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A importância do sistema de informações geográficas e a análise criminal na segurança pública

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA GILSON LUIS DA SILVA

A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS E A ANÁLISE CRIMINAL NA SEGURANÇA PÚBLICA.

Palhoça 2018

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A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS E A ANÁLISE CRIMINAL NA SEGURANÇA PÚBLICA.

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato

Sensu em Segurança, da Universidade do Sul de Santa

Catarina, como requisito à obtenção do título de Especialista em Gestão Integrada da Segurança Pública.

Orientação: Prof. Joel Irineu Lohn, MSc.

Palhoça 2018

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A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS E A ANÁLISE CRIMINAL NA SEGURANÇA PÚBLICA.

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Especialista em Gestão Integrada da Segurança Pública e aprovado em sua forma final pelo Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Segurança, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 14 de novembro de 2018.

_________________________________________ Professor orientador: Joel Irineu Lohn, MSc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

____________________________________ Prof. José Luiz Gonçalves da Silveira, Dr.

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Dedico esta Monografia primeiramente a Deus, por ser essencial em minha vida, autor do meu destino, meu guia, socorro presente na hora da angústia, a minha esposa Marcia pelo ombro amigo a meus filhos Vinicius e Pedro pela paciência no período dedicado a este estudo aos meus pais pela minha vida e aos meus primeiros Professores, onde aprendi a ler pelo qual lembro até hoje que a Educação é primordial para vivermos em sociedade.

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Ao professor MSc. Joel Irineu Lohn, pela orientação, apoio е confiança.

Enfim, agradeço а todos os professores por mе proporcionarem о conhecimento não apenas racional, mas а manifestação do caráter е afetividade da educação no processo de formação profissional, por tanto quе se dedicaram а mim, não somente por terem mе ensinado, mas por terem mе feito aprender.

А palavra mestre, nunca fará justiça aos professores dedicados aos quais sem nominar terão os meus eternos agradecimentos.

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Este trabalho teve por objetivo geral analisar a importância do sistema de informações geográficas e a análise criminal na segurança pública. Para tanto buscou-se verificar se os Sistemas de Informações Geográficas a análise criminal e a integração de dados na Segurança Pública podem apresentar contribuição para a diminuição das ocorrências policiais surgindo assim uma melhor sensação de segurança para a população. Para tal foi exposta a violência e a criminalidade no Brasil, a criminalidade em outros países em relação ao Brasil com os seguintes objetivos específicos: esclarecer o trabalho da Agência Brasileira de Inteligência, compreender inteligência policial e verificar se há integração de dados; investigar o geoprocessamento na segurança pública a análise criminal e o papel do analista criminal. Ao verificar que são vários os aspectos que contribuem para a violência e a criminalidade no Brasil. Buscam -se meios de evitar tais atos cometidos contra as pessoas, por isso pretende-se discutir soluções a esses crimes por meio desta Monografia, através da pesquisa pura-fundamental e qualitativa. Buscou-se assim demostrar a importância do sistema de informações geográficas a análise criminal na segurança pública e a integração de dados no estado do Rio Grande do Sul, que através da implantação do Sistema Avante ou seja o geoprocessamento da criminalidade, a análise criminal eficiente e a integração de dados entre os operadores da Segurança Pública, contribuíram desta forma na prevenção da violência e da criminalidade nesse estado sendo exemplo ao país na prevenção e combate à estes crimes.

Palavras-chave: Violência. Criminalidade. Segurança pública. Geoprocessamento. Integração de dados.

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1 INTRODUÇÃO...08

2 CRIMINALIDADE NO BRASIL E OUTROS PAÍSES...10

2.1 A VIOLÊNCIA E A CRIMINALIDADE NO BRASIL ...10

2.2 CRIMINALIDADE EM OUTROS PAÍSES EM RELAÇÃO AO BRASIL E PROBLEMA A SER RESOLVIDO...14

3 ANÁLISE CRIMINAL NA SEGURANÇA PÚBLICA E GEOPROCESSAMENTO...18

3.1 AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA, INTELIGÊNCIA POLICIAL E INTEGRAÇÃO DE DADOS...18

3.2 GEOPROCESSAMENTO NA SEGURANÇA PÚBLICA, ANÁLISE CRIMINAL E PAPEL DO ANALISTA CRIMINAL...24

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...30

4.1 IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS NA SEGURANÇA PÚBLICA...30

4.2 ANÁLISE CRIMINAL NO AUXÍLIO AOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA...34

4.3 INTEGRAÇÃO DE DADOS NOS OPERADORES NA SEGURANÇA OCORRE?...36

5 CONCLUSÃO...40

REFERÊNCIAS...42

GLOSSÁRIO...48

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1 INTRODUÇÃO

Devido à insegurança que ronda a sociedade não há mais lugar que seja considerado seguro, seja no campo, no espaço urbano, dentro das residências ou lugares considerados até então livres de perturbação, como as Igrejas, Cemitérios ou os Shopping Centers que são vigiados e repletos de Seguranças.

A população temerosa com a violência desenfreada que assombra todos os rincões do país busca meios de proteger-se de áreas consideradas perigosas por isso criam programas tais como: Onde tem Tiroteio e o WikiCrimes, com a finalidade de mapear as localidades onde não ocorriam normalmente atividades criminosas hoje chamado de Hot points (pontos quentes). Porém adverte-se que a atividade é louvável, mas não irá proporcionar o combate adequado a violência e a criminalidade.

Portanto pergunta-se se com o gerenciamento de informações de crimes através dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG), a análise criminal na segurança pública e a integração dos dados, contribuirão para a diminuição das ocorrências policiais.

Assim foi pensado esta Monografia de Conclusão do Curso de Especialização em Gestão Integrada da Segurança Pública, dentro da Linha de Pesquisa Polícia e Sociedade.

O objetivo Geral foi demonstrar “A importância do sistema de informações geográficas e a análise criminal na segurança pública”, com a finalidade de mapear e combater a violência e a criminalidade em áreas consideradas perigosas.

Frente aos objetivos específicos, visa-se descrever a criminalidade no Brasil e apresentar os índices de outros países, demonstrar a importância do sistema de informações Geográficas e a análise criminal no auxílio aos órgãos de segurança pública, verificar se há benefícios do Geoprocessamento na segurança pública como também se ocorre a integração de dados nos órgãos de Segurança Pública do Brasil.

Para tanto, foi realizada a pesquisa pura ou fundamental e qualitativa das ações realizadas pela Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul principalmente no Comando Regional de Policiamento Ostensivo do Vale dos Sinos que tem como responsabilidade a 4ª área integrada de segurança pública o que corresponde a dezesseis municípios.

As áreas integradas surgiram do reativamento do mapeamento geográfico da criminalidade nesse Estado, através do Sistema Avante, que é gerenciado pelo Escritório de Gerenciamento de Processos da Brigada Militar, desencadeando assim várias ações em prol da

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segurança pública. Através dos dados obtidos pelo mapeamento da criminalidade, a análise criminal eficiente e a integração desses dados dentro do Estado.

Esta Monografia foi organizada, após a introdução, em três capítulos, seguido das Considerações finais, Referências, Glossário e Anexo.

No primeiro capítulo, consta uma visão sobre a violência e a criminalidade do Brasil, a criminalidade em outros países em relação ao Brasil com problema a ser resolvido.

No segundo capítulo os objetivos foram esclarecer o trabalho da Agência Brasileira de Inteligência compreender o que é inteligência Policial, verificar se há a integração de dados entre os órgãos de segurança pública, investigar o geoprocessamento na segurança pública, a análise criminal e o papel do analista criminal.

Na análise e apresentação dos resultados, a apresentação da importância do sistema de informações geográficas na segurança pública, bem como da análise criminal no auxílio aos órgãos de segurança e a falta de integração de dados entre os operadores de segurança a nível nacional, mesmo dispondo de um banco de dados robusto a disposição dos operadores da segurança e a outros setores que necessitem de informações consideradas importantes ao planejamento e a tomada de decisões dentro do país.

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2 – CRIMINALIDADE NO BRASIL COMPARADO A OUTROS PAÍSES.

2.1 A VIOLÊNCIA E A CRIMINALIDADE NO BRASIL.

O país está mergulhado numa grave crise na área da Segurança Pública, há explosão de violência e crimes em todas as regiões, gerando prejuízos tangíveis e intangíveis com sentimento de medo nas pessoas. No ano de 2001 Kahn já escrevia sobre a violência brasileira, em Cidades Blindadas ensaios de criminologia, apontou o seguinte:

Os brasileiros, principalmente habitantes das grandes cidades, sentem que vivem numa sociedade e numa época violentas. Esta sensação é confirmada pelas histórias contadas pelos velhos, dos tempos em que não se precisava trancar a porta de casa e podia-se ir à noite para qualquer lugar, sem medo de ser assaltado. Qualquer um que tenha mais de 30 anos lembra também por experiência própria que morar no Brasil já foi algo mais tranquilo. Existe assim uma referência temporal que toma por base o passado como exemplo de sociedade que mantinha padrões toleráveis de violência. Em algum momento na década de 80 a situação parece ter fugido do controle (KAHN, 2001, p.12).

Devido à insegurança que ronda a sociedade não há mais lugar que seja considerado seguro, seja no campo, no espaço urbano, dentro das residências ou lugares considerados até então livres de perturbação como as Igrejas, Cemitérios ou os Shopping Centers que são vigiados e repletos de Segurança.

Sabóia no ano de 2004 sendo coordenadora da pesquisa Síntese dos Indicadores Sociais, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na p. 1 do artigo publicado no site Correio do Brasil online afirma que: “A violência nas grandes cidades brasileiras é um problema provocado por um processo de urbanização muito intenso e rápido nos últimos 20 anos”. Ao afirmar este fenômeno do crescimento repentino da população também citas suas consequências:

[...] nos últimos 20 anos a violência urbana custou 500 mil mortes em todo o país, atingindo em grande parte a população de jovens brasileiros. O Rio de Janeiro, lidera esses índices. No Estado, em cada grupo de 100 mil habitantes morrem 181 jovens, assassinados em crimes cometidos por arma de fogo. Os dados apresentados pelo IBGE revelam que os centros urbanos são responsáveis por 85% da população do país, cuja distribuição ainda está concentrada na região Sudeste (SABÓIA, 2004, p.1).

Conforme Beato (2011), o fenômeno da explosão da urbanização das cidades é motivado pela esperança de vantagens e facilidades de residir em um grande centro sejam nas capitais ou cidades satélites, porém observa-se aspectos negativos dessa urbanização desordenada, dando origem a muitos conflitos interpessoais que no final resultam em ocorrências policiais.

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Neste sentido afirma:

O fenômeno mais estreitamente associado ao crescimento dos crimes violentos no Brasil é a urbanização. A rigor, poderíamos dizer que crimes violentos são fenômenos urbanos associados a processos de desorganização nos centros urbanos, nos quais os mecanismos tradicionais de controle se deterioram, tal como ocorreu em outros países. Não podemos compreender o crescimento da criminalidade violenta no Brasil sem buscarmos as razões dessa desorganização que ocorreu em seu interior, e que se instala mais intensamente em algumas de suas áreas mais violentas. Há alta concentração espacial na distribuição do crime, seguindo o princípio de Pareto, tanto do ponto de vista intramunicipal como intermunicipal: poucos locais concentram grande número de crimes e poucos criminosos cometem a maioria dos delitos (BEATO, 2011, p. 322).

Filho, (2004, p.8), no livro Segurança e Planejamento escrevendo sobre Urbanização, afirma que “a revolução industrial trouxe a urbanização e, como consequência, o êxodo rural. Estima-se que no mundo mais de um bilhão de pessoas vivam em bairros irregulares”.

Neste fato exposto por Filho percebe-se claramente este aspecto, as pessoas deixaram suas propriedades no interior em busca de melhores condições de vida nos grandes centros, surgindo assim o inchaço nestas cidades e por consequência ocasionando o aparecimento de cidades fantasmas por todos os estados, onde há somente casas sem população.

Assim afirma Filho:

Em 1970, a população urbana brasileira superou a rural e, hoje, a taxa de urbanização é superior a 80%. Os bairros sem infra-estrutura multiplicam-se com ocupação irregular do terreno, normalmente em área de risco, com ligações clandestinas de água e de luz, sem saneamento básico, sem coleta de lixo, sem assistência médico-odontológica, sem transporte organizado, sem policiamento humanitário e comunitário, sem escolas, propiciando ambientes poluídos, insalubres e violentos (FILHO, 2004, p.8).

De acordo com o artigo Violência e conflitos intersubjetivos no Brasil contemporâneo, Costa (2011, p.353), diz que “No Brasil a violência tem feito parte da história e cotidiano dos cidadãos especialmente dos grupos social e politicamente desprivilegiados tais como mulheres, crianças, jovens, idosos, grupos étnicos, trabalhadores rurais e homossexuais”. Consoante com o autor citado três grandes tendências podem ser observadas no contexto contemporâneo para o aumento da violência que transcrevo a seguir:

a) o aumento dos crimes contra o patrimônio, particularmente os roubos, furtos e extorsão mediante sequestro; b) a emergência de novas dinâmicas relacionadas à criminalidade organizada em especial, o tráfico internacional de drogas; e c) o aumento dos conflitos inter-subjetivos violentos (COSTA, 2011, p.353).

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Segundo o Atlas da Violência do Fórum Brasileiro de Segurança Pública ano de 2017, o Brasil teve 59.080 mortes violentas intencionais em 2015. No mesmo documento aponta-se que 10% dos municípios do país equivalem a 76,5% dos homicídios, dentre os mais violentos destacam-se os seguintes: Altamira no Pará, Lauro de Freitas e Nossa Senhora do Socorro na Bahia, São José de Ribamar no Maranhão e Simões Filho na Bahia.

Ainda segundo a mesma entidade informações com dados atualizados sobre a criminalidade divulgados no dia 5 de junho de 2018, deixam a sociedade brasileira mais perplexa com relação a insegurança vivida nos dias atuais.

Portanto relatam:

Segundo o Sistema de Informações sobre a Mortalidade, do Ministério da Saúde (SIM/MS), em 2016 houve 62.517 homicídios no Brasil. Isso implica dizer que, pela primeira vez na história, o país superou o patamar de trinta mortes por 100 mil habitantes (taxa igual a 30,3). Esse número de casos consolida uma mudança de patamar nesse indicador (na ordem de 60 mil a 65 mil casos por ano) e se distancia das 50 mil a 58 mil mortes, ocorridas entre 2008 e 2013 (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2018, p.20).

Na notícia divulgada pelo jornal eletrônico o TEMPO CIDADES de Belo Horizonte/MG, de 15 de julho de 2017, no Caderno Polícia Civil – trouxe a seguinte informação “Assassinatos sem solução crescem 48% em cinco anos”. Dados mostraram que o acúmulo anual desse tipo de investigação cresceu do ano de 2012 à 2016.

Na mesma reportagem a cabeleireira Marli conta que há três anos seu filho foi executado com tiros a queima roupa numa emboscada, e até hoje este crime está sem solução, por isso Suarez afirma:

É assim com mais 2.000 famílias da capital que perderam parentes assassinados e tiveram que se conformar em ficar sem justiça. Atualmente, a Divisão Especializada de Investigação de Crimes contra a Vida da Polícia Civil, na capital, tem 2.647 inquéritos de homicídios empacados, sem solução, alguns desde 2010 (SUAREZ, 2017, p.1).

O Instituto Sou da Paz publicou um estudo sobre a impunidade no Brasil, o qual pediu informações sobre homicídios esclarecidos pela polícia a todos os Estados da Federação e somente seis responderam.

Bandeira, no jornal digital NEXO, de 30 de novembro de 2017, faz uma pergunta: “Por que homicídios ficam sem solução no Brasil. E a proposta para resolver este problema”.

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Desta forma afirma o seguinte:

Esclarecer homicídios é importante, de acordo com especialistas, para evitar a sensação de impunidade. Identificar culpados ajuda a reduzir índices de violência em 2016, o Brasil bateu recorde de mortes violentas, com 61.619 casos, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Segundo o relatório “Onde mora a impunidade” do Sou da Paz, os estados brasileiros que apresentam queda mais significativa na taxa de homicídios investiram mais em unidades policiais responsáveis por investigação. Mas, no Brasil, não existe um índice nacional de esclarecimentos de homicídios – e é isso que o instituto está propondo para mudar a situação (BANDEIRA, 2017, p.1).

No artigo de Pugliese: Porque as cidades do Brasil são as mais violentas, publicado no dia 17 de maio de 2017, o autor cita que é difícil achar quem discorda de que o Brasil é um país violento, segundo ele foram 1,3 milhões de homicídios entre os anos de 1980 à 2014 e estão no Brasil 19 das 50 cidades mais violentas do Mundo.

Por conseguinte relata quais são as principais causas da violência no país assim esmiuçadas:

Socioeconômicas: [...] o papel de fatores socioeconômicos na criminalidade, em

especial a desigualdade de renda, a escolaridade e as condições do mercado de trabalho. A ideia principal é que as pessoas tomam as decisões de criminalidade baseadas na sua renda relativa às outras pessoas. Uma alta desigualdade, então, aumenta os ganhos da criminalidade: se você é muito pobre e pode roubar alguém muito rico, há muito a ganhar. Outra razão: pessoas que se sentem injustiçadas pela sua situação econômica relativa sentem-se menos culpadas, em termos morais, de cometer crimes. A relação entre desigualdade de renda e taxas de homicídio foi comprovada por amplos estudos e evidências empíricas. Por outro lado, a escolaridade está associada ao seu ganho esper ado no mercado de trabalho (seu salário), portanto pessoas mais escolarizadas têm um custo de oportunidade maior de cometer crimes. Por fim, jovens que entram pela primeira vez no mercado de trabalho durante recessões têm maior probabilidade de desenvolver atividades criminosas. Se o mercado não está contratando, o crime torna-se uma alternativa.

Criminógena: Esses fatores são ligados ao mundo do crime em si, como o

mercado de drogas ilícitas, a presença de armas de fogo e a ingestão de bebidas alcoólicas. [...] No que se refere ao mercado de drogas ilícitas, Cerqueira aponta três subitens: o efeito psicoativo de certas drogas que podem aumentar a propensão a atos de violência (imagine um viciado em crack sem dinheiro para suprir seu vício); a busca por recursos econômicos que surge da necessidade do consumo de drogas, devido ao vício associado ao uso; e, por fim, os fatores sistêmicos do mercado de drogas ilícitas, como a presença do c rime organizado e a disputa por mercados consumidores, gerados pela proibição do comércio dessas substâncias pelo Estado. O fator sistêmico é o mais relevante, provocando efeitos diretos e indiretos. Entre os diretos, a ausência de formalidade no mercado de drogas faz com que não haja um mecanismo de contratos que possam ser respeitados pelo sistema de Justiça. Nesse caso, a violência se torna o mecanismo principal para exigir o cumprimento de acordos e a eventual punição de desvios desses acordos. Há també m as disputas entre os comerciantes (traficantes), que não se dão pelos mecanismos clássicos de mercado, como preços ou qualidade, e sim por meio de disputas violentas. Além disso, existe violência por parte do próprio Estado, como meio de reprimir o comércio ilegal. Os efeitos indiretos são o desvio dos esforços da força policial

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para atividades de repressão e a “captura” de agentes policiais pelos traficantes por meio do pagamento de propinas e outros, o que acaba diminuindo a eficácia da força policial.

Justiça criminal: [...] chegamos à parte associada aos custos diretos da ação

criminal: as consequências. [...], incluem-se na justiça criminal o efetivo policial (número de policiais a cada 100 mil habitantes), a taxa de encarceramento e a despesa pública em segurança. Diversas pesquisas apontam que um aumento dessas variáveis leva a uma redução na criminalidade ao aumentarem os custos de cometer um crime. Se você acredita que há mais chance de ser preso ao cometer um crime, que sua punição vai ser alta ou pelo menos condizente com a ação, há menos chance de você cometer esse crime. A relação parece bem direta para essas variáveis, mas cabe aqui mencionar a questão da taxa de encarceramento, dada a hiperlotação nos presídios brasileiros e a crença popular (em parte correta) de que os presídios funcionam como “universidades do crime”. Duas ressalvas nessa questão: tratamos aqui de violência, e não apenas criminalidade; considerando esse quesito, apenas algo entre 5% e 10% dos homicídios são resolvidos no Brasil, deixando boa parte dos criminosos impunes (o México, com muitos conflitos entre traficantes, o soluciona apenas 2% e os Estados Unidos aproximadamente 65% ); a qualidade do encarceramento importa ao não permitir a criação de um potencial networking criminoso (PUGLIESE, 2017, p.1-5).

Ao verificar os vários aspectos que contribuem para a violência e a criminalidade no Brasil busca-se meios de evitar tais atos cometidos contra as pessoas, por isso pretende-se discutir soluções a esses crimes por meio desta Monografia.

2.2 CRIMINALIDADE EM OUTROS PAÍSES EM RELAÇÃO AO BRASIL E PROBLEMA A SER RESOLVIDO.

Fuentes em 14 de maio de 2014 na Revista Veja escreve que a ONG americana Social Progress Imperative (Índice de Progresso Social) mantém um ranking da qualidade de vida de 132 países. Entre os principais aspectos analisados, está a segurança pessoal, em que o Brasil aparece como o 11º país mais inseguro do mundo. A lista é encabeça pelo Iraque seguido por Nigéria, Venezuela, República Centro-Africana, África do Sul, Chade, República Dominicana, Honduras, México e Sudão.

Deursen, no site da Revista Super Interessante em artigo publicado no dia 1 de dezembro do ano de 2017 traz a seguinte questão: “O Brasil tem mais assassinatos do que todos estes países somados”,:

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Brasil = EUA, Canadá, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, China, Mongólia, Malásia, Indonésia, Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Japão, Portugal, Espanha, Reino Unido, Irlanda, França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Alemanha, Itália, Suíça, Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Áustria, Hungria, Belarus, Ucrânia, Romênia, Moldávia, Bulgária, Eslovênia, Croácia, Bósnia-Hergegóvina, Sérvia, Montenegro, Albânia, Grécia e Macedônia (DEURSEN, 2017, p.1-4).

Segundo o autor é claro a presença de países pequenos dentre os 52 supramencionados. Somos um país gigante de 8,5 milhões de quilômetros quadrados e 207 milhões de habitantes.

A Europa tem 10,1 milhões de quilômetros quadrados, área um pouco maior comparada ao Brasil, mas são 743 milhões de pessoas, mesmo assim o continente europeu inteiro teve 22 mil assassinatos no último ano, sendo que o Brasil com uma população três vezes menor, teve quase o triplo de assassinatos.

Retornando com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, na matéria da Redação do Jornal Estadão de 28 de outubro de 2016, o entrevistado Rafael Alcadipani cita que os dados preliminares sobre segurança pública são estarrecedores:

[...] a cada nove minutos uma pessoa é violentamente morta no Brasil, o que corresponde a cerca de 160 mortes por dia. Todos os dias ao menos um policial é executado. Policiais são mortos três vezes mais fora de serviço do que durante suas atividades. Em 2015, nove pessoas foram mortas diariamente por policiais. A gravidade do quadro fica evidente quando constatamos que entre 2011 e 2015 o Brasil teve mais mortes violentas que a Síria, país que está em severa guerra civil. A imensa maioria das pessoas assassinadas é jovem, do sexo masculino e moradores da periferia. Os dados mostram um quadro aterrorizador e há poucos sinais de que esta situação esteja se quer próxima de ser amenizada. [...] Mas, qual o motivo de se matar tanto no Brasil? Um motivo importante é a disputa entre facções do crime organizado que cada dia ganha mais força. Em um país com uma das maiores desigualdades sociais do mundo, o crime se apresenta como alternativa para um grande contingente de jovens sem emprego e sem expectativas de futuro. Porém, não é apenas a desigualdade que explica o fenômeno. Há no Brasil uma cultura de violência disseminada na sociedade (REDAÇÃO, JORNAL ESTADÃO, 2016, p.1).

Ainda segundo Alcadipani, aceita-se com naturalidade as mortes violentas como também é natural a perda da vida pela violência, e os governos tem tomado poucas iniciativas para reverter o quadro de insegurança na sociedade.

Assim conclui:

O governo federal anterior gestou por anos um Pacto Nacional de Redução de Homicídios que nunca saiu do papel efetivamente. O atual governo não indica nenhuma medida concreta para lidar com a situação. Governos estaduais, em geral, evitam lidar com o problema de frente. O sistema de Segurança Pública e Justiça Criminal apresenta problemas estruturais gravíssimos. Por exemplo, toda a

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investigação criminal feita pela polícia é repetida no judiciário, ocasionado uma grande sobreposição de atividades desnecessária. [...] Temos duas polícias que possuem dificuldades de trabalhar em conjunto. A perícia criminal no Brasil padece de falta de pessoal e de equipamentos (REDAÇÃO, JORNAL ESTADÃO, 2016, p. 1).

Analisando as várias reportagens sobre a solução de crimes verifica-se que a porcentagem de crimes com solução no Brasil é de 6%, comparado a outros países como a França 80%, EUA 65% e Reino Unido que chega a 90%.

Consoante com o artigo publicado por Coutelle na Revista Mundo Estranho Online de 24 de fevereiro de 2017, na (p.1), explana o seguinte: “não há um banco de dados centralizado que possa fornecer este número. Além disso, ele não representa a realidade, porque muitas vítimas não registram boletim de ocorrências”.

Com os dados apresentados constata-se que o Brasil passa por situações já enfrentadas por outros países como por exemplo a cidade de Cali na Colômbia.

Carneiro na sua Pesquisa de vitimização e Gestão da Segurança Pública apresenta a situação vivida por essa cidade:

A cidade colombiana de Cali iniciou a década de 1990 com uma das mais violentas do mundo. Entre 1983 e 1994, a taxa de homicídios passou de 23 para 124 por 100 mil habitantes, um aumento de 540% em 11 anos. Para que se tenha uma base de comparação, no Brasil, apenas o Rio de Janeiro acompanhava esse processo de escalada da taxa de homicídios, que passou de 31,8 para 64,9, entre 1984 e 1994 um crescimento de 104%, e as cidades de Olinda e Recife só alcançaram esse nível de violência (com taxas superiores a 60 mortes por 100 mil habitantes) no final dos anos 1990). Mas alguma coisa mudou em Cali a partir de 1994, quando as taxas de homicídio começaram a cair sistematicamente: 112 em 1995, 102 em 1996 e 86,1 em 1997. Em uma cidade com quase dois milhões de habitantes, essa redução significou mais 750 vidas poupadas em média por ano. Embora ainda existam muitas dúvidas sobre os fatores que teriam causado as quedas nas taxas de homicídio observadas em diferentes cidades latino-americanas na década de 1990 e na atual, as mudanças em Cali podem ser atribuídas ao modelo de uso de informações para o planejamento das atividades de segurança pública, que foi implantado a partir de 1993 (CARNEIRO, 2007, p. 60-61).

Com a onda de violência desenfreada que assombra o nosso pais a população está buscando meios de proteger-se de áreas consideradas perigosas por isso criam programas tais como: Onde tem Tiroteio e o Wikicrimes, com a finalidade de mapear os Hot points1 (pontos

quentes).

1 Localidade onde não ocorrem normalmente atividades criminosas e por variáveis intervenientes passa a

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Porém pode-se afirmar que a atividade é louvável mas não irá proporcionar o combate adequado a criminalidade.

Por isso, é fundamental que o Estado que possui os órgãos de prevenção e combate à violência e a criminalidade esteja integrado a estes dados, sendo muito importante que o Sistema de Informações Geográficas seja alimentado corretamente fornecendo dados para a Análise Criminal eficiente na área da Segurança Pública, a fim de encontrar soluções na luta contra a violência e a criminalidade.

Portanto o gerenciamento de informações de crimes sua integração para prevenção e combate à criminalidade através de Sistemas de Informações Geográficas e a análise criminal na Segurança Pública contribuirão para a diminuição das ocorrências policiais?

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3 - ANÁLISE CRIMINAL NA SEGURANÇA PÚBLICA E GEOPROCESSAMENTO.

3.1 AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA, INTELIGÊNCIA POLICIAL E INTEGRAÇÃO DE DADOS.

Ao iniciar a discorrer sobre geoprocessamento e análise criminal na área da segurança pública é importante que se destaque a atividade de Inteligência no Brasil para que possamos entender o que é Inteligência Policial.

Segundo o site da Agência Brasileira de Inteligência – Gabinete de Segurança Institucional, no seu histórico2, a inteligência de Estado desenvolveu-se durante o regime republicano a partir do ano de 1927 e faz parte da história do país em menor ou maior intensidade.

Ainda conforme o mesmo site a atividade de Inteligência caracteriza-se pela “identificação de fatos e situações que representem obstáculos ou oportunidades aos interesses nacionais”.

Neste sentido cita-se a evolução cronológica de criação dos órgãos de Inteligência no Brasil, desde o ano de 1927 até os dias atuais: 1927: Conselho de Defesa Nacional; 1934-1937: Conselho Superior de Segurança Nacional; 1937–1946: Conselho de Segurança Nacional; 1946–1964: Serviço Nacional de Informações e Contrainformações; 1946–1964: Serviço Nacional de Informações e Contrainformações; 1964–1990: Serviço Nacional de Informações; 1990–1995: Secretária de Assuntos Estratégicos; 1995–1996: Secretária Geral da Presidência da República; 1996–1999: Casa Militar da Presidência da República; 1999– 2014: ABIN - Gabinete de Segurança Institucional; 2015: ABIN - Secretaria de Governo e 2016 – ABIN: Gabinete de Segurança Institucional.

Após a criação do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), pela Lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999, (BRASIL, 1999) foi criado formalmente a Agência Brasileira de Inteligência.

2 Histórico – Cronologia de Criação dos órgãos de Inteligência de Estado no Brasil. Agencia Brasileira de

Inteligência. Gabinete de Segurança Institucional. SISBIN. Disponível em:< http://www.abin.gov.br/atuacao/sisbin/> Acesso em 28 ago. 2018.

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O objetivo do SISBIN é integrar as ações de planejamento e execução das atividades de inteligência no Brasil. Espaço que reúne 39 órgãos federais para a troca de informações e conhecimentos de inteligência.

Com o Decreto nº 3.695, de 21 de dezembro de 2000 (BRASIL, 2000), foi criado o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública no âmbito do Sistema Brasileiro de Inteligência e tem como órgão central a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SISP), cuja função é coordenar e integrar as atividades de inteligência e segurança pública em todo o país, bem como suprir o governo federal e os estaduais de informações que subsidiem a tomada de decisões.

Na área da Segurança Pública devido ao fato de a polícia militar e a polícia judiciaria trabalharem isoladas ou seja cada qual cumprindo a sua missão constitucional, conforme disposto nos §4º3 e §5º4, do artigo 144 da Constituição da República Federativa do

Brasil 1988, em 20 de junho do ano 2000, o Governo Federal lançou o Plano Nacional de Segurança Pública, que na introdução do documento trouxe o seu objetivo:

[...] aperfeiçoar o sistema de segurança pública brasileiro, por meio de propostas que integrem políticas de segurança, políticas sociais e ações comunitárias, de forma a reprimir e prevenir o crime e reduzir a impunidade, aumentando a segurança e a tranquilidade do cidadão (PLANO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2000, p.4).

O referido Plano foi dividido em compromissos e no compromisso nº 4 apresenta a implementação do subsistema de Segurança Pública, com a intenção de integrar esforços permitindo sistematizar um fluxo de informações, propiciando cenários para a atuação das instituições envolvidas, favorecendo as ações de prevenção e repressão.

Conforme o documento as ações iniciais de implementação do Subsistema de Segurança Pública estão inseridas no número 38 ao 41 que descrevo abaixo:

38) Implantar o subsistema de Inteligência de Segurança Pública;

3 § Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da

União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

4 Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; os corpos de bombeiros

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39) Integração dos Estados ao Subsistema de Segurança Pública;

40) Criação do Núcleo Federal e dos Núcleos Estaduais do Subsistema de Inteligência de Segurança Pública e;

41) Atuação dos Núcleos Estaduais do Subsistema de Inteligência de Segurança Pública.

Desde o ano 2000, data do primeiro Plano Nacional de Segurança Pública, observa-se que há a mobilização dos responsáveis pela Segurança Pública do país somente quando ocorre crimes de repercussão nacional.

Desta forma conforme reportagem de Branco-Pádua na Revista Exame, Segurança pública no Brasil tem muito plano e pouca ação, em 2 de março do ano de 2017, na p. 3 afirmam o seguinte: “O primeiro plano nacional de segurança foi lançado em junho de 2000 após a ação desastrada da polícia carioca no sequestro da linha de ônibus 174 causar a morte de uma passageira e do próprio sequestrador”.

Frente a isso conclui-se que os Planos lançados desde o ano 2000, tornaram-se projetos de Governo não visando o bem estar da sociedade, ferindo assim os direitos individuais e coletivos da população inseridos no art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que diz o seguinte: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:” (BRASIL, 1988).

Chegando-se a Inteligência Policial existe a necessidade de se estabelecer definitivamente o que é inteligência e Mingardi5, (2006, p. 45), no artigo Inteligência Policial e Crime Organizado a explica, pedindo que “nossa primeira tarefa é aproximar a ideia da realidade” e traz a definição utilizada nos cursos da Agência Brasileira de Inteligência, dizendo o que a inteligência de estado tem por objetivo.

5 Segurança Pública e violência: O Estado está cumprindo o seu papel? / Renato Sérgio de Lima, Liana de Paula

(21)

Assim consoante com o artigo 1º, parágrafo 2º da Lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999, descreve que é: “A obtenção, análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do estado” (BRASIL, 1999).

Portanto para Andrade, no artigo Inteligência e Controle - Efeitos das distorções no entendimento e na aplicação a inteligência Policial é descrita sendo:

[...] o conjunto de ações que empregam técnicas especiais de investigação, visando a confirmar evidências, indícios e a obter conhecimentos sobre a atuação criminosa dissimulada e complexa, bem como a identificação de redes e organizações que atuem no crime, de forma a proporcionar um perfeito entendimento sobre a maneira de agir e operar, ramificações, tendências e alcance de condutas criminosas (ANDRADE, p. 14).

O mesmo autor cita as diferenças entre inteligência e investigação que são importantes no contexto em discussão e discorre sobre ambos:

Inteligência: assessoramento do processo decisório, natureza consultiva, verdade o

que se tem convicção e conhecimentos (informe, informação, apreciação e estimativa) e Investigação: obtenção de provas, materialidade e autoria de crimes, natureza executiva; verdade (o que está provado pelos meios admitidos do direito), Conhecimentos (informe e informação) (ANDRADE, p.10).

Assim percebe-se diferenças claras entre a inteligência de estado e inteligência policial ou seja na inteligência de estado a abrangência é mais ampla e na inteligência policial consoante com Mingardi, (2006, p.45), “lida basicamente com as questões de investigação e prevenção ao crime e da repressão aos criminosos”.

Apesar de todo o trabalho executado na área de Segurança Pública, há problemas visíveis que há muito tempo afetam os estudos e planejamento do Governo Federal e estaduais sobre Segurança Pública, pode-se apontar a falta de integração de dados, que não ocorre dentro do país apesar de ser um fator primordial na área da segurança pública.

Conforme reportagem de Benites ao Jornal El PAÍS, (2015, p.1), no artigo “Desafios da segurança: integrar as polícias e os dados criminais”. O mesmo transcreve palavras de Rogério Carneiro diretor de ensino e pesquisa da Secretaria Nacional de Segurança Pública que afirma o seguinte: “Um sistema que reúne milhares de informações criminais desencontradas. Estados que consultam os dados de outras unidades da federação, mas não fornecem os seus próprios. Assim são os complexos sistemas de informação”.

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Ainda Segundo Benites:

Para tentar mudar esse cenário e qualificar as estatísticas de delitos, o Governo deve unificar até o fim do ano sua base de dados, que é alimentada exclusivamente pelos Estados [...] Segundo Carneiro, as 27 unidades da federação assinaram um protocolo em que concordam em atualizar os dados frequentemente dentro de padrões pré-estabelecidos pela União. Atualmente cada Estado informa o que bem entende e da maneira que acha mais correta. Por exemplo, se um corpo for encontrado com marcas de várias facadas, o caso pode ser registrado como homicídio ou como achado de cadáver. “As polícias registram casos como crimes que nem existem e isso não pode ocorrer” [...] Alimentar um banco de dados unificado, inclusive entre as polícias Civil e Militar, é importante para ajudar as apurações dos delitos e para delimitar quais seriam as zonas de maior ocorrência de crimes. “Se em um determinado local costuma ocorrer roubos nas noites de quinta-feira a polícia precisa saber disso [...] (BENITES, 2015, p.2).

No site do Senado Notícias6, de 19 de setembro de 2017, na reportagem da Redação

sobre “Segurança Pública: protagonismo da União e integração entre estados pode diminuir a violência” é exposto o seguinte referente a integração dos dados na segurança pública:

Um maior protagonismo da União na segurança pública e integração e coordenação entre os órgãos que atuem no setor pode frear o crescimento da violência e reverter o problema [...] De acordo com estudo divulgado em junho pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil teve em 2015 uma taxa de homicídios de 28,9 casos para 100 mil habitantes, o que representa um aumento de 10,6% desde 2005. No ano foram 59.080 homicídios. [...] Não existe integração entre os órgãos de segurança pública. Um preso condenado em São Paulo vai para o Maranhão e não tem registro nenhum lá de que ele tenha cometido um crime (SENADO NOTÍCIAS, 2017, p.1-2).

Lopes, em 18 de maio de 2018 – no artigo: Polícias Integradas, o que prevê o “SUS da segurança pública” aprovado pelo Congresso, a finalidade é a integração de todos os órgãos de segurança pública do país, além da criação de um conselho de segurança pública, capacitação de profissionais em Universidades conveniadas e o estabelecimento de metas para o plano, com validade de 10 anos.

Consoante com o autor acima citado o sistema será composto pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares, Corpos de Bombeiros Militares, Guardas Municipais, órgãos do sistema penitenciário, órgãos do sistema socioeducativo, instituições oficiais de criminalística, medicina legal e identificação, Secretaria Nacional de

6 Senado Notícias6, de 19 de setembro de 2017, na reportagem da Redação sobre “Segurança Pública:

protagonismo da União e integração entre estados pode diminuir a violência”. Disponível em:

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/09/19/seguranca-publica-maior-protagonismo-da-uniao-e-integracao-entre-estados-pode-diminuir-violencia. Acesso em 19 jul. de 2018.

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Segurança Pública, Secretarias Estaduais de Segurança Pública ou semelhantes, Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, agentes de trânsito e guarda portuária.

Na mesma reportagem de Lopes especialistas debateram o tema, na qual transcrevo as palavras da professora Letícia Maria Schabbach, do departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que é integrante do grupo de pesquisa Violência e Cidadania, que entende como positiva a atualização do sistema. Conforme a especialista em segurança, "existe desde o ano de 2003”, para ela todas as propostas contidas no Projeto de Lei, caso aplicadas irão trazer benefícios para a sociedade”.

E afirma:

Todos os pontos são importantes, tanto no que diz respeito a integração, humanização e racionalização do sistema penitenciário e na prevenção da violência. Acredito inclusive, que em alguns casos as penas alternativas não deveriam ser somente para adolescentes, mas para os adultos também; [...] a implementação de metas é importante para que se tenha conhecimento se a capacitação dos agentes está sendo realmente utilizada positivamente no trabalho; [...] uma avaliação de metas será capaz de nos dizer se os conteúdos ou as capacitações precisam ser revistos ou se realmente está gerando um impacto satisfatório [...] (LOPES, 2018, p.2).

Para o sociólogo e professor de direito da PUC-RS Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo a ideia da criação do sistema é boa, pois atende a uma antiga demanda dos pesquisadores da área da sociedade e comenta:

No artigo 144 da Constituição Federal o tema da segurança era somente uma obrigação dos estados, sem responsabilidade para a união e para os municípios. Por outro lado, mesmo os órgãos estaduais trabalham de forma muito desconectada, sem qualquer integração, ou com uma integração muito dependente dos gestores [...] (LOPES, 2018, p.2).

E para Azevedo membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, “apesar de se mostrar positiva a proposta vem em um momento muito difícil, devido às incertezas políticas de um ano eleitoral, além dos problemas de legitimidade política que passam pelos poderes executivo e legislativo”.

Na sua pronúncia esclarece:

Me parece que o tema da segurança pública virou uma tábua de salvação para o governo ao investir em uma agenda importante para a população. A discussão não foi aprofundada, há muitos problemas e críticas ao formato da proposta que me parece

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muito mais uma carta de princípios que uma ação a ser concretizada [...] (LOPES, 2018, p.3).

Com o agravamento da situação da segurança pública em todo o país principalmente no Estado do Rio de Janeiro, conforme Pierry (2018, p.1), no jornal Gazeta do Povo, declara que foi criado pelo Governo Federal este ano o Ministério da Segurança Pública.

Andreolla, repórter da TV Globo Brasília em reportagem no dia 13 de julho de 2018, relata que o Ministério da Segurança Pública vai unificar o registro de ocorrências e crimes em todo o país.

Assim descreve:

O Ministério da Segurança Pública divulgou, nesta sexta feira (13), a implementação do Boletim Nacional de Ocorrências para unificar e padronizar o registro de crimes em todo o país. Segundo o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, a integração dos dados de todos os estados deve auxiliar nos serviços de investigação policial e de acesso às informações. Também deve contribuir com o serviço de inteligência, no combate ao crime organizado, e para a formulação de políticas públicas (ANDREOLLA, 2018, p.1-2).

Percebe-se que os parlamentares e o governo federal perceberam o agravamento da criminalidade e da violência em todo o país e assumiram o papel de protagonistas, na área da segurança pública, visando assim com ações como a criação do SUS para a segurança pública, a criação do Ministério da Segurança pública e principalmente a integração de dados por todos os entes envolvidos nesta seara.

Combater a violência e a criminalidade que está cada vez mais enraizando-se é uma das reinvindicações que a sociedade clama diuturnamente.

3.2 GEOPROCESSAMENTO NA SEGURANÇA PÚBLICA, ANÁLISE CRIMINAL E PAPEL DO ANALISTA CRIMINAL.

Em todo o país há diversos crimes com mortes e violência cometidas a pessoas não ocorrendo a punição ao culpados.

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Nesse sentido inicia-se uma dialética na busca de solução ao problema, pergunta-se é possível com o uso de Sistema de informações Geográficas, prevenir a violência, a criminalidade e solucionar crimes com o auxílio do analista criminal e a integração das informações com outros órgãos de Segurança Pública.

Conforme trabalho de Rosette-Silva, na Comissão Técnica de Cartografia do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, na p. 2, salientam que “a ideia de mapear o crime não é nova datando do início do século XVIII na França”.

No VI Congresso Iberoamericano de Estudios Territoriales y Ambientales, realizado em São Paulo de 8 à 12 de setembro de 2014, foi descrito como surgiu o Geoprocessamento no Brasil:

O surgimento do Geoprocessamento no Brasil se deu graças aos esforços de Jorge Xavier da Silva, professor da UFRJ que se preocupou em desenvolver e a utilizar os SIG’s em meados de 1980 e com a vinda em 1982 do Dr. Roger Tomlinson responsável pela criação do primeiro SIG no Canadá, sendo este, um fato decisivo, pois a partir daí foram criados grupos interessados em desenvolver e utilizar dessa nova ferramenta em instituições de pesquisa espalhadas pelo país [...], (VI Congresso Iberoamericano de Estudios Territoriales y ambientales, 2014, p.5).

Mas o que é o Geoprocessamento na prática e o seu objeto de trabalho?

É o que Furtado, em Tecnologia e Gestão da Informação na Segurança Pública explana:

Geoprocessamento é o conjunto de técnicas de coleta, tratamento, manipulação e apresentação de informações espaciais. Dentre as mais relevantes, podemos mencionar: cartografia automatizada, processamento de imagens de satélite, digitalização de mapas e Sistemas de Informações Geográficas. O objeto de trabalho do geoprocessamento é a geoinformação, que corresponde a uma informação unida com um atributo geográfico. Isto é, a informação tem um endereço e carrega consigo as coordenadas (longitude, latitude e altitude) do local a que se refere. Uma informação que tem aliada a si sua posição geográfica é também chamada de informação georreferenciada (FURTADO, 2002, p.49-50).

Contribuindo com a construção de ideias sobre a importância do Geoprocessamento na segurança pública, Carneiro na sua Pesquisa de vitimização e Gestão da Segurança Pública – 2007, faz a seguinte pergunta: Sistema de Informações Criminais o que é e para que serve?

E atesta o seguinte:

Experiências bem sucedidas de redução do crime ocorridas na última década demonstraram como o uso adequado de informações é fundamental para o planejamento e implementação de medidas eficazes na área de segurança pública. O que o sistema de administração da segurança pública sabe, ou pode vir a saber sobre o crime e a violência, vem principalmente de informações prestadas pelas vítimas –

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magnitude, natureza e extensão do crime e dos atos de desordem – e, são essenciais às políticas de controle do crime. Os crimes mais graves e que causam forte sensação de insegurança – como homicídio, agressão, estupro e roubo – são exatamente os que dificilmente podem ser resolvidos sem informações do público (CARNEIRO, 2007, p.61).

Hermes especialista em Gestão e Políticas de Segurança Pública, no artigo Geoprocessamento e Segurança Pública, mostra o seguinte:

Os sistemas de Informações Geográficas (SIGs) passaram a fazer parte do cotidiano de uma boa gestão de operações em segurança pública. Os SIGs, como são mais conhecidos, geram maior segurança aos policiais nas operações, tornando possível agir mais eficazmente na prevenção e repressão ao crime. O geoprocessamento aperfeiçoa o melhor uso de efetivo, de material a ser empregado nesta ou naquela operação de acordo com sua finalidade, gerencia tecnologias e as emprega dentro de um processo anterior à operação, ou seja, no planejamento tornando-se uma ferramenta de apoio à decisão da ação que será desenvolvida (HERMES, 2012, p.1).

Ogando na Conclusão do artigo “O uso dos sistemas de informações geográficas (SIG) como ferramenta de análise dos roubos de automóveis em Florianópolis” cita os benefícios das tecnologias em prol da segurança pública com a evolução da violência urbana:

A violência urbana vem adquirindo características diferentes ao longo do tempo e o uso de novas tecnologias é capaz de trazer benefícios. No caso em questão, transformando dados inseridos em Boletins de Ocorrência em informações importantes para a análise dos eventos criminais e a tomada de decisões para reduzi-los. Desse modo, o uso dos Sistemas de Informação Geográfica na área de Inteligência em Segurança Pública é capaz de suprir os gestores com as informações necessárias [...], permitindo que sejam tomadas as medidas preventivas com maiores chances de êxito. Portanto, o uso e o aprimoramento de ferramentas inovadoras como o SIG podem ser úteis para a sociedade, desde que haja interesse e vontade política de disponibilizá-las e mantê-las atualizadas (OGANDO, 2014, p.252).

Furtado evidência acima que o Geoprocessamento é dividido em várias especialidades, sendo que um dos objetos desta Monografia é o uso do Sistema de Informações Geográficas em benefício da Segurança Pública.

Assim explica o seguinte:

O software que trata a geoinformação damos o nome de Sistema de Informações Geográficas (GIS). O GIS torna possível a confecção de mapas, o georeferenciamento das informações, seu processamento e sua visualização. Ele alia uma base de dados gráfica a uma base de dados alfanumérica. Ele permite a manipulação e integração de grandes quantidades de dados permitindo uma rápida formação e alternação de cenários, impossíveis de serem considerados fora do âmbito computacional. Um exemplo do uso de informações geográficas juntamente com os sistemas de informações pode ser a análise dos fatores ligados a criminalidade em uma região específica. Ao se identificar onde um determinado crime acontece em um GIS, pode-se entender, com a ajuda de informações georeferenciadas sobre a urbanização da região, os motivos que estão levando a ocorrência deste crime. Pode identificar por

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exemplo a falta de saneamento básico ou uma deficiência na iluminação como sendo indutores da ocorrência (FURTADO, 2002, p.50-51).

Com o propósito de colaborar na resolução dos problemas da violência e da criminalidade apresenta-se a análise criminal.

Em Inteligência de Segurança Pública Um Xeque-Mate na Criminalidade na p. 145, Andrade diz o seguinte: “A análise criminal conta com a união de importantes bases para atingir um resultado satisfatório, como a Sociologia, a Estatística, a Gestão de Informação e a Tecnologia da Informação”.

No entanto para podermos entender o conceito de análise criminal o mesmo autor solicita que saibamos o que é criminologia?

Rabeschini, (2014, p.1), em artigo falando sobre Criminologia Contemporânea, descreve o conceito de criminologia, dizendo que é: “um conjunto de conhecimentos que se ocupa do crime, da criminalidade e suas causas, da vítima, do controle social do ato criminoso, bem como da personalidade do criminoso e da maneira de ressocializá-lo, seria portanto o estudo do crime”.

E para Silva, (2003, p.1), no artigo a Criminologia e a Criminalidade, o autor afirma que: “define-se a criminologia como sendo o estudo do crime e do criminoso, isto é criminalidade”

É oportuno ressaltar que conforme Castro; Filho, (2009, p.32), “o fenômeno da violência e da criminalidade é antes de tudo um evento multidisciplinar”, consoante com suas palavras: “[...] necessita de uma visão holística. Um olhar a partir de várias perspectivas e isento de crença, tabus e mitos. [...]”.

Desse modo para Andrade o conceito de análise criminal é descrito como:

A coleta e análise de informações de maneira genérica, com o cunho de obter uma relação causal de fenômenos, tendências comportamentais e padrões criminológicos, buscando uma identificação com o criminoso e o modos operandi chegando a uma teoria que deve ser colocada em prática para a resolução de um problema (ANDRADE, 2009, p.144).

De acordo com Furtado (2002, p.173), “Um dos objetivos da análise criminal é oferecer suporte às atividades de policiamento ostensivo e de investigação, visando subsidiar

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resposta das autoridades policiais às ocorrências criminais surgidas num determinado momento e lugar”, e segundo o mesmo autor este processo é normalmente realizado com auxílio de sistemas GIS, sendo também conhecido como mapeamento criminal.

Magalhães especialista em Gestão da Segurança Pública e Defesa Social, no Fórum Internacional de Gabinetes de Gestão Integrada (GGI’s), realizado em 22 de novembro de 2007, na cidade de São Luis/MA, declara:

A análise criminal é a principal ferramenta para produção de conhecimentos voltada para a gestão da segurança pública. Na atualidade, o valor agregado pela Tecnologia da Informação (TI) possibilita ao gestor público realizar a tomada de suas decisões a luz de uma atividade científica, que ajuda a formular soluções e trilhar os caminhos mais seguros a serem implantados pela sociedade, [...]. A análise Criminal (AC) com suas três vertentes é talvez o maior vetor de produção de conhecimento específico para a gestão da segurança pública. Ela possui a missão de revelar com clareza as características do crime, criminalidade e questões conexas. Dentre as vertentes temos a analise criminal estratégica, a análise criminal tática e a análise criminal administrativa (MAGALHÃES, 2008).

No combate a violência e a criminalidade além do uso do Geoprocessamento, o analista criminal completa de forma eficaz a investigação ou seja é o especialista que vai trabalhar os dados coletados fornecendo com sua experiência informações corretas aos operadores da segurança pública.

Ao mencionar o Analista Criminal é vital destacar o seu trabalho em prol do Estado e da Segurança Pública, Andrade; Souza Jr; Filho7, descrevem as características desse profissional:

O analista de criminalidade é o profissional capacitado a identificar e correlacionar, através de uma abordagem científica, os fatores e as variáveis que envolvem os fenômenos criminais, proporcionando assessoramento de técnicas e métodos de identificação de prioridades, de interferência na evolução dos fenômenos com dosagens adequadas, visando o acompanhamento e controle do crime, bem como o planejamento de ações e operações policiais profiláticas, preventivas e/ou repressivas (ANDRADE; SOUZA JR; FILHO, 2009, p. 66).

Também Magalhães, em artigo falando sobre a Análise Criminal e mapeamento da criminalidade – GIS, discorre sobre o a atividade do analista criminal:

O analista criminal, nas suas atividades de produção de conhecimento, deve buscar padrões e tendências criminais que, após identificação, constarão em seus relatórios

7 Castro, Clarindo Alves de (Coord) – Inteligência de segurança pública. / Clarindo Alves de Castro, Edson

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de análise. Esses documentos, por sua vez, devem periodicamente ser difundidos para seus respectivos clientes [...] (MAGALHÃES, 2008, p.1).

O mesmo autor acima também cita que o analista criminal deve entender o que são os padrões criminais e portanto explica:

[...] Os padrões criminais são as características identificáveis que se repetem em dois, ou mais, eventos criminais, em uma determinada série histórica, e que vincule, em tese, diversos eventos criminais entre si. Ao tratarmos do estudo dos padrões devemos ter em conta que o analista criminal não deve utilizar puramente o raciocínio jurídico para a definição da sua tipologia criminal. Para o Analista Criminal o foco do comportamento humano é mais importante do que o enquadramento jurídico do fato (MAGALHÃES, 2008, p.1).

Diante do que foi exposto caminha-se no sentido de demonstrar a importância do Geoprocessamento, a análise criminal, e a integração de dados na área da Segurança Pública com a intenção de colaborar com os demais Gestores de Segurança na área pública e privada, demonstrando a utilidade de tal ferramenta, na segurança da sociedade.

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para a apresentação e discussão dos resultados será realizado a pesquisa pura, conforme Will na p. 26 do Livro Metodologia da pesquisa científica, “a pesquisa pura o fundamental caracteriza-se como um tipo de estudo que tem a curiosidade intelectual como primeira motivação, sendo a compreensão de determinado fenômeno o seu principal objetivo”. Para tanto é oportuno utilizar a pesquisa empírica onde o pesquisador coleta as informações diretamente sobre os fatos: no relato de alguém ou de consulta a documentos.

A pesquisa será qualitativa onde o pesquisador participa compreende e interpreta. Segundo o livro didático acima citado p. 34 “o caso ou a situação estudada podem tão somente ajudar na compreensão de outros tantos casos, ou colaborar na compreensão de um dado problema mais geral”, utilizando-se na pesquisa bibliográfica e documental.

Os sujeitos da pesquisa serão os agentes da Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul e a informações sobre criminalidade da Secretaria de Segurança Pública desse Estado onde consta as ocorrências policiais na busca de soluções no combate a violência e a criminalidade que aflige a todos hoje em dia.

O número de participantes são os envolvidos nos relatórios da Secretária de Segurança Pública do estado do Rio Grande do Sul, que sofrem com a violência e a criminalidade, sendo o campo de pesquisa a área da Segurança Pública.

Para sua confecção será objeto de pesquisa documentos e bibliografias a respeito do tema.

4.1 IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS NA SEGURANÇA PÚBLICA.

Conforme reportagem de Sander, no Jornal do Comércio (RS), de 17 de novembro de 2017, o mesmo relata palavras do Ex-comandante Geral da Brigada Militar desse estado dizendo que o “Desafio da Brigada Militar é a prevenção de crimes”.

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Transcrevo assim as suas conclusões sobre a visão da Brigada Militar no contexto da violência e criminalidade no tempo em que vivemos:

Em 2015, diante da crise financeira do governo do Estado, passou a enfrentar o desafio de combater a violência crescente nas ruas com recursos reduzidos. [...] Segundo o comandante-geral da BM, Coronel Andreis Dal’Lago, o aumento da violência no Rio Grande do Sul é fruto do crescimento da criminalidade em São Paulo, anos atrás, que agora se deslocou para outras regiões metropolitanas. “Por isso, criamos a Operação Avante, que dá cientificidade para a gestão”, explica. [...] Outro desafio, hoje é trabalhar na prevenção, e não apenas na repressão qualificada. O comandante-geral aponta que a polícia japonesa, por exemplo, atua 90% na prevenção e 10% na repressão, enquanto a BM tem 95% de suas ações ligadas à repressão e 5% à prevenção. Entre as atividades preventivas está o Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Violência (PROERD), executado em escolas. Outra é a Patrulha Maria da Penha, na qual PMs monitoram se as medidas protetivas contra violência doméstica estão sendo cumpridas [...] (SANDER, 2017, p.1-2).

A Operação Avante citada pelo Ex-comandante Geral da Brigada Militar Coronel Dal’ Lago é resultado do ressurgimento do mapeamento da violência e criminalidade no ano de 2015 no estado do Rio Grande do Sul, por meio do Sistema Avante que contém o mapeamento georreferenciado das ocorrências criminais da Brigada Militar, por dia da semana e faixa horária, trabalho este coordenado pelo Escritório de Gerenciamento de Projetos (EGP), da mesma Corporação.

Desta forma é descrito uma visão do Escritório de Gerenciamento de Projetos, referente ao funcionamento do Sistema Avante, de acordo com o seu Chefe, Tenente-Coronel Luis Fernando Linch:

serão introduzidas iniciativas que tornarão o sistema ainda mais dinâmico e capaz de aprofundar a análise do fenômeno criminal, da identificação das prioridades operacionais, do planejamento e da implementação de iniciativas de impacto que perpassarão pelos níveis estratégico, tático e operacional da Corporação. Estamos trabalhando para aprimorar o mapeamento georreferenciado das ocorrências por dia da semana e faixa horária, bem como a possibilidade de se montar painéis dinâmicos cruzando as variáveis disponíveis nos bancos de dados [...] (ADMAR, 2018, p.6).

Consoante com a reportagem de Lima, no Jornal NH, de 10 de janeiro de 2018, cita dados comparativos sobre a criminalidade entre o períodos dos anos de 2015 à 2017, os índices mostraram redução nos roubos e aumento nos homicídios, salientando o uso do Sistema Avante.

Assim explana:

Diferente do antigo trabalho de deter o bandido apenas após o crime e só registrar as estatísticas das ocorrências, a Brigada Militar tem apostado, desde 2015, em uma proposta diferente para direcionar suas ações no Rio Grande do Sul. [...], a BM

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trabalha com um sistema inteligente que trouxe resultados positivos ao Vale do Sinos no ano passado, o Sistema Avante. Na comparação com 2016, o ano passado foi fechado com redução de crimes de roubo a pedestres, roubo a estabelecimentos comerciais, financeiros e de ensino, roubo a transporte público, roubo de veículos e furto de veículos. O acréscimo ficou para o número de casos de homicídio, que saltou de 203 para 221, e o roubo a residências que passou de 323 para 327 (LIMA, 2018, p.1-2).

Na mesma reportagem Lima, transcreve as ações que movem o funcionamento do Sistema Avante que baseia-se em saber onde ocorrem os crimes e violência, para a Brigada Militar ter condições de direcionar suas ações as áreas consideradas perigosas.

Completa:

[...] o Sistema Avante deu lugar a ações de combate isoladas antes denominadas como Operação Avante. Nesta gestão, são elencados sete principais crimes para o foco no enfrentamento, sendo que cinco deles vêm de definições do Comando-Geral da BM, em Porto Alegre. [...] Para chegar à definição dos crimes que estarão no alvo regional, todos os municípios são ouvidos. “E assim avaliamos cada um dos crimes quando à frequência, à repercussão social e ao impacto ou dano causado nas vidas. A primeira parte do Sistema Avante é saber onde será priorizado o esforço” [...], os cinco crimes elencados pelo Estado foram homicídios, roubo a pedestre, roubo a estabelecimento comercial, financeiro e de ensino, roubo a transporte público e roubo de veículos (LIMA, 2018, p.1-4).

Dentro do Planejamento de combate à criminalidade e a violência através do uso do Sistema Avante são estabelecidas prioridades que são a abordagem quantitativa e a ferramenta de análise criminal, assim descritas:

Abordagem quantitativa: quando são construídas as metas de redução. São dentro

de uma expectativa realizável, de acordo com as ferramentas de análise, com o efetivo que eu tenho e com a ofensividade do crime. Olhamos para cada um destes tipos penais dez anos antes da aplicação no sistema, ou seja quantificamos o que aconteceu de 2005 à 2014, para sabermos o que esperar para 2015 e assim avançando;

Ferramenta de análise criminal: Olhamos para cada um deste sete crimes como

acontecem, que horas acontecem, qual o perfil da vítima, qual o perfil do autor, qual o objeto, onde acontece, o que é buscado. É um trabalho preventivo, mas também repressivo, pois estando no local de maior probabilidade de acontecer o crime há mais chance de se fazer uma prisão (LIMA, 2018, p.4-5).

Somando forças ao Sistema Avante no combate a violência e a criminalidade, o Governo do estado através da Secretaria de Segurança Pública, criou as áreas Integradas de Segurança Pública (AISP), consoante com a Portaria SSP nº 086, publicada no Diário Oficial do Estado em 30 de março de 2016 (Anexo).

Segundo o documento as áreas integradas de segurança pública surgiram devido a necessidade de promover a integração das ações de segurança pública das Instituições

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vinculadas à Secretaria de Segurança Pública/RS, com objetivo de aprimorar a eficiência e a melhoria dos serviços prestados à população do Estado.

Dessa forma as áreas integradas de segurança pública são as unidades territoriais básicas para fins de planejamento e execução dos programas, das ações e operações policiais, atuando de forma integrada a Brigada Militar, Polícia Civil, Superintendência de Serviços Penitenciários, Instituto Geral de Perícias e Corpos de Bombeiros, sendo um dos objetivos a redução da criminalidade, que será monitorada e avaliada trimestralmente.

Voltando novamente a reportagem de Lima, no Jornal NH, de 10 de janeiro de 2018, p. 1-7, na cidade onde está situado o Comando da 4ª AISP, que é composta por dezesseis municípios observa-se nesta região dados positivos na área da segurança pública. Consoante com o Coronel responsável: “graças ao investimento em treinamento, ao trabalho em conjunto com outras forças de segurança e a orientação a crianças e adolescentes”.

Assim descreve as ações das Forças de segurança:

Os resultados foram obtidos a partir de ações qualificadas como o Plano Anual de Educação Continuada (Paec), em que todo o efetivo disponível passou por uma semana de treinamento ao longo de 2017. Assim, você leva cada integrante às questões de análise criminal, como funciona, compartilha e compromete cada um. Todos os 16 municípios do Vale dos Sinos também passaram pelo Programa Educacional de Resistência às Drogas Proerd, que no ano anterior chegou à metade dos municípios. São ações de prevenção primária da violência, com a presença do policial nas escolas. Além disso, realizamos ações integradas com os demais órgãos de segurança pública, duas das operações de grande porte. Temos estreitado este trabalho e posso garantir que aqui no Vale, BM, Polícia Civil e as Guardas Municipais têm atuado bastante em conjunto” (LIMA, 2018, p.1-7).

Em reunião Estratégica do Programa Avante, em 18 de outubro do ano de 2016, na cidade de Farroupilha – RS, local escolhido para reunião de todos os comandantes regionais, diretores e o Comando da Brigada Militar para tratar dos resultados e das ações desenvolvidas em cada regional, ali foi demonstrado a eficiência do Programa Avante, por meio do amadurecimento e absorção da metodologia, na medida que a criminalidade está diminuindo.

Na ocasião foi exposto os resultados do trabalho:

De janeiro deste ano até o momento, foram realizadas 4.928 prisões, apreendidas 810 armas, sendo 545 armas de fogo e 265 armas brancas. Também foram apreendidos 517 kg de maconha, 25 kg de cocaína e 24 kg de crack, 13.269 munições e R$ 442 mil em espécie, fiscalizados 218 mil carros e realizadas 7.245 barreiras policiais (ADMAR, 2016, p.1-2).

Referências

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