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Impactos ambientais das operações aeroportuárias

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA EDIMARA DE FÁTIMA GALESKI

IMPACTOS AMBIENTAIS DAS OPERAÇÕES AEROPORTUÁRIAS

PALHOÇA 2019

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EDIMARA DE FÁTIMA GALESKI

IMPACTOS AMBIENTAIS DAS OPERAÇÕES AEROPORTUÁRIAS

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Joel Irineu Lohn, MSc.

PALHOÇA 2019

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EDIMARA DE FÁTIMA GALESKI

IMPACTOS AMBIENTAIS DAS OPERAÇÕES AEROPORTUÁRIAS

Esta monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Ciências Aeronáuticas e aprovada em sua forma final pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, de novembro de 2019

__________________________________________ Orientador: Prof. Joel Irineu Lohn, MSc.

__________________________________________ Prof.ª Patricia da Silva Meneghel, Dr.ª

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente а Deus, pelo dom da vida, permitindo que tudo isso acontecesse.

Ao meu esposo Anderson, que acima de tudo é um grande amigo, pelo imenso amor e companheirismo, por todo o carinho e paciência, sempre presente nos momentos difíceis, impulsionando para vencer esta etapa da vida acadêmica.

Agradeço em especial а minha mãe Eva, heroína e exemplo de vida, por todo o seu incentivo nas horas difíceis e de desânimo. Seu cuidado e dedicação foram essenciais em alguns momentos dando esperança para seguir em frente.

Ao meu pai Valfrido, meus irmãos Hélia e Walber, familiares e amigos, por todo amor, carinho e apoio.

Ao meu orientador Prof. Joel Irineu Lohn, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções е incentivos.

A todos os professores do curso de Ciências Aeronáuticas.

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RESUMO

Considerada uma propulsora da globalização e, grande fator de desenvolvimento econômico, a aviação destaca-se como meio de transporte rápido e seguro. Sendo quase um sinônimo do conceito de aproximar pessoas e lugares, ela exerce influência direta na sociedade moderna. No contexto atual, a crescente movimentação do tráfego aéreo, demanda importantes intervenções nas estruturas aeroportuárias. Com isso, surgem as questões ambientais, as quais tem atraído cada vez mais atenção e preocupação social. Esta pesquisa teve como objetivo geral, identificar alguns impactos ambientais decorrentes das operações aeroportuárias e abordar as principais soluções mitigatórias e compensatórias, de tal modo que não prejudiquem a eficiência operacional. Tal pesquisa é caracterizada como exploratória, de abordagem qualitativa e procedimentos bibliográficos impressos e digitais oriundos de publicações, documentos, estudos de caso e regulamentações inerentes ao tema discutido. As preocupações com a sustentabilidade surgem e se tornam o foco das atenções, quando um determinado sistema sofra ameaças a sua integridade, esteja em declínio ou esteja em risco de não ser mantido. Contudo, as soluções para as demandas ambientais nas operações aeroportuárias, são resolvidas em sua maior parte, por meio da gestão estratégica, com foco no crescimento econômico, redução dos impactos ambientais e o progresso social consistente, o que promove uma aviação cada vez mais segura e limpa. Dentre as estratégias de gestão sugeridas, destacam-se as relacionadas à redução dos riscos de contaminação do solo e água, recuperação de áreas degradadas, redução da emissão de poluentes e principalmente, o planejamento do uso sustentável dos recursos naturais. De forma geral, a abordagem proposta neste trabalho permite o levantamento dos aspectos ambientais de um aeroporto e demonstra ações que visam prevenir, controlar, corrigir e mitigar os principais impactos ambientais advindos de sua operação.

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ABSTRACT

Considered a globalization propellant, and a major factor in economic development, aviation stands out as a fast and safe means of transport. Almost synonymous with the concept of bringing people and places together, it has a direct influence on modern society. In the current context, the increasing movement of air traffic demands important interventions in airport structures. As a result, environmental issues arise, which have attracted increasing attention and social concern. The general objective of this research was to identify some environmental impacts resulting from airport operations and to address the main mitigating and compensatory solutions, in such a way that they do not impair operational efficiency. Concerns about sustainability arise become the focus of attention when a system threatens its integrity, is in decline, or is in danger of not being maintained. However, solutions to environmental demands in airport operations are mostly solved through strategic management, focusing on economic growth, reducing environmental impacts and consistent social progress, which promotes ever safer aviation and clean. Among the suggested management strategies, we highlight those related to the reduction of risks of soil and water contamination, recovery of degraded areas, reduction of pollutant emissions and especially the planning of sustainable use of natural resources. In general, the approach proposed in this paper allows the survey of the environmental aspects of an airport and demonstrates actions that aim to prevent, control, correct and mitigate the main environmental impacts arising from its operation.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Curvas de Ruído de 75 e 65 ... 20 Figura 2 – Programas Ambientais da INFRAERO ... 29 Fotografia 1 – Exaustão de Gases durante a decolagem de um Boeing 747-200 ... 18

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LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária ACI - Airports Council International

CAEP - Committee on Aviation Environmental Protection CAN - Committee on Aircraft Noise

CAEE - Committee on Aircraft Engine Emission CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente DECEA - Departamento de Controle do Espaço Aéreo ENCOM - Environmental Committee

IATA - International Air Transport Association ICAO - International Civil Aviation Organization

INFRAERO - Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária LEED - Leadership in Energy and Environmental Design

MIT – Massachusetts Institute of Technology OACI - Organização de Aviação Civil Internacional PZR - Plano de Zoneamento de Ruído

RBAC - Regulamento Brasileiro de Aviação Civil SAC - Secretaria de Aviação Civil

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 13 1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ... 14 1.2 OBJETIVOS ... 14 1.2.1 Objetivo Geral ... 14 1.2.2 Objetivos Específicos ... 14 1.3 JUSTIFICATIVA ... 15 1.4 METODOLOGIA ... 16

1.4.1 Natureza da pesquisa e tipo de pesquisa ... 16

1.4.2 Materiais e métodos ... 16

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ... 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 18

2.1 IMPACTOS ASSOCIADOS À OPERAÇÕES DE AEROPORTOS ... 18

2.1.1 Alteração da qualidade do ar local ... 18

2.1.2 Ruídos aeronáuticos ... 20

2.1.3 Consumo de energia ... 22

2.1.4 Geração de resíduos sólidos ... 23

2.1.5 Poluição da água ... 24

2.1.6 Riscos ambientais e contaminação do solo e água subterrânea ... 26

3 ÓRGÃOS DA AVIAÇÃO CIVIL E O MEIO AMBIENTE ... 28

3.1 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA... 28

3.2 LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL ... 30

4 PRINCIPAIS FERRAMENTAS EMPREGADAS PARA MITIGAR OU COMPENSAR OS IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DAS OPERAÇÕES AEROPORTUÁRIAS ... 34

4.1 INSTRUMENTOS DE GESTÃO E CONTROLE AMBIENTAL ... 34

4.2 PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS ... 37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 42

REFERÊNCIAS ... 44

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1 INTRODUÇÃO

Vivemos dias de intensos avanços tecnológicos, assim como instabilidades políticas e econômicas, sociais e ambientais. Toda essa revolução, promoveu grandes e impactantes mudanças em todos os setores, com destaque para a aviação.

Conectar origens e destinos em um espaço de tempo mais curto que outros meios e, transpondo obstáculos geográficos, é o propósito original da aviação. Hoje, porém, o conceito é bem mais amplo pois requer práticas e padrões cada vez mais intensos, de modo a reduzir custos operacionais, aumentar a eficiência e sobretudo, a segurança das pessoas direta e indiretamente envolvidas.

Nesse cenário, algumas das mais emblemáticas aeronaves já produzidas, tornaram-se obsoletas dando lugar a modelos mais econômicos e eficientes. Os aeroportos deixaram de ser apenas terminais de embarque e desembarque, para tornarem-se complexos comerciais e de lazer, com os mais diversos atrativos. A cada ano o transporte aéreo evolui, com terminais cada vez mais aptos a receber essa intensa movimentação e agregando eficiência, conforto e segurança.

As constantes transformações vividas pelo mercado aéreo, impactam diretamente nas operações aeroportuárias. E, nesse momento onde a demanda por voos se mantém em crescimento, a preocupação com as práticas ambientalmente corretas, torna-se cada vez mais importante. Uma unidade aeroportuária traz grandes benefícios econômicos, não só para o país, mas também para o município e região onde está inserida. Seja através da geração de empregos, ampliação das possibilidades de negócios, expansão da indústria do turismo e arrecadação de impostos, ela induz e acelera o desenvolvimento local e regional. Contudo, a presença da infraestrutura aeroportuária é associada também à geração de grandes impactos ambientais, tornando-se imprescindível a adoção de um gerenciamento eficiente dessas interferências no meio ambiente, decorrentes de sua operação.

A abordagem sobre meio ambiente, representa por si só preocupação aos responsáveis pela gestão aeroportuária. Afinal, todo o engajamento que o assunto provoca, pode interferir significativamente no padrão de operações e, consequentemente ocasionar perdas financeiras. Estrategicamente, as medidas a serem adotadas não se resumem apenas a práticas sustentáveis no aeroporto propriamente dito, mas em toda a região circunvizinha exposta aos impactos diretos de sua operação. Aliás, quando apresentamos problemas relacionados ao transporte, é comum que o assunto seja atrelado ao planejamento urbano e a sociedade e suas demandas como um todo.

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Os grandes aeroportos modernos cada vez mais se assemelham a uma cidade, com investimentos cada vez mais intensos em infraestrutura, o que permite abrir diversas instituições públicas bem como, empresas dos mais variados setores para atender as principais demandas dos seus usuários.

Baseando-se em diversas fontes, artigos e estudos publicados, evidenciamos que essa transformação vivenciada na aviação, implica no uso de planejamento e gestão eficientes nessas “cidades aeroportuárias”, de modo a garantir o equilíbrio entre operação e meio ambiente. Com o presente estudo, objetiva-se descrever os principais impactos ambientais decorrentes das operações aeroportuárias, as interações entre os aeroportos e o meio ambiente, com a indicação de diretrizes e procedimentos que permitam o adequado gerenciamento ambiental. Também serão identificadas, as boas práticas e soluções ambientais em desenvolvimento, além de analisar a legislação brasileira e internacional referente aos aspectos ambientais das operações aeroportuárias e, investigar as principais ferramentas empregadas para mitigar ou compensar os impactos ambientais. Os resultados, permitem que os empreendedores possam atuar objetivamente no controle e minimização de seus impactos, preservando o relacionamento harmônico entre a operação aeroportuária e as atividades desenvolvidas em seu entorno.

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

Quais os impactos ambientais decorrentes das operações aeroportuárias?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar os possíveis impactos ambientais decorrentes das operações aeroportuárias.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Analisar a legislação brasileira referente aos aspectos ambientais para operações aeroportuárias;

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b) Descrever a legislação e procedimentos utilizados nos principais aeroportos do mundo em relação aos aspectos ambientais;

c) Investigar as principais ferramentas empregadas para mitigar ou compensar os impactos ambientais decorrentes das operações aeroportuárias.

1.3 JUSTIFICATIVA

Dada a importância da aviação em contraste com a iminente preocupação social sobre clima do planeta, o que é impulsionada pelos agentes causadores do aquecimento global, surge um cenário promissor para o presente estudo. No contexto atual de valorização de causas ambientais e, a constante expansão do transporte aéreo, identifica-se os principais impactos ambientais causados pela atividade aeroportuária. Logo, torna-se imprescindível conhecer, diagnosticar e gerir as interferências decorrentes dessa atividade tão importante para a economia.

O exemplo de alguns procedimentos já utilizados com sucesso nos principais aeroportos do mundo, aliados a investigação das principais ferramentas empregadas para mitigar ou compensar os impactos ambientais, geram um grande subsídio aos administradores aeroportuários. Com base nisso e, seguindo a legislação brasileira vigente, pode-se otimizar a correta gestão dos aspectos ambientais de modo que seja producente. Para tal, são evidenciadas algumas estratégias de gestão, principalmente as relacionadas à redução dos riscos de contaminação do solo e água, recuperação de áreas degradadas, redução da emissão de poluentes e planejamento do uso sustentável dos recursos naturais.

Partindo da análise de publicações, estudos e matérias do setor, são descritos os principais desafios e perspectivas para o assunto. Ademais, a harmonia entre gestão ambiental e eficiência operacional, começa com um bom planejamento e um modelo de administração inteligente, a exemplo novamente, do bem-sucedido padrão empregado em alguns dos grandes aeroportos internacionais.

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1.4 METODOLOGIA

Caracterizada como uma pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa e com procedimento bibliográfico e documental embasado em publicações literárias físicas e digitais, oriundas de livros, artigos, revistas, regulamentos e leis que tratam sobre o tema discutido.

1.4.1 Natureza e tipo da pesquisa

De acordo com Gil (2008), o objetivo de uma pesquisa exploratória é familiarizar-se com um assunto ainda pouco conhecido ou explorado. Como o próprio nome indica, a pesquisa exploratória permite uma maior familiaridade entre o pesquisador e o tema pesquisado, visto que este ainda é pouco conhecido, pouco explorado. Nesse sentido, caso o problema proposto não apresente aspectos que permitam a visualização dos procedimentos a serem adotados, será necessário que o pesquisador inicie um processo de sondagem, com vistas a aprimorar ideias, descobrir intuições e, posteriormente, construir hipóteses.

A abordagem da pesquisa foi qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível. O conhecimento do pesquisador é parcial e limitado. O objetivo da amostra é de produzir informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que ela seja capaz de produzir novas informações (DESLAURIERS, 1991, p. 58).

1.4.2 Materiais e métodos

Bibliográficos: livros, revistas e sites especializados, pesquisas desenvolvidas, projetos e ações que descrevem os reais impactos das operações aeroportuárias no meio ambiente.

Documentais: documentos diversos, tratados internacionais, legislações internacionais e nacionais em vigor e propostas de regimentos, envolvendo a proteção ambiental e propostas mitigadoras que oferecem novos resultados em relação ao tema exposto.

Os materiais a serem analisados foram:

- Documentos e manuais ANAC, INFRAERO e International Civil Aviation Organization (ICAO).

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1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho foi estruturado para atingir os objetivos propostos, estando disposto da seguinte maneira:

No capítulo 1, apresenta-se a introdução, onde constam o problema da pesquisa, os objetivos, a justificativa, metodologia e a organização do trabalho.

O capítulo 2 apresenta a fundamentação teórica, onde demonstra-se, basicamente, os impactos associados à operação de aeroportos.

O capítulo 3 destaca os órgãos da aviação civil e o meio ambiente.

Na sequência, no capítulo 4, as principais ferramentas empregadas para mitigar ou compensar os impactos ambientais decorrentes das operações aeroportuárias.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 IMPACTOS ASSOCIADOS À OPERAÇÃO DE AEROPORTOS

Não há dúvidas de que, a presença de um complexo aeroportuário tenha grandes impactos positivos sobre a comunidade do seu entorno. Do ponto de vista econômico, a existência de um aeroporto, assim como qualquer complexo industrial de grande porte, afeta também essa comunidade em seus aspectos ambientais, o que muitos consideram, de certa forma, um aspecto negativo.

Conforme HORONJEFF et al. (2010), é de vital importância para a gestão do aeroporto entender os tipos de impactos ambientais que estão associados à atividade aeroportuária; as regras e regulamentos que regem a atividade que causa impacto ambiental; e as estratégias e políticas que estão disponíveis para a gestão de aeroportos voltadas a satisfazer as necessidades da comunidade do entorno, mantendo operações aeroportuárias suficientes.

Considerando as instalações e atividades presentes em aeroportos, são identificados a seguir, os principais impactos ambientais. Partindo do meio utilizado, que no caso é o avião, foram identificados os efeitos ocorridos ao longo do tempo, em consequência do transporte aéreo. Também são considerados aqueles inerentes à infraestrutura aeroportuária e sua relação com a comunidade circunvizinha.

2.1.1 Alteração da qualidade do ar local

Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente (1981), a poluição do ar pode ser entendida como a degradação da qualidade ambiental da atmosfera, resultante de atividades que direta ou indiretamente lançam matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos, podendo tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde (BRASIL, 1981).

As atividades oriundas dos motores das aeronaves, o uso de equipamento de apoio em solo, os sistemas de manipulação e armazenamento de combustível, os procedimentos de testes de motores e o tráfego automotivo constituem as principais fontes de contaminação do ar em um aeroporto. Seus níveis são diretamente proporcionais à demanda de passageiros, carga e tecnologia da aviação existente e contribuem para a degradação da qualidade do ar

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local, resultando em impactos sobre a saúde humana e o bem-estar daqueles que ali trabalham ou estão em seu entorno.

Em contraste com outras fontes de poluição, a maioria dos componentes químicos produzidos pelos processos industriais que são lançados no ar não é detectada pelos seres humanos. O dióxido de nitrogênio (NO2), por exemplo, um dos componentes mais discutidos em relação às emissões de aeronaves, não possui odor, impedindo que o real grau de poluição do ar possa ser percebido pela população local (NITSCHE, 1997).

Fotografia 1 - Exaustão de Gases durante a decolagem de um Boeing 747-200

Fonte: Rister (2013).

O querosene é o principal combustível utilizado em todo o mundo por aeronaves, e os gases emitidos por seus exaustores são semelhantes aos emitidos pelos veículos. Basicamente, a combustão de combustíveis de hidrocarbonetos em motores a jato produz dióxido de carbono, vapor de água, hidrocarbonetos, monóxido de carbono, carbono, partículas conhecidas como fuligem de fumaça, óxidos de nitrogênio, dióxido de enxofre e outras partículas. (ICAO, Airport air quality manual, 2011).

Conforme a ICAO (2016), considerando que aeronaves em geral não são grandes poluidoras, no entanto, elas podem ter um "possível impacto significativo" no aquecimento global, especialmente em relação à emissão do gás carbônico. Atualmente, aproximadamente 604 milhões de toneladas de gás carbônico são emitidas por aeronaves em todo o mundo, o que representa 2% do total de emissões. Todos os cenários prospectivos assumem que melhorias tecnológicas e otimização da disponibilidade de espaço aéreo levarão à redução progressiva das emissões por passageiros/km no futuro, contudo ainda há um considerável

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grau de incerteza científica em áreas-chave que limitam a capacidade de projetar os impactos da aviação sobre o clima (ANAC, 2016).

A aviação é responsável pelo consumo de cerca de 3% dos combustíveis fósseis do planeta e por 12% das emissões de gás carbono relacionadas a transporte, segundo dados reunidos em estudo do Laboratório para Aviação e Meio Ambiente, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos (RETEC, 2014). Além do gás carbónico, o trânsito de aviões também gera emissão de outros poluentes, afetando a qualidade do ar e alterações climáticas.

Diante da diversidade de fontes de poluentes atmosféricos, torna-se imprescindível a quantificação e qualificação das emissões em aeroportos. Para isso, a administração aeroportuária deve utilizar os inventários de emissão atmosféricas como ferramenta para indicar as contribuições relativas das diferentes fontes para as concentrações de poluentes atmosféricos e gases de efeito estufa em um aeroporto.

2.1.2 Ruídos aeronáuticos

O ruído aeronáutico é aquele oriundo das operações de circulação, aproximação, pouso, decolagem, subida, taxiamento e teste de motores de aeronaves. É um ruído intermitente ou não estacionário, com elevados níveis sonoros na sua fonte, podendo causar efeitos adversos sobre a população exposta a níveis excessivos desse tipo de ruído. O ruído aeronáutico representa um grande desafio para uma indústria, como a da aviação civil, que possui forte previsão de crescimento nos próximos anos. A gestão dos seus impactos nas comunidades nas proximidades de aeródromos exige um equilíbrio cuidadoso entre a proteção dos moradores afetados e o reconhecimento das contribuições econômicas e sociais mais amplas da atividade de aviação (ANAC, 2019).

A gestão dos problemas decorrentes do ruído aeronáutico envolve diversos entes públicos e privados, podendo citar a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), operadores dos aeródromos abrangidos, operadores aéreos, municipalidades nas quais localizadas as comunidades afetadas, órgãos ambientais, entre outros (ANAC, 2019).

Atualmente o tema é tratado na ANAC pelo Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) nº 161 – “Planos de Zoneamento de Ruído de Aeródromos - PZR”. Esse regulamento estabelece a obrigação aos operadores de aeródromos da apresentação de um plano de

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zoneamento de ruído (PZR), requerendo, ainda, ações de compatibilização do uso do solo com os municípios abrangidos pelas curvas de ruído (ANAC, 2019).

O PZR é o documento que tem por objetivo representar geograficamente a área de impacto do ruído aeronáutico decorrente das operações nos aeródromos e, aliado ao ordenamento adequado das atividades situadas nessas áreas, ser o instrumento que possibilita preservar o desenvolvimento dos aeródromos em harmonia com as comunidades localizadas em seu entorno (ANAC, 2019).

O PZR é composto pelas Curvas de Ruído e pelas compatibilizações e incompatibilizações ao uso do solo estabelecidas para as áreas delimitadas por essas curvas. As curvas de ruído são linhas traçadas em um mapa, cada uma representando níveis iguais de exposição ao ruído.

Figura 1- Curvas de Ruído de 75 e 65

Fonte: ANAC (2013)

A nível mundial, o volume I do Anexo 16 à Convenção Internacional da Aviação Civil (ICAO, 2008) trata da proteção do meio ambiente contra os efeitos do ruído das aeronaves e das emissões dos motores das aeronaves, temas que não haviam sido pensados quando foi assinada a Convenção de Chicago em 1944.

Dentro dos limites do território nacional, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) através da Resolução CONAMA Nr.001 (CONAMA, 1986) visa avaliar os impactos ambientais de diversos setores e dentre eles o aeroportuário. Para a resolução ter aplicabilidade, ela se reporta à NBR 10.151 (ABNT, 2003) que regulamenta os limites a níveis aceitáveis de exposição à população ao ruído frequente em áreas habitadas.

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A poluição sonora, amplamente tem sido a maior causa de reclamação, das comunidades que são diretamente afetadas pela operação aérea. Um estudo realizado por Santos e Machado (2016) relatou que a poluição sonora é o maior incômodo à população residente próximas aos aeroportos. Além disso, as exposições prolongadas ao ruído, pode trazer sérias consequências à saúde.

Os ruídos aeronáuticos gerados na decolagem, quando a aeronave começa a aproximar para o pouso, na circulação, subida, teste de motores de aeronaves e rolamento isso causa uma grande poluição sonora no local e em seu entorno, oferecendo assim riscos, tanto aos funcionários, quanto à população que mora nas proximidades e está envolvida indiretamente, principalmente aos mecânicos de voo, que trabalham expostos aos elevados níveis de ruído aeronáutico [...] (SANTOS;

MACHADO, 2016, p. 1).

Embora as tecnologias para redução dos níveis de ruído proveniente de aeronaves tenham melhorado muito nos últimos 40 anos, o incômodo sonoro ainda é considerado o aspecto ambiental mais significante decorrente da operacionalidade de aeroportos (ACI, 2019).

Diversos estudos evidenciam que a alta exposição ao ruído tem efeitos psicológicos e fisiológicos negativos e que as pessoas, repetidamente expostas a ruídos altos, podem apresentar altos níveis de estresse, tensão nervosa e incapacidade de concentração. A literatura revela que os impactos associados ao ruído aeronáutico variam desde efeitos sociais e a saúde humana, até impactos econômicos, como desvalorização de imóveis do entorno (LIJESEN et al., 2010), efeitos na performance escolar (COHEN et al., 1980), distúrbios do sono e doenças cardiovasculares (FRANSSEN et al., 2002), além de elevar o risco de hipertensão e estresse (BLACK et al., 2007).

Vários governos reconhecem que o ruído pode ser “um dos impactos que mais restringem o desenvolvimento dos aeroportos.” (DANISH ECOCOUNCIL, 2012).

2.1.3 Consumo de energia

Além de ser um recurso essencial para a vida humana e a qualidade de vida dos cidadãos, a energia está vinculada também à responsabilidade social do uso de um recurso natural que geralmente é escasso, e cuja transformação e utilização afetam diretamente o meio ambiente (SCHEIDT, 2010).

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Devido à complexidade da infraestrutura necessária para sua operação, com áreas internas e externas que necessitam intensamente de energia, os aeroportos estão entre os tipos de edificações que mais consomem energia elétrica (BALARAS et al., 2003; SCHEIDT et al., 2010).

O elevado consumo de energia elétrica deve-se principalmente aos sistemas de ar condicionado, iluminação de espaços internos de edifícios, sistema de iluminação dos pátios de aeronaves e sistemas eletromecânicos. Segundo a INFRAERO (2010), 15 aeroportos administrados pela empresa consumiram um total de 404 GWh de energia elétrica em 2009, quantidade que seria suficiente para atender 336 mil residências.

2.1.4 Geração de resíduos sólidos

Entende-se por resíduo aeroportuário, também denominado resíduo de serviços de transportes (BRASIL, 2010), todo o resíduo sólido ou semissólido, que resulta de atividades específicas de origem diversas – industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e varrição – desenvolvidas dentro das fronteiras dos aeroportos ou a bordo de aeronaves que a eles se destinam (OACI, 2019). Por ser um ponto onde, além da passagem, ocorre disposição de resíduos oriundos de áreas distantes e exóticas, os aeroportos se configuram como áreas estratégicas do ponto de vista sanitário e ambiental (CORDEIRO et al., 2000).

A geração de resíduos sólidos em aeroportos possui grande complexidade e, se seu gerenciamento não for bem realizado, pode gerar diversos impactos negativos, como a contaminação do solo e da água, a veiculação de doenças e elevados custos para reversão dos problemas.

A legislação brasileira dispõe de um conjunto de resoluções e normas que tratam sobre o assunto, com destaque para a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) nº. 05/1993, a Resolução de Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) n.º 56/2008 e a NBR 8.843/1996 que fornecem diretrizes sobre as boas práticas no gerenciamento de resíduos sólidos em aeroportos.

Conforme a legislação brasileira (CONAMA, 1993), os resíduos aeroportuários são classificados em quatro grupos, conforme os riscos gerados, o respectivo tipo e local de geração, são eles:

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o Grupo A: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido a presença de agentes biológicos;

o Grupo B: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido às suas características químicas;

o Grupo C: rejeitos radioativos;

o Grupo D: resíduos comuns são todos os demais que não se enquadram nos grupos descritos anteriormente. (CONAMA, 1993).

Essa classificação tem como objetivo unificar e definir os procedimentos mínimos relativos a cada grupo com base nos riscos apresentados pelos resíduos, de forma a regulamentar e minimizar os impactos ambientais em todas as etapas do gerenciamento. Ambas as resoluções fornecem diretrizes mínimas para cada etapa do gerenciamento dos resíduos sólidos em aeroportos e incluem as obrigações e responsáveis pelo cumprimento das disposições previstas nesses regulamentos.

Dentre as obrigações impostas pelos órgãos de meio ambiente e saúde aos administradores de aeroportos inclui-se a elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS. Este tem como objetivo apontar e descrever ações relativas à gestão de resíduos sólidos, contemplando os aspectos referentes a todas as etapas da gestão dos resíduos desde a geração até a disposição final.

2.1.5Poluição da água

Considerada um dos recursos mais valiosos do planeta, a água não é só essencial para a manutenção da própria vida, mas também utilizada pelo homem em quase todas as atividades diárias. À medida que a população aumenta, tal crescimento exige a ocupação de novas áreas, o que vem ocorrendo cada vez mais de forma desordenada, gerando diversas situações que impactam o meio ambiente. Estas atuações geram uma deterioração da qualidade das águas naturais, com riscos de propagação de doenças ao ser humano.

A construção e operação de um complexo aeroportuário podem contribuir para a degradação da qualidade e a redução da quantidade das águas subterrâneas ou de águas de superfície. Essa qualidade pode ser afetada pela adição de materiais orgânicos ou inorgânicos solúveis ou insolúveis em rios, córregos e lençóis freáticos, resultando em uma fonte de água que é insuficiente para sustentar a vida aquática e outros sistemas que dependem dela, como a pesca, o próprio consumo e as necessidades de abastecimento de água. (GARCIA, CLEO MARCUS, 2014, p. 107).

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Com relação a infraestrutura aeroportuária, desenvolvimento da aviação e os recursos hídricos, o resultado de impacto à qualidade da água na região de sua instalação, pode ser visto de várias formas. Partindo da implantação de um aeroporto, em primeiro lugar, teremos as obras de construção. Se ações mitigadoras não forem adotadas em relação aos resíduos gerados nessa fase, eles podem ser escoados até o solo e, consequentemente, afetar recursos hídricos que estejam próximos, tais como rios, lagos etc. Isso geralmente é tratado por meio da criação de zonas de proteção em torno desses recursos, onde a presença de máquinas é reduzida ou impedida de circular. (GARCIA, CLEO MARCUS, 2014, p. 109).

Em um segundo estágio, durante a operação do aeroporto, a água pluvial, ou seja, a água que provém da chuva e cai sobre os pátios, telhados de edifícios, pistas e taxiways e outras áreas com superfícies pavimentadas, irá correr tanto no sistema de esgotos quanto para águas subterrâneas, caso o sistema de drenagem não seja eficiente. Essa água acumula carrega produtos químicos e outros poluentes que podem afetá-la negativamente, a qual pode estar tanto abaixo do solo quanto em lagos ou rios próximos. Essa situação se agrava, principalmente, em aeroportos afetados pela neve, onde há o uso indispensável de produtos químicos para retirar o gelo das aeronaves e pistas do aeroporto, também conhecidos como de-icing agents. (GARCIA, CLEO MARCUS, 2014, p. 109).

Em terceiro lugar, os aeroportos criam uma série de poluentes potenciais, resultantes da manutenção e pintura (pistas, pátios, terminal etc.), dos testes dos equipamentos de combate a incêndio, de possíveis vazamentos de óleos e combustível, entre outros. Esses produtos podem ser lixiviados para a água subterrânea ou podem ser escoados, em consequência de uma chuva, podendo poluir fontes de água nas proximidades do sítio aeroportuário. (GARCIA, CLEO MARCUS, 2014, p. 109).

Outro potencial poluente é o esgoto resultante das operações de um aeroporto, o qual normalmente vai para uma estação de tratamento, onde através de processos físicos, químicos ou biológicos, são removidas as cargas poluentes, devolvendo ao ambiente o produto final, tratado em conformidade com os padrões exigidos pela legislação ambiental. Porém, isso pode ser um problema, caso o sistema já esteja em sua capacidade máxima ou próximo dela. Nesses casos, é necessária à sua ampliação, o que muitas vezes é possível por meio de novas estruturas ou da atualização dos equipamentos existentes, os quais possam lidar com o fluxo adicional de esgoto. A poluição da água pode resultar de descarga direta ou indireta de substâncias no meio aquático, levando a alterações nas propriedades dos ecossistemas natural e químico da água e, consequentemente, tendo efeitos sobre a saúde humana. A água

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localizada na superfície é mais frequentemente afetada, devido aos poluentes que correm nas calçadas do aeroporto e entram em córregos, rios, lagos etc. No entanto, a água subterrânea também pode ser contaminada quando os vazamentos ou derramamento de fluidos infiltrarem pelo solo para a água dos lençóis freáticos. (GARCIA, CLEO MARCUS, 2014, p. 110).

Nesse contexto, os aeroportos devem envidar esforços consideráveis tanto para proteger, quanto para conservar e manter a qualidade da água.

No Brasil foram criadas recentemente normas para regular o setor de saneamento, conforme a Lei Federal nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007 (BRASIL, 2007), que trata do saneamento básico, que também é conhecida como “Lei das Águas”. A legislação brasileira que regula o descarte de resíduos líquidos na natureza é a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) 430/2011, essa resolução complementou a resolução anterior, a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) 357/2005 (CONAMA, 2005; CONAMA, 2011). Conforme a Resolução n˚ 357 – “Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.” (CONAMA, 2005).

Os aeroportos são grandes consumidores de água, ela é essencial à atividade aeroportuária, sendo um recurso escasso em muitas áreas. Os resíduos atuais associados a atividades industriais podem impactar negativamente na qualidade da água. Atualmente, os aeroportos estão reduzindo esses impactos, administrando o escoamento da água em suas atividades; controlando esse escoamento e reduzindo as descargas de poluentes pela previsão de soluções nos projetos de construção como instalações sanitárias dedicadas a drenar esses resíduos para esgotos sanitários e reduzir os impactos adversos das águas pluviais.

2.1.6 Riscos ambientais e contaminação do solo e água subterrânea

Além do ruído, da poluição atmosférica, entre outros impactos vistos anteriormente, estudos revelam que as comunidades aos redores de aeroportos estão expostas a outros tipos de riscos, como contaminação do solo por hidrocarbonetos (JOHSON et al., 1996; RAY et al., 2008), incêndios, explosão e acidentes aéreos (ALE et al., 2000).

Os riscos ambientais e contaminação do solo e água subterrânea, estão diretamente associados às características das substâncias químicas manipuladas, suas respectivas quantidades e a vulnerabilidade do local e região onde o aeroporto está inserido.

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Os aeroportos são empreendimentos que podem apresentar índices de risco acima dos limites toleráveis, além disso, são locais onde se desenvolvem atividades de manutenção com o uso de óleos e fluídos hidráulicos, passíveis de contaminação e explosão, bem como a manipulação de grandes volumes de combustíveis para aviação, Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) e cargas perigosas.

Partindo desse pressuposto, os aeroportos devem ser operados e mantidos dentro de padrões considerados toleráveis de riscos ambientais, razão pela qual um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) deve ser implementado. O PGR deve ter como meta prevenir, mitigar e controlar os riscos possíveis e prováveis de acidentes que possam comprometer a saúde, segurança da população, e o meio ambiente. Dentre as premissas de um PGR inclui-se um Plano de Ação de Emergência que visa à adoção de procedimentos estruturados de forma a propiciar respostas eficientes em situações emergenciais. (CETESB, 2003).

Neste capítulo foi possível verificar que as operações aeroportuárias como um todo, trazem diversos aspectos e impactos ambientais para a comunidade onde está inserida. Grande parte destes impactos são altamente prejudiciais ao meio ambiente, sendo de grande importância a identificação dos mesmos para consequentemente executar medidas de prevenção, controle, correção e mitigação das suas operações.

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3 ÓRGÃOS DA AVIAÇÃO CIVIL E O MEIO AMBIENTE

3.1 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Os organismos nacionais e internacionais de ampla representatividade exercem um papel importante para o crescimento da aviação sustentável e procuram suprir o poder local com diretrizes e informações. Neste capítulo, será abordado as atitudes adotadas pelos órgãos de aviação civil para minimizar os impactos ao meio ambiente a fim de incentivar mudanças tecnológicas e de procedimentos para que haja minimização dos impactos, especialmente orientando a adoção de uma série de instrumentos que visam um programa efetivo de gestão ambiental.

O artigo 225, da Constituição Federal de 1988 prevê: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações.” (BRASIL, 1988).

A ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil, é o órgão regulador das atividades de aviação civil no Brasil, que como signatário da OACI - Organização Internacional de Aviação Civil, desenvolve suas atividades em conformidade com as orientações daquele órgão em acordo com a legislação nacional.

A ANAC tem o compromisso de difundir o conceito de responsabilidade ambiental para todos os membros que compõe a aviação civil no país, e reconhecendo o impacto que a aviação civil proporciona, estabeleceu a INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 64, DE 30 DE OUTUBRO DE 2012, estabelecendo a Rede Ambiental da ANAC.

A rede ambiental da ANAC nasce para nortear, o posicionamento e as medidas adotadas para se promover o conceito sustentável na aviação brasileira, dentre elas propor e elaborar estudos ambientais, fornecer subsidio para desenvolvimento de novas técnicas para o crescimento sustentável da aviação e a adoção de novas tecnologias que ajudem a reduzir o impacto da aviação civil ao meio ambiente. (ANAC, 2019).

Segundo a ICAO, a ANAC é o principal órgão técnico responsável pelo desenvolvimento das propostas chamadas SARPs (Standard and Recommended Practices). As SARPs são normas e práticas recomendadas pelos países membros da OACI que abrangem aspectos técnicos e operacionais da aviação. Seus 19 Anexos são indicados pelos Estados membros da ICAO na sua condição de especialistas qualificados e com experiência em

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ciência e práticas aeronáuticas, ou seja, todas as recomendações de práticas para proteção do meio ambiente da OACI têm participação do Brasil. (ANAC, Anexo II – Organismos Internacionais de Aviação Civil).

Dos 19 Anexos presentes nas SARPs, que estabelecem procedimentos, normas e padrões internacionais à aviação civil, o anexo que trata do meio ambiente é o Anexo 16 - Proteção ao Meio Ambiente, que descreve as políticas, preocupações e objetivos em relação às questões ambientais relacionadas à atividade de aviação civil. (ANAC, Anexo II – Organismos Internacionais de Aviação Civil).

A INFRAERO - Empresa Brasileira de Infraestrutura aeroportuária, empresa pública nacional com mais de 40 anos de experiência, Está entre as três maiores operadoras aeroportuárias do mundo e, desde 1973, contribui para simplificar e enriquecer a experiência dos clientes, viajantes ou parceiros de negócios, que utilizam seus 55 aeroportos espalhados pelo Brasil. São mais de 100 milhões de passageiros transportados ao ano (dados

2019), representando cerca de 60% do movimento aéreo no país. (INFRAERO, 2019). A INFRAERO conta com uma política ambiental consolidada (aprovada em janeiro de

2018) tem por finalidade definir as diretrizes, princípios e programas que consolidem a responsabilidade socioambiental da Empresa, sendo:

o Diretrizes: guia das ações da Infraero em conformidade com os seus princípios, em harmonia com o meio ambiente e a sociedade, primando pela eficiência; o Princípios ambientais: compromissos da Empresa em planejar, projetar,

construir, expandir e operar os aeroportos que compõem a rede Infraero em harmonia com o meio ambiente e a sociedade;

o Programa ambiental: grupo de projetos ambientais que refletem um ou mais princípios e atendem as diretrizes desta política, visando atingir um ou mais objetivos;

o Projeto ambiental: esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado que gere benefícios socioambientais ou financeiros, com início, meio e fim definidos, e recursos materiais, humanos e financeiros alocados. (INFRAERO, 2019).

Para nortear o desenvolvimento do programa ambiental da Empresa, esse foi subdividido em 10 (dez) programas temáticos. Cada programa estabelece um conjunto de orientações para o desenvolvimento dos projetos ambientais relacionados a sua temática.

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Figura 2 – Programas ambientais da INFRAERO

Fonte: INFRAERO (2019).

Os órgãos nacionais desenvolvem suas atividades ambientais através de uma visão ampla e globalizada para um transporte aéreo mais sustentável. Este desenvolvimento é importante assegurando que as futuras gerações se beneficiem deste meio de transporte de forma responsável ambientalmente.

3.2 LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL

A Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), é uma agência especializada das Nações Unidas, cuja missão é ser um fórum global para a aviação civil que congrega atualmente 193 países e possui por visão a busca de cooperação entre seus membros para alcançar um desenvolvimento seguro e sustentável. (ICAO, 2019).

A ICAO trabalha com os Estados Membros da Convenção e grupos da indústria para chegar a um consenso sobre Padrões e Práticas Recomendadas (SARPs) de aviação civil internacional e políticas de apoio a um setor de aviação civil seguro, eficiente, protegido, economicamente sustentável e ambientalmente responsável. Esses SARPs e políticas são usados pelos Estados Membros da ICAO para garantir que suas operações e regulamentos

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locais de aviação civil estejam em conformidade com as normas globais, o que, por sua vez, permite que mais de 100.000 voos diários na rede global da aviação operem com segurança e confiabilidade em todas as regiões do mundo. (ANAC, 2019).

Melhorar o desempenho ambiental da aviação é um desafio que a ICAO leva muito a sério. Em 2004, a 35ª Sessão da Assembleia da ICAO adotou três grandes metas ambientais, que foram reafirmadas em todas as sessões subsequentes a:

o Limitar ou reduzir o número de pessoas afetadas pelo ruído significativo de aeronaves;

o Limitar ou reduzir o impacto das emissões de gases dos motores das aeronaves na qualidade local do ar;

o Limitar ou reduzir os gases de efeito estufa advindos da aviação que impactem no clima global. (OACI, 2004).

As políticas e práticas da OACI relacionadas à proteção ambiental são revisadas e atualizadas a cada três anos pela Assembleia da OACI. Atualmente, essas políticas e práticas estão incluídas nas resoluções A40-17 , A40-18 e A40-19 da Assembleia , adotadas em outubro de 2019.

O Conselho da ICAO também adotou um Objetivo Estratégico de Proteção Ambiental , que é minimizar os efeitos ambientais adversos das atividades da aviação civil.

Para garantir uma base sólida para as decisões políticas para atingir esse objetivo, desde 2010, a Assembleia concordou que as projeções de tendências ambientais preparadas pelo Comitê da OACI, Committee on Aviation Environmental Protection (CAEP) sejam a base para sua tomada de decisão em assuntos relacionados ao meio Ambiente. Hoje, a OACI atua em um conjunto abrangente de padrões ambientais que atuam no ruído, cinco poluentes que afetam a qualidade do ar local e as emissões de CO2 para proteger o clima global. (ICAO, 2019).

O Committee on Aviation Environmental Protection (CAEP) é um comitê técnico criado pela OACI. O CAEP auxilia o Conselho da OACI na formulação de novas políticas e na adoção de novas normas e práticas recomendadas (SARPs) relacionadas ao impacto ambiental da aviação. O CAEP foi instituído pelo Conselho em 1983, substituindo o Committee on Aircraft Noise (CAN) e o Committee on Aircraft Engine Emission (CAEE). O Conselho da ICAO conta com a colaboração do CAEP na adoção de novos padrões e na formulação de novas políticas administrativas. Os termos de Referência e Programas de Trabalho do CAEP são estabelecidos pelo Conselho. (ICAO, 2019).

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A ACI - Conselho Internacional de Aeroportos é o único representante comercial global das autoridades aeroportuárias do mundo. Fundada em 1991, representa os interesses dos aeroportos com governos e organizações internacionais, desenvolve padrões, políticas e práticas recomendadas e fornece informações e oportunidades de treinamento para elevar os padrões em todo o mundo. Os objetivos das iniciativas ambientais da ACI são promover desenvolvimentos sustentáveis da aviação e do aeroporto, limitando ou reduzindo os impactos ambientais, apoiando os benefícios econômicos e sociais - a chave para a permissão da comunidade para operar e crescer nos níveis global e local. (ACI, 2019).

A Associação Internacional de Transportadores Aéreos – IATA, é a associação comercial das companhias aéreas do mundo, representando cerca de 290 companhias aéreas ou 82% do tráfego aéreo total. Apoiamos muitas áreas da atividade aeronáutica e ajudamos a formular políticas do setor em questões críticas da aviação. (IATA, 2019).

O combate às emissões de carbono (CO2) está no topo da agenda e o setor possui uma estratégia bem estabelecida e globalmente acordada com as metas para esse fim. O ruído é tratado através da Abordagem Equilibrada da ICAO. Para lidar com questões ambientais mais gerais, as companhias aéreas estão trabalhando juntas para estabelecer e compartilhar as melhores práticas, incluindo o uso de sistemas ambientais e avaliações ambientais. (IATA, 2019).

IATA reconhece a necessidade de enfrentar o desafio global das mudanças climáticas e adotou um conjunto de metas ambiciosas para mitigar as emissões de CO2 do transporte aéreo:

o Uma melhoria média na eficiência de combustível de 1,5% ao ano de 2009 a 2020

o Limite máximo das emissões líquidas de CO2 da aviação a partir de 2020 (crescimento neutro em carbono)

o Redução das emissões líquidas de CO2 da aviação em 50% até 2050, em relação aos níveis de 2005. (IATA, 2019).

Para reduzir ainda mais o impacto da aviação no meio ambiente, a IATA criou vários programas para ajudar as companhias aéreas a melhorar seu desempenho ambiental, dentre eles o Programa de compensação de carbono, Avaliação Ambiental (IEnvA), FRED + e Combustíveis alternativos. (IATA, 2019).

O ENCOM – Environmental Committee, foi criado pela IATA, em 2005, com a finalidade de servir como órgão consultivo, além de monitorar e assessorar seus membros nos assuntos ambientais, bem como desenvolver posições comuns acerca dos mesmos temas. O Comitê do Meio Ambiente (ENCOM) é um dos seis Comitês da Indústria da IATA. A

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ENCOM assessora a Assembleia de Governadores, o Diretor Geral da IATA e outros órgãos da IATA em questões ambientais e atua como ponto focal da IATA em questões ambientais. (IATA, 2019).

A ENCOM é responsável por monitorar, avaliar e responder a desenvolvimentos, políticas e regulamentos ambientais de interesse para as companhias aéreas membros da IATA; desenvolver e recomendar posições comuns da indústria em questões ambientais e assessorar e implementar estratégias para promover posições da IATA, entre órgãos reguladores e partes interessadas. (IATA, 2019).

Os órgãos internacionais estão focados na conscientização global visando uma melhor preparação para um futuro sustentável, para isso buscam construir uma base sólida de políticas orientadas para vencer os desafios ambientais.

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4 PRINCIPAIS FERRAMENTAS EMPREGADAS PARA MITIGAR OU COMPENSAR OS IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DAS OPERAÇÕES AEROPORTUÁRIAS

4.1 INSTRUMENTOS DE GESTÃO E CONTROLE AMBIENTAL

A adoção de uma política ambiental visa, incentivar ou forçar os agentes econômicos a adotarem atitudes, processos e posturas menos agressivas ao meio ambiente e que minimizem o impacto de sua atividade. As políticas somente têm validade na medida que se materializam em ações pontuais e atitudes assertivas, advindas de um planejamento prévio e consistente para realização dos investimentos necessários à prevenção e ações mitigadores de danos ambientais. As práticas nacionais e internacionais relatam diversos esforços das administrações aeroportuárias em cumprir sua responsabilidade para com a sustentabilidade.

Diante da diversidade de fontes de poluentes atmosféricos, torna-se imprescindível a quantificação e qualificação das emissões em aeroportos antes de se propor medidas mitigadoras. Para isso, a administração aeroportuária deve utilizar os inventários de emissão como ferramenta para indicar as contribuições relativas das diferentes fontes para as concentrações de poluentes atmosféricos e gases de efeito estufa em um aeroporto. (ANDRÉS CARRA, THALES, 2011). Conforme o Manual para Qualidade do Ar Aeroportuária da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI, 2007), para a elaboração de um inventário são calculadas as emissões usando-se a informação da fonte individual de cada poluente com os seus fatores de emissão associados e os respectivos parâmetros operacionais durante um determinado período. Assim, através do inventário de emissões, a administração aeroportuária pode propor medidas de redução dos níveis de emissão por tipo de fonte ou ainda avaliar a necessidade e localização das campanhas de monitoramento da qualidade do ar, completando-se, assim, um ciclo.

Dentre as medidas que reduzem as emissões atmosféricas em aeroportos, destacamos o uso fontes alternativas de energia, a restrição ao uso de veículos e equipamentos com elevado potencial de emissão e a disponibilidade de utilidades fixas para o fornecimento de energia e ar condicionado para as aeronaves. Essas utilidades fixas são sistemas mecânicos e elétricos, geralmente subterrâneos, projetados para fornecer energia, água, ar condicionado, drenar efluentes e retirar resíduos sólidos. Neste caso, ao fornecer energia elétrica e ar condicionado para a aeronave, as utilidades fixas substituem o uso de geradores de energia para aeronaves,

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que consomem grandes quantidades de combustíveis fosseis, além de gerar altos níveis de ruído.

Entretanto, embora o potencial para conservação de energia em um aeroporto dependa das características estruturais de cada instalação, a administração aeroportuária deve elaborar um Plano de Redução do Consumo de Energia contendo medidas como a exploração da iluminação solar, a manutenção corretiva e preventiva de equipamentos eletromecânicos, o uso de fontes renováveis de energia e outras que reduzam a carga ou uso de ar condicionado. Entre medidas já realizadas que exploram a questão da eficiência energética em aeroportos, destacam-se a cogeração (CARDONA et al., 2006); a substituição de carvão e outros combustíveis fósseis para por fontes renováveis de energia, como solar, eólica, geotérmica e biomassa (KORONEOS et al., 2010); a substituição de lâmpadas convencionais e de mercúrio por tecnologias de diodo emissor de luz (LED) (HKIA, 2010); e a melhora nos sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado (BALARAS et al., 2003).

Embora as tecnologias para redução dos níveis de ruído proveniente de aeronaves tenham melhorado muito nos últimos anos, o incômodo sonoro ainda é considerado o aspecto ambiental mais significante decorrente da operacionalidade de aeroportos. Neste contexto, a Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) tem aplicado esforços em reduzir os níveis de ruído na fonte através do estabelecimento de padrões para certificação de aeronaves, bem como através do desenvolvimento de recomendações práticas para a abordagem equilibrada à gestão de ruído de aeronave.

No Brasil, além da proibição da operação de aeronaves não certificadas pelo Ministério da Aeronáutica, o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil RBAC nº 161 de outubro de 2011, aprova e estabelece a obrigatoriedade de elaboração do Plano de Zoneamento de Ruído (PZR), com intuito de controlar o uso e ocupação do solo nos arredores de aeródromos. Este Plano tem como objetivo representar geograficamente a área de impacto do ruído aeronáutico decorrente das operações nos aeródromos, possibilitando a preservação do desenvolvimento do empreendimento em harmonia com as comunidades localizadas em seu entorno. (ANAC, 2011).

Para a elaboração do chamado Plano de Zoneamento de Ruído são modeladas curvas para diferentes níveis de ruído, considerando as características de movimentação e tipos de aeronaves particulares de cada aeroporto. Essas curvas são geradas a partir do uso de programas computacionais que utilizam metodologia matemática apropriada, na métrica DNL (ruído médio dia-noite). Com base nas curvas de ruído geradas, e considerando que o incômodo relativo ao ruído aeronáutico está diretamente relacionado à distância da fonte

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emissora e à intensidade da emissão, são estabelecidas áreas de restrições ao uso e ocupação do solo nas proximidades dos aeródromos. De posse do Plano de Zoneamento de Ruído, os aeroportos podem desenvolver medidas de controle e fiscalização e procedimentos para redução do ruído. Essas medidas incluem o monitoramento do ruído em locais estratégicos no interior de cada curva, procedimentos operacionais como restrições de horários de voos e a utilização de rotas alternativas, aplicação de taxas sobre ruído diferenciadas para aeronaves e elaboração de programas de isolamento acústico, como a construção de barreiras acústicas em áreas para a realização de testes de motores. Além disso, o operador de aeródromo que possua Plano Específico de Zoneamento de Ruído deve instituir uma Comissão de Gerenciamento de Ruído Aeronáutico – CGRA, de forma a estudar, propor e implementar medidas para mitigar os impactos do ruído aeronáutico no entorno do aeroporto, conforme exigido pela RBAC nº 161/2011. (ANAC, 2011).

No que se refere ao gerenciamento de resíduos sólidos, a legislação brasileira dispõe de um conjunto de resoluções e normas que tratam sobre o assunto, com destaque para a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) nº. 05/1993, a Resolução de Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) n.º 56/2008 e a NBR 8.843/1996. A Resolução CONAMA 05/1993 classifica os resíduos sólidos de aeroportos em quatro grupos, enquanto a RDC n.º 56/2008 da ANVISA classifica os resíduos em cinco grupos, de forma análoga a CONAMA 05/1993, mas acrescentando um grupo específico para os resíduos perfurocortantes (Grupo E). Essa classificação tem como objetivo unificar e definir os procedimentos mínimos relativos a cada grupo com base nos riscos apresentados pelos resíduos, de forma a regulamentar e minimizar os impactos ambientais em todas as etapas do gerenciamento. Assim, ambas as resoluções fornecem diretrizes mínimas para cada etapa do gerenciamento dos resíduos sólidos em aeroportos e incluem as obrigações e responsáveis pelo cumprimento das disposições previstas nesses regulamentos.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) determina que a elaboração e a execução do PGRS (Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos) são de obrigatoriedade dos geradores, sendo os responsáveis pelo adequado gerenciamento de seus resíduos, demonstrando a sua capacidade de dar uma destinação final ambientalmente adequada aos resíduos gerados. Tal Plano tem como objetivo apontar e descrever ações relativas à gestão de resíduos sólidos, contemplando os aspectos referentes a todas as etapas da gestão dos resíduos desde a geração até a disposição final. As medidas adequadas a serem propostas no PGRS podem incluir a separação dos resíduos sólidos na fonte; a realização de campanhas de educação ambiental; a destinação de materiais para reciclagem; tratamento

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adequado do resíduo potencialmente infectante em zona primária, a disposição em locais ambientalmente licenciados; o armazenamento temporário de resíduos em local impermeável e coberto; e a realização de compostagem de resíduos de áreas verdes. (ANDRÉS CARRA, THALES, 2011).

Alguns aeroportos já adotam práticas sustentáveis para combater a poluição da água, como a substituição de equipamentos consumidores de água e reuso de água de tratamento de esgoto, além do tratamento de água e efluente e o monitoramento das águas superficiais e subterrâneas. Objetivando direcionar as ações de proteção da água, os aeroportos devem elaborar e executar um Plano de Gestão de Recursos Hídricos – PGRH. Tal estudo realiza um diagnóstico e propõe medidas para o desenvolvimento das atividades de controle qualitativo e quantitativo das águas e efluentes gerados no aeroporto. Dentre as diversas ações propostas estão o plano de hidrometração com monitoramento de consumo, a identificação e correção de perdas e vazamentos, a substituição de aparelhos consumidores de água, a avaliação do potencial de reaproveitamento e reuso de água e o monitoramento da potabilidade e qualidade das águas superficiais e subterrâneas. (ANDRÉS CARRA, THALES, 2011).

Em relação à contaminação do solo e águas subterrâneas, medidas como o monitoramento da qualidade das águas subterrâneas e a instalação de sistemas para a separação de água e óleo na drenagem de pistas e pátios, nas áreas de abastecimento de aeronaves e veículos e nos locais em que são realizadas manutenções de equipamentos e aeronaves, são essenciais em aeroportos para a redução dos riscos ambientais. (ANDRÉS CARRA, THALES, 2011).

4.2 PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS

A sustentabilidade está se tornando cada vez mais importante e essencial para a preservação do meio ambiente. Aeroportos de todo o mundo hoje não se preocupam somente com sua funcionalidade e conforto dos viajantes, mas também têm buscado soluções para reduzir ao máximo o seu impacto ambiental.

Planejamento de aeroportos ecologicamente corretos, sistemas de gerenciamento ambiental, gerenciamento de ruído de aeronaves, gerenciamento de qualidade do ar, gerenciamento de recursos hídricos, conservação de energia, gerenciamento de resíduos, planejamento do uso da terra, preservação da biodiversidade e a prevenção de grandes riscos, são algumas das principais ferramentas.

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Aeroportos em todo o mundo vem se tornando referência mundiais em sustentabilidade. As iniciativas vão além da economia de energia e água. De materiais de construção verdes a programas de reciclagem, painéis solares e turbinas eólicas para energia, jardins de cobertura, reciclagem de águas residuais, veículos da frota verde, estações de carregamento de veículos elétricos e programas de poluição sonora, entre outras ações, são alguns dos exemplos seguidos como investimento em tecnologias verdes e ações sustentáveis em aeroportos.

No Brasil a prática de sustentabilidade adotada aos serviços aéreos, tem ganhado grande relevância em suas práticas. Reuso da água, coleta seletiva, energia movida a gás natural e sistema de iluminação mais econômico são algumas apostas sustentáveis implantadas pelos aeroportos brasileiros nos últimos anos.

Tendo como premissa a necessidade de fornecer o tratamento adequado aos resíduos sólidos gerados nos Aeroportos, em consonância com a legislação vigente e visando as melhores práticas de gestão ambiental, a INFRAERO vem empregando diferentes ações e projetos em seu Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Um exemplo é o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) do Aeroporto Internacional de Navegantes – Ministro Victor Konder. (INFRAERO, 2018).

Através da elaboração ou atualização dos Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), aeroportos já implementaram ou estão melhorando projetos importantes de sustentabilidade. Outro exemplo é o aeroporto Santos Dumont que pratica o reuso da água da chuva.

Conforme a Secretaria de Aviação Civil: O telhado do terminal Santos Dumont, por exemplo, é um imenso coletor de água com quase 10 mil metros quadrados e com capacidade de 1 milhão de litros de água da chuva, quantidade suficiente para suprir a demanda dos banheiros do aeroporto durante 37 dias. São 53 mil litros por dia. Essa economia equivale ao abastecimento diário de, por exemplo, 440 famílias com consumo médio de 120 litros de água cada uma. (SECRETARIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL, 2017).

O Aeroporto Internacional de Florianópolis recebeu o título de Aeroporto Verde, concedido pela Airports Council International da América Latina e Caribe (ACI-LAC), devido ao programa de gerenciamento de resíduos, implantado pela Floripa Airport, concessionária do aeroporto de Florianópolis. Quando a Floripa Airport assumiu o aeroporto de Florianópolis, em janeiro de 2018, praticamente não havia um programa de gestão do lixo. Em março daquele ano, a concessionária iniciou o projeto de gerenciamento de resíduos. No primeiro mês, a concessionária já conseguiu desviar do aterro sanitário 22% do lixo gerado.

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Atualmente, o índice passa de 60%. (SECRETARIA NACIONAL DA AVIAÇÃO CIVIL, 2019).

O projeto começou com a separação dos resíduos recicláveis do não-recicláveis e orgânicos. Após colocar em prática o correto processo de separação, a Floripa Airport passou a encaminhar para compostagem a fração orgânica. Numa terceira etapa, iniciada em julho deste ano, a concessionária tornou-se parceira de uma fábrica de cimento, que por meio de tecnologia avançada, transforma o lixo até então não-reciclável em energia – o processo é chamado de coprocessamento. Há ainda parcerias com outras empresas para reuso de materiais recicláveis, como o isopor que vira rodapé em uma empresa de Santa Catarina, contribuindo assim para a chamada economia circular. (SECRETARIA NACIONAL DA AVIAÇÃO CIVIL, 2019).

Outro destaque cabe ao Salvador Bahia Airport, o terminal concedido a VINCI Airports pelo programa de concessões do Governo do Brasil, através do Ministério da Infraestrutura, foi destaque na edição 2019 do “ACI-LAC Green Airport Recognition”, devido a suas ações sustentáveis, tais como: a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), o trabalho de eficiência energética e o gerenciamento do risco da fauna desenvolvidos no Aeroporto da capital baiana. (SECRETARIA NACIONAL DA AVIAÇÃO CIVIL, 2019).

A Secretaria de Aviação da Presidência da República, juntamente com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Infraero, tem reforçado a aplicação de projetos sustentáveis por parte dos terminais e companhias aéreas no País. Em parceria com a Anac, a Secretaria está reformulando o Plano de Ação para a redução das emissões de gases de efeito estufa da aviação civil brasileira. No documento, há estudos que medem o nível dos gases emitidos pelo setor e as medidas que devem ser implementadas para diminuir esses danos ao meio ambiente.

Segundo a Organização Internacional de Aviação Civil (OACI), o trabalho dos aeroportos é atualmente focado nos serviços cada vez mais ecologicamente corretos e economicamente viáveis. Uma das suas recentes abordagens sobre o assunto foi o Seminário da ICAO sobre Aeroportos Verdes (2019), o fórum foi organizado para permitir que os Estados Membros da ICAO e as partes interessadas da indústria trocassem ideias sobre os mais recentes avanços tecnológicos, operacionais e políticos com enfoque ambiental que permitisse ajudar os esforços contínuos dos aeroportos em todo o mundo para diminuir as emissões de gases de efeito estufa e assegurar operações mais sustentáveis.

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