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Decreto nº 5.813, de 22 de junho de Aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e dá outras providências.

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EXPERIÊNCIA DE ATERS - ASSISTÊNCIA TÉCNICA E

EXTENSÃO RURAL SOCIAL COM PLANTAS MEDICINAIS,

AROMÁTICAS E CONDIMENTARES NA INCLUSÃO SOCIAL E

PRODUTIVA DE AGRICULTORES FAMILIARES DA REGIÃO DO

ALTO URUGUAI GAÚCHO

Autor(es): Cleonice Maria Dobrovolski, Ediane Fátima Deon Scoloski, Idemar Pedro Menegat, Jorge

Silvano Silveira, Káren Paula Marchetto, Marilei Fontana Battisti, Nádia Farina Fabiane da Rosa, Oberdan Scolari, Rosaine Terezinha G. Baldissera, Rosangela Lazzare Montepo, Roseli Dominga Lazzarotti Bonesso, Sandra Maria S. Palavicini 1

Entidade Filiada a FASER: Asae - Associação dos Servidores da ASCAR/EMATER-RS. Grupo: I Tese: trabalho escrito Introdução

A utilização de produtos naturais, particularmente da flora, com fins medicinais, nasceu com a humanidade. Há indícios do uso de plantas medicinais e tóxicas encontrados nas civilizações antigas, considerada uma das práticas mais remotas utilizadas pelo homem para cura, prevenção e tratamento de doenças; fazendo parte da história da humanidade, tanto no que se refere aos aspectos medicinais, como culturais (LORENZI; MATOS, 2002).

Na região do Alto Uruguai Gaúcho, observamos uma forte influência da imigração europeia, da cultura indígena e quilombola, tendo consigo o cultivo e uso das plantas com ações terapêuticas. Constituindo assim um conhecimento local formado por vários fatores interligados e interdependentes, passados de geração a geração.

Estes conhecimentos persistem no tempo e são conservados pela população. Este tema sempre gerou interesse das pessoas, no sentido de aumentar seus conhecimentos, para que a utilização das plantas medicinais se qualificasse tornando-se cada vez mais segura.

Informações da Organização Mundial da Saúde mostram que o uso de plantas medicinais pela população mundial tem sido muito significativo nos últimos tempos; dados mostram que cerca de 80% da população de países em desenvolvimento, assim como o Brasil, faz uso de algum tipo de planta na busca de alívio de alguma sintomatologia desagradável.

1 Extensionistas rurais sociais e extensionistas rurais instrutores do curso de plantas medicinais,

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O uso das plantas medicinais no cuidado a saúde passa a ser valorizado não somente pelo saber popular, mas também pelas instituições governamentais como a OMS e o Ministério da Saúde através do decreto federal 5.813, de 22 de junho de 2006 que aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e fitoterápicos2. Ainda existe a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC)3 e a Política Estadual de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PEPIC)4, aprovadas em 2006 e 2013, respectivamente.

Estas definem diretrizes e ações para implantação da Fitoterapia no SUS, abordando desde a produção até a correta utilização das plantas medicinais e o uso racional de medicamentos fitoterápicos. Essas políticas tem facilitado o entendimento da importância dessa ação, pelos parceiros institucionais e definem a necessidade de se dar continuidade às ações da Emater/RS-Ascar.

Objetivo

Neste contexto é que vamos relatar as diferentes experiências da assistência técnica e extensão rural social com plantas medicinais, aromáticas e condimentares na inclusão social e produtiva de agricultores familiares da região do Alto Uruguai Gaúcho.

Relato

A Emater/RS-Ascar, faz parte da vida da comunidade e vem trabalhando com plantas medicinais, aromáticas e condimentares na região do Alto Uruguai Gaúcho desde a década de 80, através da área de bem-estar social, nos dias atuais denominada de extensão rural social e, compreendendo a abrangência do tema, tem desenvolvido junto ao público assistido ações que enfocam múltiplos aspectos dessas plantas.

Entre estes aspectos destacam-se os: econômicos como fonte de geração de renda, antropológicos por fazer parte da cultura do povo, ecológicos devido a preservação e valorização da biodiversidade, pedagógicos como instrumento de reflexão de vários temas e terapêuticos como opção de tratamento legítima para

2 Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006. Aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e

Fitoterápicos e dá outras providências.

3 Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares – PNPIC, 2006, Ministério da Saúde. 4 Política Estadual de Práticas Integrativas e Complementares – PEPIC/RS, 2013, Secretaria

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todos os seres vivos, contribuindo para a inclusão social e produtiva de agricultores familiares.

Desenvolvimento

São realizadas inúmeras atividades relacionadas a plantas medicinais, aromáticas e condimentares nos 32 municípios que compreende a região do Alto Uruguai Gaúcho. Entre estas atividades destacam-se: visitas domiciliares, demonstração de método, dias de campo, oficinais, reuniões, encontros, cursos entre outras, as quais vem acontecendo a mais de 30 anos na região, seja com grupos de mulheres, clubes de mães, escolas, pastorais de saúde e comunidades. Nosúltimos anos também intensificou-se o trabalho junto a agentes comunitários de saúde, unidades básicas de saúde, gestores públicos e secretarias da Saúde.

Estas atividades estimulam o resgate, o reconhecimento, o cultivo a conservação e a utilização de diferentes espécies de plantas medicinais, aromáticas e condimentares, seja para a produção e consumo familiar, comunitário ou escolar, seja como oportunidade de geração e agregação de renda para agricultores familiares. Buscando-se sempre a troca de experiências e saberes entres os diferentes tipos de públicos, e o desenvolvimento de ações de preservação, ampliação do cultivo e uso de boas práticas de produção, secagem e armazenamento destas plantas.

Também recentemente devido a aprovação de diversas politicas relacionadas ao tema, tem-se trabalhado o incentivo à inclusão da fitoterapia como prática de saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), amparada pela Política Nacional de Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos e pela Política de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, que já é uma realidade em alguns municípios do Rio Grande do Sul e constitui-se uma demanda crescente em vários outros.

Discussão e Resultados

Inclusão social, produtiva e ambiental

Destacam-se as seguintes ações e programas com diversidade de saberes e práticas, com perspectiva educacional, social e ecológica (ambiental) na região do Alto Uruguai Gaúcho:

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 Reuniões nas comunidades rurais com grupos de mulheres (agricultoras familiares, indígenas e quilombolas) e clubes de mães, de diferentes gerações desde grupos de jovens até idosos identificando, resgatando e valorizando sua utilização compartilhando as diversas experiências (FOTO 1).

 Realização de diversas ações de orientação para implantação e manutenção de hortos escolares, comerciais e comunitários, promovendo o cultivo, a proteção e a propagação das espécies, além de estimular práticas agrícolas ecológicas (FOTO 2).  Trabalho com APAES (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) buscando a

inclusão social de Pessoas com Deficiência. A Emater/RS-Ascar, juntamente com as Apaes de diversos municípios da região do Alto Uruguai Gaúcho (Gaurama, Aratiba, Barão de Cotegipe, Getúlio Vargas e Erechim) realizam projetos de inclusão social e cidadania, envolvendo alunos, familiares e comunidade escolar em trabalhos com plantas medicinais, aromáticas e condimentares (FOTO 3). Link Programa Rio Grande Rural: https://www.youtube.com/watch?v=QqdL40vA934.

 Temos a experiência de uma família proveniente da agricultura familiar no município de Erechim/RS que iniciou as atividades com plantas no ano de 2001, comercializando em pequenos supermercados em torno de 25 variedades de plantas desidratadas e embaladas em saches de 10 gramas. Destacando que toda a cadeia produtiva é realizada pelos integrantes da família (jovem, mulher, homem), seguindo as boas práticas de fabricação e realizando análises periódicas dos produtos. Também alguns agricultores produzem mudas de diversas espécies e plantas em vaso, visando a proteção e propagação das espécies além de comercializar em feiras de produtores, agropecuárias, cooperativas e supermercados da região (FOTO 4)

 Na região do Alto Uruguai Gaúcho as plantas surgem como alternativa de produção, gerando emprego e renda para as famílias rurais. Toda a produção da cidreira (Cymbopogon Citratus) é comercializada para uma Ervateira da região (Ervateira Barão e Chás Ltda). A Ervateira recebe dos produtores dos municípios de Barão de Cotegipe e Itatiba do Sul a cidreira in natura, a empresa seca e processa em subprodutos que são os sachês de chá, as cápsulas para serem utilizadas nas maquinas de café e chá da Nespresso, e o composto de erva mate que é exportado para 13 países. Toda a matéria prima, no caso a Cidreira que a Ervateira adquire é comprada dos agricultores da região.

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 As plantas medicinais, aromáticas e condimentares se integram também as ações de turismo nos municípios de Ipiranga do Sul, Erebango, Aurea, Barão de Cotegipe, Erechim, Quatro Irmãos e Getúlio Vargas evidenciando ações de gastronomia, jardinagem, paisagismo, entre outras (FOTO 5).

 Em setembro de 2017 aconteceu na Região do Alto Uruguai Gaúcho, na cidade de Erechim/RS a 11ª Reunião Técnica Estadual sobre Plantas Bioativas e 1° Feira Regional da Agrobiodiversidade, nesta edição foi priorizado o tema plantas medicinais, aromáticas e condimentares, contemplando a discussão de três eixos: plantas medicinais e conservação da diversidade biológica e cultural, plantas medicinais na atenção básica e plantas medicinais e cadeia produtiva. Que contou com mais de 2000 participantes, entre agricultores, técnicos, profissionais da saúde, pesquisadores, professores e estudantes, vindos de diversos estados. No evento, além de painéis e mesas-redondas, foram realizadas oficinas teórico-práticas sobre diferentes aspectos desse tema (FOTO 6).

 Em 2018 criou-se o Curso de plantas medicinais, aromáticas e condimentares no Centro de Treinamento da Emater de Erechim com a instalação de um horto com quatro unidades metodológicas didáticas: boneco fitoterápico, relógio do corpo humano, espiral de ervas e uma atendendo a legislação da Anvisa (RDC nº 10 de 2010, que traz em seu anexo uma relação de 68 plantas com estudos e referências, para uso das mesmas). Com o objetivo de capacitar pessoas e produtores na utilização de Plantas medicinais, aromáticas e condimentares, desde a identificação, usos, cultivo, colheita, secagem, armazenagem, embalagem e manipulação de plantas, além de promover o resgate da cultura e preservação da biodiversidade através da troca de experiências (FOTO 7).

A assistência técnica e extensão rural social (ATERS), na região do Alto Uruguai Gaúcho busca a inserção da agricultura familiar na cadeia produtiva das plantas medicinais, aromáticas e condimentares na economia local, a participação social e a integração das famílias rurais. Também tem um papel importante no resgate tanto de espécies, quanto de conhecimentos tradicionais, os quais são, na maioria das vezes, a principal referência ou ponto de partida para pesquisas, no sentido de aproximar os referidos conhecimentos.

Ainda merecem destaque as ações de turismo, pedagógicas, de educação ambiental e no resgate etnobotânico, alicerçadas na sustentabilidade.

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Tabela 1: Plantas Medicinais, Aromáticas e condimentares no Sistema de Planejamento (SISPLAN) da Emater/RS-Ascar na Região do Alto Uruguai Gaúcho.

DISCRIMINAÇÃO UNIDADE DE

MEDIDA

QUANTIDADE

Municípios que planejaram e executaram ações na atividade n° 24 (n 32) Famílias assistidas n° 1544 Hortos comerciais hortos / pessoas 4 Hortos comunitários 16 / 301 Hortos escolares 17/ 590 Hortos domésticos 356/ 587

Resgate e identificação de plantas medicinais,

aromáticas e condimentares famílias

1231/82 grupos Uso de plantas medicinais, aromáticas e

condimentares

860/75 grupos Fonte: Sisplan (Executado 2017).

Bibliografia

- BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 5.813 de 22 de junho de 2006. Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Diário Oficial União. Poder Executivo, Brasília, 23 jun. 2006a. 60p. Disponível em:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_fitoterapicos.pdf. Acesso: 02/08/2018.

- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC-SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2006b. 92p. Disponível em:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnpic.pdf . Acesso: 02/08/2018.

- BRASIL. Secretaria Estadual de Saúde. Política Estadual de Práticas Integrativas e Complementares – PEPIC/RS. Porto Alegre, 2013. Disponível em:

https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/2016/page/pepic_rio_grande_do_s ul.pdf. Acesso: 02/08/2018.

- EMATER. Rio Grande do Sul / ASCAR. Marco referencial para as ações sociais da EMATER/RS-ASCAR. Porto Alegre, 2006. 83 p.

- LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2 ed. São Paulo: Nova Odessa: Plantarum, 512p. 2002.

- PAULUS, G. Cenário das plantas bioativas (medicinais, aromáticas,

condimentares e plantas alimentícias não convencionais), Porto Alegre, Emater, 6p. 2017.

- VELLOSO, C. C.; WERMANN, A. M.; FUSIGER, T. B. Horto medicinal relógio do corpo humano. Putinga: Emater, 2005.

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Foto 1 Foto 2 Foto 3 Foto 4 Foto 5 Foto 6 Foto 7

Referências

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