Economia da Saúde
Prof. Giácomo Balbinotto Neto
IATS/UFRGS
2
Prof. Giácomo Balbinotto Neto (PPGE/UFRGS)
Declaração de Conflitos
de Interesses
Professor de Economia da Saúde da UFRGS e Pesquisador do IATS/UFRGS.
Nenhum conflito de interesses com a Indústria Farmacêutica Internacional ou Indústria de Equipamentos Médicos ou Plano de Saúde ou outra empresa prestadora de serviços na área de saúde
Participa projetos de pesquisa na área de economia da saúde, farmacoeconomia e avaliação de tecnologias em saúde (ATS) no Instituto de Avaliação de Tecnologias em Saúde da UFRGS (IATS) e PPGE/UFRGS. Membro do Conselho Consultivo do BRATS e da BVS-Ecos/MS. Membro do Conselho Editorial do Brazilian Journal of Health Economics. Revisor Técnico de livros na área de economia da saúde e farmacoeconomia.
3
Economia da Saúde
Economia da Saúde é o campo de conhecimento
voltado para o desenvolvimento e uso de ferramentas de economia na análise, formulação e implementação das políticas de saúde. Envolve a análise e o desenvolvimento de metodologias relacionadas ao financiamento do sistema, a mecanismos de alocação de recursos, à apuração de custos, à avaliação tecnológica, etc. Busca o aumento da eficiência no uso dos recursos públicos e a eqüidade na distribuição dos benefícios de saúde por ele propiciados.
[cf. MS, Brasil]
4
Economia
Economia da saúde
A Relevância da
Economia da Saúde
A saúde é uma importante parte do capital humano.
Tal como um ativo: ele se acumula e se deprecia.
Os indivíduos ou famílias podem melhorar sua saúde através dos cuidados médicos, dieta etc.
A Relevância da
Economia da Saúde
O estudo da economia da saúde é importante interessante por três razões:
(i) pelas dimensões da contribuição do setor saúde para o total da economia;
(ii) pelas preocupações com as políticas nacionais;
(iii) pelo número de problemas da saúde dotados de um elemento econômico substancial.
Origem da
Economia da Saúde
Emergiu como uma subdisciplina da economia no início da década de 1960 com a publicação de 2 importantes artigos:
(i) Kenneth Arrow (1963) “Uncertainty and Welfare Economics of Medical Care” The American Economic Review.
(ii) Mark Pauly (1968) “The Economics of Moral Hazard: Comment” The American Economic Review.
A Abrangência da
Economia da Saúde
A. Significado, medição e avaliação em saúde
B. Influências sobre a saúde e a demand a por saúde
G. Planejamento, orçamento, monitoração e regulação H. Avaliação de todo o sistema C. Demanda por cuidados médicos D. Oferta de Cuidados Médicos F. Avaliação
Econômica E. Equilíbrio de mercado
Adapted from: Williams, A. “Health economics: the cheerful face of the dismal science?” In Health and Economics, A. Williams, Macmillan, London, 1987.
9
Os Aspectos
Econômicos em Saúde
Os aspectos econômicos associados à medicina eram secundários à preocupação do médico, que tinha como principal objetivo o cuidado e o bem-estar do paciente.
A preocupação com a saúde e os benefícios das terapêuticas continua sendo o foco, mas desconhecer os custos envolvidos e ignorar a importância da gestão dos recursos disponíveis é algo incompatível com a realidade atual.
Daltio, Mari, Ferraz (2007) - Revista de Psiquiatria Clínica, 34 (2)
10
A Natureza da Saúde
- Demanda é irregular;
- Transações são caracterizadas por problemas de assimetria de informação (seleção adversa, risco moral, relação agente-principal);
- Prevalência de ampla incerteza (Arrow, 1963);
11
A Natureza da Saúde
- a saúde não é um bem transferível de um indivíduo para o outro.
- existem significativas externalidades na produção e consumo de saúde, por exemplo - vacinação;
- o seguro emergiu com uma importante fonte pagadora;
12
Economia da Saúde
Fundamentos
Escassez
Não há e nunca haverá recursos
suficientes para satisfazer todas as
necessidades e o querer do ser humano.
Exemplo Clássico: Área da saúde !!!
13
Economia da Saúde
Fundamentos
Recursos Escassos e Finitos
Processo de Escolha:
O que fazer ?
O que deixar de fazer?
14
Custo de Oportunidade
Uma ideia fundamental em economia é que nada é de graça.
Isto implica que, para se obter algo temos que abrir mão de outra coisa, como tempo e recursos.
Quais os custos de oportunidade dos recursos?
NECESSIDADES ILIMITADAS
RECURSOS FINITOS
IMPORTÂNCIA DE OBTER A MÁXIMA EFICIÊNCIA NO USO DOS RECURSOS MATERIAIS, HUMANOS E FINANCEIROS
CUSTOS CRESCENTES
Contexto de Saúde
16
Necessidade da
Economia da Saúde
Pessoas necessitam tomar decisões no
cuidado da saúde e querem saber o valor
dessas decisões.
Decisões Ruins são Custosas
Gastos Totais em Saúde em % sobre o PIB
Fonte: World Health Statisitcs, 2014
Pais 2000 2011 Argentina 7,9 9,2 Brasil 7,2 8,9 Chile 7,7 7,1 África do Sul 8,3 8,7 Índia 4,3 3,9 Rússia 5,4 6,1 Alemanha 10,4 11,3 França 10,1 11,6 Estados Unidos 13,3 17,7
Avaliação Econômica
em Saúde
Avaliação Econômica
O que se pode avaliar em saúde:(i) um tratamento cirúrgico;
(ii) um tratamento farmacológico; (iii) uma estratégia terapêutica;
(iv) o lugar mais adequado para ministrar um tratamento (administração hospitalar ou domiciliar);
Por que Avaliar?
A justificativa fundamental da avaliação econômica é que os recursos são limitados em relação aos seus benefícios potenciais.
Assim, se deseja maximizar o bem-estar social, é necessário ter-se em conta todos os efeitos que daquelas decisões que afetam direta ou indiretamente a alocação de recursos.
Definição de Avaliação
Econômica em Saúde
A avaliação econômica em saúde consiste na análise comparativa de alternativos cursos de ação tanto em termos de seus custos com das consequências em termos de saúde.
Avaliação farmacoeconômica =
22
?
O Plano de Custo
Efetividade
Custo Efeito Alto Melhor?
Rejeita o tratamento A Adota o tratamento A A Efeito Piora Custo Custo$
Intervenção é menos efetiva e mais cara
Intervenção é mais efetiva e menos cara
Diminuição em QALYS Aumento QALYS
Aumento de custos Diminuição de custos
O Plano de Custo
Efetividade
24
O Que é Farmacoeconomia?
Insumos
Custos
Cuidados de Saúde Resultados/ Desfechos (Outcomes)Os estudos farmacoeconômicos comparam os custos da adição de um produto ou serviço farmacêutico aos desfechos.
25
As Perspectivas dos Estudos Farmacoeconômicos:
Custos a Serem Incluídos nos Estudos
Exemplos de custos Paciente Médico Hospital Plano de
saúde Sociedade Custos Médicos Diretos
Tempo do médico não sim sim sim sim Outros (enfermagem, etc) sim não sim sim sim Drogas sim sim sim sim sim Instrumentos médicos (seringas,
ultrasom) não não sim sim sim Testes de Laboratório não não sim sim sim Custos Diretos não médicos
Administração não não sim sim sim Facilidades físicas (clinica) não não sim não sim Infra-estrutura
(telefones/eletricidade) não sim não sim
Custos de deslocamento do paciente sim não não não sim Cuidados temporários sim não não não sim Custos indiretos
Tempo de visita médica sim não não não sim Tempo doente e em recuperação sim não não não sim Contratação de empregada de apoio sim não não não sim
Quais são os tipos de análises econômicas?
Análise de minimização de custos (AMC) Análise de custo-benefício (ACB)
Análise de custo-efetividade (ACE) Análise de custo-utilidade (ACU)
AVALIAÇÃO
MÉTODO CUSTOS DESFECHO1 FOCO ACM R$ R$ (unidade monetária) Simplicidade e Rapidez ACB R$ R$ (unidade monetária) Eficiência Alocativa
ACE R$ Unidades Naturais
(anos de vida ganhos)
Custos para obter uma unidade de desfecho
ACU R$ Unidade Natural
(QALYs)
Custo para obter uma unidade QALY
AVALIAÇÃO
FARMACOECONÔMICA
28
Quantidade de anos de vida
1.0 0.0 Morte sem programa Death Sem programa Com programa Quality- Adjusted Life Years-Gained A B
A – corresponde a quantidade de QALYs ganhos devido a ganhos em qualidade (ganhos que o indivíduo ganha durante o temo que teria de vida. B – ganhos devido a extensão de sua vida (anos adicionais)
Modelos Econômicos
em Saúde
Definição de Modelo
No contexto da avaliação econômica das intervenções médicas, um modelo é qualquer estrutura matemática que representa a saúde e os resultados econômicos dos pacientes ou da população sob cenários alternativos.
[cf. Kuntz & Wenstein (2004, p.142)]
Análise de Decisão em Saúde:
Árvore de Decisão
O Que é uma Decisão
em Saúde?
A análise de decisão em saúde é a
formalização do processo de tomada
de decisão médica (
medical
Análise de Decisão em Saúde:
Árvore de Decisão
34
Exemplo simplificado de modelo de análise de decisão para comparar 2 estratégias terapêuticas.
MORTO Decisão Estratégica Terapêutica 1 (0,25) Estratégica Terapêutica 2 MORTO
VIVO SEM MORBIDADE
VIVO SEM MORBIDADE VIVO COM MORBIDADE
VIVO COM MORBIDADE
0 1 0 1 0,5 0,7 (0,25) (0,50 ) (0,25) (0,50) (0,25)
Árvore de Decisão Simples
Utilidade
35
VALOR ESPERADO DA ESTRATÉGIA 1 = 0,625 [(0,25 x 0) + (0,50 x 1) + (0,25 x 0,50)]
VALOR ESPERADO DA ESTRATÉGIA 2 = 0,55
[(0,25 x 0) + (0,25 x 1) + (0,50 x 0,70)]
A estratégia com maior valor esperado será a mais desejável.
Modelos de Markov
Aplicados a Economia da Saúde
O Uso dos Modelos
de Markov
Os modelos markovianos são particularmente úteis para doenças nas quais os eventos podem ocorrer repetidamente ao longo do tempo, tais como para pacientes com câncer recorrente (câncer de mama) ou a progressão doenças crônicas (esclerose múltipla).
38
Diagrama do Estado de Transição
Saúdavel
39
O Uso dos Modelos de Markov 39 WELL Uncompli cated malaria (S) Uncompli cated malaria (R) Severe malaria DEAD
Problemas de
Assimetria de Informação
41
Problemas de
Assimetria de Informação
Seleção adversa Sinalização Screening Moral Hazard Contratos Incentivos Contrato Pré-contratual Pós-contratualTeoria da Agência
Aplicada à Saúde
Uma relação de agência ocorre quando um principal (por exemplo, um paciente) delega autoridade decisória a uma outra parte, um agente (por exemplo, um médico).
Na relação médico-paciente o paciente (principal) delega autoridade ao médico (agente), que em muitos casos, é também o prestador de serviços recomendado.
43
Teoria do Agente-Principal e
as Relações Médico-Paciente
PRINCIPAL AGENTE
DESEMPENHO, SISTEMAS INCENTIVOS;
SISTEMA DE PAGAMENTOS; DIREITOS DE DECISÃO
Paciente Médico particular Paciente Médico hospitalista
Teoria da Agência
Aplicada à Saúde: Exemplos
Principal Agente
Ministro da saúde x Autoridade de saúde
Administrador hospitalar x Empregados do hospital Médico x Paciente
Agência Reguladora x Empresas Farmacêuticas Médicos x Associação Médica
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: MODELO PRINCIPAL-AGENTE Principal (SUS – receptor de rim) Agente (hospitais) Mecanismos de incentivos para captação de órgãos
MODELO AGENTE-PRINCIPAL: O PROBLEMA DE RISCO MORAL
SUS (Principal) Hospital (agente) não aceita o contrato Hospital (agente) aceita o contrato Elevado número de órgãos captados Esforço alto (EA) Esforço Baixo (EB) Baixo número de órgãos captados
Figura 3 – Relação de Agência entre o SUS e os hospitais captadores de órgãos no Brasil Fonte: Elaboração dos autores (2011).
Teoria da Agência
Aplicada à Saúde: Questões
- Como renumerar os profissionais de saúde?
por tempo de consulta, por gravidade do caso, por paciente atendido.
- Quais os incentivos para produção de
medicamentos para doenças raras?
- Quais os incentivos para a captação de
48
As Perdas de Bem-Estar Devido ao Problema de Moral-Hazard no Mercado
de Saúde D1 p Cp m m A B m2 m1 m 4 m3 D2 48
Agentes da Incorporação
Agentes da Incorporação
Judiciário
Pacientes
Gestores
ANVISA
Indústria /laboratórios Planos de Saúde
Agentes da Incorporação
Judiciário Pacientes Gestores ANVISA Indústria /laboratórios Planos de Saúde Médicos e profissionais da saúdeAgentes da Incorporação
Judiciário Pacientes Gestores ANVISA Indústria /Laboratórios Planos de SaúdeMédicos e profissionais da saúde Prescreve
Pede/Usa
Paga Paga
Manda
A Teoria Econômica
da Prática Médica
Variações em
Áreas Pequenas
Os médicos diferem nos seus padrões de prática clínica. Onde um médico sugere cirurgia, outro pode preferir prescrever uma terapia baseada em medicamentos.
Assim, não é surpreendente que existam variações na prática clínica, pois muito do conhecimento médico é ambíguo e poucos serviços são absolutamente necessários, pelo que há uma larga margem de escolhas alternativa.
A ideia central aqui é que a existência de
incerteza nos tratamentos leva à falta de
consenso quanto a melhor prática clinica,
o que leva ao desenvolvimento várias
práticas.
Variações em
Áreas Pequenas
Taxa de utilização da intervenção X X P 0 CMg Cmg e BMg R1 R2 R3 BMg2 BMg* BMg1 A B Verdadeiro benefício marginal
Variações em
Áreas Pequenas
Avaliação de Programas
Novas metodologias econométricas:
RDD
Diferenças em Diferenças
Contrafactual
A Questão Populacional
Evolução da Idade Mediana da População – Brasil: 1980 - 2050
Pirâmide Etária Absoluta – Brasil: 2010
Pirâmide Etária Absoluta – Brasil: 2020
Pirâmide Etária Absoluta – Brasil: 2030
Pirâmide Etária Absoluta – Brasil: 2040
Pirâmide Etária Absoluta – Brasil: 2050
Pressões sobre os
custos em saúde
Demografia
(população que envelhece) Inovação (tecnologias em saúde) Estilo de Vida (abuso) Informações (consumidor informado) Padrão de vida
(expectativa de qualidade de vida) Efeito relativo dos preços
(Intensidade das Habilidades) Estrutura institucional
(incentivos)
Envelhecimento da população
Pesquisa e dados comprovam o aumento
da população idosa, e consequentemente,
um aumento no número de doenças
relacionadas a senilidade.
Aumento da necessidade de cuidados médicos em doenças crônicas