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Evidencias de validade de um instrumento de mensuração de sequelas do abuso sexual em crianças e adolescentes

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EVIDENCE OF A VALID MEASUREMENT INSTRUMENT OF SEXUAL

ABUSE SEQUEL IN TEENS

Evidências de validade de um instrumento de mensuração de sequelas do abuso sexual em

crianças e adolescentes Evidencia de validez de un instrumento de mesuration de secuelas el abuso sexual en niños y adolescentes

ABSTRACT

Objective: The study aims to evaluate the evidences of validity of a measurement instrument of sexual abuse sequelae. Methodology: Quantitative methodology, with the participation of 60 children and adolescents, deriving from cities of the State of Maranhão, aged between 8 to 16 years, were applied to scale Baptista Children and Youth Depression (EBADEP-IJ), Perceived Social Support Scale (EPSUS-IJ) and Traumatic Reactions to Stressors Scale Events (Ertes), for the measurement of the consequences of sexual abuse, being related ERTES with the other instruments. Results: The traumatic reactions between men and women point out the existence of a significant difference, where to present mean of 118.25 and 99.48, respectively. Moreover, children and adolescent victims of sexual abuse, they have a higher prevalence of depressive symptoms (p= 0,611), followed by the loneliness (p=0,358), hopeless (p=297), and lastly the self-esteem (p=-0,362), latter being the on that obtained the highest correlation with traumatic reactions. Conclusion: Ahead of the facts it is observed that the instrument is valid presenting good internal consistency, a precise manner to the traumatic reactions in the variables of depressive symptoms, loneliness and self-esteem. It is about an effective instrument in the evaluation and identification of the sequelae of sexual abuse.

RESUMO

Objetivos: O estudo tem por objetivo avaliar as evidencias de validade de um instrumento de mensuração de sequelas do abuso sexual. Metodologia: Metodologia quantitativa, com a participação de 60 crianças e adolescentes, provenientes de cidades do Estado do Maranhão, com idades entre 8 e 16 anos, foram aplicados a Escala Baptista de Depressão Infanto-Juvenil (EBADEP-IJ), Escala de Percepção de Suporte Social (EPSUS-IJ) e Escala de Reações Traumáticas a Eventos Estressores (ERTES), para a mensuração das sequelas do abuso sexual, sendo o ERTES correlacionado com os demais instrumentos. Resultados: As reações traumáticas entre homens e mulheres apontam a existência de uma diferença significativa, onde apresentam médias de 118,25 e 99,48 respectivamente. Além disso, as crianças e adolescentes vítimas do abuso sexual apresentaram uma maior prevalência de sintomas depressivos (p= 0,611), seguidos de solidão (p=0,358), desesperança (p=297), e por fim a autoestima (p=-0,362) sendo essa última a que obteve a menor correlação com as reações traumáticas. Conclusão: Diante dos fatos observa-se que o instrumento é valido apresentando boa consistência interna, forma precisa para as reações traumáticas nas variáveis de sintomas depressivos, solidão e autoestima. Trata se de um instrumento eficaz na avaliação e identificação das sequelas do abuso sexual.

RESUMÉN

Objetivos: El estudio tiene el objetivo evaluar las evidencia de validez de un instrumento de mensuration de secuelas el abuso sexual en niños y adolescentes. Metodología: Metodologia cuantitativo, con la participación de 60 niños y adolescentes, de las cuidades de Maranhão con edades entre 8 y 16 años, fueron aplicadas la Escala Baptista de Depresión Infanto-Juvenil (EBADEP-IJ), Escala de Percepición de Soporte Sociales (EPSUS-IJ) e Escala de Reacciones Traumático la Eventos Factores de Estrés (ERTES), para la mensuration de las secuelas el abuso sexual, siendo el ERTES correlacionados con los demás instrumentos. Resultados: Reacciones traumáticas entre hombres y mujeres apuntan a la existencia de una diferencia significativa, que han promediado 118.25 y 99.48, respectivamente. Además, los niños y adolescentes víctimas de abuso sexual tenían una mayor prevalencia de síntomas depresivos (p = 0,611), seguido por la soledad (p = 0,358), la desesperanza (p = 297), y finalmente la autoestima (p = -0,362 ) siendo esta última la que tiene la correlación más baja con las reacciones traumáticas. Conclusión: En vista de los hechos observó que el instrumento es válido presentar una buena consistencia interna, precisamente para las reacciones traumáticas en las variables de síntomas depresivos, la soledad y la autoestima. Es un instrumento eficaz en la evaluación e identificación de las secuelas del abuso sexual.

Antonia Amanda Cortez do Nascimento¹ Francisca Tatiana Dourado Gonçalves² Tayane da Silva¹

Descriptors Sexual Abuse. Traumatic reactions. sequels. Psychometric instruments. Descritores Abuso Sexual.Reações Traumáticas. Sequelas.Instrumentos Psicométricos. Descriptores Abuso Sexual. Reacciones Traumáticas. Secuelas. Instrumentos psicométricos.

Sources of funding: No Conflict of interest: No

Date of first submission: 2016-04-12 Accepted: 2016-11-19

Publishing: 2016-12-27

Corresponding Address Antonia Amanda Cortez do Nascimento

Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão, Caxias. Endereço: Rua Aarão Reis, 1000. Centro. Bairro Centro, CEP: 65600- 000. Telefone: + 55 (99) 98806 5791 E-mail:

amanda.cortez_@hotmail.com

1 Acadêmicas de Enfermagem na Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão - FACEMA. Caxias –

MA. Brasil. Email: amanda.cortez_@hotmail.com; tatyanadourado@yahoo.com.br.

2 Psicóloga. Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Luterana do Brasil; Especialista em

Psicologia do Trânsito; Professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão – FACEMA. Email: tatyanadourado@yahoo.com.br.

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INTRODUÇÃO

O abuso sexual infantil pode ser definido como qualquer interação entre uma criança ou adolescente e alguém em estágio sexual de desenvolvimento mais adiantado, tendo por fim a satisfação sexual deste último (1).

Tais interações são impostas as vítimas fazendo-se o uso de força física, coerção, ameaça ou indução de sua vontade, produzindo, desta forma, na vida da vítima efeitos deletérios e negativos que se prolongam ao longo do tempo.

Dividindo-se em duas categorias, o abuso ou exploração sexual, pode ser: intrafamiliar, no qual o abusador encontra-se dentro do ciclo familiar a vítima, podendo ser os pais, responsáveis ou conhecidos, neste caso as consequências são ainda maiores, ou então, o abuso extrafamiliar, se caracteriza por aquele no qual o abusador encontra-se fora do ciclo familiar da vítima, ou seja, é um desconhecido que de alguma forma ganhou a amizade e a confiança da vítima, este tipo de abusador, geralmente realiza ameaças à criança ou adolescente.

Em estudos recentes, foram encontrados a prevalência global de 11,8% de abuso sexual infantil, sabe-se que apesar da violência sexual ser perpetrada tanto em crianças e adolescentes do sexo feminino quanto masculino, as meninas encontram-se entre as principais vítimas de abuso sexual infanto-juvenil.

Segundo os estudos epidemiológicos da Organização Mundial da Saúde e de várias meta-análises coincidiram em índices de 18% entre o sexo feminino e 7,8% entre o sexo masculino (2).

No Brasil, de acordo com indicadores nacionais do Sistema de vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) do Ministério da Saúde, entre os anos de 2009 e 2010, a violência sexual foi a segunda maior causa de complicações físicas e emocionais à saúde de crianças de 0-9 anos (35,6%) e de adolescentes de 10-19 anos de idade (30,4%).

Os indicadores apresentados acerca da violência sexual também sinalizam que o Brasil é o primeiro país no mundo no ranking de exploração sexual de crianças e adolescentes, de modo que entre os Estados brasileiros, o Maranhão ocupa a 5ª posição, como se constata no

Já a respeito da existência e uso de instrumentos psicométricos, observa-se que no cenário brasileiro não existe nenhum para o uso na prática profissional que seja específico e com experiências válidas para a mensuração dos principais sinais do abuso sexual.

Além disso, o Inventário de Frases no Diagnóstico de Violência contra Crianças e Adolescentes (IFDV), comercializados para rastreio dos sinais da violência doméstica, mostra-se como o único inventário de autor relato capaz de abranger uma série de violência no contexto doméstico (maus-tratos físicos, negligência, violência psicológica e abuso sexual). No entanto, este inventário, não é específico para as vítimas de abuso sexual, principalmente se o perpetrador for extrafamiliar, pelo fato de que, o seu uso é generalizado para quaisquer tipos de maus-tratos. A prática de abuso sexual contra crianças e adolescente é um fenômeno universal, que está presente em toda história sujeito, independentemente da classe social, grupo étnico ou religioso, a causar dor e sofrimento em suas vítimas, desequilibrando o

desenvolvimento normal da personalidade,

comprometendo as funções do ego em nível afetivo, comportamental e nas inter-relações.

De acordo com a literatura, as vítimas de abuso ou exploração sexual podem apresentar efeitos mínimos ou nenhum efeito, enquanto outras tendem a desenvolver e apresentar uma série de sequelas, que podem ser físicas, emocionais, cognitivas e sociais, estas podem apresentar-se na vítima a curto ou em longo prazo, pois tudo depende dos recursos psíquicos e sociais próprios de cada indivíduo.

Algumas formas de abuso não causam injúrias físicas; nessas circunstâncias, não é esperado que se detecte qualquer evidência dessa natureza. O abuso sexual não é tão somente um diagnóstico. Ele é um acontecimento ou uma série de acontecimentos que ocorrem dentro de um relacionamento no qual a criança está ou é envolvida. No entanto, as consequências físicas ou psicológicas podem ser “diagnosticadas” e consideradas consistentes com abuso sexual. Nessas circunstâncias, algumas vezes, é preciso determinar a possibilidade de que ocorreu o

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Face ao exposto, o presente estudo tem como finalidade a análise das evidências de validade para um instrumento, já construído e com evidências de validade de conteúdo, destinado a mensurar e avaliar as demandas peculiares ao abuso sexual e que possa ser utilizado na prática profissional.

Isso irá subsidiar a avaliação de indicadores de alterações e distorções do modo de perceber o mundo, assim como de expressão afetiva, que se encontram alteradas nas principais áreas e demandas de vida das vítimas de abuso sexual.

METODOLOGIA

Tratou-se de uma pesquisa de metodologia quantitativa, de desenvolvimento tecnológico de instrumento de mensuração, com aporte estatístico-inferencial.

Desse modo, o projeto destinou-se ao desenvolvimento de medida psicométrica destinada a avaliar amostra de crianças e adolescentes vitimizados por abuso e exploração sexuais.

Os dados obtidos através da coleta de dados foram analisados através de estatística descritiva e inferencial, com discussão referenciada na literatura especializada. Os participantes da pesquisa foram vítimas de abuso e exploração sexuais, entre 8 e 16 anos de idade que residem no Estado do Maranhão.

Para o cálculo amostral do presente projeto de pesquisa, considerou-se a população de vítimas de violência sexual apresentados no Relatório Viva (3), com idade entre 10 e 19 anos, e admitiu-se taxa de erro amostral de 5%, com intervalo de confiança de 95% (5).

Os resultados encontrados foram à estimativa de 120 sujeitos, porém devido à dificuldade na autorização dos responsáveis na aplicação do questionário com as vítimas, aplicou-se somente 60 questionários, correspondendo a 50% da estimativa inicial.

A alocação dos sujeitos foi realizada mediante obtenção de autorização institucional que trabalha no combate do abuso sexual e violência sexual de crianças e adolescentes, com posterior abordagem individual e coletiva dos representantes legais das crianças e adolescentes vitimizado.

Os instrumentos de coleta dos dados foram um instrumento de mensuração de sequelas geradas pelo abuso sexual, que geram alterações na forma como se percebe o mundo e as relações interpessoais, assim como se modulam emocionalmente estes níveis de interações.

Estes itens são representativos de crenças e emoções associados à experiência do abuso sexual, que são mediadores de trauma, segundo formulações teóricas propostas pelo Modelo das Dinâmicas Traumatogênicas (MDT), proposto Finkelhor e Browne, (1985).

O instrumento já está construído e atualmente possui evidências de validade de conteúdo, tendo o mesmo sido adaptado e traduzido para o inglês, por nativo falante bilíngue.

Os demais instrumentos utilizados, aplicados na amostra de crianças e adolescentes, para as evidências de validade com base em variáveis externas foram: Escala Baptista de Depressão Infanto-Juvenil (EBADEP-IJ), para sintomatologia depressiva em crianças e adolescentes (8 a 18 anos); Escala de Percepção de Suporte Social (EPSUS-IJ), mensura percepção do suporte recebido pelo contexto social.

Os instrumentos aplicados nos cuidadores ou familiares foram: Questionário sociodemográfico; Questionário de características do abuso sexual: consiste em um questionário, para cuidadores familiares de vítimas de abuso sexual, construído para este respectivo projeto com a finalidade de realizar o levantamento das informações relacionadas ao número de episódios de abuso, características do agressor, uso de força física, idade de início do abuso sexual.

Os procedimentos de análise dos dados ocorreram através de técnicas estatísticas, de natureza descritiva, como percentual, média, desvio-padrão, e inferencial, como coeficiente de teste t de Student, correlação de Pearson, análise de regressão, ANOVA, para a comparação de média entre grupos.

Os dados serão analisados por meio do pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0 (IBM, Armonk, Nova York, Estados Unidos).

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RESULTADOS

Na tabela 1, estão expressos os dados demográficos referentes aos responsáveis pelas crianças e adolescentes vítimas de violência sexual,

seu grau de parentesco com a vítima, bem como local onde reside, idade, profissão e seu nível de escolaridade.

Tabela 1. Dados demográficos dos responsáveis.

Local N % Gênero N % Vínculo N %

Caxias Codó Coelho Neto Timbiras 15 13 28 4 25 21,6 46,7 6,7 Masculino Feminino 14 46 77 23 Pai Mãe Padrasto/Madrasta Avô/Avó Tio/Tia Outros 18 33 3 5 0 1 30 55 5 8,3 0 1,7

Idade (anos) N % Profissão N % Escolaridade N %

26 a 40 41 a 55 56 a 65 29 22 9 48,3 36,7 15 Lavrador (a) Servidor Público Professor (a) Autônomo Doméstica Enfermeiro (a) Policial Militar Func. Público Outros 12 8 6 6 4 4 2 2 16 20 13,3 10 10 6,7 6,7 3,3 3,3 26,7

Sem escolarização formal Fundamental Incompleto Fundamental Completo Ens. Médio Incompleto Ens. Médio Completo Ens. Superior Incompleto Ens. Superior Completo Pós – Graduação 16 13 0 2 3 1 18 7 26,7 21,7 0 3,3 5 1,7 30 11,6

Fonte: Pesquisa direta.

Tabela 2. Dados demográficos das vítimas.

Gênero N % Idade N % Masculino Feminino 25 35 41,7 58,3 8 a 10 anos 11 a 13 anos 14 a 16 anos 12 14 34 20 23,3 56,7

Escolaridade N % Repetições de Séries Escolares N %

2º ano/1ª Série 3º ano/2ª Série 4º ano/3ª Série 5º ano/4ª Série 6º ano/5ª Série 7º ano/6ª Série 8º ano/7ª Série 9º ano/8ª Série Ens. Médio Educação Especial 2 7 1 9 6 6 6 1 19 3 3,3 11,7 1,7 15 10 10 10 1,7 31,6 5 Nunca De 1 a 2 vezes De 3 a 4 vezes Acima de 5 vezes 35 24 1 0 58,3 40 1,7 0

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O questionário sócio demográfico aplicado com os responsáveis pelas vítimas, indica uma prevalência do sexo feminino com 77%, sendo que, apenas 23% do sexo masculino é o responsável legal pela criança ou adolescente vítima de violência sexual, dessa forma, pode-se verificar que as mães com taxas de 55% ficam com a guarda, seguidos pelo pai (30%), avô e avó (8,3%), madrasta e padrasto (5%) e outros (1,7%).

Além disso, observa-se que a idade prevalente é entre 26 e 40 anos (48,3%), seguidos de 41 a 55 anos (36,7%) e 56 a 65 anos (15%), outro fator importante a ser observado é a prevalência na escolaridade dos indivíduos grande parte deles possuem ensino superior completo (30%), ou seja, são pessoas com um alto grau de informação intelectual, exercendo profissões variadas (26,7%).

A tabela 2 demonstra os dados sócio demográficos referentes ao gênero, faixa etária, grau de escolaridade e se houve ou não repetições escolares das crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual.

Observa-se que 58,3% dos entrevistados correspondem ao sexo feminino, enquanto que 41,7% são do sexo masculino.

Para a análise da frequência da idade organizou-se a categoria por intervalos em anos, assim pôde-organizou-se verificar que o intervalo de idade que apresenta maior prevalência na ocorrência do abuso sexual e de 14 a 16 anos (56,7%), sucedido por 11 a 13 anos (23,3%) e 8 a 10 nos (20%), em relação ao grau de escolaridade grande maioria está no ensino médio (31,6%), seguido pelo 3º ano/2ª série (11,7%), nota-se também que, poucos entrevistados nunca repetiram de série (58,3%).

Quanto ao instrumento a ser validado (tabela 3) verificou-se que reações traumáticas entre homens e mulheres, apresentam uma diferença bastante significativa, onde as mulheres possuem média de 118,25; e desvio padrão de 26,24 enquanto que nos homens obteve-se média de 99,48; e o desvio padrão de 21,98.

É importante ressaltar que a pontuação total da ERTES varia de 0 a 240 pontos. A diferença de pontuação com relação ao sexo foi obtida por meio do teste t de Student, considerando p<0,05.

Tabela 3. Gênero das vítimas e instrumento para validação (ERTES).

Instrumentos (C) SEXO N Média Desvio - Padrão Média de Desvio de Erro

ERTES Masculino 25 99,4800 21,98128 4,39626

Feminino 35 118,2571 26,24247 4,43579

Fonte: Pesquisa direta.

Ainda na análise de instrumentos psicométricos, na tabela 4 encontram-se os resultados dos instrumentos já validados que serviram para a correlação dos resultados do instrumento a ser validado colaborando para a comprovação de sua eficácia e fidedignidade.

Os instrumentos expressos na tabela são: Escala batista de Depressão Infanto-Juvenil (EBADE-IJ) para a sintomatologia depressiva apresentando média de 40,5 e 38,6 para homens e mulheres respectivamente; Escala de Percepção de Suporte Social (EPSUS) mensura a percepção do suporte recebido pelo contexto social com média de 30 para o sexo masculino e 43,3 para o sexo

feminino; Child Post-Traumatic Cognitions Inventory (CPTCI) com média correspondente a 29 para o sexo masculino e 22,1 para o sexo feminino.

Além dos instrumentos citados acima, temos a Bateria de Avaliação de Descritores de Depressão Infanto-Juvenil (BADD-IJ), que corresponde a um conjunto de frases que avaliam as sequelas em homens (H) e mulheres (M), depressão (H=9; M=13,8), solidão (H=5; M=7,4); desamparo (H=8,9; M=12,9), autoestima (H=26,3; M=23,9), autoconceito (H=24,3; M=21,8), desesperança (H=12,8; M=14,1) e por fim a auto eficácia (H=23; M=17,6).

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Tabela 4. Gênero das Vítimas e instrumentos validados.

Instrumentos (C) SEXO N Média Desvio-

Padrão

Média de Desvio de Erro

EBADEP-IJ Masculino 2 40,5000 16,26346 11,50000 Feminino 6 38,6667 6,28225 2,56472 EPSUS Masculino 2 30,0000 18,38478 13,00000 Feminino 6 43,3333 12,54857 5,12293 CPTCI Masculino 2 29,0000 16,97056 12,00000 Feminino 6 22,1667 9,49561 3,87657 BAID_DEPRESSAO Masculino 23 9,0435 5,31275 1,10778 Feminino 29 13,8966 5,14327 ,95508 BAID_SOLIDAO Masculino 23 5,0000 3,14787 ,65638 Feminino 29 7,4483 3,96940 ,73710 BAID_DESAMPARO Masculino 23 8,9565 6,42069 1,33881 Feminino 29 12,9310 5,64378 1,04802 BAID_AUTOESTIMA Masculino 23 26,3913 4,29311 ,89518 Feminino 29 23,9655 6,31598 1,17285 BAID_AUTOCONCEITO Masculino 23 24,3478 4,04080 ,84257 Feminino 29 21,8966 5,66534 1,05203 BAID_DESESPERANÇA Masculino 23 12,8261 3,73743 ,77931 Feminino 29 14,1379 3,25932 ,60524 BAID_AUTOEFICÁCIA Masculino 23 23,0000 4,43129 ,92399 Feminino 29 17,6207 6,17838 1,14730

Fonte: Pesquisa direta.

Na tabela 5, está expresso a correlação entre as variáveis e as reações traumáticas, através do coeficiente de Pearson e seu nível de significância, onde verifica-se uma maior correlação entre a variável dos sintomas de depressão seguidos dos de solidão, desesperança e autoestima. Desta forma, observa-se que as reações traumáticas têm correlação direta e bastante forte com os sintomas de depressão, já com os sintomas

de solidão tem correlação também direta, porém, moderada, em relação a desesperança as reações traumáticas têm correlação direta e baixa, já na autoestima diferentemente das outras tem correlação inversa e moderada com as reações traumáticas. Além disso, apresentou índice de consistência interna, também chamado de fidedignidade, pelo método de Alfa de Cronbach=0,727, caracterizando-se como um valor bom.

Tabela 5. Variáveis e Reações Traumáticas (ERTES).

Variáveis

Reações Traumáticas (ERTES)

Coeficiente de Pearson Nível de significância

Sintomas depressivos 0,611 p<0,000

Solidão 0,358 p<0,009

Autoestima -0,362 p<0,008

Desesperança 0,297 p<0,033

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DISCUSSÃO

O presente estudo contribuiu para o conhecimento da realidade de uma amostra significativa de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual infantil. Apesar de existir um grande número de estudos sobre atemática abordada, infelizmente ainda é grande o número de crianças vítimas de tal ato, e os avanços para essa realidade ainda são poucos. Com isso este estudo foi realizado com o intuito de validação de um instrumento para a identificação das reações traumáticas decorrentes do abuso sexual.

O impacto da violência sexual na vida das vítimas tem sido extensamente explorado e relatado em diversas literaturas. É quase unanimidade entre os

autores que a violência sexual aumenta

significativamente o risco das vítimas desenvolver distúrbios mentais. Os resultados obtidos pelo a aplicação do instrumento, apontam que há uma maior prevalência de vítimas do sexo feminino, corroborando o resultado com os de outros estudos (6), verificou-se que as meninas são mais vulneráveis quando comparadas aos meninos, tal estereótipos estão associados a masculinidade, os meninos geralmente possuem uma maior dificuldade em revelar os detalhes sobre a experiência sofrida. Contudo, é possível que porcentagem de notificações em relação aos meninos não seja fidedigna.

Segundo estudos (7), cerca de 42,6% de crianças e adolescentes vítimas de abuso, apresentam faixa etária entre 12 e 18 anos, coincidindo com os resultados obtidos, onde a grande maioria dos entrevistados, cerca de 56,7% estão entre essa idade, porém esta faixa etária de ocorrência do abuso, não representa necessariamente

uma especificidade marcante em termos de danos ou sequelas, mas deve ser considerada como uma estimativa de um dos fatores de risco para o abuso sexual.

A família tem sido repetidamente apontada como o contexto mais íntimo de proteção ao ser humano, oferecendo relações constantes e estáveis de reciprocidade, coesão e hierarquia de poder saudável, com base nisso, os resultados do questionário sócio demográfico do presente estudo apontam que grande parte das vítimas tem como responsável pessoas do sexo feminino, com maior incidência as mães, estas são as que mais sofrem em relação ao acontecimento(8).

Quanto as sequelas mensuradas pelo ERTES, observou-se que, assim como em outras literaturas (6-9) são mais comuns os sintomas de depressão, seguidos de solidão, desesperança e autoestima. Adicionalmente, um estudo de metanálise (10) dos efeitos do abuso sexual infantil revelou que as crianças abusadas sexualmente tem um risco aumentado de 21% para depressão.

Diante do exposto no item resultados, observou-se que as reações traumáticas mensuradas pelo instrumento, tem uma diferença bastante significativa entre pessoas do sexo masculino e feminino. Após a alta prevalência dos sintomas depressivos, tanto no estudo, quanto nas literaturas utilizadas para certificar a validação do instrumento, observou-se que é um dos principais e de maior acometimento nas vítimas, identificou-se ainda uma relação moderada e direta dos sintomas de solidão com as reações traumáticas, na frente apenas dos sintomas de desesperança que possuem relação baixa e direta, e autoestima com relação inversa, porém direta com as reações traumáticas mensuradas.

CONCLUSÃO

Consideramos o instrumento válido para a realidade brasileira e preciso, pois, apresentou boa consistência interna e de forma precisa para reações traumáticas nas variáveis dos sintomas depressivos, solidão e autoestima. Trata-se de um instrumento eficaz na avaliação das sequelas em crianças vítimas do abuso sexual, identificando com maior precisão suas sequelas e severidade das sequelas, que auxilia nas mais diversas

áreas de aplicação no campo das ciências psicológicas, psicométricas, neurológicas, cognitivas e sociais. Além disso, demonstrou ser um teste eficaz, fidedigno e de fácil aplicação, facilitando a aplicabilidade na prática clínica.

No que se refere o coeficiente para as variáveis de desesperança os resultados não foram significativos indicando uma correlação abaixo da média. No entanto ainda são necessários estudos de validação no que se refere as variáveis de desesperança, para que amplie-se a bagagem de fundamentos e dos resultados, para que se

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possa estabelecer conclusões definitivas acerca do um instrumento.

A obtenção de evidências de validade de um constructo é um processo inacabado por definição, em contínua revisão e que deve ser sensível à evolução do construto em estudo. Nesse sentido, embora o presente estudo tenha alcançado o objetivo proposto de obtenção de evidências de validade de conteúdo e de construto do instrumento ERTES para o contexto brasileiro, são ainda necessárias pesquisas posteriores para sua validação.

REFERÊNCIAS

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Referências

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