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Guia Prático para a leitura de Dinheiros Novos. Rui S.

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Academic year: 2021

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Guia Prático para a leitura de Dinheiros Novos

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Guia Prático para a leitura de Dinheiros Novos

Embora sem a relevância e a profundidade científica e numismática, este Guia Prático destina-se a promover o coleccionismo, a análise e a destreza prática na correcta atribuição e classificação destes dinheiros. Dirigido a apreciadores, coleccionadores, simples curiosos e também a profissionais da história e da arqueologia que tantos erros cometem na leitura destes numismas, com resultados por vezes desastrosos na apresentação das suas conclusões.

1. Brevíssima noção teórica.

O dinheiro novo foi criado em 1260, como instrumento da tentativa de saneamento monetário então empreendida por Afonso III (Gomes Marques1).

Foi a moeda com maior emissão na 1ª dinastia, a que mais circulou e a mais importante para Portugal neste período, adaptou-se à sua época com desvalorizações constantes na lei e na talha, desde o reinado de Afonso III até ao reinado de D. Fernando, pelo meio contam-se algumas operações de revalorização e de

branqueamento, principalmente ao tempo de D. Afonso IV e D. Pedro, operações estas que podem explicar a pouca quantidade de dinheiros batida no reinado destes dois soberanos. Apenas no reinado de D. Afonso V começa o seu grande declínio, acabando por praticamente deixar de circular no reinado de D. Manuel, altura em

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que passa a ter equivalência directa com o ceitil, tendo então sido totalmente açambarcada por ser de melhor lei.

2. Reinados, cronologia e frequência.

Actualmente considera-se a emissão de dinheiros durante o reinado de 5 soberanos:

D. Afonso III, D. Dinis, D. Afonso IV, D. Pedro e D. Fernando. Alguns autores e numismatas defendem que não houve emissão destes exemplares durante os reinados de Afonso IV e D. Pedro, uma discussão que não iremos abordar dada a vertente

estritamente prática que nos propomos alcançar.

D. Afonso III - Emissão provável de 1260 a 1279 D. Dinis - Emissão provável de 1279 a 1325

D. Afonso IV - Sem dados fidedignos, este reinado dedicou um

grande esforço a operações de branqueamento.

D. Pedro I - Sem dados fidedignos

D. Fernando - Emissão provável de 1368 a 137x, comprovadamente

nas casas de Lisboa e Porto.

A frequência de aparecimento dos dinheiros novos distribuído pelos diversos reinados, ordenada por ordem decrescente, do mais comum para o mais escasso cumpre a seguinte ordem: 1- D. Afonso III

2- D. Dinis 3- D. Fernando I

4- D. Afonso IV

5- D. Pedro I (sem qualquer dúvida na atribuição)

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3. Simbologia e método para descrição usando um

teclado simples.

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Elementos cantonantes da cruz (conforme esquemas de Alberto Gomes)

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4. Colocação do anverso na posição correcta.

A primeira letra, ou inicial do rei, apresentada na legenda do anverso, deve ser colocada o mais próximo das 12h, excepto em D. Fernando, neste reinado coloca-se a cruz que abre a legenda às 12h.

D. Afonso III

Legendas do tipo "ALFONSVS REX", o "A" deve ser colocado o mais próximo das 12h, de modo a que a cruz fique direita.

D. Dinis

Legendas do tipo "D R€X PORTVGL", o "D" deve ser colocado o mais próximo das 12h, de modo a que a cruz fique direita.

D. Afonso IV

Legendas do tipo "A R€X PORTVGL" ou "ALF REX PORTVGL", o "A" deve ser colocado o mais próximo das 12h, de modo a que a cruz fique direita.

D. Pedro I

Legendas do tipo "P R€X PORTVGL", o primeiro "P" deve ser colocado o mais próximo das 12h, de modo a que a cruz fique direita.

D. Fernando I

Legendas do tipo "+ F 8 R€X 8 PORTVGALI", a cruz que abre a legenda "+", deve ser colocada o mais próximo das 12h, de modo a que a cruz equilateral ao centro da moeda fique direita.

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5. Colocação do reverso na posição correcta e

posterior leitura.

A moeda será colocada da seguinte forma, tendo em conta a posição dos 5 escudetes:

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As legendas apresentam dois tipos genéricos no reverso: PO RT VG AL para Afonso III e AL GA RB II para Dinis, Afonso IV, Pedro e Fernando.

Método prático:

Dos 4 pares de letras, procurar o mais visível, abstrair e reconstruir a legenda, proceder à leitura e confirmá-la algumas vezes. No caso da figura anterior, podemos observar "II" claramente no 3º quadrante, "RB" no 4º quadrante e "GA" no 1º quadrante.

A leitura será feita a partir do 1º quadrante no sentido dos ponteiros do relógio. Neste exemplo prático teremos para a legenda do reverso: "GA RB II AL", sendo que o "AL" embora pouco visível é tirado por indução.

Variantes de legenda:

No caso dos dinheiros de Afonso III podemos considerar as seguintes legendas para o reverso:

PO RT VG AL - RT VG AL PO - VG AL PO RT - AL PO RT VG

Nos restantes dinheiros existem as seguintes variantes:

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Exemplo de colocação de dinheiro em posição aleatória na posição correcta

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6. Afonso III - Tipo genérico ALFONSVS REX / PO RT

VG AL.

ALFONSVS vs ALFONSV

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O "S" deitado:

7. Dinis - Tipo genérico AL GA RB II no reverso.

Apóstrofe vs Ponto vs Anelete:

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R€X vs R€*:

O dinheiro "tipo tornês" ou de gravura fina:

Este dinheiro é muito procurado, consiste num tipo mais artístico e cuidado, a cruz equilateral

é muito diferente do normal, a gravura muito fina, costuma apresentar aneletes na legenda, os

punções que formam as letras são de uma índole artística memorável.

Não se deve confundir os dinheiros de Dinis de gravura fina com os dinheiros de Fernando, embora as semelhanças sejam evidentes, a legenda define facilmente.

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De notar alguma controvérsia, pois alguns numismatas atribuem estes dinheiros de melhor qualidade ao infante D. Dinis. Alberto Gomes, na sua obra Moedas Portuguesas3, explica-nos o dilema:

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8. Afonso IV - Tipo genérico AL GA RB II no reverso.

Embora a legenda do reverso seja semelhante à dos exemplares de Dinis, devemos ter em consideração a legenda do anverso. Devemos desconfiar quando o espaço antes de R€X, aparente ser suficiente para que caibam 3 letras.

Representação gráfica das legendas segundo Alberto Gomes:

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9. Pedro - Dinheiros polémicos, do tipo genérico AL

GA RB II no reverso.

Um dinheiro de Pedro não deve oferecer qualquer tipo de dúvidas ou especulações. Actualmente é considerado um Pedro de gabarito quando o "P" de Pedro é parecido com o "R" de R€X, o "R" de PORTVGL, estes sem a respectiva "pata" direita e o "P" de Portugal.

10. Fernando - Tipo genérico AL GA RB II no reverso.

Dinheiros de baixa lei, praticamente em cobre puro. Na prática, a melhor maneira de identificar rapidamente um dinheiro de

Fernando consiste na observação macroscópica da cruz equilateral, no anverso do numisma. Esta, por norma é bastante peculiar, muito mais fina que nos dinheiros anteriores, podendo, no entanto, confundir-se com alguns dinheiros de Dinis.

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18 reinado sempre através de uma cruz "+".

A simbologia muda ligeiramente neste reinado, em vez das estrelas, passamos a contar com hepta, hexa ou pentapétalos com âmago, vulgarmente designados por rosetas.

Os dinheiros de Fernando contêm muitas vezes aneletes isolados que devem ser tidos em conta, principalmente a encimar o escudete central ou superior, mas também na legenda do reverso. Mário Gomes Marques sugere que as moedas contendo este tipo de aneletes possivelmente terão sido batidos na casa de Lisboa,

enquanto que os não marcados com este diferente poderão ter sido batidos na casa do Porto.

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11. Contos de contar.

Existem moedas de conta ou contos de contar muito idênticos aos dinheiros de Afonso III ou Dinis. Um método simples para os detectar é estranhar quando se vê um numisma que aparenta ser destes reinados contendo no entanto uma grande quantidade de aneletes no reverso ou apresentando uma cruz no meio da legenda do anverso.

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12. Metades e quartos de dinheiros.

Por motivos económicos durante centenas de anos, procedeu-se ao corte de moeda para acertos e câmbio. Deve procurar-se cortes limpos que não deixem dúvidas, tudo o resto devem ser

considerados fragmentos de dinheiros. Embora menos procurados, estes exemplares contêm elevado valor histórico, económico e numismático.

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13. Falsificações e viciações.

O JN emitiu réplicas de dinheiros novos com alguma qualidade, estas réplicas poderão trazer alguns dissabores, pois algumas não se encontram marcadas com o respectivo punção «R». Sabe-se que se tem produzido em Espanha uma quantidade preocupante de falsificações de dinheiros velhos, principalmente de D. Afonso I e Sancho I, pelo que não será de estranhar que existam dinheiros novos com a mesma origem sendo disseminados em Portugal através de alguns revendedores mais ou menos incautos.

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14. Acervo de dinheiros novos.

Embora não sendo perfeito, o catálogo das Moedas Portuguesas de Alberto Gomes é bastante útil na referenciação de dinheiros. Até aparecer uma obra mais completa, exclusivamente dedicada a estes numismas, recomenda-se a sua catalogação fazendo uso deste catálogo/preçário.

Os exemplares vulgares devem ser procurados no melhor estado de conservação possível, com boas legendas e bons detalhes.

Qualquer moeda deve ser guardada se apresentar um detalhe que a torne escassa. Um exemplo disso são os dinheiros II AL GA RB , RB II AL GA, crescentes virados para dentro, etc.

A diferenciação entre o erro e a variante é cada vez mais importante na análise da moeda de cunhagem manual. Ao longo dos tempos a linha que separa ambos os conceitos tem vindo a ser cada vez mais ténue. Alguns autores excedem-se neste aspecto pois parece haver um desespero para catalogar mais e mais variantes. Um erro já antes observado na sistematização, por exemplo do coleccionismo de ceitis. Apela-se ao bom senso dos coleccionadores, de modo a reterem para a numismática boas variantes, em detrimento de curiosidades provenientes claramente do desgaste de punções, de múltiplas batida...

- Hoje em dia os coleccionadores penalizam os exemplares extremamente limpos, pelo que moedas mal limpas, devem ser sempre uma segunda escolha, excepto quando se tratam de raridades, obviamente procurando algumas garantias de autenticidade.

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Agradecemos qualquer contribuição ou correcção que possa melhorar este guia, através do Fórum de Numismatas em www.numismatas.com

Referências:

[1] - Marques, Mário Gomes - Dinheiros novos, Casa de Sarmento [2] - Gambetta, A. F. - História da moeda - Academia Portuguesa de História, Lisboa, 1978

[3] - Gomes, Alberto - Moedas Portuguesas - ANP, Lisboa, 2006

[4] - Vaz, Joaquim Ferraro - Livro das Moedas de Portugal, Volume I, Braga, 1969

[5] - Marques, Mário Gomes – Moedas de D. Fernando – Lisboa, 1978 [6] - http://www.dinheiro-dinheiros.blogspot.pt/

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