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Perfil epidemiológico dos casos de coqueluche no Piauí no período de 2010 a 2015

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Epidemiological profile of pertussis cases in Piauí in the

period from 2010 to 2015

Perfil epidemiológico dos casos de coqueluche no Piauí no período de 2010 a 2015

Perfil epidemiológico de los casos de tos ferina en Piauí en el período 2010 a 2015

ABSTRACT

OBJECTIVE: The objective of this work was to verify the epidemiology of the whooping cough in Piaui. METHODOLOGY: it is an epidemiological research with a quantitative, descriptive and retrospective approach. It was used the database of the National Notifiable Disease Surveillance System on whooping cough related to the period from 2010 to 2015 in Piaui. RESULTS: the sample consisted of 788 whooping cough reported cases, most were female (53.5%), predominantly in children under 1 year of age (51.0%), followed by the age group from 1 to 4 years of age (16.1%). Regarding the number of cases per year, it was observed an increase in that number, highlighting the years 2014 and 2015, that had a case record of 406 (51.5%) and 222 (28.2%) of the cases, respectively. Related to the confirm/discard criteria, there were 529 cases (67.1%) with clinical diagnoses, 129 cases through laboratory criteria and 75 cases through clinical-epidemiological criteria. Concerning evolution, 80.2% evolved to cure and 5 cases (0.6%) died. CONCLUSION: the occurence of whooping cough in Piaui shows a growth trend in the number of cases during the years studied. The lower the vaccine coverage, the higher the number of notifications of the disease. Thus, the vaccine is still the best way of prevention.

RESUMO

OBJETIVO: O objetivo desse trabalho foi verificar a epidemiologia dos casos de coqueluche do Piauí. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa epidemiológica quantitativa, descritiva e retrospectiva. Utilizou-se a base de dados, do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), sobre coqueluche, relativo ao período de 2010 a 2015 no Piauí. RESULTADOS: A amostra foi constituída por 788 casos notificados, maioria do sexo feminino (53,5%), com predomínio em menores de um ano (51,0%), seguido pela faixa etária de 1 a 4 anos (16,1%). Quanto ao número de casos por ano, observou-se um aumento do número de casos, com destaque para os anos de 2014 e 2015, que possuíram registro de 406 (51,5%) e 222 (28,2%) dos casos, respectivamente. Com relação ao critério de confirmação/descarte, destacam-se 529 casos (67,1%) com diagnósticos clínicos, 129 casos por critério laboratorial e 75 casos por critério clínico-epidemiológico. Quanto a evolução 80,2% evoluíram para a cura, e 5 casos (0,6%) foram a óbito. CONCLUSÃO: A ocorrência de coqueluche no Piauí apresenta uma tendência de crescimento no número de casos no decorrer dos anos estudados. Quanto menor a cobertura vacinal, maior foi o número notificações da doença. Logo, a vacinação continua sendo a melhor forma de prevenção.

RESUMEN

OBJETIVO: El objetivo de este trabajo fue verificar la epidemiología de los casos de tos ferina de Piauí. METODOLOGÍA: Se trata de una investigación epidemiológica cuantitativa, descriptiva y retrospectiva. Se utilizó la base de datos, del Sistema Nacional de Agravios de Notificación (SINAN), sobre coqueluche, relativo al período de 2010 a 2015 en Piauí. RESULTADOS: La muestra fue constituida por 788 casos notificados, la mayoría de las mujeres (53,5%), con predominio en menores de un año (51,0%), seguido por el grupo de edad de 1 a 4 años (16,1% ). En cuanto al número de casos por año, se observó un aumento del número de casos, con destaque para los años de 2014 y 2015, que poseían registro de 406 (51,5%) y 222 (28,2%) de los casos, respectivamente. En cuanto al criterio de confirmación / descarte, se destacan 529 casos (67,1%) con diagnósticos clínicos, 129 casos por criterio de laboratorio y 75 casos por criterio clínico-epidemiológico. En cuanto a la evolución 80,2% evolucionaron para la curación, y 5 casos (0,6%) fueron a muerte. CONCLUSIÓN: La ocurrencia de coqueluche en Piauí presenta una tendencia de crecimiento en el número de casos a lo largo de los años estudiados. Cuanto menor es la cobertura vacunal, mayor fue el número de notificaciones de la enfermedad. Por lo tanto, la vacunación sigue siendo la mejor forma de prevención.

Illoma Rossany Lima Leite¹

Lucas Melo Guimarães²

Augusto César Evelin Rodrigues³

Camila de Sousa Almeida Araújo

4

Iara Santos Silva

5

Leticia Maria de Carvalho Neves

6

ISSN: 2447-2301

¹Enfermeira graduada pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Mestre em enfermagem - UFPI. Acadêmica do curso de medicina da Faculdade Integral Diferencial (FACID WYDEN). Teresina, Piauí – Brasil. E-mail: illomaa@hotmail.com

²Enfermeiro graduado pela Universidade Federal do Piauí (ufpi).Mestre em Ciências pelo Instituto Oswaldo Cruz – FIOCRUZ. Especialista em Terapia Intensiva pelo Instituto Brasileiro de Pós-graduação e Extensão – IBPEX. membro do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do Hospital de Urgência de Teresina. Teresina, Piauí – Brasil. E-mail: lucasmeloguimaraes@gmail.com

³Graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).Docente da Faculdade Integral Diferencial(FACID WYDEN), Docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão (FACEMA), Docente da FACULDADE CERTO e professor substituto da Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Teresina, Piauí – Brasil. E-mail: augustocevelin@yahoo.com.br

4Acadêmica do curso de medicina da Faculdade Integral Diferencial (FACID WYDEN). Teresina, Piauí – Brasil. E-mail:

camiilaaraujo@hotmail.com

5Acadêmica do curso de medicina da Faculdade Integral Diferencial (FACID WYDEN). Teresina, Piauí – Brasil. E-mail:

iarasantosilv@gmail.com

Descriptors Whooping cough. Vaccine against

whooping cough. Epidemiology. Descritores Coqueluche. Vacina contra coqueluche. Epidemiologia. Descriptores tos ferina. Vacuna contra la tos

ferina. Epidemiología.

Sources of funding: No Conflict of interest: No

Date of first submission: 2018-05-15 Accepted: 2018-06-13

Publishing: 2018-03-20

Corresponding Address Augusto César Evelin Rodrigues Faculdade de Ciências e Tecnologias do Maranhão – FACEMA

Rua: Aarão Reis, n 1000, Centro, Caxias –MA

CEP: 65600-000

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INTRODUÇÃO

A coqueluche é uma doença infecciosa de alta transmissibilidade e importante causa de morbimortalidade infantil, cujo agente etiológico é a Bordatella pertussis, tendo como único reservatório natural o homem. Trata-se de uma doença imunoprevenível, no entanto, a imunidade dada pela vacina é duradoura mas não permanente, decrescendo com o tempo, até que sua proteção chegue a se mostrar bastante reduzida ou nenhuma, ocorrendo em média no prazo de 5 a 10 anos após a última dose administrada1.

A transmissão ocorre por gotículas produzidas durante acesso de tosse, atingindo a via aérea do contactante susceptível, devendo o paciente afastar-se da escola e/ou do trabalho durante pelo menos cinco dias do início da antibioticoterapia. Vale ressaltar que nem a infecção e nem a imunização conferem imunidade duradoura, portanto mesmo os pacientes com coqueluche devem revisar sua carteira de vacinação2.

Quanto à vacinação as crianças devem receber a vacina DTP de células inteiras da pertussis ou DTPa com componente pertussis acelular aos 2, 4, 6 meses; primeiro reforço aos 15 meses e segundo reforço com 4-6 anos. Deve-se recomendar o reforço entre 10 e 14 anos com a tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa) e não somente a forma dupla (difteria e tétano)2.

No Brasil, a coqueluche é uma doença de notificação compulsória, cujos dados relativos à notificação são armazenados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Como a vacinação e a infecção não conferem imunidade a longo prazo, adolescentes e adultos com baixa imunidade podem adquirir infecções que podem ser mais leves e/ou assintomáticas, dificultado o diagnóstico e tornando essas populações fonte de infecção para lactentes, crianças ainda não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto1.

O aumento no número de casos de coqueluche em adolescentes e adultos e a descoberta de que os contatos próximos da criança são as principais fontes de infecção, mostram que novas estratégias de

vacinação devem ser adotadas para reduzir as taxas de incidências nesses grupos e para proteger indiretamente os lactentes jovens. A OMS prioriza a vacinação das crianças e indica a vacinação de profissionais de saúde nos países em que estiver sido confirmada a transmissão nosocomial, já sendo remendada a vacina destes por autoridades de diversos países3.

No Piauí, nos últimos três anos, foram notificados 499 casos da doença. Em 2012 foram registrados apenas 22 casos, em 2013 esse número subiu para 100 e depois 377 casos, em 2014. Já em 2015, a Secretaria de Estado da Saúde notificou sete casos da doença, através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), sendo cinco deles em Teresina e dois em Barras. Esses dados refletem melhoria das notificações e sensibilização dos profissionais para o diagnóstico da doença a partir dos principais sintomas como também a realização do exame, que consiste na coleta da saliva do paciente e envio para o Laboratório Central do Piauí (Lacen)4.

A coqueluche é uma doença que não está rotineiramente no atendimento médico, provavelmente em razão do desconhecimento de sua ressurgência. Dessa forma, diante do exposto acima e da indiscutível relevância do diagnóstico precoce com condutas adequadas para evitar a disseminação e aumento na incidência de novos casos de coqueluche, torna-se relevante uma atenção especial a essa patologia, adotando estratégias como educação continuada da comunidade médica e leiga sobre os riscos da pertussis e os benefícios da vacinação não só para as crianças, mas também para os adolescentes e adultos3.

Neste cenário, torna-se relevante esse estudo que possui como objetivo: descrever o perfil epidemiológico dos casos de coqueluche no estado do Piauí, notificados no período de 2010 a 2015.

METODOLOGIA

Quanto aos aspectos éticos o estudo respeitou todos os preceitos da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, que incorpora os referenciais básicos da bioética, bem como os princípios éticos de autonomia, não maleficência, beneficência e justiça5.

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Foi iniciado após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade Integral Diferencial (FACID/Devry) e, após isso, passou pela aprovação da Comissão de Ética da Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (SESAPI), tendo sido autorizado através do CAAE nº: 52645715.7.0000.5211.

Trata-se de uma pesquisa do tipo epidemiológica, exploratória, quantitativa, transversal, de dados secundários. A coleta ocorreu no período de março a maio de 2016. Utilizou-se a base de dados do SINAN, com registro dos casos suspeitos e notificados de coqueluche relativos ao período de 2010 a 2015. Essas notificações são realizadas por meio de ficha de notificação específicas para coqueluche e inseridas nesse sistema de informação. Os sujeitos desta pesquisa foram todos os casos de coqueluche notificados no SINAN no estado do Piauí no período de 01 de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2015. Utilizou-se como critérios de inclusão: ser caso de coqueluche, confirmado por critério clínico,

laboratorial ou clínico-epidemiológico, que atenda à definição de caso de coqueluche, estar registrado no SINAN entre janeiro de 2010 e dezembro de 2015 e ser residente no estado do Piauí.

Os dados foram organizados previamente em uma planilha do programa Microsoft Excel 2010®, . A seguir, para as análises estatísticas descritivas dos dados, utilizou-se o programa TabWin. Os resultados foram apresentados através de tabelas e gráficos para melhor compreensão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amostra foi constituída por 788 casos notificados com coqueluche. Os resultados mostraram que a maioria dos casos eram do sexo feminino (53,5%), com predomínio em menores de um ano (51,0%), seguido pela faixa etária de 1 a 4 anos (16,1%) (Tabela 1).

Tabela 1 - Caracterização dos casos de coqueluche notificados no SINAN, segundo o sexo e faixa etária. Piauí, 2010-2015 (n=788).

n %

Sexo Feminino 422 53,3

Masculino 366 46,7

Faixa etária < 1 ano 402 51,0

(anos) 1 a 4 127 16,1 5 a 9 111 14,1 10 a 14 38 04,8 15 a 19 15 01,9 20 a 29 50 06,4 30 ou mais 45 05,7 Fonte: SINAN

Esses achados corroboram com a maioria dos estudos realizados nos quais a maior prevalência de coqueluche ocorre em menores de um ano de idade. Estudo realizado para identificar preditores clínicos, laboratoriais e radiológicos da infecção por Bordetella pertussis, registrou que dos 222 casos revistos de um hospital em Porto Alegre, 72,5% tinham coqueluche confirmada, sendo 60,9% em menores de um ano de idade6.

Em um estudo realizado recentemente, ao pesquisar quanto ao status vacinal dos casos notificados e confirmados de coqueluche em todo o Brasil, entre os

anos de 2007 a 2014, verificou-se que entre os casos confirmados, 34,5% ocorreram em bebês com idade abaixo de 3 meses e cerca de 8% ocorreram em adultos com idade superior a 20 anos. Vale destacar que 22,4% eram crianças de 3 a 6 meses que se encontravam em processo de imunização e 21% em crianças de 7 meses a 4 anos, que provavelmente já estariam imunizadas7.

Nesse contexto, vale destacar também, no presente estudo, a presença de casos notificados em adolescentes e adultos, que se tornam potenciais fontes de infecção para as demais faixas etárias, principalmente para os neonatos, que são o grupo que

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apresenta a doença com maior gravidade e risco de óbito, assim como crianças ainda não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto.

Corroborando com este estudo, observa-se que, apesar do senso comum ter “banalizado” a coqueluche como doença infantil, verifica-se um aumento no contágio entre adolescentes e adultos. Entre as possíveis razões para esse aumento destacam-se: duração da proteção e perda da imunidade após a infecção e vacinação, proteção incompleta a partir da vacinação, diferença no curso da infecção entre lactentes e adolescentes/adultos, aumento no

diagnóstico e notificação. Além disso, adolescentes e adultos desenvolvem formas mais leves e/ou assintomáticas, dificultando o diagnóstico precoce. A coqueluche clássica pode ocorrer, mas é incomum1,8.

Com relação ao município de notificação, destaca-se que 624 casos foram em Teresina e os demais casos distribuídos nas cidades do interior do Piauí. Já quanto ao número de casos de coqueluche por ano, observou-se um aumento do número de casos nos dois últimos anos, com destaque para os anos de 2014 e 2015, que possuíram registro de 406 (51,5%) e 222 (28,2%) dos casos, respectivamente (Gráfico 1).

Gráfico 1- Número de casos de coqueluche notificados nos SINAN segundo o ano. Piauí, 2010 a 2015 (n=788).

Fonte: SINAN

Apenas 111 fichas de notificação referiam dados quanto à ocupação, sendo que destes: 52 eram estudantes e 30 eram desempregados. Entre os demais, vale destacar três enfermeiros e um fisioterapeuta, como profissionais de saúde notificados no período. Esses dados demonstram que os próprios profissionais de saúde podem atuar também como portadores assintomáticos e transmissores da doença, principalmente para crianças abaixo de um ano. Nesse cenário, é importante destacar que medidas de

biossegurança adequadas nas instituições de saúde são primordiais para a prevenção da disseminação da doença e agravos dos casos.

Ao buscar identificar a percepção dos profissionais de saúde no estado do Rio de Janeiro, quanto aos critérios de biossegurança no atendimento aos pacientes suspeitos ou internados com coqueluche, desde o pronto atendimento até possível isolamento, um estudo observou que somente 45% da equipe médica da unidade civil federal informaram que os 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 2010 2011 2012 2013 2014 2015

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profissionais sempre adotaram os procedimentos, enquanto 32% de outra instituição afirmaram que raramente são adotados e 43% de outra instituição relatam não adotarem tais procedimentos9. Esse cenário contribui para a disseminação da coqueluche, colocando em risco não somente os pacientes, mas também todos os profissionais de saúde envolvidos no processo de cuidar.

Com relação às unidades de saúde de notificação, observou-se a seguinte distribuição: 633 casos foram notificados em hospitais/pronto socorros, seguidos de 117 notificações em unidades básicas de saúde. Foram ainda locais de notificação: clínicas/centros de saúde, diretoria de vigilância em saúde e secretarias de saúde. Do total, 243 casos foram notificados em unidades sentinelas.

Quanto ao contato com casos suspeitos ou confirmados de coqueluche, 63% (499 casos) referiram não ter história de contato, mas 111 casos relataram

contato no domicílio e 24 casos na vizinhança, seguidos de contato na creche/escola (8 casos), posto de saúde/hospital (5 casos), trabalho (3 casos) e outro estado/município (3 casos). Esses dados corroboram com o que preconiza a literatura, pois o contato com pessoas infectadas, principalmente na comunidade, no domicílio (tais como pai, mãe e irmãos) e com profissionais de saúde constituem importante fontes de transmissão da doença. Em uma pesquisa, dos 155 pacientes estudados com coqueluche, observou-se história de contato com pessoas com tosse paroxística ou prolongada (>14 dias) em 14,2% dos casos8.

Quanto à classificação ao critério de confirmação, 529 casos (67,1%) foram clínico, 129 casos por critério laboratorial, 75 casos por critério clínico-epidemiológico. Já quanto a evolução 80,2% evoluíram para a cura, com apenas 5 casos (0,6%) que foram a óbito. (TABELA 2).

Tabela 2 - Caracterização dos casos de coqueluche notificados no SINAN, segundo a classificação final, critério de confirmação e evolução dos casos. Piauí, 2010-2015 (n=788).

n %

Classificação final Confirmado 594 75,4

Descartado 151 19,2

Inconclusivo 31 3,9

Ignorado/Branco 12 1,5

Critérios de confirmação Clínico 529 67,1

Laboratorial 129 16,4

Clínico-epidemiológico 75 9,5

Ignorado/Branco 55 7,0

Evolução Cura 632 80,2

Óbito pelo agravo notificado 05 0,6

Óbito por outra causa 09 1,2

Ignorado/Branco 142 18,0

Fonte: SINAN

Quanto aos casos de coqueluche notificados no SINAN, no estado do Piauí, observou-se o seguinte: 18 casos em 2010, 7 casos em 2011, 29 casos em 2012, 106

casos em 2013, 406 casos em 2014 e 222 casos em 2015 (FIGURA 1)

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Figura 1 – Representação gráfica dos casos de coqueluche notificados no SINAN no estado do Piauí. Piauí, 2010-2015.

Fonte:SINAN

Quanto à cobertura vacinal com a vacina tetrabacteriana, observou-se, em 2011 (99,29%) e em 2012 (92,92%) de cobertura vacinal. Com introdução da vacina Pentavalente, em 2012, observou-se 57,84% dessa vacina, e em 2013 (75,44%), em 2014 (60,48%) e em 2015 (64,74%) de cobertura vacinal. Dessa forma

podemos observar uma diminuição da cobertura vacinal a partir da introdução da pentavalente, o que pode ter contribuído para um aumento do número de casos. Com relação a vacina dTpa aplicada a gestantes, a partir de 2013 (7,48%), em 2014 (7,53%) e em 2015 (17,52%) (TABELA 03).

TABELA 03 – Cobertura vacinal segundo DATA/SUS. Piauí, 2010-2015.

Vacinas 2010 2011 2012 2013 2014 2015 % % % % % % Tetra bacteriana(DTP+Hib) 96,77 99,29 92,92 --- --- --- Pentavalente --- --- 57,84 75,44 60,48 64,74 dTpa gestante --- --- --- 7,4 8 3 7,5 2 17,5

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1096 É importante ressaltar que estudos demonstraram, a

partir de 2011, que a transferência transplacentária de anticorpos antipertussis ao feto promove proteção aos lactentes vulneráveis. Nesse contexto, o Ministério da Saúde recomenda a vacinação com a dTpa para todas as mulheres grávidas, preferencialmente entre 27 e 36 semanas de gestação, como estratégia eficaz para proteção dos lactentes vulneráveis até terem idade de iniciarem a série de vacinação.

Nesse contexto, sugerem-se novos estudos para desenvolver melhores estratégias para evitar a redução da imunidade, tais como doses de reforço em adolescentes e adultos. Além disso, ressalta-se que o médico deve estar atento para realizar o diagnóstico em tempo hábil e iniciar o tratamento precocemente, evitando transmissão secundária da doença.

CONCLUSÃO

A coqueluche é uma doença de notificação compulsória que se encontra em ressurgência nos últimos anos e que, apesar de possuir vacinação específica, como esta não confere imunidade permanente por toda a vida, torna-se relevante a análise epidemiológica dos casos de coqueluche notificados, contribuindo para alertar para a necessidade de uma atenção especial para o diagnóstico precoce dessa patologia, com vistas a permitir medidas adequadas para evitar a disseminação e aumento na incidência de novos casos de coqueluche.

A ocorrência de coqueluche no estado do Piauí apresentou uma tendência de crescimento no número de casos no decorrer dos anos estudados, sendo maior essa ocorrência verificada em crianças, sobretudo nas menores de 1 ano (51,0%), seguido pela faixa etária de 1 a 4 anos (16,1%). Verificou-se também que quanto menor a cobertura vacinal, maior foi o número de pessoas que se infectaram com a doença. Logo, a vacinação continua sendo a melhor forma de prevenção. Dessa forma, observamos que apesar da boa cobertura vacinal para coqueluche, vale destacar o ressurgimento da doença, não estando claro os fatores contribuintes para esse quadro, porém pode-se destacar: o enfraquecimento da imunidade, melhoria no rastreamento e diagnósticos. Além disso, devido a heterogenicidade nas manifestações clínicas da coqueluche em associação a um baixo índice de suspeita clínica dos médicos para tal condição em adolescentes e adultos, pode estar contribuindo para o aumento da incidência nesses grupos.

REFERÊNCIAS

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2015. Disponível em:

<http://www.saude.pi.gov.br/noticias/2015-03- 16/6227/aumentam-notificacoes-de-casos-de-coqueluche-no-piaui.html#sthash.peTIPvpd.dpuf>. Acesso em: 29 set. 2015.

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