O GLOBO GLOBOA
MERVAL PERIRA
UMA ANÁLISE MULTIMÍDIA DOS FATOS MAIS IMPORTANTES DO DIAPrecedente perigoso
MERVAL PEREIRA
28.11.2012
Muito além das questões econômicas envolvidas na redistribuição dos royalties do petróleo, com a ameaça de comprometer projetos já em andamento e
planejamentos de longo prazo dos governos dos Estados produtores,
especialmente os dois maiores Rio de Janeiro e Espírito Santo, um estudo do economista José Roberto Afonso, elaborado a pedido dos senadores Francisco Dornelles e Lindbergh Farias que contou com o apoio da Secretaria Estadual de Fazenda do Rio de Janeiro demonstra como essa maneira de redistribuir as receitas entre os governos estaduais, obedecendo a uma “ditadura da maioria” distorce a visão de conjunto, e até de Nação.
O estudo classifica de “preocupantes” para a Federação brasileira as implicações do projeto de lei que está nas mãos da presidente Dilma, particularmente pela forma como foi aprovado no Congresso Nacional. Além das questões políticas e jurídicas envolvidas na redistribuição das receitas das participações
governamentais em petróleo das concessões já realizadas no passado, “em produção e recolhimento corrente”, os precedentes abertos são graves, adverte o estudo de José Roberto Afonso, e representam mais uma razão para que a presidente Dilma vete o projeto aprovado pelo Congresso, em parte ou no seu todo.
“Nada garante que essa visão simplória de Federação se limitaria a redistribuir receitas de petróleo”, adverte o economista, para quem “pode se tornar perigosa a noção de que a Federação numa democracia deve considerar e atender apenas aos interesses da maioria. É perdida a noção do conjunto. O caso a caso se torna um atalho para o casuísmo, para a perda de noção de um conjunto. Os interesses imediatistas se sobrepuseram a uma lógica estratégica ou de longo prazo”.
O mesmo sistema pode vir a ser usado em uma disputa futura de receitas públicas travadas pontualmente, e, mais grave, tal disputa pode se limitar ao campo da redistribuição horizontal, “um ente tentando tirar de outro ente do mesmo nível de governo, de modo que seja quase inevitável que, indo a voto, a maioria venha a extrair um ganho para si a custa de outro governo da mesma esfera”.
redistribuição é vista como solução, ou mesmo panaceia, para a perda de
dinamismo dos repasses dos fundos de participação, que nada têm a ver com as receitas de
participações em petróleo e nem com o comportamento dos governos que podem vir a perdê-las, mas sim com a conjuntura econômica desfavorável e, sobretudo, a política tributária federal, que privilegia o aumento da carga de tributos não
compartilhados e concentra a concessão de benefícios nos impostos repartidos”. Ao invés de enfrentar as verdadeiras causas do problema e eventualmente contrariar as autoridades do governo central, “os parlamentares que pregam a necessidade de fortalecer os governos estaduais e municipais dependentes dos fundos de participação preferiram retirar receitas atualmente já entregues aos governos congêneres”, espanta-se José Roberto, para quem tornou-se “uma questão menor” alterar a forma de divisão de futuras concessões e receitas. A proposta do Executivo Federal que previa redistribuir apenas a receita futura – ou seja, a que seria arrecadada apenas dos campos licitados depois de
promulgada a nova lei - “foi completamente abandonada”, lembra José Roberto Afonso quando ficou claro que a produção e a consequente receita governamental a ser extraída da maioria dos campos do pré-sal “ainda levarão anos, talvez
décadas, para serem concretizadas, uma vez que exigem investimentos pesados e de larga maturação, muitos que sequer começaram”.
http://oglobo.globo.com/blogs/blogdomerval/posts/2012/11/28/precedente-perigoso-476907.asp http://www.senado.gov.br/noticias/opiniaopublica/inc/senamidia/notSenamidia.asp?ud=2012 1128&datNoticia=20121128&codNoticia=781411&nomeParlamentar=Lindbergh+Farias&nome Jornal=O+Globo&codParlamentar=3695&tipPagina=1 IG – PODER ONLINE FERNANDO MOLICA SEXTA-FEIRA, 30 DE NOVEMBRO DE 2012
Coube ao senador Francisco Dornelles (PP-RJ) a descoberta de um erro fundamental na proposta de redistribuição dos royalties.
Na noite em que a Câmara aprovou o projeto do Senado, Dornelles e o economista José Roberto Afonso se debruçaram sobre o texto e trataram de checar todos os números. Descobriram então que o projeto previa o impossível – a distribuição de um percentual maior do que a totalidade dos royalties.
Na ânsia de mudar as regras de distribuição, os autores do projeto tropeçaram na matemática e deram à presidenta Dilma Rousseff um bom pretexto para o veto.
http://colunistas.ig.com.br/poderonline/tag/jose-roberto-afonso/
O POVO
JORNAL DE HOJE
Fortaleza, CE
ESPECIALISTA 29/11/2012
Royalties não são para para suprir queda de
repasses
José Roberto Afonso, palestrante do Congresso de Educação Fiscal, diz que
sanção da redistribuição dos royalties significa chamar estados produtores
para arcar com queda de repasses do FPM e FPE. Economista do Ipea
discorda
NOTÍCIA 0 COMENTÁRIOS
PESQUISA DO IBGEDesigualdade é a menor da história(0)CLIENTE OCULTOUm dia de consumidora espiã(0)LOGÍSTICABaixa atuação do setor privado é desafio, diz CNI(0)
Caso sancione o projeto de distribuição dos royalties do petróleo, decisão que
deve ser tomada até amanhã, a presidente Dilma Rousseff estaria chamando os
estados produtores para solucionar a crise da queda nos repasses federais
segundo José Roberto Afonso, economista especialista em contas públicas.
Ele foi um dos participantes de ontem do Congresso Internacional de
Educação Fiscal (Cief), realizado em Fortaleza.
O economista se refere à redução do Fundo de Participação dos Estados (FPE)
e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), por causa da queda na
arrecadação federal. “Não são as empresas ou aos governos das regiões
produtoras os responsáveis pela queda do FPE e do FPM”, alega.
Contraponto
Para Mansueto de Almeida, economista do Instituto Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), a redistribuição dos royalties não tem relação com repasses
do FPE e FPM, uma questão conjuntural e cujo critérios de repasse devem
mudar para 2013, com projeto a ser votado no Congresso até o final deste ano.
“Os critérios do FPE vão mudar e não tem nada radical. Os royalties
realmente vão trazer receita extra para o Brasil”.
Afonso argumenta que as empresas que produzem o petróleo não criaram o
problema, mas estão tendo que pagar a conta. “Isso é perigoso porque se
transforma num precedente ou numa prática comum e se generalizar para
todas as outras questões que você tem na economia, você vai ficar o tempo
todo com soluções tortas”, aponta. Entretanto, segundo Mansueto, as
empresas não são afetadas pelo debate a respeito dos royalties, sendo esta uma
questão entre União, estados e municípios.
Finalidade
Os royalties do petróleo para estados e municípios produtores, explica
Mansueto, foram criados para ajuda-los nos custos decorrente da atividade em
seu território. Entretanto, hoje, a maior parte da exploração está em mar, em
área da União. “Como o preço do petróleo subiu muito, esses estados têm
ganhos reais que não tem nada a ver com danos ambientais. Essa riqueza tem
que ser dividida”.
Ele também pondera que contratos anteriores não devem ser mexidos. “Esses
estados já contavam com essa verba e isso tem que ser respeitado”. (Henriette
de Salvi e Nathália Bernardo)
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
O Congresso Internacional de Educação Fiscal foi realizado em Fortaleza nos
dias 27 e 28 pela Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das
Capitais (ABRASF) e a Secretaria de Finanças de Fortaleza (Sefin)
Saiba mais
Queda nos repasses
O Fundo de Participação dos Municípios é uma transferência constitucional,
da União para os Estados e o Distrito Federal, composto de 22,5% da
arrecadação do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI).
Com a isenção do IPI que o Governo Federal vem dando para diversos
produtos o repasse caiu significativamente.
Como o cálculo é feito proporcionalmente ao número de habitantes e renda
per capita, Fortaleza foi um dos municípios que mais perdeu recursos. De
acordo com o secretário de Finanças de Fortaleza, Alexandre Cialdini, de
janeiro a outubro foram contabilizadas perdas de cerca de R$ 16 milhões.
http://www.opovo.com.br/app/opovo/economia/2012/11/29/noticiasjornaleconomia,296235 2/royalties-nao-sao-para-suprir-queda-nos-repasses-diz-especialista-2.shtml