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HEMOBILIA SECUNDÁRIA A PSEUDOANEURISMA DE ARTÉRIA HEPÁTICA: CASO ATÍPICO DE HEMORRAGIA DIGESTIVA

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1Universidade Federal da Paraíba - Graduação em Medicina - João Pessoa, PB, Brasil. 2Centro Universitário de João Pessoa - Acadêmico de Medicina - João Pessoa, PB, Brasil.

3Faculdade de Medicina Nova Esperança - Acadêmico de Medicina - João Pessoa, PB, Brasil. 4Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP - Mestre em Cirurgia Geral - João Pessoa, PB, Brasil.

HEMOBILIA SECUNDÁRIA A PSEUDOANEURISMA DE ARTÉRIA HEPÁTICA:

CASO ATÍPICO DE HEMORRAGIA DIGESTIVA

HEMOBILIA SECONDARY TO HEPATIC ARTERY PSEUDOANEURISM: ATYPICAL CASE OF DIGESTIVE HEMORRHAGE

Hiago Dantas Medeiros1; Laís Nóbrega Vieira2; Bianca Dantas Mayer2; Rayanne Oliveira da Silva2;

André Felipe Palmeira3; Adriano Dias Trajano, ACBC-PB4.

INTRODUÇÃO

Hemobilia é uma condição rara de hemorragia digestiva alta, caracterizada por um sangramento na árvore biliar oriundo de uma fístula de vasos esplâncnicos1. O

termo foi descrito pela primeira vez em 1948 por Sanblom2. A principal causa de hemobilia é iatrogênica, secundários a pro-cedimentos médicos, que podem levar a lesões traumáticas, formação de fístulas e RESUMO

Hemobilia é uma condição rara de hemorragia digestiva alta, caracterizada por um sangramento na árvore biliar oriundo de uma fístula de vasos esplâncnicos, que apresenta uma incidência de 2 a 5%. Destes, apenas 10% são causados por pseudoaneurismas, sendo o pseudoaneurisma da artéria hepática direita responsável por 80% dos casos. A principal causa da hemobilia é iatrogêni-ca, podendo decorrer de intervenções percutâneas, intervenções hepatopancreatobiliares endoscó-picas e intervenções cirúrgicas. Os sinais e sintomas variam com a etiologia e a quantidade da he-morragia, porém os mais comuns são dor abdominal no quadrante superior direito, icterícia e san-gramento gastrointestinal superior. O padrão-ouro para o diagnóstico, também utilizado como fer-ramenta terapêutica, é a angiografia hepática, sendo a embolização transarterial (TAE) o método padrão-ouro para a hemostasia, apresentando taxa de sucesso entre 80-100% dos casos. A abor-dagem cirúrgica só é utilizada quando há falha na terapia padrão. Por isso, é importante analisar e descrever novos casos, fazendo a correlação com o que já existe na literatura e contribuindo para um melhor manejo do paciente. Dessa forma, será descrito um relato de um caso de hemobilia secundária a pseudoaneurisma de artéria hepática diagnosticado em serviço terciário de referência para trauma e abdome agudo da região metropolitana da cidade de João Pessoa-PB.

Descritores: Hemobilia. Hemorragia Gastrointestinal. Artéria Hepática. Falso Aneurisma. ABSTRACT

Hemobilia is a rare condition of upper gastrointestinal bleeding, characterized by bleeding in the biliary tree from a splanchnic vessel fistula, which has an incidence of 2 to 5%. Of these, only 10% are caused by pseudoaneurysms, with pseudoaneurysm of the right hepatic artery being responsi-ble for 80% of cases. The main cause of hemobilia is iatrogenic, which can result from percutane-ous interventions, endoscopic hepatopancreatobiliary interventions and surgical interventions. Signs and symptoms vary with the etiology and amount of bleeding, but the most common are ab-dominal pain in the upper right quadrant, jaundice and upper gastrointestinal bleeding. The gold standard for the diagnosis, also used as a therapeutic tool, is hepatic angiography, with transarte-rial embolization being the gold standard method for hemostasis, with a success rate between 80-100% of cases. The surgical approach is only used when standard therapy fails. Therefore, it is important to analyze and describe new cases, making a correlation with what already exists in the literature and contributing to better patient management. Thus, a report of a case of hemobilia secondary to pseudoaneurysm of the hepatic artery diagnosed in a tertiary referral service for trauma and acute abdomen in the metropolitan region of the city of João Pessoa-PB.

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pseudoaneurismas. Outras causas são in-flamação (colecistite, abscessos hepáticos, pseudocistos pancreáticos), questões onco-lógicas (tumores hepatobiliares), traumas e malformações vasculares (aneurismas e vasculites)3.

A incidência de hemobilia na hemor-ragia digestiva alta correspondem a cerca de 2 a 5%4 e apenas 10% são causados por pseudoaneurismas3. O pseudoaneurisma da artéria hepática direita corresponde a quase 80% dos casos5. Os principais sinais e sintomas são dor abdominal no quadran-te superior direito, icquadran-terícia e sangramento gastrointestinal superior que compreende a tríade de Quincke descrita em 1871 por Heinrich Quincke, porém na prática essa tríade só é encontrada em 22-38% dos ca-sos3,5,6. Vale a pena salientar que a apre-sentação clínica depende da etiologia e quantidade da hemorragia6.

A formação dos pseudoaneurismas ocorre a partir de traumas na parede do vaso que resulta em uma ruptura entre a camada média e adventícia da artéria, le-vando a possíveis sangramentos. As princi-pais causas descritas na literatura são le-sões por armas branca, tumores, fraturas e iatrogenia5.

A iatrogenia é responsável por mais de 50% dos casos de hemobilia7, e é subdi-vidida nas principais causas: intervenções percutâneas, intervenções hepatopancrea-tobiliares endoscópicas e intervenções ci-rúrgicas. Nas intervenções percutâneas, a literatura relata que o risco na biópsia per-cutânea de fígado varia entre 0,005% a 3%, já na colangiografia trans-hepática percu-tânea é cerca de 0,7% e na drenagem biliar percutânea trans-hepática chega a 2,2%8,9.

Outros procedimentos relatados na literatura com risco alto são: colangiopan-creatografia endoscópica retrógrada (CPRE), derivação portossistêmica intra-hepática transjugular, ablação por radiofrequência guiada por ultrassom, colecistectomia, transplante de fígado e pancreaticoduode-nectomia8.

A hemobilia é uma doença incomum e, devido a isso seu diagnóstico muitas ve-zes é difícil e tardio. Todavia na presença de hemorragia digestiva alta (HDA) a endosco-pia digestiva alta é recomendada como exame inicial para excluir as causas mais comuns de HDA9,10. Porém, apenas 10% dos casos de hemobilia são diagnosticados pela endoscopia3,4. Uma ultrassonografia

(USG) abdominal pode ser solicitada, visto que é um exame não invasivo, rápido e efi-caz; ideal para avaliar a vesícula e identifi-car material intraluminal ecogênico, como coágulos sanguíneos que são visto em 74% dos casos10,11 e dilatação do ducto biliar comum em 28% dos casos5.

A tomografia computadorizada (TC) com contraste é outra opção eficaz princi-palmente para determinar a etiologia, é útil também para avaliar sangramento ativo, presença de obstrução ou dilatação do duc-to biliar e aneurismas1,5,12.

O padrão-ouro para o diagnóstico de hemobilia é a angiografia hepática, ideal quando há sangramento maciço ou quando há dúvida diagnóstica, visto que sua sensi-bilidade chega a 90%5,13 e identifica mais de 95% das anormalidades vasculares1,14. Além de diagnosticar a angiografia é uma ferramenta terapêutica importante15. A ex-ploração cirúrgica é o método menos utili-zado e reservado apenas como última op-ção8.

Os objetivos da terapêutica na he-mobilia são principalmente parar o san-gramento e manter o fluxo biliar. Todavia, algumas variáveis são importantes como o grau de instabilidade do paciente, se é san-gramento arterial ou venoso e a etiologia8,16. A embolização transarterial (TAE) é o méto-do padrão-ouro para a hemostasia nos ca-sos de hemobilia, é eficaz e seguro com taxa de sucesso entre 80-100% dos casos3,8, po-rém a literatura mostra que em 20% dos casos poderá falhar por diversas razões5. Já a abordagem cirúrgica (ligadura da artéria hepática, excisão de pseudoaneurisma ou segmentectomia hepática) só é utilizada quando há falha na terapia padrão2.

RELATO DO CASO

Paciente feminina, 27 anos, há três anos com episódios recorrentes de cólica biliar evoluindo para colecistite aguda, rea-lizando colecistectomia aberta eletiva há três meses. Quatro dias antes da última internação, apresentou hematêmese volu-mosa e enterorragia.

Na admissão, apresentava estado ge-ral grave, confusão mental, desorientação têmporo-espacial, epigastralgia, icterícia ++++/4+, palidez cutaneomucosa ++++/4+. Ao exame físico, foi constatado taquicardia, taquidispneia, além de abdome semiglobo-so, flácido, indolor à palpação superficial e profunda, bem como ausência de sinais de

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irritação peritoneal. Laboratorialmente, houve aumento das aminotransferases (AST-179U/L; ALT-401U/L), fosfatase alca-lina (FA-327 U/I), gamaglutamiltranspepti-dase (GGT-425 U/L) e nível baixo de hemo-globina (Hb-6,3 g/dL). Foi solicitada ultras-sonografia (USG) abdominal, sem alterações verificadas; endoscopia digestiva alta (EDA), sugestiva de esofagite erosiva e hemorragia digestiva alta com provável topografia em parede anterior do corpo e fundo gástrico (Figura 1) e tomografia computadorizada (TC) abdominal com contraste, informando dilatação de canais biliares intra e extra-hepáticos e obstrução do colédoco distal.

Figura 1. EDA da 2ª porção duodenal evidenci-ando lago mucossanguinolento e alguns coágu-los. EDA da segunda porção duodenal evidenci-ando sangramento sugestivo de hemorragia na topografia da parede anterior do corpo e fundo gástrico.

Pela indefinição causal, optou-se por laparotomia exploratória, onde não se iden-tificou alterações na vascularização ca. Optou-se então, por uma incisão gástri-ca com visualização de lago mucossangui-nolento em região da cárdia e de áreas avermelhadas no fundo gástrico, conduzido com uma fundoplicatura, como evidenciado pela EDA após procedimento (Figura 2). Entretanto, o sangramento permaneceu vigente, necessitando de uma abordagem duodenal que evidenciou sangue e coágulos após ângulo de Treitz e na papila duodenal, seguido por papilotomia e interposição de dreno de Blake em rafia duodenal, tratan-do-se, portanto, de hemobilia de origem a esclarecer.

Figura 2. EDA após laparotomia exploratória para investigação da topografia do sangramen-to, evidenciando cicatriz da fundoplicatura rea-lizada na laparatomia exploratória prévia por apresentar em exame complementar sugestão de topografia na parede anterior do fundo gás-trico.

No entanto, a mesma permaneceu sem melhora do quadro, necessitando de hemotransfusão por choque hemorrágico e com débito sanguinolento em sonda naso-gástrica. Então, foi solicitada arteriografia visceral de urgência através da punção per-cutânea da artéria femoral comum direita, evidenciando pseudoaneurisma em terço médio de artéria hepática direita de apro-ximadamente 15mm, com sinais de san-gramento recente. Desse modo, foi lançado mão de tratamento endovascular através da embolização percutânea do ramo arterial nutridor da cavidade pseudoaneurismática, com micromolas de 12x9x5mm de diâme-tro. O controle final, através de arteriogra-fia, demonstra completa embolização de pseudoaneurisma e ausência de fluxo san-guíneo, com artéria hepática direita opacifi-cada por contralaterais.

Em tempo, paciente apresentou me-lhora clínica e laboratorial, sem intercor-rências no pós-operatório. Após seis meses, realizou uma USG doppler colorido arterial de abdome, identificando resolução do pseudoaneurisma corrigido previamente. Ressalta-se que o presente relato teve apro-vação do comitê de ética em pesquisa e au-torização da paciente com assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) após exposição dos riscos e

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benefí-cios, bem como, garantia da preservação de sua identidade.

DISCUSSÃO

Hemobilia, ou sangramento do trato hepatobiliar, é uma causa rara de sangra-mento gastrointestinal superior, seus sin-tomas clássicos se resumem à tríade de Quincke: dor em hipocôndrio direito, he-morragia digestiva oculta ou aguda e icterí-cia obstrutiva5,10. Respectivamente, esses sintomas estão presentes em 73%, 52%, e 30% dos casos, já quando analisamos a tríade em conjunto, ela se manifesta em apenas 22% dos casos de hemobilia1,3. Além disso, esse quadro pode acarretar anemia secundária ou hipotensão, depen-dendo da velocidade e quantidade da he-morragia no trato biliar10. Colocando em pauta o caso em discussão, constata-se a presença dos três sintomas supracitados, bem como sinais de hipotensão e alterações nos exames laboratoriais, os quais eviden-ciam a anemia e elevação das enzimas he-páticas.

Essa patologia deve ser considerada em qualquer paciente com quadro agudo de hemorragia gastrointestinal superior e his-tórico de manipulação instrumental ou trauma hepatobiliar, incluindo biópsias do parênquima hepático, inserção de stents, colecistectomia e trauma abdominal contu-so ou penetrante. Além discontu-so, outras etiolo-gias de hemobilia incluem cálculos biliares, colecistite, tumores hepáticos e aneuris-mas/pseudoaneurismas da artéria hepáti-ca1,3,5.

Como diagnóstico diferencial de he-morragia digestiva alta, tem-se uma grande variedade etiológica, incluindo causas vari-cosas e não varivari-cosas, sendo as principais referidas na Tabela 1. Epidemiologicamen-te, a doença ulcerosa péptica é a causa mais comum, enquanto o sangramento por varizes apresenta maior mortalidade16,17.

Pseudoaneurismas se desenvolvem a partir de um dano à parede arterial, resul-tando na ruptura desse vaso e formação de um saco, cujas paredes são compostas por órgãos e tecidos adjacente. Em 65% dos casos, os pseudoaneurismas de artéria he-pática, como exemplificado no caso em questão, ocorrem após procedimentos he-páticos, enquanto 35% ocorrem após inter-venções biliares e apenas 5% após proce-dimentos pancreáticos, sendo mais acome-tida a artéria hepática direita (80%)3,5.

Tabela 1. Principais diagnósticos diferenciais para hemorragia digestiva alta e suas estimadas frequências de ocorrência16,17.

Em pacientes com suspeita de he-mobilia, a endoscopia digestiva alta é capaz de diagnosticar apenas 10%-12% dos ca-sos, no entanto, este exame se torna man-datório em qualquer caso de hemorragia digestiva alta5. Seu diagnóstico se dá por meio da visualização de coágulos na ampo-la de Vater, além da possibilidade de des-cartar outros diagnósticos diferenciais para a causa de hemorragia digestiva alta. No caso em questão, houve a detecção de uma esofagite erosiva e da hemorragia digestiva, não sendo identificado a fonte do sangra-mento4.

Além da endoscopia, dentro do arse-nal de exames de imagem encontram-se a ultrassonografia, a tomografia computado-rizada e arteriografia. O primeiro exame foi inicialmente realizado na paciente do rela-to, cujos resultados não demonstraram ne-nhuma alteração. A ultrassonografia é um método diagnóstico útil, rápido e não inva-sivo, motivo pela qual é comumente utiliza-da nas avaliações iniciais dos pacien-tes1,5,10. Esse exame é utilizado para a de-tecção de coágulos ou material ecogênico intraluminal tanto na árvore biliar, quanto na vesícula, além disso, é capaz de detectar dilatações nos ductos biliares, alteração a qual está presente em 28% dos casos de hemobilia4.

É importante salientar que um san-gramento rápido se manifesta muitas vezes através de hematêmese ou melena. Em contrapartida, o sangramento lento costu-ma forcostu-mar coágulos, visto que por causa da diferença na tensão superficial e da densi-dade o sangue e a bile não se misturam6. Devido a essa característica, esses coágulos podem levar a uma obstrução biliar tardia se manifestando através da tríade clássica

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de sintomas7. Além disso, pode ocorrer uma evolução para pancreatite ou colangite, as quais são as principais complicações da hemobilia. Dessa forma, é aconselhado a observação do paciente após drenagem en-doscópica4,5,7.

O papel principal da tomografia computadorizada encontra-se na possibili-dade que possui de detectar uma etiologia provável5. Vale ressaltar que esse exame se torna mais proveitoso quando realizado com contraste venoso, sendo capaz de de-tectar pseudoaneurismas, obstrução de ducto biliar comum, inflamações, tumores e identificar cavidades intra-hepáticas1,10. Quando solicitado para a paciente, após a ausência de alterações na ultrassonografia, detectou-se uma dilatação dos canais bilia-res intra e extra-hepáticos e a obstrução do colédoco distal, justificando a icterícia da paciente, porém não determinando a etiolo-gia.

Após laparotomia exploratória por indefinição causal, foi realizada uma arteri-ografia visceral, a qual evidenciou um pseudoaneurisma em terço médio de artéria hepática direita. Esse exame possui a maior sensibilidade diagnóstica para detecção de hemobilia (90%) e constitui o padrão-ouro nesses casos, principalmente naqueles com sangramento severo ou risco de morte5. Ademais, a arteriografia pode ainda ser usada para terapêutica por meio da emboli-zação transarterial, cuja taxa de sucesso varia entre 80-100% e possui uma menor morbimortalidade em relação à abordagem cirúrgica3,5.

O objetivo do tratamento da hemobi-lia consiste no controle da hemorragia e da obstrução biliar presente. Na abordagem de aneurismas e pseudoaneurismas viscerais, visa-se excluir o saco de aneurisma da cir-culação sistêmica e preservar o fluxo san-guíneo distal, assim, o tratamento endovas-cular está emergindo como preferido para as afecções da artéria hepática, dessa for-ma, foi escolhido como terapia para a paci-ente em questão8.

No entanto, em pacientes hemodi-namicamente estáveis pode-se optar pelo tratamento conservador, o qual consiste em drenagem biliar percutânea, CPRE, entre vários outros procedimentos nos quais a hemostasia é alcançada, a escolha de cada um dependerá da causa, localização e fon-te. Já pacientes hemodinamicamente

instá-veis devem ser submetidos a embolização hepática ou cirurgia11.

As opções para intervenção endovas-cular incluem embolização para oclusão do vaso ou stent endovascular ou stent-enxerto, que preserva o fluxo através do aneurisma, com acesso por meio da artéria femoral comum ou artéria braquial12. Antes da intervenção endovascular, a adequação anatômica deve ser determinada para ava-liar o fluxo colateral, que determina a abor-dagem, a adequação das zonas de vedação em potencial para a endoprótese, o poten-cial de torção da artéria e a acessibilidade dos vasos proximais para a colocação da bainha de entrega11,12.

A embolização transarterial é contra-indicada em pacientes com aloenxerto he-pático, cirrose associada a choque e trom-bose da veia porta, pois há um comprome-timento dos vasos colaterais e isso predis-põe a isquemia hepática quando submeti-dos a esse procedimento8,11,13. Ainda, é im-portante ressaltar as principais complica-ções do procedimento: abcessos hepáticos (9%), necrose hepática (6%), sangramento (6%) e fibrose biliar (2%)3,12. Já quanto à utilização de stent vascular é uma alterna-tiva principalmente para aqueles que têm contraindicação à embolização transarteri-al, visto que sua vantagem é que preserva o fluxo arterial11.

Procedimentos endovasculares pos-suem como vantagens a possibilidade de associá-los à arteriografia para avaliação do resultado final, como foi realizado no caso em pauta, podem ser repetidos caso fa-lhem, são mais seguros e bem tolerados em pacientes com alto risco cirúrgico e estão associados a uma menor taxa de morbimor-talidade em relação ao reparo cirúrgico aberto nos casos de ruptura1,4,5.

O tratamento cirúrgico aberto tradi-cional envolve uma incisão abdominal com mobilização dos órgãos para expor e ligar ou extirpar o aneurisma, com ou sem re-construção vascular, dependendo do status das colaterais, havendo a possibilidade de ressecar o órgão final de acordo com a indi-cação. Já quanto às técnicas minimamente invasivas, temos a cirurgia laparoscópica ou robótica como opções13,14. Por fim, a fa-cilidade do acesso cirúrgico aberto ao aneu-risma depende da localização do aneuris-ma, de cirurgias anteriores e da agudização do quadro15.

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Recebido em: 05/04/2020

Aceito para publicação: 18/05/2020 Conflito de interesses: Não

Endereço para correspondência: Hiago Dantas Medeiros

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