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Avaliação do estado nutricional na frente de trabalho de Monte Grande, Fogo

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SUMÁRIO

Avaliação do estado nutricional na frente de trabalho de M o n t e Grande, Fogo - H. E. Lopes 29 Estudo da viabilidade da produção da abóbrinha (Cucurbita pepo. \J utilizando o fentião para controle

da mosca da abóbora IDacus frontalis) — J . Levy e Z. Levy 35

Estudo de selecção para a adaptação à produção de cebola na época quente — Z. Levy 37

Introdução e estudo da adaptação da jojoba e m Cabo Verde - J . Levy e A . da Silva 39 A produção da batata c o m u m : u m caso sobre a gestão da rega - J . Almeida 43

INVESTIGAÇÃO A G R Á R I A

FICHA TÉCNICA

Propriedade: Instituto Nacional de Investigação Agrária (INIA)

Distribuição: Serviços de D o c u m e n t a ç ã o do INIA

Comissão Coordenadora: A n t o n i u s v a n Harten J a c o b S. Delgado J o a q u i m Morais Júlio Almeida

Colaboraram neste n ú m e r o : Cristina C o u t i n h o , Eva Ortet, Enzo Racabulto, José Furtado, José Lino Melício, Maria Isabel A n d r a d e , Oumar Barry.

Impressão: Gráfica do M i n d e l o , Lda.

Tiragem: 1000 exemplares

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Avaliação do estado nutricional na frente de trabalho de Monte Grande, Fogo

Hélder Fonseca Lopes

LOPES H. F O N S E C A , 1988. E V A L U A T I O N OF THE N U T R I T I O N A L S T A T U S OF C O N S T R U C T I O N L A B O U R E R S A T M O N T E G R A N D E , FOGO. INV. A G R . , S. JORGE DOS Ó R G Ã O S , 2(2):29-33.

Abstract: This study reveals the nutritional status of the workers at M o n t e Grande, Fogo. The main problenns

detected in the diet are: a) corn is the staple f o o d and its richest part is not used in the preparation of local dishes, b) the supply of f o o d f r o m animal origin is very low or non-existing, c) there is a very limited n u m b e r of f o o d products c o n s u m e d t h r o u g h o u t , and d) the locais do not profit f r o m the f o o d c o n s u m e d due t o inexisting heaith and sanitary facilities and a limited k n o w l e d g e of nutrition.

Eng.° Alimentar, CERIS, Fábrica de Cerveja e Refrigerantes, Caixa Postal 320, Praia, República de Cabo Verde

Uma das necessidades f u n d a m e n t a i s do ser h u m a n o é o c o n s u m o de alimentos que permitam ao organismo a m a n u t e n ç ã o de actividades e o normal desenvolvimento físico e psíquico.

A c t u a l m e n t e nos países e m desenvolvimento existe u m n ú m e r o elevado de subnutridos ou des-nutridos, apesar do a u m e n t o da produção mundial de alimentos. Os grupos populacionais considerados vulneráveis a esse f e n ó m e n o são: crianças, grávidas, lactantes, doentes e convalescentes, idosos e deficientes, e principalmente entre os grupos dos t r a b a -lhadores rurais.

Em 1977, o Ministério de Saúde e A s s u n t o s Sociais fez um estudo sobre a situação nutricional, no qual se concluiu que o c o n s u m o de calorias é insuficiente (cobrindo 8 6 % das necessidades) enquanto que o de proteínas satisfaz os requisitos (na sua maioria de origem vegetal e de baixo valor biológico). O c o n s u m o de vitaminas A e C é de apenas u m quarto das necessidades.

Vários outros estudos f o r a m feitos c o m o objectivo de determinar a disponibilidade alimentar restando portanto a realização de estudos sobre o c o n s u m o e a utilização biológica do alimento de f o r m a a permitir conhecer o estado nutricional da população.

M e t o d o l o g i a

O inquérito elaborado engloba quatro partes assim discriminadas:

A . Informações de o r d e m geral B. hábitos alimentares

C. informação sobre saúde

D. diversos, c o m questões sobre e d u c a ç ã o , assuntos sociais e abastecimento de á g u a . O referido inquérito inscreve-se na visão interdisciplinar de t o d o o c o m p l e x o de condições e c o n ó -micas, sociais e culturais que caracterizam a cadeia alimentar e o estado nutricional, e que melhor

reflec-t e m as caracreflec-terísreflec-ticas parreflec-ticulares da ilha.

O inquérito foi realizado n u m a frente de t r a -balho em M o n t e Grande — Fogo, na zona árida e m o n t a n h o s a , afecta ao projecto de silvicultura.

A recolha de dados foi feita pelos estudantes do curso de técnicos agrícolas c o m c o n h e c i m e n t o s teóricos e práticos da avaliação do estado nutricional.

Apresentação e discussão dos dados

A . Informação de o r d e m geral

Os trabalhadores da frente de M o n t e Grande são provenientes das localidades indicadas no Qua-dro 1.1.

QUADRO 1.1: L O C A L D E PROVENIÊNCIA

LOCAL N.° FAMlLIAS

%

Patim 12 70,6 Monte Grande 3 17,6 Jardim 1 5,9 Cutelo Capado 1 5,9

Foram inquiridos 17 famílias, sendo 7 0 , 6 % do Patim e 5 , 9 % de Jardim que percorrem a pé uma dis-tância aproximada de 5 K m para se deslocarem à frente de trabalho em M o n t e Grande.

QUADRO I. 2: A G R E G A D O F A M I L I A R

N. F A M l L I A S N.° TOTAL DE P E S S O A M É D I A / F A M Í L I A

17 117 6,9

Das 17 famílias fazem parte 117 pessoas correspondendo a uma média de 6,9 pessoas/ / f a m í l i a .

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30

Um estudo realizado pelo Gabinete de Inqué-ritos Rurais do M D R P e m 1979/80 no Fogo, aponta como sendo 5 pessoas/família a média d o agregado familiar para a ilha.

QUADRO I. 3: F A I X A ETÁRIA

GRUPO 0-14 ANOS % GRUPO ACIMA 15 ANOS %

72 pessoas 61,5 44 pessoas 37,6

Excluiu-se da formação dos grupos indicados no Quadro 1.3 u m indivíduo (0,9%) cuja idade não nos foi revelada.

Analisando os dados verificamos que 6 1 , 5 % dos inquiridos encontram-se na faixa dos 0-15 anos, constituindo desse m o d o u m grupo vulnerável nos aspectos nutricionais. Desse t o t a l , 3 0 , 7 % e n c o n t r a --se na faixa crítica dos 0-5 anos, sobre os quais temos que exercer u m a vigilância permanente no que se refere ao estado nutricional.

Q U A D R O I. 4: E M P R E G O

N.° P E S S O A S % % FORÇA DE

E M P R E G A D A S E M P R E G A D O S TRABALHO

27 23,1 36,8

Do total das 117 pessoas, 27 encontram-se empregadas nos projectos de desenvolvimento rural; a percentagem dos desempregados entre os inquiri-dos e as respectivas famílias é de 13,7.

B. Hábitos alimentares

QUADRO II. 1: SITUAÇÃO AUMENTAR/REFEIÇÕES P O R D I A N. REFEIÇÕES % 02 29,4 03 58,9 04 11,7 De u m a f o r m a geral, aproximadamente 70,6% dos inquiridos e respectivas famílias f a z e m , pelo menos 3 refeições por d i a , sendo u m a de m a n h ã , outra ao meio dia e a terceira à noite. Do t o t a l , apenas 2 9 , 4 % fazem 2 refeições por dia o que nos leva a supor, de a n t e m ã o , que existem proble-mas nutricionais especialmente nos grupos mais vulneráveis e já mencionados atrás (crianças dos 0-6 anos, grávidas e lactantes).

Estas duas refeições estão repartidas por u m grande intervalo o u seja, u m a de manhã e outra à noite. A l é m de trazer problemas de ordem nutricional para os grupos vulneráveis, esta repartição alimentar faz c o m que a produtividade no trabalho seja baixa. Os dados colhidos não nos permitem determi-nar c o m precisão a dieta dos habitantes locais. M e s m o assim c o n s t a t á m o s , que a maioria apontou c o m o sendo a dieta local a seguinte:

M a n h ã : café, leite, p ã o , c u s c u s ( * ) , b o l a c h a . . . Meio d i a / n o i t e : arroz c o m feijão, c a c h u p a ( * ) , r o l o n ( * ) , d j a g a c i d a í * ) , e s c a l d a d a . . .

A l é m destes alimentos consome-se batata, m a n d i o c a , peixe e carne mas e m poucas quantidades e esporadicamente. Ainda mais esporádico é o c o n -s u m o de verdura-s embora exi-sta u m po-sto de venda-s de produtos hortícolas d o M o n t e Genebra (em Patim).

C o m o se disse anteriormente, a maior dificuldade encontrada diz respeito à quantidificuldade c o n s u -mida desses alimentos.

Para o estudo e m causa, respeitámos as infor-mações obtidas no c a m p o , embora outras t e n h a m sido colhidas pelos inquiridores d o Gabinete de Inquéritos Rurais — INIA — M D R P , q u e , a c o m p a -nham de perto o c o n s u m o alimentar na zona ao longo de u m a semana por u m período aproximado de 3 meses.

A s s i m , o c o n s u m o diário para u m a família constituída por 5 pessoas (pai, mãe e 3 filhos; idade: 2, 5 , 8 ) é o seguinte:

• 1 400 g m i l h o ; 300 g feijão; 250 g açúcar; 500 g arroz; 300 g c o u v e ; 50 g óleo

Acrescentam-se os seguintes p r o d u t o s que são c o n s u m i d o s ocasionalmente:

300 g peixe; 100 g leite e m p ó ; 500 g t r i g o ; 300 g batata; 300 g o v o s ;

Q U A D R O II. 2: CÁLCULO D A MÉDIA I N D I V I D U A L 0 0 C O N S U M O (MIC)

PRODUTO ENERGIA PROTEÍNA V I T . A ACIDO A S - FERRO QUANTIDADE kcal g mg CÓRBICO mg mg 1400 g milho 5026 130,2 574 42 53,2 300 g feijão 1008 65,1 30 3 24,6 250 g açúcar 1000 0 0 0 0 500 g arroz 1815 35 0 0 5,1 300 g couve 69 4,5 30 30 1,5 50 g óleo 450 0 6000 0 0 T O T A L : 9368 234,8 6634 75 84 Fazendo uso das tabelas de composição ali-mentar e das quotas dietéticas calculámos a média individual d o c o n s u m o e as necessidades per capita respectivamente, c o n f o r m e indicado no Quadro 11.2 (•) Pratos « b « e d o milho.

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Os quadros 11.3 e 11.4 indicam a Média Indivi-dual de Consumo (MIC) m á x i m o , que os habitantes da zona de Patim — M o n t e Grande p o d e m aspirar.

QUADRO II. 3: MÉDIA INDIVIDUAL

DE C O N S U M O

ENERGIA Kcal PROTEÍNA g V I T . A mg ACIDO A S -CÓRBICO m g F E R R O mg MIC MÁXIMO 2 . 3 2 8 , 2 74,1 1 3 7 6 , 9 2 0 , 2 2 5 , 5 ii

QUADRO II. 4: C A L C U L O D A S N E C E S S I D A D E S iii

«PER CAPITA»

IDADE ENERGIA kcal PROTEÍNA g V I T . A mg ACIDO A S -CÓRBICO m g F E R R O mg i v 2 anos 1 3 6 0 1 6 2 5 0 2 0 5 - 1 0 5 anos 1 8 3 0 2 0 3 0 0 2 0 5 - 1 0 8 anos 2 1 9 0 2 5 4 0 0 2 0 5 - 1 0 Adulto Paimoderada-mente activo 3 0 0 0 3 7 7 5 0 3 0 V 5- 9 Mãe (") 2 2 0 0 2 9 7 5 0 3 0 14-28 T O T A L 1 0 5 8 0 1 2 7 2 4 5 0 1 2 0 5 1 , 5

Dividindo os totais pelo n ú m e r o d o agregado familiar o b t i v e m o s as necessidades per capita (NPC) indicados no Quadro 11.5

QUADRO II. 5 N E C E S S I D A D E S P E R

C A P I T A (NPC)

E N E R G I A P R O T E Í N A V I T . A A C I D O A S - F E R R O kcal g mg C Ó R B I C O m g mg N P C 2 1 1 6 2 5 , 4 4 9 0 2 4 10,3

Obtidos a Média Individual de C o n s u m o e as necessidades per capita calculámos a adequação da dieta apresentada no Quadro 11.6

QUADRO II. 6: C A L C U L O D A ADEQUAÇÃO

C A T E G O R I A ADEQUAÇÃO N O R M A L ADEQUAÇÃO OCASIONAL MÁXIMA Energia 8 8 , 5 1 1 0 Proteína 184,9 2 9 1 , 6 Vitamina A 2 7 0 , 8 2 8 1 , 0 Vitamina C 6 2 , 5 8 4 , 2 Ferro 1 6 9 2 4 7 , 6

Uma primeira análise d o Quadro 11.6 indica que os inquiridos apresentam u m estado nutricional satisfatório, pecando apenas no c o n s u m o de vita-mina C. No e n t a n t o , u m a observação mais cuida-dosa permite-nos detectar algumas situações preo-cupantes no que diz respeito à dieta local:

i. a base da dieta é o m i l h o , que é u m cereal que carece de a m i n o á c i d o s , lisina e nia-cina. A l é m disso, a parte mais rica do milho não é aproveitada na c o n f e c ç ã o dos alimentos locais.

alimentos de origem animal na dieta, a pouca diversificação de p r o d u t o s ali-mentares na dieta local, existindo u m número extremamente baixo de p r o d u t o s consumidos durante o a n o .

os grupos vulneráveis não beneficiam de u m suplemento alimentar o u de u m a dieta condicionante às suas necessidades, o que faz c o m que estes agravem de f o r m a acelerada o seu estado nutricional.

fica-se de imediato, uma carência grave no c o n s u m o da vitamina A . O m e s m o poderá ser dito no que respeita à exclusão da couve na dieta, originando n u m baixo c o n s u m o de ácido ascórbico,

vi. o aproveitamento biológico dos alimentos c o n s u m i d o s não é adequado devido ao estado precário de saúde, de condições sanitárias e a u m c o n h e c i m e n t o limitado de n u t r i ç ã o , c o m o adiante se verá.

No Quadro 11.7 apresentamos o c o n s u m o médio nacional e m 1977 e o c o n s u m o médio na frente de trabalho e m M o n t e Grande - FOGO.

QUADRO II. 7: COMPARAÇÃO C O N S U M O MÉDIO

C A T E G O R I A CONS. MÉDIO NACIONAL - 1 9 7 7 CONS. MÉDIO M O N T E - G R A N D E Calorias 2 4 8 4 2 1 0 5 Proteínas g 7 9 6 0 , 8 Vitamina A m g 1 8 7 1 3 4 , 5 Vitamina C m g 8 1,9 Ferro m g 8 2 1 , 2

Nota-se que a situação presentemente vivida e m M o n t e Grande é de f a c t o alarmante no aspecto nutricional n o m e a d a m e n t e no q u e se refere ao c o n -s u m o de caloria-s e de proteína-s re-spon-sávei-s por u m a subnutrição proteico-energética.

A l g u n s p r o d u t o s alimentares f o r a m a p o n t a -dos c o m o sendo difíceis de obter: verduras, carne, peixe, batata e m a n d i o c a . Os inquiridos justificaram

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tal dificuldade apresentando c o m o razão: (i) baixo salário e (ii) pouca disponibilidade no mercado. Embora o c o n s u m o de carne seja bastante esporá-dico, quando ela é c o n s u m i d a , dá-se preferência à de p o r c o , por ser mais disponível e de preço mais acessível.

A média, no local, é de 4,6 filhos/pessoa. A distribuição encontra-se representada no Quadro 11.8.

QUADRO II. 8: NÚMERO D E F I L H O S

N." Filhos

%

1 12,5 3 6,25 4 18,75 5 31,25 6 12,5 7 12,5 8 6,25

De u m m o d o geral, a criança é amamentada por u m período de, pelo menos 24 meses. Esse resul-tado considera-se positivo e deve-se exercer u m a vigilância permanente sobre as pessoas q u e , por uma razão ou o u t r a , alterem esse período.

Outros alimentos (papas, arroz, pão, banana, papaia) além do leite, são fornecidos c o m o suple-mento às crianças a partir dos 6 meses, contribuindo para uma melhoria do estado nutricional desse grupo vulnerável.

As crianças, tal c o m o os adultos, recebem 3 refeições por dia. Entretanto achámos q u e , para o grupo dos 0-5 anos esse padrão alimentar de 3 refei-ções diárias é insuficiente para cobrir as necessida-des das crianças. Do total dos inquiridos, 2 8 , 6 % é de opinião que a dieta da criança é idêntica a do adulto enquanto que 14,3% a considera c o m o metade da do adulto.

C. Informações sobre Saúde

A terceira parte do inquérito permite-nos obter dados sobre o estado de saúde, o que nos leva a u m conhecimento adequado do aproveitamento biológico dos alimentos c o n s u m i d o s .

A p r o x i m a d a m e n t e metade dos inquiridos t i -nham alguém doente e m casa. A s doenças indicadas f o r a m : febre, a s m a , l o m b r i g a , e infecção nos olhos. A medicina tradicional é praticada exclusivamente por 2 5 % dos que se e n c o n t r a m doentes, não sen-tindo necessidade de recorrer aos serviços hospi-talares.

A maioria das crianças (88,2%) foi vacinada pelos serviços c o m p e t e n t e s . Apenas u m a mãe indi-cou que não tinha levado seus filhos para serem vaci-nados, e que não recorria aos serviços hospitalares.

D. Diversos

Ligados à nutrição encontram-se principal-mente factores de ordem educacional e social. O estado nutricional d u m a comunidade vai depender no seu t o d o desse c o n j u n t o de factores, adicionando os referidos anteriormente — ingestão alimentar e utilização biológica. A s s i m , o inquérito incluiu os fac-tores educacionais, sociais e abastecimento de água uma vez que este líquido traz problemas de ordem diversas à saúde pública.

O total de crianças entre os 0-15 anos é de 6 1 , 5 % . Desse t o t a l , 3 4 , 7 % frequenta a escola. Esse número não deve ser considerado baixo, na medida em que engloba u m a parte das crianças que ainda não frequenta a escola e outra parte que já terminou a instrução primária e que não t e m possibilidades económicas de continuar os estudos na Escola Pre-paratória de S. Filipe.

Todas as crianças que frequentam a escola recebem, pelo m e n o s , uma refeição escolar.

A Direcção Local de Assuntos Sociais distri-bui géneros alimentícios e u m a certa quantia e m dinheiro aos grupos reconhecidos c o m o sendo vul-neráveis. Na zona de IVIonte Grande - Patim, verifi-camos que apenas 1 velho (87 anos) está sendo beneficiado mensalmente c o m 300S00 e m dinheiro, 101 m i l h o , 41 feijão, 0,5 k g . leite em pó e 1 I de óleo.

Em alguns pontos da ilha do Fogo, o abaste-c i m e n t o de água é preabaste-cário. Em Patim não se verifiabaste-ca este tipo de problema, por existir uma cisterna pública e u m chafariz c o m água proveniente de Nossa Senhora do S o c o r r o . A s s i m , 6 4 , 6 % dos inquiridos abastece-se por intermédio do chafariz, 11,8% atra-vés da cisterna e igual percentagem da combinação cisterna-chafariz. O custo de 25 litros de água é de 2S00.

Conclusões

A dieta na frente de M o n t e Grande apresenta problemas relacionados c o m u m c o n s u m o exage-rado e quase exclusivo do m i l h o , c o m uma inexistên-cia ou quase de proteína animal, c o m uma pouca diversificação de p r o d u t o s alimentares, c o m um estado de saúde precário e c o m u m conhecimento bastante limitado de nutrição.

Se c o m p a r a r m o s os resultados do inquérito c o m u m estudo efectuado e m 1977 verificamos que houve apenas u m a melhoria no tocante ao c o n s u m o de ferro.

No aspecto qualitativo as mesmas falhas ante-riormente detectadas c o n t i n u a m : u m c o n s u m o ine-xistente ou m u i t o baixo de proteína animal e de vita-minas A e C.

U m o u t r o que mereceu a nossa atenção é o facto de 4 7 , 1 % dos inquiridos indicar que tinha alguém doente na família, que significa que não reúne as condições para u m a correcta utilização

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bio-lógica dos alimentos c o n s u m i d o s .

Constatou-se igualmente que não existe no local n e n h u m programa de educação nutricional. Estes dois elementos combinados — saúde e edu-cação - t ê m u m papel importante na solução dos problemas de cariz nutricional.

Outro facto a salientar é o da dieta ser seme-lhante para todos os m e m b r o s da família, de u m a forma geral, não existindo quaisquer diferenciações e m relação aos grupos vulneráveis. A situação c o m -plica-se neste aspecto u m a vez q u e , seguindo os princípios nutricionais, os vulneráveis d e v e m ser os prioritários no c o n s u m o de alimentos. Se tal não acontece, estamos c o n d e n a n d o esse grupo a u m a

situação desesperada - desnutrição - e, conse-quentemente à m o r t e .

Bibliografia

1. W o l c a n , Stabile A. Evaluation de la situation nutritionnelle en Republique du Cap Vert, O M S , 1977

2. E A O, Food, Nutrition and Agriculture: Guidelines foragricultural training curricula in Africa

3. G T Z, Nutrition in Developing Countries

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Estudo da viabilidade da produção da abóbrinha (Cucurbita pepo Z.J utilizando o Fentião para

controle da mosca da abóbora (Dacus frontalis)

José G. V. Levy e Zuleika Z. S. Antunes da Silva Levy

LEVY J . , E LEVY Z . , 1988. FEASIBILITY S T U D Y OF S U M M E R S Q U A S H (CUCURBITA PEPO U PRO-DUCTION U S I N G FENTIÃO TO C O N T R O L THE S Q U A S H FLY (DACUS FRONTALIS). INV. A G R . , S. JORGE DOS Ó R G Ã O S , 2(2):35-36.

Abstract: Field studies were carried out to determine the feasibility of S u m m e r squash (Cucurbitapepo L.) pro-duction treated w i t h Fentião to control the squash fly (Dacus frontalis). Four varieties w e r e used. They usualy produce w i t h i n 43 t o 46 days after s o w i n g . Chemical treatments were made at anthesis and 21 days later. T w o harvests of marketable fruits w e r e made 21 days after each treatment.

Marketable yieids were l o w for ali the varieties. The percentages of marketable fruits ranged f r o m 8 . 5 % f o r Z u c c h i n i Black and 4 5 . 6 % for Vegetable M a r r o w W h i t e Bush.

These values are very l o w , w h i c h make the production of summer squash not feasibie w i t h the present m e t h o d of c o n t r o l .

A g r ó n o m o e A g r ó n o m o - f i t o p a t ó l o g a , Departamento de Agricultura, INIA, C. P. 84, Praia, Rep. de Cabo Verde

Introdução

A abóbrinha (Cucurbita pepo L.) é cultivada pelos seus frutos colhidos no estado imaturo. A colheita é feita q u a n d o a casca se encontra ainda mole e pode ser facilmente cortada c o m as unhas. Isto t e m lugar 2 a 7 dias depois da antese. Se os f r u tos atingirem a maturação e a casca começar a e n d u -recer, perdem t o t a l m e n t e o seu valor culinário. Os frutos devem ser apanhados c o n t i n u a m e n t e , na medida e m que se deixados para amadurecer nas ramas impedem a formação de flores pistilosas (Yamaguchi, 1983).

Em Cabo Verde, a cultura da abóbrinha e do pepino e m particular e das cucurbitáceas e m geral é seriamente afectada por u m a praga: a mosca da abóbora (Dacus frontalis). Os estragos causados por este insecto resultam da postura feita por ele nos f r u -tos imaturos, e c o n s e q u e n t e m e n t e , da acção das larvas que se desenvolvem no f r u t o , d e v o r a m - n o e provocam o seu apodrecimento ( L o b o , 1976). Os f r u -tos deformam-se geralmente e perdem t o d o o seu valor comercial. As perdas no c a m p o p o d e m ser totais se não houver n e n h u m a f o r m a exterior de intervenção.

M é t o d o s mecânicos, químicos e biológicos t ê m sido testados e / o u recomendados para o c o n -trole desta praga. Egger (1984) recomenda as seguin-tes medidas preventivas: polinização manual logo a seguir à abertura das flores femininas. Em seguida, cobrir a flor polinizada c o m u m saco de j u t a , palha ou jornal, de maneira a impedir que as moscas a pi-q u e m . Este m é t o d o , e m b o r a possa funcionar n u m a área pequena, torna-se m u i t o dispendioso e m

plantações maiores pois a abóbrinha produz muitos f r u -tos por planta.

M u c k (1984) t e n t o u o controle biológico atra-vés da introdução de parasitas. Vários parasitas de larvas foram multiplicados e libertados e m diversas ilhas. Em Santiago, a sua recuperação manteve-se baixa, sendo os resultados p o u c o promissores. No que se refere à luta genética, Gsell (1984) obteve alguns êxitos c o m a libertação de machos semi-estéreis. Quatro semanas após as libertações n u m campo de abóbora (Cucurbita máxima) verificou-se que 6 0 % das posturas colhidas e m frutos apresen-tavam certa percentagem de ovos estéreis e de ovos de onde eclodiram m a c h o s semiestéreis. O m é t o d o parece ser eficiente e m zonas isoladas mas econo-micamente não foi r e c o m e n d a d o dados os custos de criação no laboratório.

No Senegal, recomenda-se o uso alternado dos insecticidas Fentião, Trichiorfon e Deltamethrine (Comunicação pessoal). Este m é t o d o t e m dado bons resultados na cultura do melão de exportação.

Em Cabo V e r d e , os Serviços de Protecção Vegetal do INIA r e c o m e n d a v a m a aplicação de insec-ticidas tais c o m o o Dimetoato e o Fentião. Uma vez que o primeiro já não se e n c o n t r a na lista dos p r o d u -tos considerados seguros, a sua importação e uso em Cabo Verde f o r a m proibidos. Resta-nos somente o Fentião c o m o insecticida recomendado para o c o n -trole q u í m i c o da m o s c a . Este p r o d u t o dá uma pro-tecção dos f r u t o s durante 5 a 7 dias e t e m u m efeito residual de 21 dias.

O Fentião poderá ser eficaz para as cucurbi-táceas e m que a colheita é feita à maturação. Nestas culturas, o t r a t a m e n t o é feito de 7 e m 7 dias até que

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a casca endureça. A partir daí, o risco de picagenn pelos insectos é menor e interrompese os t r a t a m e n -tos. Para a abóborinha e o pepino e m que os frutos devem ser apanhados no estado imaturo e quase dia-riamente, o efeito residual do Fentião após os trata-mentos não permite que se faça a colheita.

O objectivo deste ensaio foi estudar a viabili-dade da produção da abóbrinha utilizando o Fentião para controle da mosca da a b ó b o r a .

Materiais e m é t o d o s

Este ensaio teve início e m Fevereiro de 1987 na Estação Experimental de São D o m i n g o s . Foram utilizadas 4 variedades de abóbrinha: Zucchini Black, Cocozelle Long T y p e , Straightneck Early Prolific e Vegetable M a r r o w W h i t e Bush. São todas varieda-des de ciclo c u r t o , que c o m e ç a m a produzir 43 a 46 dias após a sementeira.

O esquema utilizado foi o de blocos casualiza-dos c o m 5 repetições. A sementeira foi directa, a meia encosta de camalhões de 5 m de c o m p r i m e n t o . O compasso de plantação foi 70 x 70 c m .

O plano de t r a t a m e n t o q u í m i c o e colheita de produto comercializável foi o seguinte: primeiro tra-t a m e n tra-t o c o m Fentra-tião logo na antra-tese e colheitra-ta 21 dias depois. Segundo t r a t a m e n t o logo a seguir à pri-meira colheita e segunda colheita 21 dias depois. A s doses de p r o d u t o utilizado foram 15 ml para cada 101 de água. A primeira colheita fez-se 48 dias depois da sementeira e a s e g u n d a , 69 dias depois. Entretanto, os frutos que iam atingindo o estado de colheita durante o período de efeito residual e os picados pelos insectos t a m b é m f o r a m colhidos e os seus pesos registados. As colheitas f o r a m feitas em 15 plantas de cada unidade experimental.

Resultados e discussão

O Quadro 1. indica os valores do peso cializável, peso total e percentagem de frutos comer-cializáveis obtidos e m cada unidade experimental. QUADRO 1. Rendimentos obtidos em cada variedade de abóbrinha

VARIEDADES Peso comer- Peso total' % frutos VARIEDADES cializável k g comerc. Zucchini Black 1,368» 15,98 a' 8,5 Cocozelle L. Type 1,90 a 13,54 a 14,0 Straightneck E. Prolific 4,92 b 14,82 a 33,2 Vegetable M. W. Bush 6,30 b 13,82 a 45,6

X Inclui o peso de frutos comercializáveis e o de frutos n í o comercializá-veis

Verifíca-se que embora tenha havido diferen-ças significantes entre variedades, o peso comercia-lizável foi bastante baixo para todas. Vegetable M a r r o w W h i t e foi a que produziu melhor e Zucchini Black a de mais fraco rendimento. No que se refere ao peso t o t a l , houve u m a tendência em sentido inverso mas as diferenças não foram estatistica-mente significantes.

Vegetable M a r r o w W h i t e foi a variedade c o m maior percentagem de frutos comercializáveis, quase 50%. No o u t r o e x t r e m o , Zucchini Black teve uma percentagem de f r u t o s comercializáveis de quase 9 % . Estes valores são extremamente baixos se tiver-mos e m conta que representam somente perdas na colheita. Há que se contar ainda c o m perdas durante o transporte, conservação, etc.

Embora não tenha havido u m estudo econó-mico detalhado, parece que perdas deste género tor-nam a cultura da abóbrinha usando o Fentião total-mente inviável.

Há a necessidade de se introduzir e testar outros pesticidas que possam controlar mais eficaz-mente a mosca da a b ó b o r a . Estes deverão ser espe-cíficos e de efeito residual c u r t o de m o d o a permitir colheitas m e n o s espaçadas. Entretanto, métodos culturais e biológicos deverão continuar a ser testa-dos de m o d o a reduzir ao m á x i m o o uso de produtos q u í m i c o s .

Bibliografia

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y Os valores nas colunas seguidos da mesma letra n l o sáo estatisticamente signi-ficantes baseados em F-testes seguido de LSD a 5 % d a probabilidade.

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Estudo de selecção para adaptação à produção de cebola na época quente

Zuleika Zenaida Salazar Antunes da Silva Levy

LEVY, Z U L E I K A , 1988. SCREENINGS FOR A D A P T A T I O N OF ONION P R O D U C T I O N DURING THE HOT S E A S O N . INV. A G R . , S. JORGE DOS Ó R G Ã O S , 2(21:37-38.

Abstract: Ten varieties of onion (Allium cepa) were g r o w n under field c o n d i t i o n s , in t w o locations of Santiago, to screen for tolerance to Thrips tabacior «trips» under high temperatures.

Unfortunately, «trips» was not a problem w h e n the experinnent w a s c o n d u c t e d . Significant differences were f o u n d a m o n g the varieties.

Red Creole performed poorly in b o t h locations. Texas Grano 502, N e w México Yeilow G r a n o , Red Grano and Dessex F1 were the best varieties. H o w e v e r , yieids were low as compared to those d u r i n g the cool season. A l t h o u g h the planting densities were lower than usual, w h i c h in part accounted for the l o w yieids, the average weight of the bulbs s h o w s that these varieties are not adapted to high temperatures.

A g r ó n o m o - f i t o p a t ó l o g a , Departamento de A g r i c u l t u r a , INIA, C. P. 84, Praia, Rep. de Cabo Verde.

Introdução

A cebola (Allium cepa) é talvez e m Cabo Verde a cultura hortícola de maior interesse e c o n ó -mico depois da batata c o m u m . Em 1980 a área culti-vada era de 63 hectares nas ilhas de Santiago e de Sto. A n t ã o c o m uma produção anual de cerca de 700 toneladas (George, 1984). O rendimento médio é de

101 h a ' o que é considerado bastante baixo.

Em Cabo Verde, cultiva-se geralmente na época fresca, de O u t u b r o a M a i o , sendo as varie-dades Excel, Texas Early Grano, Red Creole, Texas Grano 502 e Violet de Galmi as variedades mais usadas. Nos meses que se seguem as temperaturas altas retardam e / o u impedem o engrossamento dos bolbos nestas variedades. Disto resulta que durante uma parte do ano a disponibilidade de cebola no mercado é baixa sendo os preços bastante elevados.

Outra razão pelo fraco rendimento destas variedades de cebola é a sua susceptibilidade ao

Thrips tabaci ou «trips». Este insecto provoca

estra-gos não só na cebola mas t a m b é m nas outras liliá-ceas, leguminosas cultivadas, t o m a t e , couve-flor, pepino, melão e beterraba ( M e n s c h o y , 1980).

Em Cabo Verde a cebola e o alho são as cul-turas mais afectadas. Os estragos que os «trips» causam nas folhas são devidos a perfuração destas partes vegetativas pela armadura bucal picadora--sugadora desse insecto. A o perfurar as folhas o «trips» suga-lhe a seiva p r o v o c a n d o assim o apare-cimento de pequenas manchas prateadas resultantes da entrada do ar nas células esvaziadas ( L o b o , 1976). Se o ataque for intenso, çssas manchas reúnem-se entre si cobrindo toda a superfície das folhas. Essas acabam por ficar amarelas e s e c a m . Disto resulta uma interrupção na assimilação e e m outros pro-cessos fisiológicos, prejudicando assim, o

desen-volvimento dos bolbos ( M e n s c h o y , 1980).

Tendo estes problemas e m c o n t a , f o r a m esta-belecidos ensaios e m duas zonas para selecção de variedades resistentes ao «trips» e que produzam bolbos comercializáveis durante a época q u e n t e .

Materiais e métodos

Os ensaios foram estabelecidos nas Estações Experimentais de S. Jorge e S. D o m i n g o s .

Foram utilizadas dez variedades: Yaakaar, Texas Grano 502, Violet de Galmi, N e w México Yeilow Grano, San J o a q u i m , Crystal W a x W h i t e Bermuda, Dessex, Red Creole, Red Grano e Early Supreme F 1 .

As variedades Valence, Yeilow Granex F1 e Tropic A c e F1 são recomendadas c o m o variedades tolerantes ao calor (Egger, 1984) mas não puderam ser obtidos na altura.

Utilizou-se o esquema de blocos casualizados c o m 4 repetições.

As plantas f o r a m iniciadas e m viveiro e m Fevereiro de 1987 e transplantadas 45 dias depois. A plantação fez-se e m u m lado de camalhões de 3 m de c o m p r i m e n t o e 50 c m de t o p o a t o p o . A distância na linha foi de 10 c m , cabendo 30 plantas e m cada camalhão. Cada unidade experimental consistiu de 3 camalhões c o m u m total de 90 plantas cobrindo uma área de 4,5 m^. A distribuição da água aos camalhões foi feita através de regadeiras de 60 c m de largura construídas entre os blocos.

A s adubações f o r a m feitas de acordo c o m as recomendações do Eng. Silva Cardoso (1982), isto é, 200 kg ha-' de ureia e 200 kg h a ' de sulfato de potássio.

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semanais pra quantificar os estragos causados pelo «trips». Estabeleceu-se uma escala de 0-5, corres-pondendo O a ataque nulo e 5 a ataque severo.

As colheitas foram feitas à maturação, no mês de J u l h o , e m 30 plantas de cada unidade expe-rimental, numa área útil de 1,5 m^.

Resultados e discussão

Durante t o d o o ensaio os sintomas de ataque de «trips» foram sempre insignificantes e m todas as variedades, em ambas as localidades, não mere-cendo qualquer atenção. O fraco ataque será talvez devido ao carácter periódico do aparecimento desta praga.

Os Ouadros 1 e 2 indicam os valores do peso médio, peso total e rendimento por hectare obtidos em cada local de ensaio.

O peso médio dos bolbos e m São D o m i n g o s foi de u m a maneira geral superior ao de São J o r g e .

As diferenças entre variedades foram bastante significativas. Em ambas as zonas, Red Creole foi a variedade de menor rendimento sendo 4 , 3 e 6 , 8 1 h a ' para São Jorge e São D o m i n g o s respectivamente. As variedades Crystal W a x W h i t e Bermuda e Violet de Galmi t a m b é m tiveram fracos rendimentos. Por outro lado, as variedades Texas Grano 502, N e w Mé-xico Yeilow Grano, Red Grano e Dessex F1 f o r a m as de melhor rendimento variando de 10,0 a 8 , 8 t h a ' .

QUADRO 1. Peso médio e peso total dos bolbos colhidos e m S . Domingos

V A R I E D A D E S Peso médio Igrs.)

Peso total

(grs.) Rendimento It ha ' 1 Red Creole 41,0 1230,0 a» 6,8 Crystel Wex

White Bermuda 41,3 1239,0 a 6,9 Dessex 46,0 1379,0 a 7,7 F-1 Early

Supreme 50,6 1517,0 ab 8,4 Red Grano 50,6 1519,0 abe 8,4 Yaakaar 51,8 1552,0 a b e 8,6 Violet de Galmi 54,7 1640,0 a b e 9,1 S . J o a q u i m 55,0 1651,0 a b e 9,2 T e x a s Grano 502 P R R 63,4 1902,0 bc 10,6 N. M. Yeilow Grano 66,0 1978,0 c 11,0

V Os valores nas colunas seguidos da mesma letra não sâo estatisticamente signifi-cantes baseados em F-testes seguido de LSD a 5% de probabilidade

As médias obtidas nas duas zonas são no entanto muito baixas e m comparação c o m a p r o d u -ção das mesmas variedades durante a época fresca (comunicação pessoal). Já f o r a m obtidos e m São Jorge rendimentos de 36 e 38 t h a ' c o m as varie-dades Texas Grano 502 e Red Grano respectiva-mente. Deduz-se, daqui que estas variedades não se adaptam à produção, durante a época q u e n t e . Convém no entanto mencionar que as densidades de plantação foram baixas e m a m b o s os ensaios. Os rendimentos por hectare poderiam talvez ser dupli-cados se se usassem camalhões mais c o m p r i d o s e se

se fizesse a plantação e m ambos os lados. Isto per-mitiria diminuir a área empregue em regadeiras e aumentar a densidade de plantação.

Considerações finais

Embora o objectivo inicial do ensaio tivesse sido a selecção para tolerância ao «trips» o insignifi-cante ataque deste insecto fez c o m que esse trabalho se tornasse n u m estudo de selecção para adaptação à produção na época quente.

Seria conveniente que u m trabalho deste tipo fosse repetido, introduzindo variedades já conhe-cidas pela sua adaptação ao calor.

A g r a d e c i m e n t o s

Gostaria de expressar os meus sinceros agra-decimentos à minha colega Eng.^ Ana Maria Faria pelo apoio prestado na realização do ensaio.

QUADRO 2. Peso médio e peso total dos bolbos colhidos e m S . Jorge

V A R I E D A D E S P e s o médio Igrs.l Peso total (grs.) Rendimento It h a ' l Red Creole 25,7 769,5 a» 4,3 Violet de Galmi 24,2 975,0 ab 5,4 Crystal W a x White Bermuda 35,4 1063,0 ab 5,9 S a n J o a q u i n 42,3 1268,0 bc 7,1 Yaakaar 47,3 1418,0 C d 7,9 Early S u p r e m e F-1 49,0 1468,0 c d e 8,2 N. M. Yeilow Grano 52,5 1576,0 c d e 8,8 Red Grano 54,8 1642,0 de 9,1 T e x a s Grano 502 P R R 55,8 1673,0 de 9,3 Dessex 59,3 1779,0 e 9,9

V Os valores nas colunas seguidos da mesma letra n§o são estatisticamente signifi-cantes baseados em F-testes seguido de LSD a 5% de probabilidade

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Introdução e estudo da adaptação da jojoba em Cabo Verde

José G. V. Levy e Amadeu A. da Silva

LEVY, J . E S I L V A A . , 1988. I N T R O D U C T I O N A N D A D A P T A T I O N S T U D Y OF J O J O B A IN CAPE VERDE. INV. A G R . , S. JORGE DOS O R G A O S , 2(21:39-42.

Abstract: A short review is given on the botanic features and adaptation characteristics of jojoba.

In 1982, the first jojoba plants in Cape Verde were planted at São Jorge as part of an experimental piot. Survival rate was quite g o o d but the plants had to be w a t e r e d until fully adapted. G r o w t h w a s sIow in the beginning but later, the plants started t o branch heavily. Flowering occurred just after the first year for some plants. The ratio of male t o female plants w a s 2 , 3 : 1 .

On a separate experiment, assexuai propagation w i t h stem cuttings w a s tried. Auxins were used to induce r o o t i n g . Over 8 0 % of the cuttings produced plants w i t h a g o o d root system that could w i t h s t a n d trans-planting to the field.

Plants in áreas of heavier soils became s t u n t e d and flowered later t h a n plants in áreas of light soil w i t h good drainage.

In a general w a y , it seems that jojoba has f o u n d a n e w h o m e in Cape Verde.

A g r ó n o m o e Engenheiro Técnico A g r á r i o , Departamento de A g r i c u l t u r a , I N I A , C. P. 84, Praia, Rep. de Cabo Verde.

Introdução

A j o j o b a , de n o m e científico Simmondsia

chinensis (Linl<) Schneider, é u m arbusto perene,

nativo do Deserto de S o n o r a , que abrange os esta-dos do Arizona e Califórnia esta-dos Estaesta-dos Uniesta-dos da América e parte do México.

Nos últimos anos, tem-se dado muita atenção a esta planta até então desconhecida para m u i t o s . O m o t i v o : as plantas femininas produzem sementes c o n t e n d o cerca de 50 por cento de uma cera líquida. As propriedades físicas e químicas desta cera são semelhantes às do óleo de u m a espécie de baleia

(Physeter catodon) e m vias de extinção. Desde os

anos 70, os Estados Unidos e vários outros países industrializados proibiram a importação do óleo e outros produtos provenientes da baleia. Este facto levou os cientistas à procura de alternativas para uma indústria que já estave bem assente. Os resul-tados foram mais animadores do que se esperava. O óleo de jojoba t e m aplicações múltiplas na indústria: lubrificantes de alta pressão usados nas transmissões de m o t o r e s , engrenagens e mecanismos de direc-ção, detergentes, desinfectantes, fibras, resinas, produtos farmacêuticos e medicinais, cosméticos e várias outras.

Os índios Apaches do Arizona já colhiam de há muitos séculos as sementes de jojoba. Usavam a cera para fabricar velas para as cerimónias religiosas ou para fins medicinais.'Presentemente, a venda da semente de jojoba constitui u m a importante fonte de receita para este p o v o .

A t é 1985, t i n h a m sido estabelecidos nos

Esta-dos UniEsta-dos cerca de 16000 hectares de plantações de jojoba (National Research Council, 19851, a maior parte dos quais nas zonas áridas do sul de Arizona e Califórnia. Operações comerciais de vulto já existem t a m b é m na Austrália, Brasil, Costa Rica, Israel, M é x i c o , Africa do Sul e alguns outros países, ten-tando o aprovisionamento de u m mercado que se afigura c o m boas perspectivas.

A Planta

A jojoba é u m arbusto lenhoso c o m vários caules. A variedade no tamanho das plantas é gran-de, bem c o m o na f o r m a e cor das folhas. As plantas mais desenvolvidas p o d e m atingir 5 metros de altura. As folhas t ê m uma cor verde oliva, e e m casos de

stress tornam-se ligeiramente mais claras. O seu

sistema radicular é c o m p o s t o de várias raízes que penetram p r o f u n d a m e n t e no solo caso não haja pro-blemas de camadas restrictivas. No México foram observadas plantas de u m ano de idade que já pos-suíam u m a raiz de 2,1 m de c o m p r i m e n t o ou seja sete vezes a altura das plantas (Davidson, 19831. As raízes das plantas mais velhas c h e g a m a atingir 7 metros de profundidade.

A planta é dióica, isto é, algumas plantas só produzem flores masculinas, outras só produzem flo-res femininas. Geralmente, a razão entre plantas masculinas e femininas é 1:1, mas e m muitos casos há tendência para u m a maior percentagem de plan-tas masculinas. O sexo das planplan-tas só poderá ser determinado na altura da floração, isto é, cerca de 15 meses depois da sementeira, para as plantas mais

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precoces. N u m a plantação comercial, esta razão 1:1 não é desejável pois só as plantas femininas p r o d u -zem sementes.

As inflorescências na planta feminina são axilares, e m nós alternados, uma em cada nó. Casos há, p o r é m , e m que aparecem gemas florais em t o d o s os nós.

As flores da jojoba não t ê m pétalas nem glân-dulas de cheiro, portanto a polinização é grande-mente dependente do v e n t o . A maturação dos frutos ocorre cerca de 2 meses após a polinização.

O fruto da jojoba é uma cápsula que pode conter 1 a 3 sementes, sendo u m a semente por f r u t o o mais c o m u m . A variação no t a m a n h o , f o r m a , cor e teor de cera líquida é considerável (Aragão e M o n -teiro, 1982).

Adaptação

As populações naturais de jojoba distribuem--se entre 23 e 35 graus de latitude norte, geralmente do nível do mar a cerca de 1500 metros de altitude. A temperatura parece ser o factor mais crítico a se considerar ao escolher o local de plantação (Yermanos, 1979). As temperaturas baixas (abaixo de 0° C), as flores e as partes terminais dos ramos novos são danificadas. A medida que a planta vai crescendo, ela vai-se t o r n a n d o mais resistente a bai-xas temperaturas, podendo mesmo sobreviver a -9° C. Temperaturas altas não t ê m efeitos negativos a não ser que estas excedam 50° C.

Praticamente, todas as populações de jojoba ocorrem e m solos de textura grosseira ou média, c o m boa drenagem e boa penetração de água. Solos de textura fina não são propícios para esta espécie. Nestes tipos de solo as plantas crescem mais lenta-mente e a frutificação é mais tardia (Yermanos, 1979).

A jojoba cresce naturalmente e m solos margi-nais de pouca fertilidade. Em ensaios levados a cabo em Riverside, Califórnia, as plantas não responderam à aplicação de adubos (Yermanos, 1979). Isto deve ser devido ao seu sistema radicular p r o f u n d o que lhes permite absorver nutrientes de zonas mais pro-fundas. No e n t a n t o , já f o r a m observadas respostas positivas à aplicação de azoto (Walters, Macfarlane e Spensley, 1979).

Sendo u m a planta nativa do deserto, a jojoba cresce bem e m condições de humidade e salinidade impróprias para outras espécies. As populações naturais ocorrem e m zonas que recebem 200 a 450 m m de precipitação anual. No e n t a n t o , a aplicação de água estimula uma vegetação mais luxuriante e é capaz de assegurar uma boa produção de flores, e assim, melhor produção de sementes. A resistência à salinidade é u m factor importante e m casos de se considerar a irrigação da planta nas condições do deserto.

A J o j o b a e m Cabo Verde

Apesar de t o d a a atenção internacional que esta espécie atraiu nos anos 70, os primeiros talhões experimentais e m Cabo Verde só foram estabeleci-dos e m fins de 1982.

Os objectivos da introdução e estudo da adap-tação da jojoba e m Cabo Verde foram vários:

1. A jojoba cresce e m solos marginais de pouca fertilidade e e m zonas de baixa precipitação. Estas características são c o m u n s a grandes áreas de Cabo Verde. O estabelecimento da jojoba nestas zonas poderia, a baixo c u s t o , ajudar a estabilizar o solo, melhorar a infiltração da água de chuva e c o n -tribuir para o a u m e n t o da área reflorestada.

2. A planta produz uma semente que c o n t e m cerca de 5 0 % de u m óleo utilizado na indústria. As suas aplicações já f o r a m atrás mencionadas. Caso não for possível fazer a sua transformação industrial, o estabelecimento de grandes áreas permitiria expor-tar a semente.

3. A p ó s a remoção do óleo fica u m resíduo que c o n t é m 2 6 % a 3 2 % de proteínas (Geselischaft fur Technische Zusammenarbeit, 1980). Este resíduo poderia tornar-se uma importante c o m p o n e n t e na preparação de rações. C o n t u d o , o resíduo c o n t é m u m a toxina que deverá ser extraída antes de poder ser consumida pelos animais.

Materiais e m é t o d o s

Foi estabelecido e m São Jorge u m viveiro c o m sementes provenientes do Deserto de Sonora e m Arizona. As sementes f o r a m enterradas e m sacos transparentes de polietileno. Previamente, e afim de acelerar a germinação, as sementes foram sujeitas a u m banho de água quente durante 4 minutos e segui-damente mergulhadas em água fria durante 24 horas. A germinação ocorreu cerca de 20 dias após a sementeira. A baixa percentagem de germinação, 2 5 % , talvez tenha sido devida a u m excesso de água no viveiro que causou o a p o d r e c i m e n t o das semen-tes.

A p ó s u m período de 2,5 a 3 meses, as plantas já possuíam u m sistema radicular bem desenvolvido e foram transplantadas para local definitivo. Em prin-cípios de Dezembro de 1982 fez-se a plantação em três talhões. A s plantas foram numeradas individual-mente para permitir u m melhor c o n t r o l o . A distância entre linhas foi mantida a 2 metros para todos os talhões. Esta distância é geralmente maior para casos e m que se prevê a colheita mecânica dos fru-tos. Fez-se variar a distância na linha: 0,90m (talhão 1), 1,00 m (talhão 2) e 2,00 m (talhão 3). Consequen-t e m e n Consequen-t e , o n ú m e r o de planConsequen-tas e m cada Consequen-talhão foi variável: 160, 120e 78 plantas respectivamente.

A plantação foi feita n u m solo plano, de tex-tura média e p H 7,6.

(15)

Durante u m período de 2 meses, as plantas foram irrigadas individualmente de 15 e m 15 dias até se adaptarem às novas condições do terreno. A l g u mas plantas (aproximadamente 10 em t o d o s os t a -lhões) secaram e tiveram de ser substituídas.

Resultados

Doze plantas e m cada talhão foram identifi-cadas e escolhidas para observação. Durante u m período de 24 meses seguiu-se cuidadosamente o crescimento destas plantas. O Quadro 1 indica a média dos valores de altura obtidos a partir de obser-vações mensais.

QUADRO 1 . C r e s c i m e n t o d e p l a n t a s e m c a d a talhão

n o s primeiros 15 m e s e s após o t r a n s

-p l a n t e . O s v a l o r e s são médias e m

centí-m e t r o s d a s doze p l a n t a s e s c o l h i d a s e centí-m

c a d a talhão.

M E S E S AP(5S T R A N S P L A N T E TALHÃO 3 6 9 12 15 1 15,3 34,5 51,8 77,2 93,4 2 10,4 17,0 23,3 52,7 70,3 3 19,9 35,5 56,7 82,8 100,9

Verifica-se que no início o crescimento foi mais lento pois a planta ainda não se encontrava devidamente adaptada às novas condições. A me-dida que isto foi a c o n t e c e n d o , c o m e ç o u a ramificar--se e a tomar u m aspecto mais f r o n d o s o . No e n t a n t o , a variabilidade no que diz respeito ao porte, número de caules e ramos e distância dos entre-nós manteve--se sempre de planta para planta.

A floração teve início nas plantas mais preco-ces cerca de 12 meses após o transplante. Nos anos posteriores verificou-se que ela t e m lugar geralmente antes do período das chuvas. No primeiro ano f o r a m colhidas cerca de 1500 g de sementes e m 17 plantas. As sementes apresentavam-se aparentemente livres de doenças e sem indícios de ataques de pragas.

A razão entre plantas masculinas e femininas foi de 2 , 3 : 1 .

Em face dos resultados obtidos no ensaio anterior, isto é, uma maior percentagem de plantas masculinas e m relação a plantas femininas, decidiu--se tentar a multiplicação assexuada por via de esta-cas para normalizar este desequilíbrio. Este m é t o d o de propagação permite obter plantas c o m as mes-mas características que a planta original.

Estacas de 20 c m de c o m p r i m e n t o e 5 m m de diâmetro foram cortadas de plantas femininas apa-rentemente sãs. Foram estabelecidos dois viveiros:

u m e m São Jorge c o m 1600 sacos e o u t r o e m Fla-mengos c o m 1700 sacos. Para facilitar o enraizamento, as estacas foram mergulhadas d u -rante alguns segundos n u m a solução de u m a hor-m o n a sintética à base de ácido naftaleno acético.

A p ó s u m período de três meses fez-se o trans-plante para local definitivo em duas zonas: M o n t e Vaca e Flamengos. A plantação fez-se na época seca pelo que se teve de regar as plantas individualmente até se adaptarem às novas condições do solo. Tra-tando-se de u m terreno c o m uma inclinação suave, efectuou-se a plantação e m croissants de m o d o a aproveitar o escorrimento superficial. Dez plantas foram seleccionadas para observação e m cada zona.

O p e g a m e n t o das estacas no viveiro foi rela-tivamente alto, à volta de 8 0 % . Em local definitivo, as percentagens de plantas mortas foram de 7 % em Flamengos e 4 9 % e m M o n t e Vaca (solo pesado ou massapé). É de salientar que nesta última zona houve enxurradas e inundações que causaram o asfi-xiamento de u m grande n ú m e r o de plantas. As que sobreviveram, apresentavam-se raquíticas.

Q Quadro 2 indica os valores médios de altura obtidos a partir de observações mensais nas zonas de Flamengos e M o n t e Vaca.

QUADRO 2. C r e s c i m e n t o d e p l a n t a s e m c a d a z o n a n o s

primeiros 15 m e s e s após o t r a n s p l a n t e .

Os v a l o r e s são médias e m centímetros

d a s dez p l a n t a s e s c o l h i d a s .

M E S E S APíiS T R A N S P L A N T E

ZONA 3 6 9 12 15

Monte Vaca 19,5 23,5 43,0 45,0 50,0

Flamengos 27,0 33,5 67,0 85,0 100,0

Verifica-se que à semelhança do caso ante-rior, o crescimento foi mais lento no início. A p ó s 9 meses a p r o x i m a d a m e n t e , as plantas começaram a ramificar intensamente. Esta ramificação teve lugar na maior parte dos casos quase ao nível do solo. Notou-se uma diferença nítida entre as plantas de Flamengos e M o n t e V a c a . Nesta última z o n a , o solo pesado e a má drenagem deverão ter contribuído para o raquetismo das plantas.

Discussão

A melhor época e m Cabo Verde para o esta-belecimento das plantas e m local definitivo parece ser a correspondente ao período das chuvas. Pre-tende-se que as plantas aproveitem ao máximo as precipitações para melhor adaptação. Q estabeleci-m e n t o do viveiro deverá ser iniciado o estabeleci-mais tardia-mente e m princípios de M a i o .

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Nos ensaios realizados e m São J o r g e , Fla-mengos e M o n t e V a c a , as plantas f o r a m transplan-tadas após a época das chuvas pelo que se teve de irrigá-las individualmente até a sua completa adap-tação. Isto talvez não tivesse sido necessário se se procedesse c o m o indicado anteriormente. Os solos pesados e de pobre drenagem deverão ser evitados. O desenvolvimento vegetativo parece responder favoravelmente ao f o t o p e r i o d i s m o . A c o m p a r a -ção de plantas c o m a mesma idade e m Cabo Verde (15° latitude N ) , Sudão (18° latitude N) e Arizona (32° latitude N) mostra-nos que à medida que o fotoperíodo a u m e n t a , o seu crescimento vegetativo torna-se mais rápido.

A t é o m o m e n t o , a percentagem de plantas obtidas a partir de sementes t e m sido superior para as plantas masculinas. É precisamente o contrário que se pretende n u m a operação comercial. Os m é t o -dos de propagação assexuada deverão ser explora-dos bem c o m o as técnicas de propagação in vitro. Somente estes m é t o d o s nos permitirão obter a razão 5 : 1 , plantas femininas: plantas masculinas necessá-ria para que u m a operação se torne e c o n o m i c a m e n t e viável.

Foram observadas e m São Jorge algumas plantas que produzem gemas florais e m t o d o s os nós. Teoricamente, a produção por planta duplicaria pois a maioria das plantas produz flores e m nós alter-nados. Esta característica deverá ser t o m a d a e m

conta e m estudos de selecção. Outras características da planta c o m as quais a investigação deverá se preocupar são: alta produção de sementes, tamanho dos f r u t o s , alta produção de óleo, maturação simul-tânea, propagação assexuada e plantas masculinas que produzam bastante pólen na altura e m que as flores femininas se e n c o n t r a m receptivas.

Bibliografia

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A produção da batata c o m u m : u m caso sobre a gestão da rega

Júlio A. P. Almeida

A L M E I D A , J . , 1988. P O T A T O P R O D U C T I O N : A CASE S T U D Y ON W A T E R M A N A G E M E N T . INV. A G R . , S. JORGE DOS O R G A O S , 2(21:43-47.

Abstract: A n applied field experiment using irish p o t a t o , solanum tuberosum L., (variety baraka imported) w a s conducted at Chão B o m , Tarrafal. Different Írrigation management schemes were tested including an aplication of the stress day Índex (SDI) developed by Hiler and Clark (1971). It was s h o w n that non conventional schemes of scheduling Írrigation, such as the S D I , can be superior to convencional schemes since the non conventional used less w a t e r and produced the same or better.

Engenheiro Rural / Irrigação, Departamento de A g r i c u l t u r a , INIA, C. P. 84, Praia, Rep. de Cabo Verde

Introdução

As necessidades para u m melhor uso dos recursos hídricos nas regiões áridas e semi-áridas do globo t e m proporcionado u m acelerado desenvolvi-mento de modelos de previsão de rendidesenvolvi-mento de cul-turas agrícolas e m relação à água aplicada. Essas relações às quais se dão o nome de funções de pro-dução, são expressões matemáticas que estabele-cem relações directas entre a produção de u m a determinada cultura e a quantidade de água apli-cada/usada numa p r o d u ç ã o . S o l o m o n (1985) apre-senta uma revisão compreensiva de funções típicas de produção. As funções de produção são geral-mente baseadas na manutenção de u m teor m í n i m o de água no solo suficiente para u m desenvolvimento equilibrado e sem limitações, p o r q u a n t o c o m elas se pretende sempre maximizar a produção e m f u n ç ã o da área cultivada. Para que estas condições possam ser satisfeitas, assume-se sempre a existência de recursos hídricos ilimitados.

C o n t u d o , c o m a crescente redução das dispo-nibilidades e m água nos países áridos e semi-áridos, c o m o a u m e n t o dos custos de energia e, entre o u t r o s , a c o m p e t i ç ã o criada c o m o alargamento das cidades e o desenvolvimento industrial, as necessi-dades de u m a produção agrícola eficiente são cada vez maiores, fazendo assim repensar os objectivos convencionais de p r o d u ç ã o . Aliás, Vaux e Pruit

(1983) n u m estudo sobre funções de produção afir-maram existir evidências que para algumas plantas u m determinado grau de défice hídrico C) e m fases de crescimento pré-determinadas pode melhorar não só a qualidade mas t a m b é m a quantidade da p r o d u -ção. É assim que a gestão da água na agricultura t e m merecido u m interesse particular por parte de pesqui-sadores das diversas disciplinas da agricultura. U m a

C l o concsho do d«flcs hídrico como é aqui referido, define u m abaixamento no teor de humidade do solo para alâm do normal, mas não excessiva de forma a causar efeitos indesejáveis.

correcta gestão da água na agricultura c o m o meio

para melhorar a produção não só t e m sido, c o m o continua a ser u m desafio a pesquisadores do domí-nio. S t e g m a n et ali. (1980) afirmam que «métodos, procedimentos e critérios para a calendarização das regas estão cada vez menos quantificados apesar de terem sido objecto de muita pesquisa». Martin e Heermann (1984) c h a m a m a atenção para o facto de que a calendarização das regas q u a n d o os recursos hídricos são limitantes ou caros deve mudar e que uma alternativa a considerar na produção agrícola, deve ser a maximização da produção e m relação à água aplicada. Vaux e Pruit (1983) resumiram a situa-ção do papel da água na agricultura dizendo que por-q u a n t o a totalidade dos conhecimentos seja impressionante, todavia não é nem c o m p l e t o nem c o m -preensivo. Nos últimos anos pesquisadores em diversos países (Hiler et ali., 1974; Hiler e Clark, 1971; Martin e H e e r m a n n , 1984) t ê m procurado na gestão da água de rega o escape para u m a produção agrí-cola eficiente. Burman et ali. (1980) identificaram as seguintes áreas c o m o prioritárias para pesquisa no domínio de u m a gestão eficiente da água de rega: a) o m e l h o r a m e n t o de culturas que requerem menos á g u a , b) o m e l h o r a m e n t o das relações de produção e c o n s u m o de á g u a , c) o m e l h o r a m e n t o dos m é t o d o s de cálculo das necessidades das plantas e m água e, d) o desenvolvimento de esquemas de rega que mini-mizam os requisitos e m água e energia.

A linha seguida por Hiler e Clark (1971) parece ter muita aplicação prática e m Cabo Verde. Contra-riamente às funções convencionais de p r o d u ç ã o , Hiler e Clark tentaram maximizar a produção tendo e m c o n t a a calendarização das regas e a sensibilidade das plantas ao défice hídrico nas distintas fases do seu crescimento. Criaram assim o conceito do Stress

Day Index (SDI) que consiste na quantificação dos

efeitos do défice hídrico na produção e m fases isola-das do crescimento fisiológico de u m a planta qual-quer. O c o n c e i t o , assim definido, t e m c o m o

(18)

objec-44

tivo o uso eficiente da água na produção.

Nesta base, e utilizando o conceito ora refe-rido deu-se início no Tarrafal a uma linha de pesqui-sas que t e m por objectivo uma melhoria na produção agrícola caboverdiana, através de uma melhor gestão da água de rega. Todavia, é de se realçar que não se pretende c o m este d o c u m e n t o exaurir os problemas de gestão da água de rega que afectam a agricultura caboverdiana. Pretende-se c o n t u d o , c o m os dados apresentados, uma melhor consciencialização sobre alguns desses aspectos que afectam directamente a produção agrícola caboverdiana.

M é t o d o s e materiais

O S D I , c o m o já foi d i t o , é u m m é t o d o de quantificar a produção levando uma cultura a u m determinado grau de défice hídrico e m fases isoladas do seu crescimento fisiológico. Para o início das experiências e m Chão B o m , Tarrafal, escolheu-se a batata c o m u m , Solanum tuberosum L., (variedade

baraka importada) para os primeiros ensaios.

Segundo Kleinkopf (1983) a batata c o m u m possui quatro fases de crescimento fisiológico c o m interesse para a irrigação, sendo elas:

1. A pré-tuberização: esta fase t e m início c o m a plantação das sementes e continua até o início da fase da tuberização. Dependente da variedade a fase 1 varia entre 30 a 60 dias. Em condições normais a distribuição das raízes é extensivo aos primeiros 20 a 30 c m .

2. A tuberização: começa c o m a formação dos tubérculos e t e m uma duração de mais ou menos duas semanas ( M o o r b y , 1982). As raízes t ê m a sua penetração máxima durante esta fase e as flores c o m e ç a m a aparecer.

3. O engrossamento dos tubérculos: esta fase é caracterizada pelo engrossamento dos tubér-culos até próximo da maturação. O engrossamento é mais ou menos linear e t e m u m a duração de mais ou menos 30 a 60 dias.

4. A maturação: esta fase representa os últi-mos 10-24 dias de crescimento e é caracterizado peio envelhecimento do caule. Os tubérculos c o n t i n u a m a engrossar primariamente pelo processo de trans-posição de nutrientes, do caule para os tubérculos.

Neste caso, as fases f o r a m primariamente determinadas por observações in loco. A s s i m , a pri-meira fase teve a duração de 31 dias, a segunda de 14 dias e a terceira de 34 dias. A quarta fase foi impossível de ser distinguida por causa de u m enve-lhecimento rápido das plantas que se supõe ter sido causado não só por uma velhice prematura induzida por défice hídrico, mas t a m b é m , por u m a redução brusca das funções fisiológicas, n o m e a d a m e n t e a fotossíntese, causada pela deposição de u m pó fino de terra nas folhas, no f i m do mês de IVIarço, a q u a n -do Santiago foi assolada pela «bruma seca», c o m o é

vulgarmente c o n h e c i d o .

A s s i m , a terceira fase foi terminada a 2 0 / 0 4 / 8 8 e a colheita feita a 2 0 / 0 7 / 8 8 . A plantação tinha sido feita a 3 0 / 0 1 / 8 8 .

Em conversa c o m alguns agricultores da área, eles são da opinião que uma rega feita cada oito dias é m u i t o b o a . C o n t u d o , reconhecem que a planta da batata «é u m a planta m u i t o exigente e m água e que u m a rega mais frequente, cada seis dias, seria me-lhor». C o m a intenção de fazer uso da experiência adquirida por esses agricultores, definiu-se os trata-m e n t o s tendo e trata-m linha dois objectivos. O pritrata-meiro de determinar uma f u n ç ã o de produção do tipo c o n -vencional, e o segundo de caracterizar a produção tendo em conta o efeito do défice hídrico em cada u m a das quatro fases definidas anteriormente. Nota--se q u e , para o segundo caso, e m cada parcela o défice hídrico só é aplicado numa e só numa fase, sendo as outras fases, na mesma parcela, propor-cionadas c o m humidade suficiente para u m cresci-m e n t o adequado. Consegue-se assicresci-m isolar por fases o efeito do défice hídrico na p r o d u ç ã o . Nesta base, os tratamentos f o r a m definidos c o m o sendo o R P 1 , 0 RP2 e o RP3 para as regas periódicas de 6, 15 e 20 dias respectivamente, e o t e s t e m u n h a (T) para regas periódicas de 8 dias.

Para o estudo do efeito do défice hídrico e m fases isoladas, f o r a m definidos dois regimes de rega distintos u m do o u t r o sendo o primeiro de regas de 12 dias ( W D e o segundo de regas de 18 dias ( W 2 ) . As quatro fases de crescimento f o r a m identificadas c o m o S I , S2, S3 e S4. Deste m o d o , u m tratamento definido por S 1 W 1 corresponde a u m défice na fase 1 c o m o regime W 1 de 12 dias, e u m tratamento defi-nido por S 1 W 2 corresponde a u m défice na fase 1 c o m o regime W 2 de 18 dias.

Segundo Kleikopf (1983) a m a g n i t u d e d o

stress hídrico necessário para causar u m a redução

no crescimento vegetativo e afectar a qualidade do tubérculo comercializável é ainda desconhecido.

Kleinkopf, c o n t u d o , cita os trabalhos de Epstein e Grant, 1973, que m o s t r a m existir u m a correlação significativa entre o potencial da água nos tubérculos, nas folhas e no solo. Essa correlação é certamente devida ao processo de transposição da água e nutrientes de u m para o u t r o c o m p o n e n t e da planta e m alturas de défice hídrico (Stegman et ali., 1980). O t u b é r c u l o , neste caso, age c o m o u m reser-vatório que cede água às folhas e m períodos de défice «voltando a ganhar» a água perdida quando o potencial no solo vier a baixar c o m o uma nova rega. A s s i m , o défice hídrico antes da formação do tubér-culo permite u m melhor enraizamento da planta, diminuindo o seu crescimento vegetativo mas favo-recendo depois u m a melhor tuberização, enquanto que depois da f o r m a ç ã o d o tubérculo o défice pode afectar a qualidade e a quantidade dos tubérculos comercializáveis.

Referências

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