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Aula 21. O simples encerramento irregular da pessoa jurídica por si só não gera a desconsideração. Isso não é considerado abuso de personalidade.

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Curso/Disciplina: Direito Civil – Parte Geral

Aula: Direito Civil-Parte Geral - 21

Professor (a): Rafael da Mota Mendonça

Monitor (a): Caroline Gama

Aula 21

Desconsideração da personalidade jurídica: continuação.

1. Encerramento irregular da pessoa jurídica

O simples encerramento irregular da pessoa jurídica por si só não gera a desconsideração. Isso não é considerado abuso de personalidade.

O posicionamento doutrinário majoritário é refletido no Enunciado 282 do CJF:

O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso da personalidade jurídica.

Há parcela da doutrina que entende contrariamente. O professor Flávio Tartuce é um dos autores que discordam do entendimento previsto no Enunciado 282 do CJF, pois ele entende que o encerramento irregular é uma das principais hipóteses de abuso.

A Súmula 435 do STJ dispõe sobre a dissolução empresarial irregular nos seguintes termos:

Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.

(Súmula 435, Primeira Seção, julgado em 14/04/2010, DJe 13/05/2010)

A orientação do STJ sobre o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente no caso de dissolução empresarial irregular não corresponde à desconsideração da personalidade jurídica, há apenas a mudança no polo passivo com a alteração do executado.

Para as provas de concursos públicos é importante seguir o posicionamento fixado no Enunciado 282 do CJF e na Súmula 435 do STJ.

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Nada impede que em uma análise casuística o encerramento irregular seja considerado abuso e ocorra a desconsideração da personalidade jurídica.

2. Insolvência

Não é necessária a comprovação de insolvência para que ocorra a desconsideração da personalidade jurídica, conforme o Enunciado 281 do CJF:

A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica.

Nada impede que a insolvência seja uma das causas da desconsideração da personalidade jurídica, o que se evidencia no art. 28 do CDC:

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

A insolvência não é um requisito, mas pode ser uma das causas de desconsideração da personalidade jurídica.

 Confusão patrimonial

Em alguns casos, pode ser que a pessoa jurídica não esteja insolvente, mas ocorra a confusão patrimonial, ou seja, quando não seja possível distinguir o patrimônio dela do que é dos sócios. Isso já justifica a desconsideração, embora não haja a insolvência.

Há a possibilidade de extensão dos efeitos aos bens particulares dos sócios ou administradores da pessoa jurídica quando houver o abuso da personalidade jurídica acarretado pela confusão patrimonial nos termos do art. 50 CC/2002:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

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3. Responsabilidade do sócio

A responsabilidade do sócio na desconsideração da personalidade jurídica não fica limitada às suas cotas sociais.

Exemplo: ainda que o sócio alcançado pela desconsideração da personalidade jurídica tenha apenas

5% das cotas da sociedade, ele responderá pela integralidade da dívida. Há o direito de posterior regresso contra os demais sócios.

RECURSO ESPECIAL - DIREITO CIVIL - ARTIGOS 472, 593, II e 659, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE - INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF - DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA - MEDIDA EXCEPCIONAL - OBSERVÂNCIA DAS HIPÓTESES LEGAIS - ABUSO DE PERSONALIDADE - DESVIO DE FINALIDADE - CONFUSÃO PATRIMONIAL - DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA SOCIEDADE - ATO EFEITO PROVISÓRIO QUE ADMITE IMPUGNAÇÃO - BENS DOS SÓCIOS - LIMITAÇÃO ÀS QUOTAS SOCIAIS - IMPOSSIBILIDADE - RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS COM TODOS OS BENS PRESENTES E FUTUROS NOS TERMOS DO ART. 591 DO CPC - RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, IMPROVIDO.

I - A ausência de explicitação precisa, por parte do recorrente, sobre a forma como teriam sido violados os dispositivos suscitados atrai a incidência do enunciado n. 284 da Súmula do STF. II - A desconsideração da personalidade jurídica é um mecanismo de que se vale o ordenamento para, em situações absolutamente excepcionais, desencobrir o manto protetivo da personalidade jurídica autônoma das empresas, podendo o credor buscar a satisfação de seu crédito junto às pessoas físicas que compõem a sociedade, mais especificamente, seus sócios e/ou administradores.

III - Portanto, só é admissível em situações especiais quando verificado o abuso da personificação jurídica, consubstanciado em excesso de mandato, desvio de finalidade da empresa, confusão patrimonial entre a sociedade ou os sócios, ou, ainda, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência desta Corte Superior, nas hipóteses de dissolução irregular da empresa, sem a devida baixa na junta comercial. Precedentes.

IV - A desconsideração não importa em dissolução da pessoa jurídica, mas se constitui apenas em um ato de efeito provisório, decretado para determinado caso concreto e objetivo, dispondo, ainda, os sócios incluídos no pólo passivo da demanda, de meios processuais para impugná-la.

V - A partir da desconsideração da personalidade jurídica, a execução segue em direção aos bens dos sócios, tal qual previsto expressamente pela parte final do próprio art. 50, do Código Civil e não há, no referido dispositivo, qualquer restrição acerca da execução, contra os sócios, ser limitada às suas respectivas quotas sociais e onde a lei não distingue, não é dado ao intérprete fazê-lo.

VI - O art. 591 do Código de Processo Civil é claro ao estabelecer que os devedores respondem com todos os bens presentes e futuros no cumprimento de suas obrigações, de modo que, admitir que a execução esteja limitada às quotas sociais levaria em temerária e indevida desestabilização do instituto da desconsideração da personalidade jurídica que vem há tempos conquistando espaço e sendo moldado às características de nosso ordenamento jurídico. VII - Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, improvido.

(REsp 1169175/DF, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/02/2011, DJe 04/04/2011)

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4. Ato ultra vires

Ultra vires é o ato que extrapola o objeto da pessoa jurídica, ou seja, quando se atua com destinação diversa da que consta no seu objeto.

A simples prática de um ato ultra vires por si só não gera a desconsideração da personalidade jurídica. Todavia, em uma análise de um caso concreto pode ser que um ato ultra vires gere a desconsideração.

5. Desconsideração expansiva

A desconsideração expansiva ocorre quando se tem o objetivo de atingir o sócio oculto nas sociedades em conta de participação.

6. Desconsideração inversa

A desconsideração inversa ocorre para que o credor atinja o patrimônio da pessoa jurídica para saldar uma dívida pessoal do sócio.

Isso é muito importante no direito de família.

Exemplo: quando um dos cônjuges transfere o seu patrimônio pessoal para a pessoa jurídica, a fim

de fraudar a partilha dos bens, o cônjuge prejudicado, no âmbito do divórcio litigioso, pode requerer a desconsideração inversa para alcançar o patrimônio e permitir que ele integre a partilha do casal.

É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada "inversa" para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros.

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL. ART. 50 DO CC/02. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA INVERSA. POSSIBILIDADE.

I A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento do recurso especial. Súmula 211/STJ.

II Os embargos declaratórios têm como objetivo sanear eventual obscuridade, contradição ou omissão existentes na decisão recorrida.

Inexiste ofensa ao art. 535 do CPC, quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre a questão posta nos autos, assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisão, como ocorrido na espécie.

III A desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre na desconsideração da personalidade propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações do sócio controlador.

IV Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine é combater a utilização indevida do ente societário por seus sócios, o que pode ocorrer também nos casos em que o sócio controlador esvazia o seu patrimônio pessoal e o integraliza na pessoa jurídica, conclui-se, de

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uma interpretação teleológica do art. 50 do CC/02, ser possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, de modo a atingir bens da sociedade em razão de dívidas contraídas pelo sócio controlador, conquanto preenchidos os requisitos previstos na norma.

V A desconsideração da personalidade jurídica configura-se como medida excepcional. Sua adoção somente é recomendada quando forem atendidos os pressupostos específicos relacionados com a fraude ou abuso de direito estabelecidos no art. 50 do CC/02. Somente se forem verificados os requisitos de sua incidência, poderá o juiz, no próprio processo de execução, levantar o véu da personalidade jurídica para que o ato de expropriação atinja os bens da empresa.

VI À luz das provas produzidas, a decisão proferida no primeiro grau de jurisdição, entendeu, mediante minuciosa fundamentação, pela ocorrência de confusão patrimonial e abuso de direito por parte do recorrente, ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular.

VII Em conclusão, a r. decisão atacada, ao manter a decisão proferida no primeiro grau de jurisdição, afigurou-se escorreita, merecendo assim ser mantida por seus próprios fundamentos. Recurso especial não provido.

(REsp 948.117/MS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/06/2010, DJe 03/08/2010)

O §2º do art. 133 do CPC/2015 dispõe sobre a desconsideração inversa da personalidade jurídica:

Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.

§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica.

7. Pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos

É admitida a desconsideração das pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, nos termos do Enunciado 284 do CJF:

As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não-econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica.

Exemplo: pode ocorrer a desconsideração da personalidade jurídica de uma associação.

Observação: a desconsideração da personalidade jurídica pode ser requerida quando se verifica o

desvio de dinheiro público recebido por uma ONG; o Ministério Público do Trabalho requer a desconsideração também nos casos em que há a contratação de funcionários fantasmas em ONG.

A finalidade econômica dessas pessoas jurídicas é irrelevante para a realização da desconsideração da personalidade jurídica.

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8. Desconsideração por ato administrativo

Admite-se a desconsideração da personalidade jurídica por ato administrativo, sem a necessidade de decisão judicial, desde que seja oportunizado o contraditório e a ampla defesa no processo administrativo, conforme o exemplo do entendimento fixado no Recurso Ordinário em MS nº 15.166/BA do STJ:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO. SANÇÃO DE INIDONEIDADE PARA LICITAR. EXTENSÃO DE EFEITOS À SOCIEDADE COM O MESMO OBJETO SOCIAL, MESMOS SÓCIOS E MESMO ENDEREÇO. FRAUDE À LEI E ABUSO DE FORMA.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NA ESFERA ADMINISTRATIVA.

POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA E DA INDISPONIBILIDADE DOS INTERESSES PÚBLICOS.

- A constituição de nova sociedade, com o mesmo objeto social, com os mesmos sócios e com o mesmo endereço, em substituição a outra declarada inidônea para licitar com a Administração Pública Estadual, com o objetivo de burlar à aplicação da sanção administrativa, constitui abuso de forma e fraude à Lei de Licitações Lei n.º 8.666/93, de modo a possibilitar a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica para estenderem-se os efeitos da sanção administrativa à nova sociedade constituída.

- A Administração Pública pode, em observância ao princípio da moralidade administrativa e da indisponibilidade dos interesses públicos tutelados, desconsiderar a personalidade jurídica de sociedade constituída com abuso de forma e fraude à lei, desde que facultado ao administrado o contraditório e a ampla defesa em processo administrativo regular.

- Recurso a que se nega provimento.

(RMS 15.166/BA, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/08/2003, DJ 08/09/2003, p. 262).

Exemplo: a “pessoa jurídica A” frauda um procedimento licitatório na Bahia. A comissão de licitação

lhe impõe como sanção a impossibilidade de participar de procedimentos licitatórios na Bahia por 2 anos. Os sócios da “pessoa jurídica A” constituem a “pessoa jurídica B” com o mesmo objetivo social e quadro societário, mas com um nome empresarial diferente da “pessoa jurídica A”. Antes do término dos 2 anos, a “pessoa jurídica B” se inscreve para participar de uma licitação na Bahia. A comissão de licitação, por perceber a fraude, desconsidera a personalidade da “pessoa jurídica A” por ato administrativo para estender a sanção imposta aos seus sócios, impedindo que eles participem de procedimentos licitatório na Bahia durante os 2 anos.

A desconsideração da personalidade jurídica por ato administrativo tem como base a teoria geral do direito que impede que as pessoas se aproveitem da própria torpeza.

9. Desconsideração indireta

A desconsideração indireta da personalidade jurídica é aplicada nos casos em que há algum laranja.

Exemplo: uma pessoa física com o nome sujo por não poder constituir uma pessoa jurídica, nem ser

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empresariais na prática. Nesse caso, a mulher é a sócia de direito e o homem o sócio de fato. Por essa razão é possível que se realize a desconsideração indireta.

10. Desconsideração da personalidade de ofício (exceção)

 Regra

Em regra a desconsideração da personalidade jurídica não pode ser realizada de ofício. Ela depende de requerimento da parte ou do Ministério Público, quando for o caso, nos termos do art. 50 do CC/2002 c/c art. 133 do CPC/2015.

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.

 Exceções

a) Direito do trabalho

Em razão da densidade social do direito tutelado, do caráter alimentar do salário e da proteção que deve ser dada ao empregado, admite-se que a desconsideração da personalidade jurídica seja realizada de ofício na justiça do trabalho.

b) Direito do Consumidor

Todos os institutos presentes no Código de Defesa do Consumidor são normas de ordem pública. Por isso, as partes não podem afastar a sua incidência e o juiz pode conhecê-los de ofício, o que torna possível que a desconsideração da personalidade jurídica seja realizada de ofício.

c) Direito Ambiental

Como o direito ambiental é tutelado constitucionalmente como direito difuso, nos termos do art. 225 da CRFB/1988, é possível que o juiz promova a desconsideração da personalidade jurídica de ofício.

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Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

d) Casos de corrupção

A Lei nº 12.846/2013 (lei anticorrupção) permite que seja realizada a desconsideração da personalidade jurídica por conta de um interesse coletivo inquestionável, a fim de que seja atingido o patrimônio pessoal do agente corrupto.

11. Aspectos processuais (art. 133 ao art. 137 do CPC/2015)

Durante muito tempo a desconsideração da personalidade jurídica careceu de um procedimento instituído por lei. O CPC/2015 inovou nesse sentido, fixando aspectos processuais para ela, conforme se observa por meio da leitura dos art. 133 ao art. 137 do CPC/2015.

Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.

§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei.

§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica.

Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial.

§ 1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações devidas.

§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica.

§ 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2º.

§ 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica.

A desconsideração da personalidade jurídica tratada pelos art. 133 e art. 134 do CPC/2015 tem natureza jurídica de incidente processual.

O sócio tem direito ao contraditório e à ampla defesa antes da decisão sobre a desconsideração. Então, realizado o requerimento desta, o sócio deve ser citado para apresentar a sua defesa. Antes do CPC/2015 isso não ocorria, pois o sócio era intimado após a decisão relativa ao pedido da desconsideração da personalidade jurídica.

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Quando a desconsideração da personalidade jurídica é requerida na petição inicial, o sócio passa a integrar o polo passivo da relação processual, afastando, portanto, a necessidade de instauração do incidente de desconsideração, uma vez que o sócio é parte da relação jurídica processual.

Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.

 Recursos (art. 136, parágrafo único e art. 1.015, IV do CPC).

Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória.

Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica.

 Juizados Especiais

A desconsideração da personalidade jurídica é admitida nos juizados especiais, ainda que seja uma modalidade de intervenção de terceiros, nos termos do art. 1.062 do CPC/2015.

Art. 1.062. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-se ao processo de competência dos juizados especiais.

Referências

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