revogação da mesma por determinação da OMC. (DUMPING..., [2019])

2.3.2.10 Medidas Compensatórias

Direito Compensatório é um direito especial cobrado com o objetivo de neutralizar qualquer tipo de subsídio outorgado, de forma direta ou indireta, da produção e exportação de um produto. (CARLUCCI, 1997)

De acordo com Carlucci (1997):

“Eles visam a redução ou eliminação dos efeitos restritivos de medidas não tarifárias que são aplicadas pelos governos aos produtos que são exportados para terceiros países. Essas medidas não tarifárias que podem tomar forma de

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subsídios podem ter efeitos prejudiciais ao comércio e à produção dos países importadores daqueles produtos. Entretanto, levando-se em conta que os subsídios podem ser utilizados por governos para promover importantes objetivos de políticas nacionais, os seus efeitos devem ser avaliados tendo em devida conta a situação econômica interna dos interessados, assim como a situação das relações econômicas e monetárias internacionais.”

As medidas compensatórias só podem ser aplicadas pelos governos se obtiverem provas concretas que as importações subsidiadas estão causando danos à indústria nacional. As investigações podem acontecer no território de outros países e nas instalações de uma empresa e seus registros, porém eles não podem se opor e precisam ser notificados no tempo solicitado. (CARLUCCI, 1997)

Subsídios são concessões financeiras realizadas por governos destinadas para empresas ou indústrias com a finalidade de deixar os preços dos produtos de maneira mais acessível ou estimular as exportações do país para que possa impulsionar uma maior competividade entre os produtos nacionais e estrangeiros. (MANUAL..., 2017)

Eles são uma importante barreira comercial, devido as distorções criadas tanto em mercados nacionais quanto no mercado internacional. Em mercados nacionais, a comercialização de produtos a preços subsidiados, de maneira mais acessível a população, faz com que se torne mais difícil a entrada de produtos estrangeiros. (MANUAL..., 2017)

De acordo com Krugman e Obstfeld (1999):

“à forma de subsídio mais utilizada pelo governo é o subsídio às exportações, onde o governo paga um valor (soma fixa por unidade produzida ou uma proporção do valor exportado) a uma empresa ou indivíduo que remete um produto ao exterior, tornando o produto competitivo frente ao mercado externo.”

Os subsídios são proibidos por normas da OMC devido eles poderem chegar ao ponto de criar um excesso de oferta fazendo com que os preços sejam deprimidos e colocando em risco a viabilidade da exportação de um produto para outros mercados distintos daquele em que ocorreu a concessão de subsídios. (MANUAL..., 2017)

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2.3.2.11 Medidas de Salvaguarda

As medidas de salvaguarda são aplicadas quando um determinado produto for investigado e resultar na constatação de que as importações desse produto aumentaram numa quantidade fora do padrão e isso acabar causando ou ameaçando um prejuízo enorme para a indústria nacional. (BIZELLI E BARBOSA, 2000)

Para Ratti (2001):

“O art. 1 ° do Decreto número 1.488, de 11/05/95, aborda que pode ser aplicado medidas de salvaguarda a um produto se através de uma investigação acabar sendo constatado que as suas importações aumentaram em tais quantidades, em termos absolutos ou em relação à produção nacional, e em tais condições que causem ou ameacem causar prejuízo grave à indústria doméstica de bens similares ou diretamente concorrentes.”

A aplicação das medidas de salvaguarda, são sempre investigadas pela SECEX/DECOM e efetivadas juntamente com o MDIC, para a prevenção de um prejuízo e para facilitar os ajustes. (Bizelli e Barbosa, 2000)

Essas medidas não podem ter sua aplicação num período superior a quatro anos e em alguns casos elas podem vigorar por um tempo que não seja superior a dez anos. (RATTI, 2001)

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3 INDÚSTRIA DE CARNE DE FRANGO BRASILEIRA

3.1 HISTÓRICO DA AVICULTURA NO BRASIL

Os primeiros relatos da chegada da avicultura no Brasil foram na época do descobrimento do país pelos portugueses, através da carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da Armada de Pedro Álvares Cabral, responsável pela esquadra lusa que aportou em 22 de abril de 1500 no litoral sul do atual estado da Bahia, no registro ele contou com entusiasmo o medo e o espanto que os índios tiveram ao ver as aves pela primeira vez. (FERREIRA, 2011)

O navegador português, Gonçalo Coelho, que foi um dos grandes responsáveis por mapear boa parte do litoral brasileiro, também trouxe a bordo da sua frota matrizes da ave para o Brasil, em 1502. (FERREIRA, 2011)

D. João VI, rei de Portugal, que chegou ao Brasil em 1806 junto com a Família Real, era um grande apreciador da carne de frango. Já seu neto Dom Pedro II, que foi Imperador do Brasil, entre 1841 e 1889, era um grande apreciador de canja de galinha. (DIAS, 2016)

Com o passar do tempo ocorreu um crescimento da população em cidades do interior, devido a mineração de ouro brasileiro, isso fez com que aumentasse o estimulo da produção de aves nessas cidades para a comercialização delas ao redor do país. As maiores produções de aves do Brasil na época (final do século XIX) se encontravam no estado de Minas Gerais, pois lá se encontravam as jazidas de ouro mais importantes do território brasileiro. (FERREIRA, 2011)

Dias (2016, p. 17) menciona que:

Visando a profissionalizar ainda mais o setor foi fundada, em São Paulo, no ano de 1913, a Sociedade Brasileira de Avicultura. Com estatutos baseados nas normas regimentais da American Poultry Association, a entidade foi criada com o objetivo de estreitar as relações entre os amadores e os criadores de aves; promover exposições periódicas de aves, pássaros e material para avicultura; realizar feiras e concursos, na capital federal e em outros centros avícolas importantes; e concorrer por todos os meios para a seleção, o aperfeiçoamento e a pureza das raças, bem como para o desenvolvimento da avicultura no país.

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Durante a década de 30 foi necessário criar novos métodos para estimular os setores industriais, devido ao Brasil possuir uma enorme dependência da exportação cafeeira para crescer economicamente. Através desses novos métodos o setor agroindustrial começou a crescer e avicultura se tornou um dos primeiros setores a investir na produção em escala, para atender a demanda populacional que vinha aumentando cada vez mais. Outro produto que também cresceu comercialmente foi a produção de ovos e os resultados obtidos pelos avicultores brasileiros acabaram sendo extremamente positivos. (DIAS, 2016)

Através do surgimento da Cooperativa Avícola de São Paulo (1930), ocorreu uma profissionalização e qualificação da produção de aves. Essa cooperativa tinha como objetivo ensinar os produtores de aves como melhorar a qualidade das carnes e dos ovos, com a intenção de aumentar o estimulo da produção. (FERREIRA,2011)

Muitos imigrantes vindos da Itália, Alemanha, Holanda, Portugal, acabaram vindo para o Brasil e com isso trouxeram várias técnicas agrícolas oriundas de suas terras natais que contribuíram para uma melhor qualidade na produção do setor. Com o tempo ocorreu uma descentralização dessas produções que eram concentradas em Minas Gerais e São Paulo, para Goiás, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. (FERREIRA, 2011)

Na década de 40, durante a época da Segunda Guerra Mundial, houve um estimulo maior para a produção interna de alimentos e fez com que o consumo da carne frango aumentasse em grande quantidade no Brasil. No interior de São Paulo acabou tendo uma modernização na produção de aves, através de novos métodos de manejo delas para atender a demanda da população. (FERREIRA, 2011)

Durante a década de 50, o Brasil começou a se expandir economicamente para que os seus produtos nacionais fossem exportados, o governo acabou criando uma instituição para manter uma gestão comercial e ter um controle sobre os produtos. Então em 1953, foi criada a Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil (CACEX), ela tinha como função manter um controle das importações e também promover as exportações. Essa instituição acabou colaborando para que se disseminasse a mentalidade exportadora brasileira, que era fomentada por uma política de substituição das importações e financiadora das exportações. (FERREIRA, 2011)

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A partir da década de 60, através da evolução da genética, o Brasil ganhou um enorme impulso na produção de aves. Foram desenvolvidas novas vacinas, novas fontes de nutrição alimentar e equipamentos específicos para a criação das aves. Foi no início dos anos 60 que as grandes agroindústrias passaram crescer e melhorar estruturalmente. (QUEVEDO, 2003)

Na década de 60 existia a necessidade de realizar projetos para estimular as empresas internacionais a investirem no Brasil, devido ao consumo da carne bovina ser maior e com um preço bem mais acessível do que o da carne de frango. Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais possuíam os maiores núcleos de matrizes de poedeiras da América do Sul e a produção de ovos, nesta época, era bem maior do que a produção de carne de frango. (FERREIRA, 2011).

Em 22 de Abril de 1965, havia sido efetuado o decreto número 55.981, que tinha como função disciplinar a importação de aves e ovos para a produção brasileira. Esse decreto interviu na importação de matrizes e a partir disso começaram a ser produzidos no território brasileiro. Já na década de 70 através da vinda de especialistas na produção do setor aviário, novas tecnologias e técnicas de produção intensiva. O setor começou a se desenvolver e se torna mais efetivo. Através disso surgiram as granjas de criação, que passaram a se tornar especializadas em produção de carne de frango ou então de ovos. Desse modo, surgiu a avicultura moderna que passou a ter um crescimento industrial e mais eficaz. (FERREIRA, 2011)

3.2 PRODUÇÃO DE CARNE DE FRANGO NO BRASIL E AO REDOR DO MUNDO

De acordo com os dados do relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) a produção carne de frango no Brasil em 2019 deve crescer 1,85%, chegando às 13,6 milhões de toneladas e em 2020 de 13,9 milhões de toneladas, ou seja, entre 2018 e 2019 terá um crescimento acumulado em torno de 4,6%. (FORMIGONI, 2019)

Já a projeção da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) foi de um crescimento de 1,39%, dando em torno de 13,2 milhões de toneladas. (BECK, 2019)

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O USDA acredita que os grandes produtores mundiais devem ser beneficiados devido as condições favoráveis ao setor, pois terão mais matérias-primas disponíveis, custos mais baixos e também a ausência de novos surtos de Influenza Aviária em países que foram afetados pela doença. Em relação ao Brasil, acredita-se que a produção deve se recuperar da queda sofrida em 2018, devido a retomada das exportações e do aumento de demanda interna no país. (USDA: ESTIMATIVAS..., 2018)

Apesar das projeções do USDA serem mais otimistas do que a da ABPA, anteriormente eles tinham como projeção que a produção de carne de frango no Brasil fosse de 13,9 milhões de toneladas, ao invés de 13,6 milhões de toneladas. Porém no seu relatório do dia 13 de fevereiro de 2019, O USDA, explica que devido a movimentação dos produtores brasileiros para um ajuste do mercado nacional, eles acabaram considerando uma redução nessa expectativa. (BECK, 2019)

O USDA acredita também que, por outro lado, através do crescimento previsto da economia brasileira em 2019, de 2,5%, e o controle da taxa de inflação pode estimular a recuperação da demanda nacional por carne de frango. A projeção do órgão é de um crescimento de 2% da demanda doméstica brasileira por carne de frango. (BECK, 2019) Eles também apontam numa expectativa de custos menores na produção de carne de frango em 2019 comparado ao ano anterior, que havia sido o segundo maior custo de produção já registrado no país. No ano de 2018 esses custos de produção tinham aumentado em torno de 15%, devido ao aumento de quase 12% nos custos nutricionais e também pelos aumentos nos custos de pintos de um dia. (BECK, 2019)

As perspectivas para a produção, exportação e consumação, em 2018, tinham sido rebaixadas, por causa das grandes dificuldades que foram enfrentadas no setor. O USDA cita alguns exemplos dessas dificuldades, como: a greve nacional de caminhoneiros (que acabou gerando prejuízos em torno de US $ 1 bilhão.), as restrições às exportações de carne de frango brasileira para China (medidas antidumping), União Europeia (proibição de importações de grandes frigoríficos no Brasil devido a fraudes em testes de laboratório) e Arábia Saudita. De acordo com o órgão, esses fatores “causaram uma grande queda nas exportações de frango pela primeira vez em décadas”. (BECK, 2019)

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Observando a situação da produção de carne de frango no Brasil no período de 2006 até 2018, podemos ver que ocorreu um crescimento de 9% para 12 % de milhões de toneladas na produção nesse período, conforme a tabela a seguir:

TABELA 1 – Produção brasileira de carne de frango em milhões de toneladas.

Fonte: Relatório Anual 2019 – ABPA Já a produção mundial de carne de frango em 2019, de acordo com o USDA, está estimada em 98,3 milhões de toneladas. Se a estimativa se concretizar, ela representa uma alta de 3,0% em relação ao total produzido no ano de 2018, de 95,50 milhões de toneladas. Comparado com ano de 2015, a produção mundial do ano de 2019 deve aumentar em torno de 7,6%, pois em 2015 a produção foi de 91,3 milhões de toneladas. (FORMIGONI, 2019)

Os Estados Unidos continua sendo o maior produtor de carne de frango do mundo, com uma estimativa de produção em torno de 19,5 milhões de toneladas em 2019. No ano de 2018 a produção norte americana foi de 19,3 milhões de toneladas, portanto, comparado a estimativa de 2019, terá um aumento de 0,9%. (FORMIGONI, 2019)

Após os Estados Unidos, vem o Brasil, que vai produzir em torno de 13,6 milhões de toneladas e assim ocupando o posto de segundo maior produtor mundial. (FORMIGONI, 2019)

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A China deve produzir 12,6 milhões de toneladas de carne de frango e assim ultrapassar a UE como terceiro maior produtor mundial de frango em 2019, pois a UE irá produzir 12,4 milhões de toneladas e vai acabar se tornando o quarto maior produtor mundial. (FORMIGONI, 2019)

Logo atrás da UE, vem a Índia, que irá produzir em torno de 5,1 milhões de toneladas e assim vai se tornar o quinto maior produtor mundial, ultrapassando a Rússia, que irá produzir 4,7 milhões de toneladas, passando a ser o sexto maior produtor

mundial. (BECK, 2018)

FIGURA 1 – Mercado mundial de carne de frango em milhões de toneladas.

Fonte: Relatório Anual 2019 – ABPA O quadro abaixo mostra uma comparação do previsto para 2019 com o que foi produzido em 2014. Nesses cinco anos, apenas um país, a China, registra redução de produção (em decorrência, exatamente, da Influenza Aviária). (USDA: ESTIMATIVAS..., 2018)

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TABELA 2 – Tendências de produção em 2019 nos principais países produtores de carne de frango e variação em relação ao previsto em 2018 e ao que foi produzido em 2014.

Fonte: Avisite, 2019 É importante notar que, no Brasil, o aumento da produção em um quinquênio foi de 6,6%, ou seja, pouco mais da metade da expansão prevista para a produção mundial. (USDA: ESTIMATIVAS..., 2018)

Esse crescimento abaixo da média fez com que o País perdesse participação na produção total (- 4,25%). Perda maior que essa só a da China (18% a menos) e da Argentina (menos 7,19%). Em direção oposta, Índia e Tailândia aumentaram sua participação em mais de 16%. (USDA: ESTIMATIVAS..., 2018)

É preciso destacar ainda que, além de Brasil e Argentina, outro país

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