• Nenhum resultado encontrado

Aspectos de solos salinizados e remediação no Estado de Sergipe

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Aspectos de solos salinizados e remediação no Estado de Sergipe"

Copied!
91
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE. NÍVEL MESTRADO Paulo Alceu dos Santos Oliveira. ASPECTOS DE SOLOS SALINIZADOS E REMEDIAÇÃO NO ESTADO DE SERGIPE. São Cristóvão - Sergipe 2015.

(2) PAULO ALCEU DOS SANTOS OLIVEIRA. ASPECTOS DE SOLOS SALINIZADOS E REMEDIAÇÃO NO ESTADO DE SERGIPE. Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe, como parte dos requisitos exigidos para obtenção do Título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.. Orientador: Prof. Dr. Alceu Pedrotti.. São Cristóvão - Sergipe 2015.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. O48a. Oliveira, Paulo Alceu dos Santos Aspectos de solos salinizados e remediação no estado de Sergipe / Paulo Alceu dos Santos Oliveira ; orientador Alceu Pedrotti. – São Cristóvão, 2015. 90 f. : il.. Dissertação (mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) – Universidade Federal de Sergipe, 2015.. 1. Meio ambiente. 2. Solo - Salinidade. 3. Irrigação agrícola. 4. Fitorremediação. 5.Sergipe. I. Pedrotti, Alceu, orient. II. Título. CDU 502/504:631.61(813.7).

(4)

(5) À MINHA AVÓ, À MINHA MÃE, À MINHA ESPOSA, Pelas orações, incentivo e apoio..

(6) AGRADECIMENTO. A Deus. Agradeço à minha mãe Arlete, ao meu padrasto Caldeira, e aos meus irmãos por terem me conduzido até aqui, com amor e dedicação. À minha esposa Luciana, pelo apoio, compreensão, carinho e amor. Ao meu pai Paulo Neves e madrasta Cleonice, por sempre acreditarem na minha capacidade de ir além. Às minhas amigas Nazaré e Ingrid, pela cumplicidade. Aos meus amigos e colegas de trabalho, em especial à Jacilene, Graziella, Cristiano, Mara, Doglas, por todo o apoio. Agradeço aos agricultores do Assentamento Jacaré Curituba pelo acolhimento e por todo aprendizado. Ao técnico Avelange, pelos esclarecimentos. Ao professor Alceu Pedrotti pelas orientações, motivações e ensinamentos. À toda a equipe do LAFITO, em especial a Rogério, Victor, Carlos, Renilton. Aos funcionários do DEA pelo apoio na pesquisa. Aos professores e colaboradores do PRODEMA/UFS. Aos colegas da turma 2013 por todo companheirismo e conhecimento compartilhado, em especial à Ana Paula. Agradeço à PETROBRAS, em nome de Roberto Theobald e especialmente Silvio Santos, pelo apoio. Enfim agradeço a todos que contribuíram direta e indiretamente com a construção deste trabalho..

(7) Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes. Marthin Luther King.

(8) RESUMO. A salinização e sodificação dos solos estão entre os principais processos de degradação da terra. O problema é crescente e tem extensão global, ocorrendo majoritariamente em regiões áridas e semiáridas do mundo, inclusive no Nordeste brasileiro e no estado de Sergipe. São causados em grande parte por atividades antrópicas, a exemplo da agricultura praticada com técnicas inadequadas de irrigação, de preparo de solo e de aplicação indiscriminada de adubos químicos, aliadas a condições predisponentes do clima e das características do solo. Têm causado perda de produtividade agrícola, custos elevados de tratamento e abandono da terra. A solução do problema exige abordagens integradas que envolvem conhecimentos das ciências agronômicas, ambientais, sociais e econômicas. O objetivo deste trabalho é levantar as condições predisponentes e a existência do processo de salinização de solo, identificando sua concepção e forma de ocorrência no assentamento de reforma agrária Jacaré-Curituba e testar, em casa de vegetação, o desenvolvimento da planta Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty, em solos provenientes deste assentamento, que apresentam, em condição de campo, níveis diferentes de salinidade advindas das atividades agrícolas, avaliando seu potencial de fitorremediação de solos salinizados. O estudo foi pautado em referenciais teóricos que abordam as causas, consequências, formas de controle e remediação dos processos de salinização dos solos; em pesquisa de campo com realização de entrevistas; coleta e análise de solos; e experimentos com dez acessos da espécie Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty em solo com três níveis diferentes de salinização, em casa de vegetação. Identificou-se no assentamento Jacaré-Curituba, a existência de processo de salinização do solo devido a uma associação de condições naturais predisponentes e adoção de práticas agrícolas contribuintes. No experimento em casa de vegetação, o desenvolvimento do vetiver foi afetado negativamente quando exposto a um aumento da salinidade e sodicidade do solo. O nível de extração de sais do solo foi baixo, no entanto, devido à tolerância à salinidade e sodicidade apresentada pela planta, foi identificado potencial promissor do vetiver para fitorremediação de solos salinizados através de outros mecanismos relacionados à melhoria das condições de solo ocasionada pela presença das folhas e principalmente das raízes. Palavras-chave: Salinização dos solos, agricultura irrigada, semiárido, fitorremediação..

(9) ABSTRACT. Soil salinization and sodification are amongst the main land degradation processes. This evergrowing issue reaches worldwide proportions and takes place mostly in arid and semiarid regions of the world, including the Brazilian northeast and the state of Sergipe. It is caused mostly by anthropic activities such as inadequately irrigated agriculture, soil preparation and indiscriminate use of chemical fertilizers, in combination with weather conditions and soil characteristics. These phenomena have led to the decrease in agricultural productivity, increased soil treatment costs and land abandonment. Solutions to this problem demand integrated approaches that combine knowledge in agricultural, environmental, social and economic sciences. The goal of this work is to investigate predisposing conditions and the presence of soil salinization processes, identifying its inception and manifestation elements on the land reform settlement project Jacaré-Curituba, as well as to test the development of the plant Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty in the settlement soil, analyzing salty soil's potential for phytoremediation. The study was guided by theoretical frameworks that address the causes, consequences, control and mitigation options for the processes of soil salinization; field research for conduction of interviews; collection and analysis of different soils; and experiments with ten genotypes of the Chrysopogon zizanioides (L.) Robertyspecies in greenhouse soils with three different salinization levels. The study concludes by identifying, on the settlement project, the existence of salty soil due to pedoclimatic conditions and the adoption of agricultural techniques that foster the salinization process. On the greenhouse experiment there were significant differences of plant development when exposed to increased soil salinity and sodicity. The level of soil salts extraction was low, however, due to the salinity and sodicity tolerance showed by the plant, it was identified promising potential of vetiver for phytoremediation of saline soils by mechanisms related to improving the conditions of soil by growing roots and leaves. Key-Words: Soil salinization; Irrigated agriculture; Semiarid; Phytoremediation; Vetiver..

(10) SUMÁRIO. INTRODUÇÃO GERAL ......................................................................................................... 14 1 A SALINIZAÇÃO DOS SOLOS E O MANEJO ................................................................. 17 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 27 2 SALINIZAÇÃO DO SOLO NO ASSENTAMENTO DE REFORMA AGRÁRIA JACARÉ-CURITUBA - SE. .................................................................................................... 30 2.1 INTRODUÇÃO 2.2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 2.3.1 Análise do solo 2.3.2 Adoção de tecnologias agrícolas 2.3.3 Causas e efeitos ambientais 2.3.3 Adoção de técnicas de controle e remediação de solos salinizados 2.4 CONCLUSÕES. REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 53 3 POTENCIAL DO CAPIM VETIVER NA FITORREMEDIAÇÃO DE SOLOS SALINIZADOS ........................................................................................................................ 57 3.1 INTRODUÇÃO 3.2 MATERIAIS E MÉTODOS 3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.3.1 Caracterização final do solo 3.3.2 Volume de Irrigação 3.3.3 Índice de Sobrevivência das plantas 3.3.4 Desenvolvimento da planta 3.3.5 Absorção de cátions 3.4 CONCLUSÃO. REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 83 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 85 APÊNDICE - I .......................................................................................................................... 87 APÊNDICE - II ........................................................................................................................ 90.

(11) ABREVIAÇÕES. ANOVA – Analysis of Variance CE – Condutividade Elétrica CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Paraíba CTC – Capacidade de Troca Catiônica FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária MO – Matéria Orgânica MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra pH – Potencial Hidrogeniônico P-Rem – Fósforo Remanescente PST – Porcentagem de Sódio Trocável SB – Soma de Bases Trocáveis UFLA - Universidade Federal de Lavras V – Percentual de Saturação de Bases.

(12) LISTA DE FIGURAS. Figura 2.1 -. Classificação das amostras de solo de acordo com a salinidade........................ 38. Figura 2.2 -. Distribuição dos valores de Condutividade Elétrica nas amostras de solo......... 38. Figura 2.3 -. Distribuição dos valores de PST nas amostras de solo....................................... 38. Figura 2.4 -. Porcentagem de técnica utilizada nos lotes irrigados......................................... 40. Figura 2.5 -. Finalidade de uso de mecanização agrícola no preparo do solo......................... 44. Figura 2.6 - Qualidade, segundo os proprietários, da água nos cursos d’água que perpassam os lotes.............................................................................................. 47 Figura 2.7 -. Possibilidade de remediação da salinidade, na opinião dos agricultores............ 50. Figura 3.1 - Aspecto das curvas de crescimento dos diferentes acessos de vetiver ao longo do experimento................................................................................................... 67 Figura 3.2 -. Crescimento do numero médio de perfilhos dos diferentes acessos de vetiver.. 71. Figura 3.3 - Porcentagem de Na e K nas cinzas, presentes no sistema radicular e parte aérea de diferentes acessos de vetiver................................................................ 78.

(13) LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 -. Valores médios conforme análise do solo................................................ 37. Tabela 2.2 -. Matriz de correlação linear das características físicas e químicas dos solos avaliados.......................................................................................... 39. Tabela 2.3 -. Critérios utilizados pelos agricultores para a definição de frequência e duração da irrigação................................................................................. 41. Tabela 2.4 -. Principais produtos cultivados nos lotes pesquisados, em área e frequência de citação................................................................................ 42. Tabela 2.5 -. Animais criados nos lotes pesquisados..................................................... 43. Tabela 2.6 -. Uso e tipo de fertilizantes usados nas propriedades.................................. 45. Tabela 2.7 -. Causas dos processos de salinização identificadas pelos agricultores...... 48. Tabela 2.8 -. Evidências dos processos de salinização identificadas pelos agricultores............................................................................................... 49. Tabela 2.9 -. Ações tomadas para o controle da salinização.......................................... 50. Tabela 2.10. Técnicas de remediação de solos citadas por 95% agricultores................ 51. Tabela 3.1 -. Parâmetros físicos e químicos dos solos utilizados no experimento........ 61. Tabela 3.2 -. Parâmetros físicos e químicos dos solos utilizados no experimento........ 62. Tabela 3.3 -. Acessos de vetiver utilizados no experimento.......................................... Tabela 3.4 -. Valores médios e desvio padrão de parâmetros relacionados a salinização nos três solos ao final do experimento................................... 65. Tabela 3.5 -. Valores médios e desvio padrão de volume irrigado em ml por vaso...... 67. Tabela 3.6 -. Valores médios de altura (cm) e variação de altura entre a primeira e última medição de altura (%) para acessos de vetiver nos diferentes solos.......................................................................................................... 70. Tabela 3.7 -. Número médio de novos perfilhos para acessos de vetiver nos diferentes solos após 120 dias de plantio................................................. 72. Tabela 3.8 -. Valores médios de biomassa fresca e seca da parte aérea (g/planta) para acessos de vetiver nos diferentes solos..................................................... 73. Tabela 3.9 -. Valores médios de biomassa fresca e seca do sistema radicular (g/planta) para acessos de vetiver nos diferentes solos............................ 74. Tabela 3.10-. Valores médios do teor de cinzas (%) da parte aérea e sistema radicular para acessos de vetiver nos diferentes solos............................................. 75. Tabela 3.11 -. Valores médios da concentração de sódio e potássio (g/kg) na parte aérea para acessos de vetiver nos diferentes tratamentos......................... 76. Tabela 3.12 -. Valores médios da concentração de Na e K (g/kg) do sistema radicular para acessos de vetiver nos diferentes tratamentos.................................. 77. 63.

(14) INTRODUÇÃO.

(15) INTRODUÇÃO GERAL O solo é um recurso natural básico e fundamental para a vida no planeta. Nele são constituídos habitats, se estabelecem ecossistemas, ocorrem ciclos de nutrientes e de água. É um espaço que suporta a maior parte das atividades humanas, como moradia, base para sistema agrícola e fonte de recursos minerais, estando desta forma, intrinsecamente ligado aos aspectos sociais e econômicos da população. Portanto, o estudo sobre a sustentabilidade das atividades humanas perpassa pela abordagem da questão da conservação dos solos. A salinização e sodificação do solo foram identificadas como um dos principais processos de degradação da terra. As informações sobre a extensão e distribuição dos solos afetados por sais, em níveis nacional, regional e global são incompletas e muitas vezes contraditórias. No entanto, cientistas e autoridades governamentais consideram que o problema é extenso e crescente (FLOWERS, 2004; MUNNS et al., 2006; FAO, 2009). Os processos ocorrem principalmente em regiões áridas e semiáridas, onde os solos geralmente são rasos, com drenagem deficiente e podem conter elevado teor de sais devido às características do material de origem do solo. A baixa precipitação pluviométrica, aliada a altas taxas de evaporação e a condições do solo favorecem naturalmente o acúmulo de sais na superfície. Devido à necessidade de produção de alimentos, essas regiões têm sido viabilizadas para a agricultura através da implantação de sistemas de irrigação, muitas vezes com águas salinas, que aumentam o aporte de sais no ambiente. Mesmo com água de boa qualidade, a irrigação pode provocar a concentração de sais devido à lixiviação desses elementos e migração através do solo. Há ainda outras causas de salinização e sodificação dos solos, como a intrusão salina da água do mar, a elevação de lençóis freáticos salinos, a utilização excessiva de fertilizantes e o despejo de efluentes salinos no solo. A salinização e sodificação dos solos têm causado grandes perdas de produção em cultivos existentes e inviabilização de expansão para novas áreas agricultáveis, ocasionando também a degradação dos solos, dos recursos hídricos, dos ecossistemas e impactos sociais, como diminuição e comprometimento de renda e abandono das terras. Em Sergipe, há perímetros irrigados afetados por sais. A situação é preocupante nas regiões semiáridas no estado, como os municípios de Canindé de São Francisco e Poço Redondo, onde os perímetros irrigados estão localizados em ambientes com condições edafoclimáticas muito favoráveis ao processo de salinização. Pesquisas realizadas nestes locais têm demonstrado a ocorrência de salinização. No entanto, são escassas as informações sobre o Assentamento Jacaré-Curituba, que possui projeto de irrigação e de onde partem.

(16) relatos sobre a existência de solos afetados por sais e de danos ambientais, econômicos e sociais causados pela concentração destes elementos no solo. A prevenção, controle e remediação de solos salinizados exigem abordagens integradas de melhores práticas agrícolas, avaliações econômicas, sociais e ambientais, e aplicação de técnicas hidráulicas, mecânicas, químicas e agronômicas. Logo, novos modelos conceituais devem ser desenvolvidos, incluindo os fatores sociais, e mais esforços devem ser empreendidos para a análise dos efeitos do aumento da salinização sobre a segurança alimentar. Isto requer a colaboração de cientistas de solo, água e planta, e outros especialistas, incluindo meteorologistas, economistas e sociólogos, em coordenação com as autoridades nacionais e formuladores de políticas (FAO, 2011). Nesta seara se destaca a fitorremediação, que possui baixo custo de implementação e manutenção e tem demonstrado eficiência comparável aos métodos tradicionais, ainda mais quando utilizada de forma complementar. Para ser utilizada com a finalidade de fitorremediação, uma planta deve apresentar tolerância a altos níveis de salinidade e ser adequada para as condições e características ambientais, econômicas e sociais locais. O capim vetiver (Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty), devido as suas características morfológicas, fisiológicas e ecológicas, consegue suportar ambientes hostis, com altas temperaturas, baixa umidade e elevados teores de salinidade. Com isso, a planta demonstra ter alto potencial para fitorremediação de solos salinizados em regiões semiáridas, condições estas encontradas no Assentamento Jacaré-Curituba. Assim, o objetivo deste trabalho foi levantar as condições predisponentes e a existência do processo de salinização de solo, identificando sua concepção e forma de ocorrência no assentamento de reforma agrária Jacaré-Curituba e testar o desenvolvimento do capim vetiver em solos provenientes deste assentamento, avaliando seu potencial de fitorremediação de solos salinizados..

(17) CAPÍTULO I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.

(18) 1 A SALINIZAÇÃO DOS SOLOS E O MANEJO. A salinidade do solo ocorre através de processos naturais, denominada salinidade primária, ou induzidas por atividades humanas, classificadas como salinidade secundária (ZINCK e METTERNICHT, 2009; MUNNS, 2012). A presença e concentração natural de sais no solo são controladas por processos geológicos, geomorfológicos, climáticos, biológicos e fatores hidrológicos. Ocorrem principalmente pelo intemperismo químico dos minerais primários formadores das rochas, que contém sais solúveis, sendo a água o principal carreador; e pela deposição de sais provenientes dos oceanos pela ação das chuvas e dos ventos (ZINCK e METTERNICHT, 2009, RIBEIRO, 2010; MUNNS, 2012). A salinização secundária do solo geralmente está associada ao desmatamento, ao excesso de água de irrigação, ao padrão de qualidade da água de irrigação com teores elevados de sais, à aplicação desordenada de adubos químicos, sistemas de drenagem ineficientes ou ausentes, assim como técnicas inadequadas de manejo do solo provindas da falta de assistência técnica, e a desestruturação através de aração e gradagem (BATISTA et al., 2002; HOLANDA et al., 2007; RIBEIRO, 2010; MUNNS, 2012); A FAO (2014) estima-se que há uma área total de 397 milhões de hectares de solos salinos e 434 milhões de solos sódicos. Dos 230 milhões de hectares de terras irrigadas, 45 milhões (19,5%) estão afetados por sais; e dos 1500 milhões de hectares de agricultura de sequeiro, 32 milhões (2,1 %) possuem algum grau de salinização. Estimativas mais moderadas de MATEO-SAGASTA e BURKE (2011) afirmam que 34 milhões de hectares, 11% das áreas irrigadas, estão afetados devido à salinidade. Há convergência entre os estudos, no entanto, que um dos principais processos produtivos relacionados ao problema é a agricultura irrigada, e em algumas regiões do planeta onde esta atividade é realizada, 50% das áreas estão salinizadas (SAKADEVAN e NGUYEN, 2011; FAO, 2014). Estima-se ainda que, a cada ano, aproximadamente 0,25 a 0,5 milhões de hectares adicionais tem perda de produtividade como resultado do acúmulo de sal (FAO, 2002). No Brasil, de acordo com RIBEIRO (2010), solos salinos e sódicos ocupam cerca de 160.000 km2 ou 2% do território nacional. Ocorrem no Rio Grande do Sul, Pantanal MatoGrossense e predominantemente na região semiárida do Nordeste, onde aproximadamente 25% das áreas irrigadas foram salinizadas (GHEYI, 2000; RIBEIRO et al., 2003). Essa tendência é verificada em todos os continentes e sob quase todas as condições climáticas, com maior propensão de ocorrência e extensão nas regiões secas. As regiões áridas.

(19) e semiáridas são naturalmente propensas à salinização devido à baixa precipitação pluvial associada à baixa atividade bioclimática; utilização de água de má qualidade; presença de camadas impermeáveis no solo e elevadas taxas de evapotranspiração, o que restringe a lixiviação dos sais e favorece a ascensão capilar desses elementos para a superfície, contribuindo para o aumento da concentração no solo nesta área. (HOLANDA et al., 2007; ZINCK e METTERNICHT, 2009; RIBEIRO, 2010) Além das causas e fatores naturais típicos das regiões áridas e semiáridas, pode também haver acúmulo de sais devido à invasão de água salgada que os deposita nos terrenos atingidos (evento típico de regiões costeiras) ou migração de sais de áreas circunvizinhas ou de áreas mais altas para áreas mais baixas em função de escoamento superficial, subsuperficial e drenagem lateral. (RIBEIRO, 2010) As atividades antrópicas, por suas vezes, geralmente favorecem o processo de salinização por aporte externo de sal no ambiente ou através da alteração do fluxo hidrológico do local, ambas muitas vezes associadas ou agravadas por causas e fatores naturais predisponentes. A irrigação utilizando água com elevada concentração de sais para a finalidade, a aplicação desordenada de fertilizantes e o despejo de rejeitos salinos no ambiente, como o caso de subprodutos de dessalinizadores, são os exemplos mais comuns de inserção de sais no ambiente. O desmatamento ou substituição da vegetação alteram tanto as taxas de evapotranspiração como características de estrutura e drenagem do solo. Estes mesmos efeitos também são causados pelas atividades de aração e gradagem. O excesso volumétrico de água, normalmente gerado por métodos e técnicas inadequadas de irrigação, associadas à ascensão do lençol freático ou à precariedade das condições de drenagem do solo e a evapotranspiração também provocam a migração dos sais das camadas da subsuperfície para a superfície, provocando acúmulo nesta região (MUNNS, 2008; RIBEIRO, 2010). A salinização tem impactos negativos sobre a produtividade agrícola, a condição de vida dos agricultores, a economia, o equilíbrio dos ecossistemas e sobre a qualidade dos recursos naturais (FAO, 2014). A salinidade afeta diretamente as culturas de duas maneiras, seja pelo aumento do potencial osmótico do solo (quanto mais salino for um solo, maior será a energia gasta pela planta para absorver água e com ela os demais elementos vitais), seja pela toxidez de determinados elementos, principalmente o sódio, o boro, os bicarbonatos e cloretos, que em concentrações elevadas causam distúrbios fisiológicos nas plantas (BATISTA et al., 2002). O acúmulo de sais solúveis, e especificamente de sódio, no solo, além de reduzir o potencial osmótico da solução do solo, produz alteração no pH, desbalanceamento nutricional e.

(20) desestruturação de seus agregados. O efeito dos sais sobre a estrutura do solo ocorre basicamente pela interação eletroquímica existente entre os cátions e as argilas. A característica principal deste efeito é a expansão da argila quando úmida e a contração quando seca, devido o excesso de sódio trocável. Se a expansão for exagerada, poderá ocorrer a fragmentação das partículas, causando a dispersão da argila e modificando a estrutura do solo (MEDEIROS et al., 2010). Logo, salinidade do solo afeta tanto aspectos físicos quanto sociais. Dentre essas consequências, pode-se explicitar a progressiva diminuição da produtividade das culturas e do solo com posterior abandono da terra e migração. Para essas duas últimas, a salinidade é uma das principais causas, uma vez que, devido à desorganização das comunidades, essas têm dificuldades para enfrentar o problema de forma conjunta e eficiente (BELTRAN, 2010; DODD, 2012). Há também um comprometimento de renda dos agricultores causado pela perda da produtividade do solo, aumento dos custos de insumos, dos custos de remediação, da restrição de espécies para o plantio e das áreas cultiváveis. Estima-se que a salinização dos solos em áreas irrigadas causa perda de renda anual de 12 bilhões de dólares em todo o mundo (FAO, 2014). Devido às mudanças no clima, há tendência de aumento das áreas salinizadas, ocorrendo em concomitância ao aumento da população mundial, da demanda de alimentos e da necessidade de expansão das áreas agricultáveis. Portanto, a salinização tende a ser um fator de limitação da produtividade agrícola nos próximos anos, mesmo considerando a recuperação das áreas degradadas (SAKADEVAN e NGUYEN, 2011; ALEXANDRATOS e BRUINSMA, 2012). Além dos impactos sociais e econômicos, há ainda aqueles sobre os ecossistemas e recursos naturais como, por exemplo, a diminuição da biodiversidade; alteração da distribuição de espécies; a redução da eficiência da ciclagem de nutrientes; fragilização e propensão do solo a erosão eólica e hídrica; desertificação; e salinização de outros corpos hídricos (FAO, 2014). Os solos halomórficos, que tem natureza salina ou excesso de sais, são usualmente classificados com base no conteúdo total de sais solúveis e na porcentagem de sódio trocável (com capacidade de se ligar aos sítios das superfícies dos colóides do solo). A salinidade do solo é medida pela sua Condutividade Elétrica (CE), para a qual a unidade no Sistema Internacional de Unidades (SI) é dS/m (decissiemens por metro). Já o percentual de sódio trocável (PST) corresponde a porcentagem de Na+ em relação à capacidade total de troca de cátions (CTC), que representa a capacidade dos colóides do solo em reter ou trocar cátions em.

(21) sua superfície (MUNNS, 2012). Os sais mais frequentemente encontrados em solos salinizados são formados por cátions de cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), sódio (Na+), e dos ânions cloreto (Cl-) e sulfato (SO42-). Nesses solos, com menos frequência, encontram-se outros íons como potássio (K+), carbonato (CO32-) e bicarbonato (HCO3-) (QUEIROZ et al., 2010). Neste sentido, o Laboratório de Salinidade do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USSL, 1954), divide os solos halomórficos em três classificações, que passaram a ser mais conhecidas, a partir de 1969, como solos salinos, salino-sódicos e sódicos (RIBEIRO, 2010). Os solos classificados como salinos tem a CE. 4 dS/m, o PST < 15 e normalmente o. pH é inferior a 8,5. Quando existem condições de drenagem adequadas, os sais solúveis em excesso neste tipo de solo podem ser removidos por lixiviação, retomando-se uma condição normal. Estes solos são frequentemente reconhecidos pela presença de crostas brancas de sais sobre a superfície. Suas características químicas são determinadas principalmente pelos tipos e quantidades de sais presentes. O sódio raramente compreende mais da metade dos cátions solúveis e, portanto, não é adsorvido em nível significativo. As quantidades relativas de cálcio e magnésio presentes na solução do solo e no complexo de troca podem variar consideravelmente. Já a quantidade de potássio solúvel e trocável é geralmente menor, podendo ser, no entanto, eventualmente maior. Os principais ânions são cloreto, sulfato e às vezes o nitrato (NO3-). Podem ocorrer ainda pequenas quantidades de bicarbonato, mas os carbonatos solúveis são quase sempre ausentes (USSL, 1954; QUEIROZ et al., 2010). Além da presença comum de sais solúveis, os solos salinos podem conter também sais de baixa solubilidade, tal como o sulfato de cálcio (CaSO4), carbonato de cálcio (CaCO3) e de magnésio (MgCO3). Devido ao excesso de sais e a ausência de quantidades significativas de sódio trocável capazes de impactar a estrutura dos solos, os solos salinos são geralmente floculados, e, como consequência, a permeabilidade é igual ou maior do que a de solos não salinos semelhantes. O crescimento das plantas é limitado pela grande quantidade de sais solúveis, que aumentam o potencial osmótico e conferem toxicidade. Plantas crescendo em tais solos podem apresentar-se raquíticas com folhas grossas e uma coloração verde escuro (USSL, 1954; QUEIROZ et al., 2010) Os solos classificados como salino-sódicos tem a CE. 4 dS/m e PST. 15.. Apresentam grandes quantidades de sais solúveis e de íons sódio. Quando se mantém o excesso de sais solúveis presentes neste tipo de solo, sua aparência e propriedades geralmente são semelhantes às dos solos salinos. Sob essas condições de excesso de sais, as leituras de.

(22) pH raramente são superiores a 8,5 e as partículas continuam floculadas, ou seja, a quantidade proporção de sódio não é suficiente para desestruturar o solo. No entanto, se o excesso de sais solúveis for lixiviado, as propriedades desses solos podem ser alteraras significativamente e se tornarem semelhantes às dos solos sódicos. Os solos salino-sódicos geralmente também limitam o crescimento das plantas pelos seus altos níveis de sais solúveis (USSL, 1954; QUEIROZ et al., 2010). Os solos classificados como sódicos tem a CE < 4 dS/m, o PST. 15 e o pH. geralmente varia entre 8,5 e 10. Apresentam baixa concentração de sais solúveis e alta concentração de sódio trocável. Eles ocorrem frequentemente nas regiões áridas e semiáridas, em pequenas áreas com terreno irregular. Exceto quando há sulfato de cálcio presente no solo ou na água de irrigação, como visto anteriormente, a drenagem e lixiviação dos solos salinosódicos conduz à formação de solos sódicos. A remoção do excesso de sais solúveis dos solos salino-sódicos tende a aumentar a taxa de hidrólise do sódio trocável e frequentemente provoca um aumento do pH do solo. Tal fato acarreta na dispersão das argilas e da matéria orgânica, sendo que esta última pode migrar e ser depositada sobre a superfície do solo através da evaporação, provocando um aspecto visual enegrecido. As argilas dispersas por conta da saturação de sódio em seus sítios de troca tendem a migrar e se acumular em níveis mais baixos do solo. Como resultado, nos primeiros centímetros da superfície, o solo pode ter textura relativamente grossa e ser friável. Mais abaixo, no entanto, onde a argila se acumula, pode-se desenvolver uma camada densa de baixa permeabilidade com uma estrutura prismática ou colunar e um forte impedimento à penetração das raízes. O excesso de sódio desloca os sais dos sítios de troca para a solução do solo, onde podem ser facilmente lixiviados, diminuindo a disponibilidade destes nutrientes para as plantas. Essas condições geralmente ocorrem como resultado dos processos de irrigação. Devido ter uma baixa concentração de sais solúveis e elevado valor de pH alto, os solos sódicos podem apresentar toxidez direta para muitas plantas devido à ação direta do sódio (USSL, 1954; QUEIROZ et al., 2010). Embora aceito em muitos países, o nível de 15% de PST como limite de separação de solos sódicos e não sódicos, e como nível a partir do qual as propriedades físicas do solo seriam gravemente afetadas, está longe de ser uma unanimidade universal. O efeito negativo da PST sobre as propriedades físicas do solo depende além dos níveis de PST, de vários outros fatores, entre eles: presença de sais na solução do solo, textura, tipo de argila, CE da água usada na irrigação e condutividade hidráulica. Existem, ainda, outras classificações importantes para solos halomórficos, como a brasileira, a russa e a francesa. No entanto a.

(23) americana tem sido largamente utilizada por ser considerada mais simples e de melhor didática (SUMNER, 1995; RIBEIRO, 2010; QUEIROZ et al., 2010). A prioridade na questão de salinização dos solos deve ser evitar o surgimento de áreas com salinização secundária, através de boas práticas agrícolas, irrigação adequada e implantação de sistemas de drenagem. No entanto, uma vez afetados por sais, seja por processos naturais ou antrópicos, os solos podem apresentar diversas condições e por este motivo não existe uma abordagem única de gerenciamento e recuperação. O primeiro passo é a identificação do grau e da extensão da região salinizada (FAO, 2014). Essa identificação se baseia em uma série de observações e estudos da área, incluindo verificação das características visuais do campo e realização de análises, tanto em laboratório quanto por métodos de campo (IEZZI, 2008). Dentro das características visuais, observa-se o quão exposto está o solo; presença de crostas brancas de sais ou manchas escuras na superfície; escassez ou baixa densidade de vegetação; presença de halófitas (plantas tolerantes a salinidade); ocorrência de plantas de pequeno porte, como arbustos e gramíneas, ou de plantas com aspecto debilitado como, por exemplo, folhas com bordas amareladas e/ou necrosadas (MARTINS et al., 2008; FAO, 2014). Estas observações podem ser feitas no local ou indiretamente através de imagens de satélite e fotografias aéreas (EVANS e BARCK, 1995). As técnicas de mapeamento indireto da salinidade incluem ainda levantamento aéreo multiespectral e levantamentos geofísicos aeroportados que incluem métodos eletromagnéticos, magnéticos e radiométricos. Existem tecnologias para determinar em campo a condutividade elétrica e avaliar a salinidade do solo, tal como a técnica de indução eletromagnética (IEZZI, 2008). Em laboratório, diversas medidas são usadas para avaliar e caracterizar solos salinizados, como fertilidade, textura, pH, a condutividade elétrica do extrato de saturação (CEes) e a porcentagem de sódio trocável (PST) (RAIJ, 1991, apud QUEIROZ, 2010) Após identificação das áreas salinizadas, os processos de salinização podem ser controlados e os solos remediados, o que é classificado por SAKADEVAN e NGUYEN (2011) como mitigação. Os processos de adaptação consistem em utilizar as áreas salinizadas para o cultivo de culturas tolerante ao sal, prática conhecida como agricultura biossalina (MASTERS et al., 2007; FERNANDES et al., 2010), ou ainda outros usos citados pela FAO (2014) como áreas de recreação, cultivo de plantas medicinais e a restauração da biodiversidade. A remediação de solos afetados por sal e o controle contínuo da salinidade de solo necessitam de uma abordagem integrada e específica para cada região, que incluem avaliações.

(24) econômicas, ambientais e sociais, e a aplicação de técnicas hidráulicas, mecânicas, químicas e agronômicas. Dentre as técnicas estão a lixiviação dos sais, drenagem, nivelamento do terreno, aplicação de gesso, escolha do tipo apropriado de cultura, e fertilização adequada (BELTRAN, 2010; FAO, 2014) Segundo CAVALCANTE et al. (2010), a lixiviação ou lavagem é a técnica mais prática de se reduzir os sais no solo, que consiste em se fazer passar através do perfil do solo um determinado volume de água que carreia os sais solúveis para além do ambiente radicular. Esta técnica pode ser realizada com a finalidade de minimizar a alta salinidade inicial do solo para níveis toleráveis pela maioria das culturas, denominada lavagem de recuperação, ou para prevenir contra a salinização dos solos irrigados ainda não afetados, denominada lavagem de manutenção, que se caracteriza como técnica de prevenção contra a expansão acelerada dos sais nas áreas irrigadas. A lixiviação deve ser realizada com água de boa qualidade e em quantidade adequada para não sobrecarregar os sistemas de drenagem e provocar a ascensão das águas subterrâneas (FAO, 2014). Nos solos classificados como salinos, a lavagem é suficiente para sua recuperação, devido aos sais já estarem dissolvidos na solução do solo, sendo facilmente arrastados pela lâmina de lavagem. Já nos solos sódicos, é necessário o uso de melhoradores ou corretivos químicos para deslocar o sódio que está adsorvido nos sítios de troca, com a adição de substâncias que possam fornecer ou liberar, preferencialmente, cálcio, para substituir o sódio trocável, pois o cálcio tem maior força de atração pelas argilas e desloca o sódio do complexo de troca para a solução, que será lixiviada após a lavagem. Se o sódio não for removido devido a uma condição inadequada de drenagem, o solo pode tornar-se sódico, o que evidencia a importância da drenagem no processo de recuperação dos solos salino-sódicos e sódicos (CAVALCANTE et al., 2010). Os corretivos químicos geralmente utilizados são os sais solúveis de cálcio (sulfato de cálcio e cloreto de cálcio); ácidos ou formadores de ácido (ácido sulfúrico, enxofre, sulfeto ferroso e sulfato de ferro e alumínio) e sais de cálcio de baixa solubilidade (carbonato de cálcio e resíduo de engenho de cana-de-açúcar). O gesso (sulfato de cálcio), apesar da sua baixa solubilidade em água, é o mais utilizado em razão do baixo preço, disponibilidade no mercado e fácil manuseio. Serve, ainda, como fonte de enxofre e cálcio para as plantas. (CAVALCANTE et al., 2010). A drenagem natural pode ser suficiente quando as camadas do solo são permeáveis e o relevo é adequado. Como tais condições são raras em áreas onde ocorrem solos salinos e sódicos, um sistema de drenagem geralmente será necessário. Vários tipos de drenagem são.

(25) utilizados em todo o mundo, tais como a drenagem superficial em que valas são construídas para que o excesso de água escoe antes de infiltrar no solo; a drenagem subterrânea para remover o excesso de água até uma profundidade predeterminada ou controle do nível do lençol freático, a uma profundidade segura, que consiste na instalação de drenos de cimento ou tubos plásticos perfurados subterrâneos; e a drenagem vertical, na qual o excesso de água drena por poços tubulares para horizontes mais profundos, quando estes têm uma condutividade hidráulica adequada (FAO, 2014). Também são utilizados métodos mecânicos para melhorar a infiltração e permeabilidade na superfície e na zona das raízes, incluindo terraplanagem e aração profunda. A aração profunda é mais benéfica em solos estratificados com uma camada impermeável. Ela solta os agregados do solo, melhora a condição física do solo aumentando, assim, a condutividade hidráulica (FAO, 2014). Destaca-se ainda o uso de polímeros de poliacrilamida como condicionadores de solos, para os quais pesquisas têm comprovado a melhoria da qualidade dos solos afetados por sais. O material tem alta eficiência, no entanto seu uso tem sido limitado em função dos altos custos de transporte e aplicação (MIRANDA, 2013). A utilização de cultivos de elevada evapotranspiração que provocam o rebaixamento do lençol freático, em um processo conhecido como biodrenagem, tem contribuído para maior eficiência da lavagem dos sais. Além desta vantagem, a sombra das plantas reduz a intensidade da evaporação pela superfície do solo, restringindo as condições para o acúmulo de sais (CAVALCANTE et al, 2010). Portanto, diversas técnicas são empregadas para a recuperação de solos salinizados, sendo fundamentais a lixiviação dos sais e a aplicação de melhoradores químicos, por atuarem diretamente na eliminação ou correção dos problemas de salinização. Existem também as técnicas auxiliares como a aração profunda e aplicação compostos orgânicos, que têm a função de atuarem sobre algumas propriedades do solo, tornando mais eficientes as técnicas fundamentais de recuperação. Raramente se consegue a recuperação dos solos afetados por sais utilizando-se um método isoladamente. A eficiência pode ser mais expressiva combinando-se duas ou mais técnicas, simultaneamente. (CAVALCANTE et al, 2010) Para BELTRAN (2010), há conhecimento e experiência suficiente sobre salinidade para enfrentar o desafio. Frequentemente, este conhecimento e experiência têm sido aplicados com sucesso em projetos-piloto. No entanto, geralmente em países em desenvolvimento, agricultores com problemas de salinidade não tem recursos econômicos suficientes para.

(26) financiar os investimentos necessários para recuperar suas terras afetadas por sais, embora os custos geralmente sejam recuperados num curto prazo. Portanto, a solução do problema demanda inovações que propiciem aumento da eficiência do processo e consequente diminuição de tempo e custos. Mesmo para solos com boa drenagem, vêm sendo desenvolvidas estratégias inovadoras, que incluem processos de fitorremediação para acelerar e incrementar a recuperação dos solos. (MARTINS et al, 2008) A fitorremediação é uma estratégia de biorremediação que consiste em procedimentos que envolvem o uso de plantas, sua microbiota associada e melhoradores do solo, além de práticas agronômicas que, se aplicadas em conjunto, removem, imobilizam ou tornam os contaminantes inofensivos ao ecossistema. A fitorremediação promove a descontaminação por ação direta da planta ou indireta através de estímulos desta sobre a microbiota presente na região de contato entre as raízes e o solo. Para tanto, realiza a extração ou degradação dos contaminantes. pelos. processos. de. fitoextração,. fitodegradação,. fitovolatilização,. fitoestimulação e fitoestabilização (ACCIOLY e SIQUEIRA, 2000; FREIRE, 2010). A técnica é influenciada pela estrutura do solo, textura e teor de matéria orgânica, disponibilidade de água e de oxigênio, temperatura e concentração de nutrientes (AGUIAR, 2006). Na fitoextração de sais em solos salino-sódicos, as plantas devem apresentar tolerância ao excesso de sais e alta produção de biomassa nessa condição. Além disso, devem acumular elevados teores de sais na parte aérea, visando possibilitar a remoção dos sais com a colheita das plantas (LEAL et al, 2008). Segundo QADIR et al (2007), as plantas halófitas são eficientes em processos de remediação de solos sódicos e salino-sódicos. Ainda se carece de estudos dessa natureza no Brasil, mas, pelo fato de o país apresentar elevada diversidade vegetal no semiárido, pode-se inferir que é alto o potencial do Brasil em ter novas espécies de halófitas que poderiam se tornar ferramentas importantes em processos de recuperação de solos salinizados (TABARELLI, 2008). Tem se destacado no país pesquisas com o uso da Atriplex numulária (FREIRE, 2010) As plantas halófitas são adaptadas a ambientes salinos, podendo sobreviver em locais onde a concentração de NaCl é superior a 200 mM (equivalente a condutividade elétrica no extrato de saturação do solo de 20 dS/m), e representam aproximadamente 1% de toda flora (FLOWERS e COLMER, 2008). Através de mecanismos fisiológicos e bioquímicos, têm capacidade de acumular quantidades elevadas de sais em seus tecidos (ZHU, 2001). Por essas características, podem ser usadas para recuperação de solos afetados por sais. A aptidão ao.

(27) desenvolvimento em solos salinos não está, necessariamente, relacionada à dependência de alta concentração de sais para sobreviver. Na verdade, a maioria das espécies pode se estabelecer e desenvolver bem em solos não salinos, mas são consideradas halófitas porque apresentam resistência ao estresse decorrente do excesso de sais (ROZEMA, 1996). A presença de halófitas poderia contribuir para a recuperação de solos salinizados através de diversas vias.. A penetração das raízes promoveria aeração e aumentaria a. permeabilidade do solo, facilitando a entrada de água de chuva e/ou de irrigação e a consequente lixiviação dos sais, principalmente em camadas mais profundas, difíceis de serem atingidas por outras técnicas de recuperação de solos salinos e sódicos. O incremento na pressão parcial de CO2 na zona radicular pela respiração das raízes e aumento da atividade biológica elevaria a dissolução de calcita em solos cálcicos, promovendo a liberação de Ca2+, HCO3- e CO32- na solução do solo. Já em solos não cálcicos, o aumento na pressão parcial de CO2 resultaria na liberação de H+ e redução do pH do solo. O Ca2+ na primeira situação e o H+ na segunda atuariam na substituição do Na+ do complexo de troca do solo, minimizando seus efeitos sobre as propriedades físicas do solo e sobre as plantas. O aumento nos teores de matéria orgânica com o cultivo de plantas, por sua vez, atuaria na agregação das partículas do solo, possibilitando maior estabilidade de agregados (QADIR et al., 2007). Portanto, como resultado da fitorremediação, espera-se a redução ou eliminação do custo com corretivos químicos; a possibilidade de uso de produtos fornecidos pela espécie cultivada; melhoria da estabilidade dos agregados do solo e criação de macroporos, o que otimiza as propriedades hidráulicas do solo e proliferação das raízes; proteção contra erosão e compactação; promoção de maior disponibilidade de nutrientes; possibilidade de recuperação do solo em profundidades maiores; e aumento no sequestro de carbono. É, ainda, uma solução viável para pequenos agricultores que, normalmente, dispõem de poucos recursos financeiros (QADIR et al., 2007; ISMAIL e TAHA, 2009). A fitorremediação é uma técnica eficiente de recuperação de solos salino-sódicos, com desempenho comparável à utilização de corretivos químicos, porém com custo menor de implantação e condução (QADIR et al., 2007). Um caminho possível de pesquisa nesta área é o desenvolvimento de espécies geneticamente modificadas (MITTLER e BLUMWALD, 2010) e de inoculação no solo de microrganismos que podem se associar à planta e possibilitar o aumento da halotolerância (SHILEV et al, 2012). Portanto, a salinização e sodificação do solo é um problema abrangente e emergente. Tem especial importância em regiões áridas e semiáridas, onde as condições naturais aliadas a.

(28) práticas agrícolas inadequadas têm potencializado a degradação da qualidade dos solos, principalmente em áreas de agricultura irrigada. Diversas técnicas de investigação e remediação de solos salinizados estão disponíveis, no entanto é necessária uma abordagem integrada no manejo destes solos, aumentando a eficiência e reduzindo os custos dos processos. A fitorremediação de áreas salinizadas com espécies halófitas é uma alternativa promissora, segura, eficaz e com baixo custo de implantação e manutenção.. REFERÊNCIAS. ACCIOLY, M. A. A.; SIQUEIRA, J. O. Contaminação química e biorremediação do solo. In: Novais, R. F.; Alvarez, V.; Schaefer, C. E. (ed.). Tópicos em Ciência do Solo. Viçosa: Volume I. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa: UFV, 2000. p.299-352. AGUIAR, C. R. C. 2006. Desempenho de Soja e Braquiária na Fitorremediação de Solos Contaminados com Petróleo. 109f. Dissertação (Mestrado em Saneamento Ambiental) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. ALEXANDRATOS, N., J. BRUINSMA. World agriculture towards 2030/2050: the 2012 revision. ESA Working paper No. 12-03. Rome, FAO, 2012 BATISTA, M. J et al. Drenagem como instrumento de dessalinização e prevenção da sailinização de solos. 2 ed. Brasília: CODEVASF 2002 BELTRAN, J. M. Integrated approach to address salinity problems in irrigated agriculture. In: GHEYI, H. R.; DIAS, N. DA S.; LACERDA, C. F. Manejo da salinidade na agricultura: Estudos básicos e aplicados. Fortaleza: INCTSal. p. 03-08. 2010. CAVALCANTE, L. F et al. Recuperação de solos afetados por sais. In: GHEYI, H. R.; DIAS, N. DA S.; LACERDA, C. F. Manejo da salinidade na agricultura: Estudos básicos e aplicados. Fortaleza: INCTSal. p. 425-447. 2010. DODD, I. C. PEREZ-ALFOCEA, F. Microbial amelioration of crop salinity stress. Journal of Experimental Botany, Vol. 63, No. 9, pp. 3415–3428, 2012 EVANS, G. B.; BARCK, J. A. Reclamation of soil affected by oilfield salts: investigation, assessment, planning and implementation. SPE Exploration & Production Environmental Conference, Houston, USA. SPE 29757. 1995. FAO - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Salt-affected soils. Disponível em: http://www.fao.org/soils-portal/soilmanagement/management-of-some-problem-soils/salt-affected-soils/more-information-onsalt-affected-soils/en/. Acesso em 10 dez. 2014 FAO - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Abstracts and extended abstracts submitted to the Global Forum on Salinization and Climate Change (GFSCC2010), Valencia, 25–29 October 2010.World Soil Resources Reports No. 105. FAO, Roma, 2011..

(29) FAO - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Advances in the assessment and monitoring of salinization and status of biosaline agriculture. Reports of expert consultation held in Dubai, United Arab Emirates, 26–29 November 2007. World Soil Resources Reports No. 104. FAO, Roma, 2009. FAO - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Water in agriculture; opportunity untapped. Roma, 2006. FAO - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Crops and drops: making the best use of water for agriculture. Rome. 2002a. 22 pp FERNANDES, P. D; GHEYI, H. R; ANDRADE, A. P.; MEDEIROS, S. S. Biossalinidade e produção agrícola, Estudos básicos e aplicados. Fortaleza: INCTSal. p. 181-199. 2010. FLOWERS, T. J. Improving crop salt tolerance. Journal of Experimental Botany, v.55, n.369, p.307-319. 2004. FLOWERS, T. J.; COLMER, T. D. Salinity tolerance in halophytes. New Phytologist, v. 179, p. 945-963, 2008. FREIRE, M. B. G. et al. Fitorremediação de solos afetados por sais. In: GHEYI, H. R.; DIAS, N. DA S.; LACERDA, C. F. Manejo da salinidade na agricultura: Estudos básicos e aplicados. Fortaleza: INCTSal. p. 83-91. 2010. HOLANDA, A. C.; SANTOS, R. V.; SOUTO, J. S.; ALVES, A. R. Desenvolvimento Inicial de Espécies Arbóreas em Ambientes Degradados por Sais. Revista de Biologia e Ciências da Terra. v.7, n.1, p.39-50, 2007. IEZZI, P. B. T. Testes de aplicabilidade de sonda de eletrorresistividade na avaliação de salinização secundária de solos. 2008. Tese de Doutorado. ISMAIL, S.; TAHA, F. Biosaline agriculture: Prospects and potential within global and regional context. In: Advances in the assessment and monitoring of salinization and status of biosaline agriculture. Reports of expert consultation held in Dubai, United Arab Emirates, 26–29 November 2007. World Soil Resources Reports No. 104. FAO, Roma, 2009 LEAL, I.G.; ACCIOLY, A.M.A.; NASCIMENTO, C.W.A.; FREIRE, M.B.G.S.; A.A.A MONTENEGRO; FERREIRA, F.L. Fitorremediação de solo salino sódico por atriplex nummularia e gesso de jazida. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 2008 MARTINS, L. F.; BAESSA, M. P.; MOREIRA, R. C. Investigação, Caracterização e Recuperação de solos e aqüíferos salinizados. Relatório Parcial PETROBRAS/CENPES/PDEDS/BTA, Rio de Janeiro, 2008 MASTERS, D. G.; BENES, S. E.; NORMAN, H. C. Biosaline agriculture for forage and livestock production. Agriculture, Ecosystems & Environment, v. 119, n. 3, p. 234-248, 2007 MIRANDA, M. F. A. Diagnóstico e recuperação de solos afetados por sais em perímetro irrigado do sertão de Pernambuco. Tese de Doutorado. UFPE, 2013. MITTLER R, BLUMWALD E. Genetic engineering for modern agriculture: Challenges and Perspectives. Annu. Rev. Plant Biol. 61:443-462, 2010 MUNNS, R.; RICHARD, A. JAMES, R. A.; LAUCHLI, A. Approaches to increasing the salt tolerance of wheat and other cereals. Journal of Experimental Botany, v.57, n.5, p.10251043. 2006..

(30) MUNNS, R. The impact of salinity stress. Plantstress. Virtual article. Disponível em: http://www.plantstress.com/Articles/salinity_i/salinity_i.htm. Acesso em: 10 dez. 2014. QADIR, M. et al. Phytoremediations of sodic and salinesodic soils. Advances in Agronomy. 96:197-247. Elsevier. 2007. QUEIROZ, J. E. Avaliação e monitoramento da salinidade do solo. In: GHEYI, H. R.; DIAS, N. DA S.; LACERDA, C. F. Manejo da salinidade na agricultura: Estudos básicos e aplicados. Fortaleza: INCTSal. p. 64-82. 2010. RIBEIRO, M. R. Origem e classificação dos solos afetados por sais. In: GHEYI, H. R.; DIAS, N. DA S.; LACERDA, C. F. Manejo da salinidade na agricultura: Estudos básicos e aplicados. Fortaleza: INCTSal. p. 12-19. 2010. RIBEIRO, M. R.; FREIRE. F. J.; MONTENEGRO, A. A. Solos halomórficos no Brasil: Ocorrência, gênese, classificação, uso e manejo sustentável. In: Curi, N.; Marques, J. J.; Guilherme, L. R. G. G.; Lima, J. M.; Lopes, A. S.; Alvarez V. V. H. (ed.). Tópicos em ciência do solo. v.3. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2003. p.165-208. ROZEMA, J. Biology of halophytes. In: CHOUKR-ALLAH, R.; MALCOM, C. V.; HAMDY, A. (Ed.). Halophytes and biosaline agriculture. New York: Marcel Dekker, 1996. p. 17-30. SAKADEVAN, K.; NGUYEN, M. L. Global Response to soil and water salinization in agricultural landscapes. Topic I. Identifying systems vulnerable to salinization, including agro-ecosystems (irrigated and rainfed), soils, water bodies, biodiversity and fragile ecosystems and available tools and information systems to assess and monitor the evolution of salinization 7, p. 107. 2011 SHILEV, S.; SANCHO, E. D.; BENLLOCH-GONZÁLEZ, M. Rhizospheric bacteria alleviate salt-produced stress in sunflower. J Environ Managem, v. 95, p. 537-541, 2012. SUMNER, M. E. Sodic soils: New perspectives. In: Naidu, R.; Sumner, M. E.; Rengasamy, P. (ed.). Australian sodic soils: Distribution, properties and management. Adelaide: First National Conference and Workshop on Sodic Soils, 1995. p.1-34. USSL STAFF - United States Salinity Laboratory. Diagnosis and improvement of saline and alkali soils. Washington: U.S. Department of Agriculture, 1954. 160p. Handbook 60 TABARELLI, M.; SILVA, J. M. C. Áreas e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da caatinga. In: LEAL, I. R.;TABARELLI, M.; SILVA, J. M. C. (org.) Ecologia e Conservação da Caatinga. 2ª Ed. Recife: UFPE, 2005. ZHU, J.K. Plant Salt Tolerance. Trends in Plant Science, v. 6, n.2, p. 66-71, 2001. ZINCK, J. A.; METTERNICHT, G. Remote Sensing of soil salinization: Impact on land management. New York: CRC Press, 2009..

(31) CAPÍTULO II A SALINIZAÇÃO DO SOLO NO ASSENTAMENTO DE REFORMA AGRÁRIA JACARÉ-CURITUBA - SE..

(32) 2 SALINIZAÇÃO DO SOLO NO ASSENTAMENTO DE REFORMA AGRÁRIA JACARÉ-CURITUBA - SE.. RESUMO OLIVEIRA, P.A.S. Salinização do solo no Assentamento de Reforma Agrária JacaréCurituba - SE. 2015. 25p. (Dissertação de mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente). Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão – SE.. A salinização dos solos é um dos principais problemas em áreas irrigadas de regiões semiáridas, provocando danos econômicos, sociais e ambientais. O objetivo deste trabalho é levantar as condições predisponentes e a existência de processo de salinização de solo, identificando a concepção e forma de ocorrência no assentamento de reforma agrária JacaréCurituba. Foram adotados como procedimentos metodológicos visitas de campo, realização de entrevistas com auxílio de questionário semiestruturado com 39 proprietários de lotes supostamente salinizados, nos quais foram realizadas coletas de 39 amostras de solos em áreas com indícios de salinização para posterior análise em laboratório. Os resultados demonstraram que as práticas agrícolas desenvolvidas no assentamento Jacaré-Curituba são realizadas, na maioria das vezes, sem critérios técnicos e de forma indiscriminada. A condição de salinização no solo foi confirmada em 92% dos lotes, com média elevada de valores de condutividade elétrica e porcentagem de sódios trocáveis. A causa provável do processo identificada na pesquisa é o resultado da junção de condições edafoclimáticas naturais, como material de origem dos solos rasos com alta concentração de sais; presença de horizonte B textural com argilas de alta atividade; características do relevo; baixa precipitação e elevada evapotranspiração, e de práticas agrícolas inadequadas como excesso de irrigação; interferências na drenagem natural; desmatamento; preparo inadequado do solo e aplicação desordenada de fertilizantes. Foi verificado que parte dos agricultores possuem conhecimento sobre as causas e formas de controle e remediação dos solos salinizados e aplicam técnicas com esta finalidade. Palavras-Chave: Salinização dos solos; Agricultura irrigada; Semiárido; Degradação do solo..

(33) 2 SOIL SALINIZATION ON THE JACARÉ-CURITUBA LAND REFORM SETTLEMENT - SE. ABSTRACT. OLIVEIRA, P.A.S. Soil salinization on the Jacaré-Curituba Land Reform Settlement SE 2015. 24p. (Dissertation on Environment and Development). Federal University of Sergipe. São Cristóvão- SE. Soil salinization is one of the main issues faced in irrigated areas pertaining to semiarid regions, leading to economic, social and environmental damages. The goal of this work is to assess predisposing conditions and the occurrence of processes of soil salinization, as well as to identify its inception on the Jacaré-Curituba land reform settlement. The methodology adopted included field visits and semistructured interviews with 39 owners of allegedly salty land units from which 39 soil samples were collected for further laboratory analysis. The results showed that the agricultural practices developed on the Jacaré-Curituba settlement are mostly conducted indiscriminately and without adherence to technical criteria. Soil salinization was confirmed in 92% of the units, with a high average of electric conductivity and exchangeable cations levels. This process is likely caused by the combination of natural pedoclimatic conditions, such as original shallow soils with high concentration of salts; presence of textural B horizon with activity-level clay; relief characteristics; low levels of rain; high levels of evapotranspiration and inadequate agricultural practices like excessive irrigation, interferences on natural drainage systems, deforestation, inadequate soil preparation and disorderly use of fertilizers. It has been shown that farmers lack information on the causes and control mechanisms for repairing salty soil, and apply techniques for this purpose. Key-words: Soil salinization; Irrigated agriculture; Semiarid; Soil degradation.. ..

(34) 2.1 INTRODUÇÃO. A agricultura irrigada é, na atualidade, fundamental para a produção de culturas. Embora a área mundial sob irrigação (255 milhões de hectares) represente por volta de 16 por cento do total da área cultivada, ela contribui com cerca de 44 por cento do total da produção de alimentos. Portanto, a produtividade em terras irrigadas equivale a aproximadamente quatro vezes a produtividade nas áreas de sequeiro (SIEBERT et al., 2013). A agricultura irrigada será essencial no futuro para reduzir a insegurança alimentar nos países em desenvolvimento. Para suprir a necessidade de alimentos em médio prazo, a área cultivada irrigada nos países em desenvolvimento deve ser ampliada (BELTRAN, 2010; ALEXANDRATOS e BRUISMA, 2012). Estima-se que 34 milhões de hectares, cerca de 11 % das áreas irrigadas, estão afetadas por algum grau de salinidade. Os países mais prejudicados são o Paquistão, China, Estados Unidos e Índia (MATEO-SAGASTA e BURKE, 2011). A salinidade ocasionada por alto teor de sais na água e no solo pode ser de origem natural, no entanto, o problema de salinização relacionado à agricultura irrigada geralmente decorre de alterações do balanço hídrico no ambiente ou utilização de água com elevada salinidade. Nestas áreas, o volume irrigado pode ocasionar a lixiviação e deslocamento de sais do solo para os mananciais que fornecem água para a agricultura, os tornando salinos. Em sentido inverso, há casos em que a água utilizada provém de mananciais naturalmente salinos e como consequência ocorre a salinização do solo. Volumes demasiados podem causar a elevação de aquíferos salinos, assim como o excesso de captação de água subterrânea para a irrigação possibilitam ocorrer intrusão salina das águas do mar em regiões costeiras, causando salinização dos solos. Em alguns casos, há aporte externo de sais no ambiente, como, através da aplicação de fertilizantes ou despejo de efluentes salinos. Tal condição causa grandes prejuízos econômicos e sociais para a agricultura com a redução ou eliminação de culturas, degradação do solo e a necessidade de remediação (RIBEIRO, 2010; CARROW e DUNKAN, 2011). Segundo dados da FAO (2006), cerca de 40 por cento das terras irrigadas do mundo está localizada em regiões áridas e semiáridas, nas quais, apesar de aumentar a produtividade, muitas vezes a irrigação está associada a problemas de salinização do solo (MATEOSAGASTA e BURKE, 2011). Nestas regiões, onde o teor de sais já é naturalmente elevado, é comum a ocorrência de salinidade secundária, ocasionada por atividades humanas. São casos em que geralmente há o acumulo desses elementos, provenientes do perfil do solo, na superfície em decorrência da ascensão capilar de água salina subterrânea que ocorre devido à.

Referências

Documentos relacionados

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

Se você vai para o mundo da fantasia e não está consciente de que está lá, você está se alienando da realidade (fugindo da realidade), você não está no aqui e

Com a investigação propusemo-nos conhecer o alcance real da tipologia dos conflitos, onde ocorrem com maior frequência, como é que os alunos resolvem esses conflitos, a

We postu- lated that, although the insect parasite attack would affect the entire host tree, the impact by galling insects on the host-plant branch attacked by Psittacanthus sp..

No presente documento descrevemos o método desenvolvido pelo Laboratório de Ecologia Espacial e Conservação – LEEC (UNESP-Rio Claro) para identifi car áreas com alto potencial

I. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO ... Horário de Funcionamento ... Perfil dos Utentes ... Espaço Exterior ... Espaço Interior ... Fontes de Informação ...

Na investigação da variação sazonal dos subgrupos que compunham os grupos de alimentos que não apresentaram variações sazonais significativas, verificou-se que também

Na vertente prática, foi feito o acompanhamento da implementação dos módulos já adjudicados à iPortalMais de Gestão de Correspondência Recebida e Gestão de Reuniões da