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O bibliotecário no mundo da ficção

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Academic year: 2021

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O BIBLIOTECÁRIO NO MUNDO DA FICÇÃO

THE LIBRARIAN IN THE FICTION WORLD

GT 5: DIVERSXS

Artigo Completo Para Comunicação Oral

ENDLICH, Juliana Norato1 NASCIMENTO, Mircelânia Cavalcante do2 GALLOTTI, Monica Marques Carvalho3

RESUMO

Apresenta a imagem do bibliotecário no imaginário da sociedade. Mostra a representação do bibliotecário em filmes, séries de TV e seriados, desenhos animados e histórias em quadrinhos, expondo os estereótipos e sua desconstrução em produções mais recentes. Reflete sobre como o bibliotecário é visto pelos estudantes universitários; analisa, por meio de pesquisa bibliográfica e questionário on-line aplicados em grupos de universitários no Facebook, e mostra como os personagens bibliotecários são vistos pelos universitários. O objetivo desta pesquisa foi mostrar a imagem do bibliotecário nas obras de ficção e mostrar como a geração atual vê a imagem do bibliotecário estereotipado e suas mudanças na atual indústria do entretenimento. Há uma ruptura de muitos estereótipos do bibliotecário, no entanto, ainda há muitos estudantes universitários que apenas carregam uma noção básica sobre o que o bibliotecário faz, mas eles também têm a noção de como os bibliotecários são desvalorizados. Mas ainda, é possível vislumbrar o aprimoramento da imagem do bibliotecário em obras ficcionais.

Palavras-chave: Bibliotecário na ficção. Personagens bibliotecários. Estereótipo do bibliotecário.

1 Discente em Biblioteconomia pela (UFRN). E-mail: julianaendlich@hotmail.com. 2 Discente em Biblioteconomia pela (UFRN). E-mail: mircelania@gmail.com 3

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ABSTRACT

Presents the librarian's image on the society's minds. Shows the representation of the librarian on movies, TV series and sitcoms, cartoons and comics, exposing the stereotypes and their undoing in more recent productions. Bethink on how the librarian is seen by college undergraduate students; analyses, by bibliographical research and online questionnaire applied on college undergraduate student's Facebook groups, and shows how the librarian characters are seen by the college undergraduate students. The objective of this research was to show the librarian's image on fiction works and to show how the current generation sees the stereotypical librarian's image, and its changes on the current entertainment industry. There's a rapture of many librarian stereotypes, however, there are yet many college undergraduate students that only carry a basic notion on what the librarian does, but they also carry and have the notion on how librarians are undervalued. Yet, there is a betterment of the librarian's image on fictional works.

Keywords: Librarian on fiction works. Librarian characters. Librarian stereotypes.

1 INTRODUÇÃO

A ficção não exclui o real, ao contrário do que se possa imaginar. No entanto, é um recurso utilizado comumente para exprimir o imaginário. Ela não tem compromisso com a verdade, mas com o que é verossímil de modo que se cria um elo com o espectador e gera empatia. A enciclopédia Britannica Escola (enciclopédia online) define ficção como “uma forma de literatura criada pela imaginação do autor. O escritor de ficção inventa personagens, situa-os em ambientes, dá a eles sentimentos e voz, envolve-os em aventuras”.

A ficção designa certo arranjo dos eventos, mas também designa a relação entre um mundo referencial e mundos alternativos. Isso não é uma questão de relação entre o real e o imaginário. Isso é questão de uma distribuição de capacidades de experiência sensorial, do que os indivíduos podem viver, o que podem experienciar e até que ponto vale a pena contar a outros seus sentimentos, gestos e comportamentos. (RANCIÈRE, 2010)

Eco (1994) apresenta a narrativa de ficção como algo necessário, mas que deva ser rápido, tendo em vista que ela deve apenas estimular a imaginação do leitor/espectador. A ficção pode ser fracionada em gêneros e subgêneros, onde diversas obras escritas ou audiovisuais podem conter elementos com mais de um deles. Os mais conhecidos são: ficção científica, fantasia, literatura tradicional, ficção realista e histórico. Os dois últimos assemelham-se por ter maior proximidade com a realidade.

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Na ficção muitas profissões são retratadas em filmes e séries de TV, como bombeiros, arquitetos, médicos, advogados, professores, jornalistas, pintores, cientistas, físicos-nucleares, empresários, até estilistas. Mas e a de bibliotecário? Em obras audiovisuais como animações, filmes e séries de TV modernas a imagem do bibliotecário é vista como a de um profissional que detém, disponibiliza e recupera a informação com a finalidade de auxiliar outros personagens e tirar dúvidas; por outro lado em obras mais tradicionais a sua função limita-se ao espaço da biblioteca com a missão de administrar a biblioteca, guardar, catalogar e preservar os livros e é claro, pedir silêncio (MORENO; BASTOS, 2012).

Segundo Borges (2010), a forma mais estereotipada da imagem do bibliotecário “se traduz em uma pessoa do sexo feminino, com pele de cor branca, de meia-idade, que usa óculos, coque e roupas longas, cuja principal função em uma biblioteca é pedir silêncio”, e é esta a definição comumente inserida em obras mais tradicionais. Contudo, esta visão tradicional ainda se manifesta no imaginário social, onde a dominância profissional da área é composta pelo sexo feminino.

O modo como o bibliotecário é visto socialmente e disseminado através de obras audiovisuais fictícias refuta em parte como de fato o profissional é representado na profissão. Mueller (1989) caracteriza o bibliotecário como aquele que tem a função da preservação da cultura humana, suporte à educação, suporte ao estudo e à pesquisa, e como o responsável pelo planejamento e administração dos recursos informacionais. Algo que de fato caracteriza a profissão, mas nem sempre essas características são lembradas ao primeiro momento quando se pensa no que um bibliotecário faz.

A ausência na literatura moderna da questão da análise e da representação do papel ou estereótipo do bibliotecário deixa margem para a figura clássica do bibliotecário se perpetue. Diante disso, este artigo visa mostrar a imagem do bibliotecário na ficção mais atual, se os estereótipos permanecem e o que os acadêmicos das universidades brasileiras acreditam que um bibliotecário representa em seu exercício da profissão no real e no ficcional.

O artigo está organizado de forma introdutória e expositiva sobre, a imagem estereotipada do bibliotecário, o personagem bibliotecário na ficção, e na análise dos dados obtidos através do questionário realizado. Deste modo, criando um breve estudo não conclusivo e, portanto, não detentor de uma verdade universal, deixando pontos para futuros estudos desse tema.

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2 METODOLOGIA E OBJETIVOS DA PESQUISA

Propõe-se aqui uma pesquisa exploratória e descritiva com revisão de literatura como procedimento metodológico e endossado com análise quantitativa de dados levantados por meio de questionário do tipo self adminstred questionaire como técnica para coleta de dados qualitativos e quantitativos, possibilitado pelo Google Forms e aplicado entre os dias 23 de março de 2018 a 17 de abril de 2018, disponibilizado em grupos do Facebook voltados para universidades federais do Brasil.

Objetiva-se aqui a obtenção de uma visão de como a profissão é vista no meio acadêmico através dos estudantes e por uma pesquisa exploratória e descritiva. Bem como, do modo que o profissional é visto por eles em obras audiovisuais. Desta forma, pode-se ter uma visão mais atual da representação profissional bibliotecário dos filmes, séries, animações e quadrinhos.

3 IMAGEM ESTEREOTIPADA DO BIBLIOTECÁRIO

“Guardião” talvez seja a palavra mais utilizada para descrever o bibliotecário ao longo dos séculos em sua totalidade. Sabe-se que os leigos acreditam não apenas no estereótipo da senhora ranzinza de coque, mas também que eles acreditam que o bibliotecário atua apenas e tão somente em uma biblioteca. Para eles é difícil imaginar este profissional atuando em outros campos, como numa empresa de streaming, como a Netflix por exemplo.

Seja de modo mais estereotipado ou não, a visão do bibliotecário guardião ainda é bastante forte. A edição de 12 de março de 2017 do Correio do Estado, traz o bibliotecário como um profissional que vem se reinventando ao longo dos anos. Fato motivador para atrair futuros profissionais da área tendo como base o leque de possibilidades de áreas atuantes mesmo em tempos de crise e apresentando a profissão como tendo um índice de 90% de empregabilidade. As áreas de atuação são:

● Documentação e Informação; ● Cultura e Lazer; ● Pesquisa;

● Comunicação e Informação; ● Educação; ● Tecnologia da Informação;

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Devido ao fato de seu campo de atuação estar se ampliando, principalmente em virtude das novas tecnologias, a visão que as pessoas têm da profissão de bibliotecário está sendo alterada gradativamente. Além disso, os filmes, séries e até mesmo os quadrinhos tem seu papel de destaque neste novo modo de ver a profissão.

4 O BIBLIOTECÁRIO NA FICÇÃO

Inovar ou seguir a tradição? A profissão de bibliotecário se inova ao longo dos anos. O ambiente de disseminação do conhecimento não está mais “restrito” à biblioteca e nem mesmo o bibliotecário se restringe a este ambiente enquanto atuante. Mesmo assim, ainda há barreiras de estereótipos a derrubar, mas ainda é fácil de se deparar com estereótipos antigos nos meios de comunicação e mercado, como mostra CARDOSO e NUNES, 2015:

As campanhas publicitárias optam por representações mais caricaturadas, até porque o seu principal objectivo é causar impacto junto do público e, por isso, servem-se de imagens paradigmáticas como a da bibliotecária sensual ou, ao contrário, séria e exigente, por vezes abordada de forma humorística. (CARDOSO, NUNES, 2015 p. 26).

Normalmente o profissional bibliotecário é visto como aquele de profissão fácil, pois estaria ele o dia inteiro numa biblioteca apenas para mandar as pessoas fazerem silêncio e impedirem os usuários de adentrarem a biblioteca com alimentos, ou pior, é visto apenas como arrumador dos livros nas estantes.

4.1 PERSONAGENS BIBLIOTECÁRIOS NA FICÇÃO

Bibliotecário é um profissional facilmente estereotipado, se torna até um clichê falar sobre isso. Para o público “comum”, Bastos e Moreno (2012, p.1) apontam o estereótipo do profissional como sendo de maioria feminina, composta de mulheres solteironas, solitárias, ranzinzas e que estão a toda hora pedindo silêncio em seu ambiente de trabalho.

É possível dizer que a profissão está sendo bem representada atualmente no mundo da ficção, porém ainda temos o senso comum predominante e é algo que com o tempo irá mudar. Espera-se que com melhor representação e destaque possa mudar essa visão do bibliotecário careta, sisudo e “rato de biblioteca”. Em sua pesquisa, Oliveira (2010) confirma essa estagnação do pensamento estereotipado no seguinte trecho,

Com o passar dos tempos o estereótipo profissional do bibliotecário navegou no imaginário social de maneiras bem distintas. Hoje, praticamente estabilizou-se em

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uma imagem que não faz jus à sua capacidade profissional perante boa parte da sociedade. Essa ação quase que involuntária do ser humano permanece entranhada na sociedade. (OLIVEIRA, 2010, p. 9).

Contudo, em algumas obras mais recentes o profissional bibliotecário ganhou mais destaque, e caras no mundo da ficção. Como Robert Wells, bibliotecário na série Os 13 porquês (2017), Hannah Baker a protagonista, na feira de profissões se depara com Robert e pergunta o que ele faz, e brincando diz que ele era um acumulador. Ele responde com um “quase”, e fala ser bibliotecário. Hannah não acredita muito que ele é um bibliotecário, então Robert responde sobre o típico estereótipo da profissão, como mostrado na figura 1.

Figura 1 – Robert Wells, 13 Reasons Why

Fonte: Netflix (2017)

Já na série Lemony Snicket: Desventuras em Série a bibliotecária Olivia Caliban possui grande destaque nos dois primeiros episódios. Bibliotecária de um internato guia os irmãos Baudelaire na busca de livros para ajudar na medida de suas necessidades. Na escola onde trabalha, o diretor restringe o uso da biblioteca por apenas 10 minutos por dia, o mesmo desdenha da bibliotecária, da biblioteca e até do conhecimento. Carmelita, uma das colegas de escola do Baudelaire ao “apresentar” a bibliotecária diz para os irmãos não falarem com ela, pois ela cheira mal. Os irmãos se sentem felizes ao se depararem com uma biblioteca em meio a tanto sofrimento que passam, como mostrado na figura 2.

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Fonte: Netflix (2018)

Uma outra bibliotecária que foge dos padrões é Barbara Gordon, mostrada na figura 3, bibliotecária doutorada, também conhecida como Batgirl no mundo da DC comics. Na comic Batman: A piada mortal, Bárbara além de bibliotecária é uma excelente hacker, e sempre está auxiliando os heróis do universo da DC.

Figura 3 – Bárbara Gordon (Batgirl), The Killing Joke

Fonte: Warner Brothers Animations (2016)

No mangá Fullmetal Alchemist, a personagem Sheska, mostrada na figura 4, ajuda na busca de informação dos irmãos Alphonse e Edward Elric. Sheska possui memória fotográfica e lembra de todos os livros que leu, por isso escreve livros que foram perdidos durante um incêndio na biblioteca para os irmãos Elric. Como a própria personagem diz, ela adorava ler, e trabalhar numa biblioteca foi a realização de um sonho, porém deixava de fazer suas obrigações para ler os materiais do acervo e por essa razão foi demitida.

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Figura 4 – Sheska, Fullmetal Alchemist

Fonte: Shōnen Gangan (2001).

Em “A Múmia”, filme de 1999 e filmes seguintes da franquia há uma personagem de destaque e também uma das protagonistas, a mesma diz “Look, I may not be an explorer or an adventurer or a treasure seeker or a gunfighter, Mr. O'Connell, but I am proud of what I am. I...am a librarian!4”.

Figura 5 – Evelyn Carnahan, The mummy

Fonte: Universal Pictures (1999).

No filme A máquina do tempo, Vox é a inteligência virtual de um sistema de bibliotecas do ano de 2030 que possui um “corpo” e personalidade. Possui a função de

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Olha, eu posso não ser uma exploradora ou uma aventureira ou um caçadora de tesouros ou uma pistoleira, Sr. O'Connell, mas tenho orgulho do que sou. Eu... sou uma bibliotecária!

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bibliotecário por disseminar informação e realizar busca de dados. Vox sobrevive após se passar mais de oitocentos mil anos, quando o personagem Alexander viaja no tempo e o encontra nas ruínas da biblioteca de Nova York.

Figura 6 – Vox, The time machine

Fonte: DreamWorks Pictures (2002).

Rita Mordio, personagem do jogo Tales of Vesperia, da série de jogos Tales of da Bandai Namco, possui um acúmulo de funções tanto no jogo, filme animado e mangá. Possui qualidades de uma maga, historiadora, arqueóloga, inventora e até bibliotecária. Suas armas de batalha são pergaminhos, chicotes e utiliza livros para os chamados Mystic Artes5.

Figura 7 – Rita Mordio, Tales of Vesperia: the first strike

Fonte: Bandai Visual (2009).

4.2 A FUNÇÃO DO PERSONAGEM BIBLIOTECÁRIO NAS OBRAS ANALISADAS

E qual a função dos personagens citados, o que fazem, quais são suas características e qual a importância de sua presença na obra que está presente? Quanto a Robert Wells de 13 porquês, apesar de ter pouco destaque na obra e pouca importância, ele sai do padrão visual dos bibliotecários, mas ainda está no “clichê” do bibliotecário homem, como apontado por Rocho, 2007 no seguinte trecho.

O bibliotecário homem assume uma postura mais intelectual, de guardião dos livros. Demonstrando mais amor pelos livros e pela biblioteca, mas ainda possui

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características como apego à rotina e monotonia e tem menos importância na narrativa do filme do que a bibliotecária mulher. (ROCHO, 2007, p. 73).

Na série, Robert convida Hannah para fazer parte do clube de poesias, e sua participação se limita a isso, ao incentivo da leitura a seus usuários, não tem nenhum destaque, importância, não auxilia o protagonista com nada de destaque. Sua participação foi mais visual, e se deu por necessária devido a um terceiro personagem que seria importante no desenvolvimento da história.

Olivia, de Desventuras em série, desiste do cargo de bibliotecária da Escola Preparatória Prufrock, e se torna uma agente de uma organização secreta para continuar auxiliando os órfãos Baudelaire e Quagmire. Vive aventuras como escalar um prédio, perseguição perigosa e inclusive se disfarça de vidente para ajudar as crianças.

Segundo a análise da personagem Sheska de Fullmetal Alchemist, por MORIGI, KUSSLER, MASSONI, 2017 “[...]inicialmente demonstra baixa autoestima, se denomina “inútil” e “lixo da sociedade”, o que poderia ser um reflexo da situação do bibliotecário perante a sociedade ou da sua sensação de impotência em realizar-se na profissão.”, tal conclusão pode ser considerada um equívoco dos autores, apesar de ser apresentada informalmente como bibliotecária, Sheska possui mais características de uma auxiliar. Suas funções eram basicamente busca de materiais, atendimento ao usuário e organização do acervo. E quanto a essa frustração da personagem, é possível resumir como a característica de um NEET6 por estar sempre ligada a um meio de distração que auxilia na fuga da realidade, os livros.

Por outro lado a personagem em questão, Evelyn Carnahan, assume o papel de uma bibliotecária mais investigativa e aventureira. E por que não dizer detetive? Uma vez que ela segue pistas para chegar ao objeto de desejo. De acordo com Endlich (2016, p. 19):

Bibliotecários, em teoria, também têm um quê de detetive: o ato de investigar uma informação que não seja de fácil acesso, mas que, em parte, resolva um mistério – o de um usuário, por exemplo – é possível traçar paralelos entre as duas profissões. Em determinado momento, portanto, era de se esperar que, em algum momento, os detetives dos quadrinhos e os das bibliotecas se encontrassem. Fato que ocorre com alguma frequência. (ENDLICH, 2016, p. 19).

Vox do filme Máquina do tempo faz uso do sarcasmo e deboche e influencia nas pesquisas dos usuários, demonstrando preferir a ciência à literatura. Auxilia o protagonista a entender a história atual do mundo, para que o mesmo pudesse “salvá-lo”. Após o fim da

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Termo em inglês para “Not in education, employment, or training”. É um indivíduo que não trabalha, estuda ou se especializa. Muitas vezes os NEETs se excluem socialmente até mesmo de sua própria família.

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trama principal, Vox assume o cargo de passar para aquela geração a história de seus antepassados.

Por sempre estar pesquisando sobre blastia7, Rita, além dos materiais que já possuía para consulta, acabou acumulando materiais de pesquisa suficientes para formar uma biblioteca. Apesar de ser muito jovem, é reconhecida como grande cientista e pesquisadora, de tal forma que o exército a consulta quando precisam de informações sobre objetos e informações da antiguidade. Assim como Sheska, Rita também chamada de “rata de biblioteca” possui características de uma NEET, por ter se isolado socialmente. A mesma diz não confiar em pessoas, apenas livros.

O que é possível dizer é que todos esses personagens têm em comum o fato de serem auxiliares. Sempre são personagens secundários e que em determinado momento são de grande ajuda para o protagonista consiga a solução dos seus problemas. Estes personagens citados fogem dos padrões estéticos do bibliotecário na ficção apontado pelos autores estudados, sendo jovens, descolados, aventureiros e carismáticos fugindo do tão falado estereótipo da bibliotecária carrancuda ou sensual. Mas, em sua maioria, ainda possuem limitações quanto a seu trabalho, já que todos apresentados estão sempre rodeados de livros, mesmo que hora ou outra “fujam” do espaço da biblioteca.

5 ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS ATRAVÉS DO QUESTIONÁRIO

Foi possível constatar que dos 100 universitários que responderam a maioria, 73%, acredita que o bibliotecário não é visto como um profissional importante. Já quando questionado se sabiam o que um bibliotecário faz em seu trabalho, 18% disse que não, e 47% disseram não terem a certeza, como mostrado no quadro 1.

Quadro 1 – Conhecimento dos universitários sobre a profissão

Conhecimento da profissão

Você acredita que a profissão de bibliotecário é vista como uma profissão importante?

Não Sim

73 27

Você tem alguma noção do que um profissional bibliotecário faz?

Não Sim Talvez

18 35 47

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

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Na questão discursiva, foi pedido que o indivíduo respondesse o que ele acredita que um bibliotecário faz, as respostas em sua maioria são similares, no quadro 2 é mostrado de forma sucinta e resumida a similaridade das respostas.

Quadro 2 – Respostas da questão discursiva

O que um bibliotecário faz?

Ele organiza as publicações de acordo com um sistema bibliográfico, cuida e restaura obras, avalia qual a necessidade de obras a serem adquiridas de acordo com a comunidade e faz levantamento do acervo.

Ajuda a localizar livros em uma biblioteca.

Basicamente a catalogação do acervo da biblioteca e sua administração. Conhece livros, auxilia na procura.

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Quando se trata do mundo da ficção, algumas respostas do questionário eram opcionais e nem todos os 100 responderam completamente, mas ainda foi possível obter um bom resultado, como mostrado no quadro 3.

Quadro 3 - O bibliotecário na ficção visão dos universitários

Conhecimento sobre bibliotecário na ficção

Conhece algum personagem de série, livro, filmes e desenhos que seja bibliotecário?

Não Não tenho certeza Sim

43 19 38

Este personagem teve papel importante para o desenrolar da trama?

Não Não tenho certeza Sim

19 36 30

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

A questão discursiva obteve 78 respostas, onde todas se resumiam em organização dos livros, orientação na busca de materiais no acervo e auxílio à pesquisa dos usuários.

Dado isso, pode-se discutir a limitação do bibliotecário e seu papel na sociedade brasileira e o senso comum dos usuários sobre sua profissão. Quanto no mundo da ficção o bibliotecário possui uma imagem secundária e sua função se limita ao um auxilio considerável para os protagonistas.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O bibliotecário tem papel importante no contexto social acerca da disseminação seletiva da informação. Sua representação no imaginário das pessoas pouco se modificou acerca do trabalho realizado por ele. E o modo como é apresentado em séries, filmes e outros meios como desenhos animados e histórias em quadrinhos, auxilia na construção da imagem

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dele no imaginário da sociedade. Além disso, a pouca modificação no comportamento do bibliotecário só fortalece a imagem estereotipada que a sociedade tem dele.

Dito isso, provoca a reflexão, seria o bibliotecário um personagem secundário na vida real? Sua função seria limitada a sempre ser um guia, e não um guardião da informação, pelo mundo informacional, sendo uma peça chave para abrir uma fonte de conhecimento para um pesquisador/herói? Não se deve deixar perpetuar a imagem do bibliotecário mal humorado, antissocial, isolado e entediante, e sim de um amigo que pode de N maneiras ser diferente e “cool”, como BLANDEN (1980), diz que, quando uma pessoa pergunta o que você faz, e você responde que é bibliotecário, a melhor reação depois da resposta é que você não aparenta ser um.

Mas, torna-se difícil combater esta imagem quando se tem profissionais da área atuando de forma mais estagnada refletindo a imagem de um bibliotecário que apenas fica sentado na sua mesinha e cuidando da organização dos livros. Ser bibliotecário é bem mais que isso. É ser um perpetuador e criador de conteúdo/informação, é ser o comandante de um navio que transporta as pessoas a mundos diferentes e cheios de conhecimento e aventuras, é ser um disseminador e agente cultural. E por que não, também um agente de diálogo com as novas tecnologias com a finalidade de trazer ao usuário informações direcionadas a ele de modo eficaz? Não cabe à indústria, o papel de modificar a imagem que as pessoas têm do bibliotecário, cabe aos profissionais da área fazerem isso. A partir do momento em que os próprios bibliotecários, ditos cientistas da informação, ocuparem seus espaços e modificarem a realidade social em torno deles, a sociedade os verá com outros olhos e a indústria de entretenimento irá modificar esta imagem naturalmente.

REFERÊNCIAS

BATMAN: the killing joke. Direção: Sam Liu. Produção: Bruce Timm, Alan Burnett e Sam Register. Estados Unidos da América: Warner Brothers Animation, 2016. (76min.), son., color.

BLAGDEN, John. Introduction. In: ______. Do we really need libraries?: an assessment of approaches to the evaluation of the performance of libraries. New York: K G Saur, 1980.

BORGES, Gilson Pedro. O bibliotecário nas telas de cinema: retrato fiel ou estereótipo?. 2010. 99 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Faculdade de Informação e Comunicação, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2010.

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CARDOSO, Sílvia Isabel Pinto; NUNES, Manuela Barreto. Auto-imagem e estereótipo do bibliotecário: um estudo centrado nos profissionais de bibliotecas públicas portuguesas. Cadernos BAD, 2015, n. 1, jan-jun, p. 23-44.

CORREIO DO ESTADO. Profissão que vai além da estantes de livros emprega até 90% dos formados. 12 mar. 2017. Disponível em:

<https://www.correiodoestado.com.br/cidades/campo-grande/profissao-que-vai-alem-das-estantes-de-livros-emprega-ate-90-dos/299634/>. Acesso em 27 abr. 2018.

ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

ENCYCLOPÆDIA BRITANNICA. Ficção. 2018. Disponível em:

<https://escola.britannica.com.br/levels/fundamental/article/ficção/481277>. Acesso em: 28 maio 2018.

ENDLICH, Lucas Norato. Representações da biblioteca no universo animado da DC Comics. 2016. 50f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia), Departamento de Ciência da Informação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2016.

FULLMETAL ALCHEMIST. Tóquio: Shōnen Gangan, n. 4, 2001.

JARDIM, Giese et al. A imagem do bibliotecário no cinema: ficção ou realidade? São Paulo: Fundação Escola e Sociologia Política, 2010.

LEMONY SNICKET: a series of unfortunate events. Direção: Barry Sonnenfeld. Produção: Cindy Holland, Daniel Handler e Barry Sonnenfeld. Vancouver: Paramount Television, 2018. [Netflix]. [The austere academy: part one] (46min.), son., color.

MORENO, Josyane.; BASTOS, Larissa. O estereótipo do bibliotecário no cinema. Múltiplos Olhares em Ciência da Informação, v. 3, n. 2, 2013.

MORIGI, Valdir Jose; KUSSLER, Natan Fritscher; MASSONI, Luis Fernando Herbert . Bibliotecários em animês: representações ficcionais e realidade. Inf. Inf., Londrina, v. 22, n. 3, p. 320 – 345, set./out. 2017.

NASCIMENTO, Paulo Roberto [et al]. O bibliotecário e a reprodução dos estereótipos em desenhos animados. Biblionline, João Pessoa, v. 12, n. 1, p. 105-115, 2016.

OLIVEIRA, Andriê Bezerra de. Considerações acerca do estereótipo dos bibliotecários: apontando mudanças de atitude do profissional frente à sociedade contemporânea. 2010. 84 f. Natal: UFRN, 2010. 84 p. Monografia (Graduação em Biblioteconomia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2010.

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TALES OF VESPERIA: the first strike. Direção de Kanta Kamei; produção de Makoto Yoshidumi, Atsushi Yukawa, Hidekazu Terakawa. Japão: Bandai Visual, Namco Bandai Games, Production I. G., Kadokawa Pictures, 2009. (110min.), son., color.

THE MUMMY. Direção de Stephen Sommers; produção de James Jacks, Sean Daniel. Estados Unidos da América: Universal Pictures, 1999. (125min.), son., color.

THE TIME MACHINE. Direção de Simon Wells, Gore Verbinski; produção de Walter F. Parkes, David Valdes. Estados Unidos da América: DreamWorks Pictures, Warner Bros. Pictures. (96 min.) son., color.

THIRTEEN REASONS WHY. Produção: Joseph Incaprera. Califórnia: Paramount Television, 2017. [Netflix]. [Tape 4, side B] (54min), son., color.

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