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Santa Marinha de Arosa

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Academic year: 2021

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Santa Marinha de Arosa

Guimarães — Inquérito paroquial de 1842

Revista de Guimarães, n.º 108, 1998, pp. 87-97

1º A freguesia de Santa Marinha de Arosa, acha-se em parte em

uma posição baixa, inclinada ao Poente Sul e Norte, porém o lugar do Monte ou Boavista fica em uma mediana altura pouco elevada distante da vila de Guimarães duas léguas e da cidade de Braga três. Descobre-se, da colina do Monte da Boavista desta freguesia, a Serra de Menouco, situada entre a freguesia de S. Miguel do Monte, Vila Boa da Roda na distância de uma légua. A Serra da Cabreira próxima à freguesia de Santa Maria dos Anjos e Salamonde na distância de três léguas. Os montados e parte das freguesias de S. Bartolomeu da Esperança e parte das freguesias e seus montados de S. João Baptista de Castelões, Santa Cristina de Agrela e São Julião de Sarafão isto tudo para o lado do Nascente, e para o lado do Norte desta mesma colina se descobre a freguesia e seus montados de Santo Estêvão de Brunhais na distância de meia légua, a Serra da Passareira ou Senhora da Lapa nas proximidades de Santo Adrião de Soutelo e isso na distância de uma légua. O alto Penhasco de S. Mamede, a que também chamam Penafiel, nas proximidades da freguesia de Santo André de Frades na distância de légua e meia, o alto da Senhora do Pilar e o antigo Castelo de Lanhoso, entre as freguesias de Santo Estêvão de Gerás e Lanhoso, na distância de légua e meia. A Serra do Carvalho deste e seus penhascos onde foram postadas as peças volantes de artilharia, no tempo que os franceses invadiram a cidade de Braga entre as freguesias de Santa Maria de Pedralva Sobreposta e S.

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© Sociedade Martins Sarmento | Casa de Sarmento 2 Martinho de Ferreiros de Gerás na distância de duas léguas. E para o lado do Poente mais se descobre as Serras de S. Martinho de Espinho, Santa Marta, nas proximidades da Falperra e a de Santa Cristina de Longos na distância de três léguas. A antiga cidade de Citânia que hoje apenas naquele sítio se não encontram mais do que só vestígios de suas ruínas, na distância de légua e meia. Os montados e parte das freguesias de S. Miguel de Vilela, São Salvador de Donim, São Martinho de Campo, Santo Estêvão de Briteiros e Cláudio de Barco na distância de duas léguas. E para a parte do Sul mais se descobre a Serra de S. Simão e Bandeira entre as freguesias de S. Martinho de Gondomar, Santa Maria de Souto, S. Miguel de Gonça na distância de uma pequena légua. A Serra da Nossa Senhora do Monte entre as freguesias de S. Cosme Damião de Garfe, S. Pedro de Freitas na distância de três quartos de légua. A colina e capela de Santa Marinha de Outeiro Alto nas proximidades de S. Pedro de Freitas (e Santo Adrião, digo, de Freitas) e S. Romão de Rendufe na distância de uma légua. O lugar de Requeixo na freguesia de S. Tomé de Travassos fica esta freguesia de Arosa fica ao Norte da vila de Guimarães e ao Nascente da cidade de Braga.

2º O clima desta é sadio e de bom temperamento, os frios e

calores regulares conforme as diferentes estações; trovoadas pouco demoradas, e os meses que elas mais grassam é em Maio, Junho, Julho (sic) e Outubro vindo do Norte causam algum dano aos frutos por causa das descargas de pedra que de ordinário trazem, e cortam os princípios das produções, porém as do Sul não deixam de fazer bem às produções por serem mais quentes. As neves são orvalhosas, ou de geada, quando mais grassam é no mês de Janeiro e Fevereiro não fazem mais dano do que aos mantimentos dos gados porém continuando na Primavera fazem dano aos renovos temporões, e ao vinho.

3º Tem pouco mais ou menos esta freguesia um quarto de légua

de comprido, dez acres, que se acha em o penedo do pé da porta do moinho do Herdeiro ao pé de valedo que divide os montes desta freguesia dos de Castelões até o caminho que atravessa a Ponte Nova

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© Sociedade Martins Sarmento | Casa de Sarmento 3 e vai para o Barreiro e Guimarães, e de largo meio quarto de Norte a Sul fora uma superfície de légua de circuito.

4º Confronta do Norte com o Rio Ave que divide esta da de S.

Miguel de Taíde, do Poente com a estrada que vai da Ponte Nova passa Guimarães, do Sul com a dita estrada que atravessa a de Guimarães e vai para o Barreiro de S. Julião de Sarafão e Feira de Fafe, do Nascente com a demarcação da divisão do dito monte de S. João Baptista de Castelões e desta freguesia.

5º Tem esta freguesia o lugar da Ribeira do Fundo de Vila que

toma a sua etimologia da ponte e campos da Ribeira onde tem seu princípio, o lugar do Souto tomou seu nome de serem construídas as casas dele em um antigo souto de castanheiros e ainda hoje existem seus vestígios de um muito velho, o da Costa ou Barrozenda parece que tomava seu nome de uma casa antiga foreira ao extinto convento de Santa Marinha da Costa dos arrabaldes da vila de Guimarães ou de ser construído em uma pequena costa inclinada ao Sul. O do Espinhoso parece toma seu nome de ser edificado em monte bravio que algum dia ali senão encontravam mais do que tojos bravos escalheiros e silvados mas hoje se acha reduzida à cultura com grande trabalho de seus habitantes. O do Monte ou da Boavista toma seu nome de ser construído em um sítio descoberto e aprazível e gozarem-se os habitantes dele de uma excelente vista espaçosa de várias terras bem como do insigne e magestoso Templo do Santuário de Nossa Senhora do Porto de Ave que lhe fica na distância de um tiro de fuzil, o qual templo, pela sua grandeza e magnificência torna este lugar muito agradável, foi edificado este lugar a cousa (sic) de 35 anos pelos pobres da freguesia. O da Bonanha ou Fradelos pelas pequenas bouças de mato que hoje se acham reduzidas a cultura em que ele foi edificado e daí é provável tomaria o seu nome.

6º Tem esta freguesia, duzentos e vinte e duas pessoas de todas

as idades classificadas no mapa junto no qual se não faz menção dos nascidos de Janeiro de 1842 a esta parte.

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7º Os animais quadrúpedes que mais abundam esta freguesia

são bois, éguas, machos, mulas, jumentos, porcos, cães de diversas qualidades.

As aves domésticas galinhas, frangos e alguns patos.

Aves bravas: gaios, melros, petos, rolas, poupas, cucos, perdizes, codornizes, galinholas, tordos, mochos, pintassilgos, rouxinóis, pardais, pimpalhões, pintarroxo.

Os peixes que mais aparecem no Rio Ave são: barbos, [ilegível], bogas, escalos, e enguias tendo-se excelente gosto. E no Ribeiro que vem de Vila Cova e passa pelo meio desta freguesia apenas aparecem trutas, escalos, enguias muito mais saborosas que as do Rio Ave.

Não há répteis, inceptos ou digo insectos, ou vermes de que se possa fazer especial menção por sua particularidade por serem os comuns em toda a província, como são as toupeiras, lagartixas, sardões, cobras, doninhas, ratos, borboletas de várias cores, vespas, besouros, escaravelhos, moscas de diferentes qualidades, etc.

Os vegetais que mais reinam é o milho grosso, milho alvo, milho painço, feijão de várias espécies, centeio e pouco trigo, cebolas, alfaces, tomates, ervilhas, favas, pepinos, calondros, abóboras, melões, melancias, batatas, couves de várias qualidades, alecrim, hortelã comum, salsa, cidreira, serpão, poejos, violeta salva, arruda, massela, etc.

As árvores são castanheiros, carvalhos, landreiras, amieiros, salgueiros, sabugueiros, nogueiras, figueiras, pereiras, macieiras, ameixoeiras, pessegueiros, damasqueiros, cerejeiras, oliveiras, pinheiros bravos em pouca quantidade, etc.

As flores que aparecem são cravos dobrados de diferentes qualidades, brancos, escarlates, amarelos, etc., também aparecem angélicas, açucenas, junquilhos, tulipas, lírios, etc., manjericões, valverdes, melindres, cravelinas, e dálias roxas e amarelas rosas de todo ano de alexandria, jericó, jasmins, o terreno cultivado nos limites desta freguesia pode produzir vinte moios de milho grosso e feijão, três de centeio e trigo, sessenta pipas de vinho verde e treze almudes de azeite uns anos por outros. Os alimentos consistem em pão de

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© Sociedade Martins Sarmento | Casa de Sarmento 5 milho grosso, feijão, batata, carne de porco, sardinha, bacalhau, cebolas, etc.

O vestuário ordinário é o pano de linho simples na Primavera e Estio e no Inverno saragoças, baetões, panos azuis e chapéus grossos e de palha. O vestuário mais grave consiste em chitas, cotins, lanzunhas, panos finos de diferentes cores e chapéus de seda.

O consumo é maior ou, pelo menos, igual à colheita dos frutos produzidos, excepto o milho grosso que por ser a principal produção do terreno poderá o consumo ser menos sessenta alqueires.

A pesca e caça é livre excepto duas pesqueiras aforadas a dois caseiros. A caça consiste só em coelhos, lebres, perdizes, codornizes, melros e tordos, etc.

Não há minas metálicas mas há muita abundância de pedreiras de galho fino e grosso, e lagoucinha da qual se tira grande utilidade para edificação de casas, pontes, muros, socalcos e circuitos.

8º Esta freguesia até 1834 era do termo de Guimarães,

arcebispado de Braga Augusta, ao juiz de fora e mais autoridades da mesma bem como aos recrutamentos que se faziam por ordem do capitão e sargento-mor daquela vila tanto para a tropa de linha como para o Regimento de Milícias da Barca. Não há nela impostos da coroa e os eclesiásticos consistem na côngrua do pároco. Os municipais em foros censos que se pagam à câmara de Guimarães um sexto da décima.

9º Não há edifícios notáveis, morgados ou vínculos sem pessoas

distintas de que se deva fazer menção nem mesmo professores, bacharéis ou doutores, estabelecimentos militares ou literários da justiça das cesuras, conventos prisões ou hospitais.

10º Há nesta freguesia e seus limites a ponte da Ribeira que tem

sua direcção para a vila de Guimarães e cidade de Braga feita de padieiras assentes em cortamares sobre o Ribeiro ou riacho que vem de Vila Cova e Costa esta freguesia pelo meio até se meter no Rio Ave a ponte de Lamadeiras sobre o mesmo que lhe fica ao Nascente tem sua direcção para a vila de Guimarães e Fafe, etc. A ponte nova sobre o Rio Ave que fica ao Poente do corpo da freguesia e aí se divide esta

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© Sociedade Martins Sarmento | Casa de Sarmento 6 da de Garfe, Taíde, feita de padieiros a assentos em corta mares. Tem sua direcção para a cidade de Braga e Póvoa de Lanhoso, alpendres de Nossa Senhora de Porto sobre o dito rio ficam ao Norte desta freguesia tem sua devoção para o templo da Senhora do Porto, Braga e Póvoa e mais terras; nestas apenas passa gente de pé porque são estreitas e os carros e cavalgaduras passam no vau ao longo das mesmas no tempo do Estio porque no Inverno não se passa por causa de um anovado acrescente que se fez ao açude das Zinhas do Barral.

Esta freguesia não tem bosques, matos, pinhais ou serras dignas de mencionar-se nem tão pouco terras maninhas. O terreno cultivado com o inculto terá a extensão de um quarto de légua e meio de largo e pode dizer-se que mais de metade desta extensão se acha cultivado. Tem os terrenos cultivados os matos necessários para o estrume, um ano sim e outro não, como é costume nestas terras, bem como as águas de lima e rega para a maior parte das terras cultivadas, porém muita escassez de lenhas.

11º O Rio Ave tem em partes o seu leito a largura de quatorze

varas ordinárias de 5 palmos cada uma, e a sua profundidade no tempo do Estio em partes tem poços de duas a três varas de alto. Não há águas minerais; lagos ou lameiros tem o dito rio nos limites desta freguesia, azenha do Barral e os moinhos do Herdeiro do Castelo em seu Ribeiro que vem da Vila Cova. Tem nas suas margens o melhor de [ilegível] de moinhos de maquia e particulares na extensão de 610 varas de comprido que tem nos limites desta freguesia porque logo no meio dela se vai juntar ao Rio Ave e aí perde seu nome, é o dito Ribeiro Cortado com seis levadas ou açudes para extracção das águas de lima e rega dos prados e campos dos lugares de Cima da Vila, Costa ou Barrozenda, Souto e Ribeira que lhe ficam inferiores às regueiras particulares e superior a esta há uma grande regueira denominada da Barroca foreira que foi ao extinto reguengo que lima e rega o comprimento de mil e seiscentas varas que tem em volta do centro da freguesia; tem esta regueira em seu princípio e maior largura quinze palmos e acaba em cinco. Tem a sua profundidade em partes do melhor de quatro palmos, toca duas rodas de moinhos nos

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© Sociedade Martins Sarmento | Casa de Sarmento 7 dias em que cabe as águas a seus donos, ao mesmo tempo lima e rega os campos dos mesmos inferiores aos ditos moinhos sem prejudicação dos mais consortes. É esta regueira de consortes para lima e rega cada um nos dias que lhe cabe, porém nunca estes são senhores nos seus dias de se utilizarem de toda a água, porque tem obrigação cada um deles de deixar correr água pela regueira abaixo tanta quanta toque um bugalho ao longo da freguesia para o público se utilizar das águas para lavagens, bebidas de gados e acudir a obstar aos incêndios. Há nesta freguesia uma fonte denominada Fonte Figueiras virada ao Poente, de água muito saborosa que nunca seca e duas pocilgas, uma denominada a Fonte da Barrozenda, e outra da Estrada. Não há águas minerais nesta freguesia nem cheias que façam estragos consideráveis dignos de mencionar-se salvo quando alguma trovoada cace os linhos pelos campos digo pelos rios.

12º O género que aqui mais se cultiva, demais conforme com a

natureza do terreno, é o milho grosso, os arados ou charruas, grades, enxadas, engaços, sacholas, são os instrumentos de que usam na sua cultura, e os animais de que geralmente se servem são os bois que também curtem os estrumes e acarretam os matos ou tojo para ele. O terreno desta freguesia produz de tudo admiravelmente, menos árvores de espinho. A natureza da terra é húmida, e em alguns sítios saibrosa e preta, sua produção é igual com pouca diferença, os jornaleiros empregados na lavoura e os alfaiates ganham a 60 réis e os carpinteiros e pedreiros a 100 réis.

13º Não se faz nos limites desta freguesia feira alguma, e as

mais próximas e livres são a de quintela sita em Miguel de Taíde na distância de um quarto de légua, em todos os dias nove de cada mês, e a de ano a 25 de Março, a dos 20 de cada mês em Santa Luzia da freguesia do Mosteiro da Fonte Arcada na distância de meia légua, em todas estas feiras se compram e vendem lãs, sedas, fazendas brancas ou de capela e objectos de toda a espécie como em qualquer vila ou cidade, e seus preços pouca diferença fazem dos da cabeça do concelho.

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14º Há nesta freguesia um cirurgião, um escrivão do eleito, um

regedor, quatro alfaiates, quatro carpinteiros, um pedreiro, dois tamanqueiros, um sapateiro, um ferreiro, dois vendeiros, um merceeiro, um músico, um estanqueiro, dois moleiros, um juiz eleito, uma fábrica de fogo do ar e artificial, um engenho de moer azeitona tocado a água. Não há padres mais do que o pároco. Tem 26 proprietários de bens por eles fabricados, sete que por existirem fora da freguesia os trazem arrendados a caseiros, vinte proprietários de charnecas ou cabanas, e 20 caseiros de moinhos e cabanas.

15º Não há monumentos de qualidade alguma que indiquem

antiguidade, só consta que esta freguesia até 1834 era pertencente à Patriarcal por quem era curada.

Os usos e costumes dos habitantes conformam-se com os arranjos e vida de um povo de lavoura.

Seus vícios mais dominantes são as conversações libidinosas e tratos etc.; são geralmente caridosos para com seus vizinhos e pobreza que vejam em desgraça, obedientes às determinações de seus superiores inimigos de desordens e revoluções.

Os seus divertimentos favoritos são: serões, toques de viola, rabeca e clarinete, sua estatura regular, forças regulares, fisionomia alegre. Não consta que nenhum tenha vivido acima de noventa anos podendo-se calcular os meios termos da vida entre 70 a 80 anos. As moléstias que mais grassam são inflamatórias: catarros, anginas ou inquinências.

Faz-se todos os anos no dia 15 de Janeiro uma grande romaria ao Santo Amaro desta freguesia onde se acha edificada a sua capela, concorrendo para ela naquele dia e em todo ano romeiros por devoção e promessas. Faz-se na primeira oitava do Domingo do Espírito Santo outra romaria de Nossa Senhora da Boa Morte na igreja desta freguesia.

Esta freguesia é pobre e talvez motivada a sua pobreza do grande luxo que se tem introduzido na baixa classe, a pontos de se privarem muitas vezes do necessário para satisfazer ao luxo. A população assim como em uns anos aumenta, noutros pode diminuir porque como uma

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© Sociedade Martins Sarmento | Casa de Sarmento 9 grande parte são caseiros de fora da freguesia facilmente largam esta e vão para outra parte ficando as cabanas por muito tempo devolutas.

Os melhoramentos que nesta freguesia se podem fazer de interesse do público, e habitantes desta é a reforma das estradas, caminhos, Ponte da Ribeira, e alpendres da Nossa Senhora do Porto de Ave para mais acreditar, os povos e autoridades aquem incube a sua fiscalização.

É costume os moradores desta irem todos os anos fazerem quatro clamores um à capela de S. Tiago da igreja velha em Santa Maria de Souto de Sobradelo, outro à Senhora da Goma da dita freguesia, outro a S. Bartolomeu da Esperança e outro à capela de Nossa Senhora do Monte em S. Cosme e Damião de Garfe pelos quais se paga ao pároco ou padre incumbido de os fazer 400 réis em dinheiro. As romarias de fora que os moradores desta mais frequentam, por lhe ficarem perto, tanto por devoção como por divertimento, é a Senhora do Porto a 8 de Setembro, a Senhora das Neves a 5 de Agosto na freguesia, de Santa Maria de Aboim esta na distância de légua e meia e aquela de um tiro de fuzil e a Senhora de Abadia a 15 de Agosto nas vizinhanças de Bouro na distância de três léguas.

16º No tempo em que esta freguesia era um simples lugar

denominado Airosa, hoje corrupto vocábulo Arosa não havia aqui mais do que uma simples capela de Santo Amaro para os moradores do lugar ouvirem missa (porque o sacramentos digo missa) em razão da igreja da Fonte Arcada por quem ele era curado lhe ficar na distância de meia légua e consta que por causa da sua longitude e aumento da população fora fundada a igreja a que hoje existe no mesmo lugar com a invocação Santa Marinha de Arosa e fora seu primeiro vigário Jerónimo Soares Vieira que vivia como tal no ano de 1712.

Era esta igreja até 1834 apresentada e curada pelos rendimentos da extinta patriarcal da qual tinha o pároco de côngrua 58$000 réis em dinheiro 90 rasas de milho grosso, 10 de trigo, 4 almudes de azeite, duas pipas de vinho, 5 libras de cera, além das mais benesses e de uma boa e decente casa de residência com o seu quintal, mista e contígua ao adro da igreja que pode vender de vinho anual o melhor

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© Sociedade Martins Sarmento | Casa de Sarmento 10 de dez almudes. Rendia esta freguesia no tempo dos dízimos em milho grosso, centeio, milho alvo, painço e trigo 120 alqueires, uns anos por outros e de vinho 3 pipas.

Tem esta (freguesia medida pelo interior digo esta) igreja medida pelo interior desde a tribuna até à porta principal 76 palmos de comprido e 26 de largo ou 19 braças e meia com 26 palmos, é suficiente em proporção da população, tem quatro altares a saber, o altar-mor com Menino Deus na tribuna Santa Marinha ao lado esquerdo, e São Roque à direita o altar de Nossa Senhora das Dores com São Sebastião e São Brás, ao lado direito, o da Senhora do Rosário ao esquerdo, e logo abaixo deste se acha outro de Nossa Senhora da Boa Morte com a imagem da mesma Senhora e de seus Evangelistas.

Não há sepulcros singulares. Há nesta igreja a irmandade ou confraria de Nossa Senhora da Boa Morte fundada por Francisco José Gomes Barroso no ano de 1816 a cuja irmandade foram concedidas várias indulgências e Jubileus pelo Santíssimo padre Pio Papa VII, no dia 21 de Agosto do ano mil e oitocentos e dezasseis hoje se acha esta confraria com o melhor de 800 confrades com doze missas anuais por vivos e defuntos, é composta a mesa de um juiz, tesoureiro, secretário, regedor de contas, vedor e mordomos, porém o tesoureiro é de maior influência nos negócios da irmandade. Tem de capital 600$000 réis. Há na antiga capela de Santo Amaro a irmandade das Almas com mais de 600 Irmãos a qual tem de fundo 800$000 réis. É obrigada a mandar dizer 10 missas por cada Irmão falecido e um ofício de dez padres anualmente por todos, os Irmãos defuntos. A mesa desta irmandade compõe-se de um juiz, tesoureiro, secretário, procurador sendo que o tesoureiro é de maior influência nos negócios desta irmandade. As pratas do serviço sagrado consistem tão somente da capa de um cálice que o mais é de latão.

É o que pude coligir das observações pessoais e informações a que procedi; as circunstâncias do tempo e obrigações pastorais me não deixaram ser mais pronto como desejava, fiz toda a diligência que estava ao meu alcance e se tanto é preciso o juro in verbo sacerdotis.

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© Sociedade Martins Sarmento | Casa de Sarmento 11 Santa Marinha de Arosa, 26 de Maio 1842

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© Sociedade Martins Sarmento | Casa de Sarmento 12

1841 40 40 10 9 42 55 11 15 222 6 8 2 6 2 73

1840 38 38 7 11 39 50 10 12 205 8 4 1 3 1 75

1839 38 38 7 10 38 49 10 13 203 7 5 2 2 1 75

Freguesia de Santa Marinha

de Arosa

1838 37 37 7 10 39 50 10 15 205 5 7 2 1 4 3 76

Homens Mulheres Homens Mulheres

Homens Mulheres Com menos de 30 anos de idade exclusive Com mais de 30 anos de idade exclusive Sexo Masculino Sexo Feminino Expostos Sexo Masculino Sexo Feminino Expostos

MAPA ESTATÍSTICO

Casados Viúvos Viúvas Solteiros Totalidade Nascidos Mortos Casamentos Fogos

Santa Marinha de Arosa, 26 de Maio 1842

O pároco Antonio B

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