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Autos n Ação: Mandado de Segurança/Lei Especial Impetrante: Sérgio Antônio Peron Impetrado: Presidente da Fundação Cultural de

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Autos n° 036.11.005322-8

Ação: Mandado de Segurança/Lei Especial Impetrante: Sérgio Antônio Peron

Impetrado: Presidente da Fundação Cultural de Jaraguá do Sul Vistos para sentença.

Sérgio Antônio Peron, qualificado nos autos, impetrou o presente mandado de segurança contra ato praticado pelo Diretor-Presidente da Fundação Cultural de Jaraguá do Sul – FC, Jorge Luiz da Silva Souza, igualmente qualificado.

Aduz o impetrante que em 19/05/2011 teve negado pela autoridade coatora seu pedido para que lhe fosse entregues cópias dos documentos relacionados às fls. 07-08, referentes ao empenho de nº 425/2011, realizado pela Fundação Cultural de Jaraguá do Sul.

Assim, requer a concessão da segurança para que se determine a apresentação dos documentos acima mencionados. Valorou a causa e juntou documentos fls. 42-89. Deferida a medida liminar às fls. 69-72, foi notificado a autoridade coatora que prestou informações às fls. 91-98 enfatizando não ter havido prática de ato abusivo

contra o impetrante.

O representante do Ministério Público opinou pela concessão da segurança às fls. 102-105,

É o relatório.

FUNDAMENTO E DECIDO PRELIMINAR

O impetrado suscitou, preliminarmente, a falta de interesse de agir,

consubstanciada na nulidade da solicitação dos documentos relacionados à fl. 07, caracterizada pela inobservância dos procedimentos administrativos, bem como pela ausência de exaurimento da via administrativa.

Segundo Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery: "existe

interesse processual quando a parte tem necessidade de ir a juízo para alcançar a tutela pretendida e, ainda, quando essa tutela jurisdicional pode trazer-lhe alguma utilidade do ponto de vista prático" (Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante. 9. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, p. 436).

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No caso em tela, restou demonstrado o interesse processual do impetrante, porquanto, constata-se que se fez necessária a tutela jurisdicional para garantir ao paciente a exibição de documentos relativos ao controle da Administração Pública e de interesse público. Ademias, observa-se que a autoridade coatora ao receber o requerimento administrativo elaborado pelo impetrante sequer informou acerca dos procedimentos necessários para o fornecimento dos documentos, conforme depreende-se da

gravação acostada à fl. 62.

Além disso, supostos entraves burocráticos não servem de argumentação para o descumprimento de obrigações constitucionais.

Também não há que se falar em necessidade de esgotamento da via administrativa. Conforme ensinamento de Alexandre de Moraes, in Direito Constitucional, 11ª

edição, Editora Atlas, p. 103:

"Inexiste a obrigatoriedade de esgotamento da instância administrativa para que a parte possa acessar o Judiciário. A Constituição Federal de 1988, diferentemente da anterior, afastou a necessidade da chamada jurisdição condicionada ou instância administrativa de curso forçado, pois já se decidiu pela inexigibilidade de exaurimento das vias administrativas para obter-se o provimento judicial, uma vez que excluiu a

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permissão, que a Emenda Constitucional nº 7 à Constituição anterior estabelecera, de que a lei condicionasse o ingresso em juízo à exaustão das vias administrativas, verdadeiro obstáculo ao princípio do livre acesso ao Poder Judiciário."

MÉRITO

Trata-se de mandado de segurança impetrado por Sérgio Antônio Peron contra ato do Diretor Presidente da Fundação Cultural de Jaraguá do Sul, que estaria cerceando

o seu direito à obtenção de fotocópias de documentos referentes ao empenho 425/2011. Registra-se, de início, que o Mandado de Segurança é remédio constitucional destinado a amparar direito individual ou coletivo líquido e certo, que esteja sendo lesado ou ameaçado de lesão por ato de autoridade.

Nas palavras de Hely Lopes Meireles:

Direito Líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. Por outras palavras, o direito invocado, para ser amparável por mandado de segurança, há de vir expresso em norma legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante: se sua existência for duvidosa; se sua

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extensão ainda não estiver delimitada; se seu exercício depender de situações e fatos ainda indeterminados, não rende ensejo à segurança, embora possa ser defendido por outros meios judiciais. (...) Em última análise, direito líquido e certo é direito comprovado de plano.

(MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança, Ação Popular,

Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, "Habeas Data". 23ª ed. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 35-36). Conforme leciona Castro Nunes, em sua obra, Do Mandado de Segurança, p. 142:

(...) o ato contra o qual se requer o mandado de segurança terá de ser manifestamente inconstitucional ou ilegal para que se autorize a concessão da medida. Se a ilegalidade ou inconstitucionalidade não se apresentam aos olhos do Juiz em termos inequívocos, patente não será a violação e, portanto, certo e incontestável não será o direito. É pela evidência do dever legal da autoridade, seja para praticar o ato, seja para abster-se de praticá-lo, que se mede o direito correspondente com a qualificação de certo e incontestável (...)

In casu, verifica-se que o requerente, pretende junto ao ente público, obter cópias de documentos referentes ao empenho de nº 425/2011, realizado pela Fundação Cultural de Jaraguá do Sul.

Com efeito, a Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XXXIII, assegura a todos o direito de obter junto aos órgãos estatais informações relacionadas à atividade pública: "DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

Capítulo I

Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos

Art.5º.Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob

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pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado".

Conforme lição de Hely Lopes Meirelles:

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"Certidões administrativas são cópias ou fotocópias fiéis e autenticadas de atos ou fatos constantes de processo, livro ou documento que se encontre nas repartições públicas. Podem ser de inteiro teor, ou resumidas, desde que expressem fielmente o que se contém no original de onde foram extraídas.

(...)

"O fornecimento de certidões 'independentemente do pagamento de taxas', é obrigação constitucional de toda repartição pública, desde que requerido pelo interessado para defesa de direitos ou esclarecimentos de situações de interesse pessoal (CF, art. 5º, XXXIV, "b"). Por repartição pública entende-se qualquer das entidades estatais, autárquicas, fundacionais ou paraestatais integrantes da Administração direta ou indireta do Estado, em acepção ampla" (Direito administrativo brasileiro. 28. ed., São Paulo: Malheiros, 2003, p. 188/189).

Observa-se que qualquer cidadão tem o direito de amplo acesso aos documentos existentes nas repartições públicas, sempre que houver interesse particular, coletivo ou geral, e desde que não exista qualquer vedação relacionada à segurança pública.

E, neste caso, evidente a presença do interesse coletivo, representado pela necessidade de fiscalização da correta aplicação dos recursos públicos, bem como a ausência de perigo à segurança da sociedade e do Estado.

Ademais, é sabido que a Administração Pública deve nortear seus atos pelos princípios da legalidade, moralidade e publicidade (CF, art. 37, caput). Por conseqüência, não pode impedir o amplo acesso a documentos relacionados ao controle das despesas públicos, porquanto envolvem questões de interesse da população.

Assim, a destinação e a comprovação dos gastos pertinentes a recursos públicos merecem a maior divulgação possível, a fim de que sejam conhecidos, debatidos e, se o caso, censurados, controle este autorizado a qualquer integrante do povo, verdadeiro detentor do Poder.

A respeito do princípio da publicidade, explicita José dos Santos Carvalho Filho:

"[...] atos da Administração devem merecer a mais ampla divulgação possível entre os administrados, e isso porque constitui fundamento do princípio propiciar-lhes a possibilidade de controlar a legitimidade da conduta dos agentes administrativos. Só com a transparência dessa conduta é que poderão os indivíduos aquilatar a legalidade ou não dos atos e o grau de eficiência de que se revestem [...] O que importa, com efeito, é dar a eles a maior publicidade, porque somente em raríssimas

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hipóteses se admite o sigilo na Administração. [...] Negado o exercício de tais direitos, ou ainda não veiculada a informação, ou veiculada incorretamente, terá o prejudicado os instrumentos constitucionais para garantir a restauração da legalidade - o mandado de segurança (art. 5º, LXIX, CF) e o hábeas data (art. 5º, LXXII, CF)" (in Manual de Direito Administrativo, Rio de Janeiro: Lúmen Juris, págs. 19/20).

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Ora, se é direito do administrado ter acesso aos documentos públicos, em razão do princípio da publicidade, afigura-se desarrazoada a negativa amparada na ausência de demonstração do interesse e finalidade do pedido.

A respeito:

"Fere direito líquido e certo do cidadão a negativa de extração de cópia de processo administrativo, concernente à concorrência pública, tão-somente por não constar a finalidade do requerimento." (Apelação Cível em Mandado de Segurança n. 2008.049853-9, de Joinville, Relator: Des. Luiz Cézar Medeiros, julgada em 13/11/2008).

Ainda, confirmando as razões expostas nesta decisão, destaca-se da Jurisprudência: REEXAME NECESSÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CAMÂRA DE VEREADORES. SOLICITAÇÃO DE DOCUMENTOS AO EXECUTIVO MUNICIPAL. OMISSÃO. ATO QUE CARACTERIZA NEGATIVA DE FORNECIMENTO. ATRIBUIÇÃO CONSTITUCIONAL DO PODER DE FISCALIZAÇÃO (ART. 31, DA CF/88) QUE AUTORIZA O ACESSO ÀS

INFORMAÇÕES PRETENDIDAS. ORDEM CONCEDIDA. SENTENÇA

MANTIDA EM SEDE DE REMESSA.

"O fundamento do pedido de informações formulado por integrante da Câmara de

Vereadores é ínsito à sua prerrogativa constitucional de fiscalizar os atos do Poder Executivo, e vem garantido expressamente nos artigos 5º (inc. XIV, XXXIII, XXXIV) e 31, parágrafo único, da Carta Magna" (TJSC, Apelação Cível em Mandado de

Segurança n.º 2005.028780-3, de São Carlos, Relator: Des. Luiz Cézar Medeiros. "1. A Câmara Municipal, no exercício da função fiscalizadora, tem legitimidade para

impetrar mandado de segurança voltado a obter do Executivo informações e documentos necessárias ao exercício desse dever, ainda que o uso do material vá se dar no âmbito de Comissão Parlamentar de Inquérito.

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2. O pressuposto basilar para que qualquer ato se submeta à correção pela via do mandado de segurança é a demonstração da sua ilegalidade ou abusividade." (TJSC,

Apelação Cível em Mandado de Segurança n.º 2010.063564-6, de Orleans, Relator: Des. Newton Janke, j. 05/07/2011).

|Por fim:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA. INTERESSE PROCESSUAL PRESENTE. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO OCORRENTE. CERTIDÃO. REQUERIMENTO REGULAR NÃO ATENDIDO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. LESÃO CARACTERIZADA. RECURSO PROVIDO.

1. A negativa no plano administrativo em fornecer certidão gera para o interessado o direito de obtê-la através de tutela jurisdicional.

2. Existindo, na ordem jurídica, "" in abstracto"", tutela para a pretensão, tem-se que o pedido é juridicamente possível.

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3. Qualquer cidadão tem o direito líquido e certo de obter certidão de dados constantes de arquivos de repartições públicas nos termos do art. 5º, XXXIV, da Constituição da República.

4. A ausência de resposta a requerimento formulado para que fosse expedida certidão constitui lesão ao direito líquido e certo do respectivo requerente.

5. Caracterizada a lesão ao direito do impetrante, impõe-se a concessão da segurança. 6. Apelação cível conhecida e provida, rejeitada uma preliminar" (Ap. 1.0000.00.314844-2/000, Rel. Des. Caetano Levi Lopes, DJ 14.11.03).

Assim, comprovado o direito líquido e certo assegurado ao impetrante em receber as cópias dos documentos relacionados à atividade pública, e verificado o ato abusivo da autoridade coatora em indeferir o pedido, impõe-se o reconhecimento da procedência do presente writ.

DISPOSITIVO

ANTE O EXPOSTO, concedo a segurança, para determinar à autoridade coatora que forneça ao impetrante cópias dos documentos relacionados à fl. 07, referentes ao empenho n. 425/2011, datado em 26/04/2007 e, por conseguinte, julgo extinto o processo, com resolução de mérito, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil.

Sem honorários advocatícios (Súmulas n.º 105 do STJ e 512 do STF). Custas processuais pela parte impetrada.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição (art. 14, § 1º, da Lei n.º 12.016/2009). P.R.I.

Jaraguá do Sul (SC), 23 de setembro de 2011. Karina Müller

Juíza Substituta

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