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GESTÃO TRADICIONAL DE RECURSOS PESQUEIROS E MANEJO DA CARCINOFAUNA RESIDENTE EM ÁREAS DE MANGUEZAIS

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PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL

HENRIQUE FERNANDES DE MAGALHÃES

GESTÃO TRADICIONAL DE RECURSOS PESQUEIROS E MANEJO

DA CARCINOFAUNA RESIDENTE EM ÁREAS DE MANGUEZAIS

Feira de Santana-BA 2016

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HENRIQUE FERNANDES DE MAGALHÃES

GESTÃO TRADICIONAL DE RECURSOS PESQUEIROS E MANEJO

DA CARCINOFAUNA RESIDENTE EM ÁREAS DE MANGUEZAIS

Trabalho de Conclusão de Curso, sob a forma de Artigo Científico, apresentado a Universidade Candido Mendes (UCAM), como requisito obrigatório para a conclusão do curso de Pós-Graduação Lato

Sensu em Gestão Ambiental.

Orientador(a): Profa. Dra. Sâmia Paula Santos Neves

Feira de Santana-BA 2016

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GESTÃO TRADICIONAL DE RECURSOS PESQUEIROS E MANEJO DA CARCINOFAUNA RESIDENTE EM ÁREAS DE MANGUEZAIS

Henrique Fernandes de Magalhães1

RESUMO

A gestão pesqueira vem enfrentando muitas dificuldades nos últimos tempos. Dentre as causas principais estão a sobre-exploração dos recursos pesqueiros e a degradação do ambiente costeiro são frequentemente de origem social, econômica, institucional e/ou política. Em áreas costeiras do Brasil, de modo geral, a prática da pesca artesanal predomina sobre a industrial. Essa modalidade pode ser definida como aquela em que o pescador sozinho ou em parcerias participa diretamente da captura de pescado, utilizando instrumentos relativamente simples, extraindo da atividade sua principal fonte de renda, ainda que sazonalmente possam exercer atividades complementares. Comunidades pesqueiras artesanais vêm desenvolvendo, ao longo de sua história, instrumentos de natureza cognitiva para identificar mudanças no meio ambiente, em busca de novas alternativas de sobrevivência. Defende-se que o conhecimento ecológico tradicional fornece uma ferramenta de conceitos mais amplos acerca do ambiente, das formas de conhecimento e dos fundamentos epistemológicos que devem ser considerados na busca de um manejo mais sustentável dos recursos naturais. Assim, o presente artigo visa a avaliar, por meio de uma revisão de dados coletados na literatura científica especializada, a gestão tradicional de recursos pesqueiros a partir do manejo de crustáceos residentes em áreas estuarinas e de manguezais. Percebe-se a necessidade de um trabalho de valorização cultural dos pescadores, em virtude do seu vasto conhecimento naturalístico e empírico.Dessa forma, faz-se indispensável uma Gestão Compartilhada entre os pescadores e os diferentes órgãos e instituições governamentais que participam do manejo pesqueiro, a fim de intercambiar as informações necessárias para o ordenamento e controle da pesca.

Palavras-chave: gestão pesqueira, pesca artesanal, conhecimento ecológico tradicional, crustáceos, manguezais.

INTRODUÇÃO

A gestão pesqueira vem enfrentando muitas dificuldades nos últimos tempos (ROSE, 1997). Especialistas na área de gestão de pesca reconhecem que as causas da sobre-exploração dos recursos pesqueiros e da degradação do ambiente costeiro são frequentemente de origem social, econômica, institucional e/ou política. As principais preocupações são os direcionamentos dos benefícios gerados pelos recursos pesqueiros em relação à saúde humana e conservação desses recursos a serem utilizados pelas gerações futuras (POMEROY, 1995).

1 Bacharel em Ciências Biológicas, pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Mestre em Zoologia, pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Pós-Graduando em Gestão Ambiental, pela Universidade Candido Mendes (UCAM).

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Dados da FAO2 (2010) apontam que os problemas no setor pesqueiro de países em desenvolvimento usualmente estão relacionados à falta de organização e estrutura, ausência de dados sobre os recursos utilizados, além de fiscalização, políticas e gestão inadequadas. Sugere-se, assim, que um modelo descentralizado de gestão seria mais adequado às nossas metas atuais de sustentabilidade.

Em comunidades costeiras, nas últimas décadas, vem sido evidenciados diversos impactos decorrentes de pressões antrópicas (BERKES, 1985), especialmente a sobre-exploração de recursos de uso comum. Incentivos do Governo Federal brasileiro proporcionaram a expansão da pesca, que levou ao sobre-dimensionamento dos meios de produção e à sobre-exploração de grande parte dos estoques pesqueiros (BEZERRA; MUNHOZ, 2000). Este modelo gerou um crescimento desordenado do setor pesqueiro, com altos níveis de exclusão social, empobrecimento da pesca artesanal e da infraestrutura, além de resultar no declínio dos estoques (CARDOSO, 2001).

Em áreas costeiras do Brasil, de modo geral, a prática da pesca artesanal predomina sobre a industrial, frota esta que contribui com cerca de 96,3% das capturas (IBAMA, 2008). Essa modalidade pode ser definida como aquela em que o pescador sozinho ou em parcerias participa diretamente da captura de pescado, utilizando instrumentos relativamente simples, extraindo da atividade sua principal fonte de renda, ainda que sazonalmente possam exercer atividades complementares (DIEGUES, 1988).

A pesca artesanal ocupa grande parte da capacidade de trabalho das comunidades litorâneas, seja na captura, no beneficiamento ou na comercialização do pescado. A atividade requer dos indivíduos um conhecimento que possibilita a utilização dos recursos naturais e garante a sustentabilidade desta práxis. Marques (1993) afirma que os pescadores portam o saber e o saber-fazer relacionados com a estrutura e a função do(s) ecossistema(s) ao qual estão vinculados. O convívio diário do indivíduo com o ambiente aquático, somado à necessidade de exploração, lapidou a experiência do pescador, que inclui uma ampla percepção acerca do meio ambiente e seus elementos (DIEGUES, 1998; CORDELL, 2001).

2 A FAO (do inglês Food and Agriculture Organization) – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura – é uma organização internacional cujo objetivo é aumentar a capacidade da comunidade internacional para, de forma eficaz e coordenada, promover o suporte adequado e sustentável para a Segurança Alimentar e Nutrição global.

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Segundo Doria et al. (2008), a existência de várias estratégias tradicionais de manejo da pesca aplicadas pela população ribeirinha e a efetividade desse processo foi observada e avaliada em alguns trabalhos, permitindo o surgimento de políticas com melhores chances de sustentabilidade quando consideram o conhecimento tradicional, complementado pelo conhecimento científico. Dessa forma, faz-se necessário conhecer como as populações tradicionais interpretam e reinterpretam suas tradições e formas de lidar com a natureza, para que essas noções sejam consideradas ao se desenvolver planos de manejo para áreas protegidas e para se manter as estruturas necessárias para que esse equilíbrio com o meio persista, entre elas a disposição das terras e condições econômicas de reprodução da comunidade (FLEURY; ALMEIDA, 2007).

Os manguezais constituem ecossistemas de grande relevância para a população que vive no seu entorno, uma vez que ela sobrevive dos seus recursos, por meio de atividades como pesca artesanal, coletas de mariscos e fabricação de artesanatos (OLIVEIRA et al., 2005). No entanto, diversas dessas comunidades tradicionais encontram-se obrigadas a abandonar suas atividades buscando outras fontes de subsistência (NUNES, 1998) devido aos inúmeros impactos que esses ecossistemas vêm sofrendo, como poluição industrial e doméstica, pesca industrial e especulação imobiliária. Como consequência, evidencia-se um processo de degradação progressiva dessas áreas.

Comunidades pesqueiras artesanais vêm desenvolvendo, ao longo de sua história, instrumentos de natureza cognitiva para identificar mudanças no meio ambiente, em busca de novas alternativas de sobrevivência, processos estes que têm se dado de forma problemática, uma vez que vêm encontrando na modernidade e globalização fortes oponentes, pondo, assim, em perigo a própria reprodução do modo de vida tradicional (DIEGUES, 2004). Os saberes tradicionais sobre os seres do mar e da terra desempenham papel fundamental na construção de sistemas de manejo da natureza, muitos deles marcados por grande engenhosidade (DIEGUES, 1983, 1994, 2002, 2004).

Há algum tempo, já se defende o emprego do conhecimento tradicional como melhor estratégia de exploração dos recursos naturais (SACHS, 1995). O conhecimento ecológico tradicional fornece uma ferramenta de conceitos mais amplos acerca do ambiente, das formas de conhecimento e dos fundamentos epistemológicos que devem ser considerados na busca de um manejo mais

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sustentável dos recursos naturais (RIST; DAHDOUH-GUEBAS, 2006). Assim, defende-se a incorporação do conjunto de conhecimentos tradicionais dessas sociedades ao conjunto de informações técnico-científicas disponíveis, a fim de que sejam subsidiadas políticas públicas conservacionistas, bem como o manejo dos recursos (SILVANO; VALBO-JORGENSEN, 2008). Dessa forma, o presente artigo pretende avaliar, por meio de uma revisão de dados coletados na literatura científica especializada, a gestão tradicional de recursos pesqueiros a partir do manejo da carcinofauna residentes em áreas estuarinas e de manguezais.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de natureza bibliográfica apoiado nas leituras exploratória e seletiva do material de pesquisa. Uma vez realizado o levantamento bibliográfico, realizou-se a leitura exploratória do material coletado. Por meio dessa leitura, obteve-se uma visão global do material, considerando-o de interesse ou não à pesquisa. Em seguida, efetuou-se a leitura seletiva, a qual permitiu determinar qual material bibliográfico realmente era de interesse desta pesquisa.

Entende-se por pesquisa bibliográfica a revisão da literatura sobre as principais teorias que norteiam o trabalho científico (LAKATOS; MARCONI, 2006; GIL, 2010). Conforme esclarece Boccato

A pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica. Para tanto, é de suma importância que o pesquisador realize um planejamento sistemático do processo de pesquisa, compreendendo desde a definição temática, passando pela construção lógica do trabalho até a decisão da sua forma de comunicação e divulgação (BOCCATO, 2006, p. 266).

Tratando-se de uma revisão bibliográfica, a pesquisa fundamentou-se em livros acadêmicos especializados, artigos científicos, periódicos online e artigos científicos que abordam o tema proposto como objeto da presente pesquisa. Para execução desta pesquisa, foram utilizados como referências revistas, artigos científicos, livros, periódicos on-line, que põem em discussão o tema proposto, versando pelas seguintes áreas: Gestão Ambiental, Gestão Pesqueira, Pesca Artesanal e Manejo da Carcinofauna. Uma vez que a pesquisa não envolve

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diretamente pessoas, na coleta de dados, esta não necessita de submissão ao Comitê de Ética.

Uma vez que uma pesquisa bibliográfica se trata de um trabalho investigativo minucioso, onde se busca o conhecimento e a base fundamental para o todo de uma pesquisa, a elaboração da presente proposta de trabalho justifica-se, primeiramente, “por elevar ao grau máximo de importância esse momento pré-redacional; como também se justifica pela intenção de torná-la um objeto facilitador do trabalho daqueles que possivelmente tenham dificuldades na localização, identificação e manejo do grande número de bases de dados existentes por parte dos usuários” (PIZZANI et al., 2012).

GESTÃO TRADICIONAL PESQUEIRA: CONCEITOS E PRECEITOS

Os recursos pesqueiros enquadram-se na categoria de recursos naturais renováveis de uso comum: trata-se de bens livres, relativamente aos quais cada usuário atual ou potencial é capaz de subtrair do acervo que pertence a todos os demais e a exclusão (ou o controle do acesso) dos usuários torna-se problemática (BERKES, 2005). De forma complementar, isso nos remete aos regimes de propriedade2 dos recursos comuns, que idealmente podem ser divididos em quatro tipos: o livre acesso (ausência de direitos de propriedade bem definidos), a apropriação privada, a apropriação estatal e a apropriação comunitária.

De acordo com as evidências empíricas disponíveis, com exceção do regime de livre acesso, fadado ao fracasso no longo prazo, um dado recurso comum pode ser gerido de maneira ecológica e socialmente sustentável com base em um destes regimes ou em regimes mistos de apropriação (BERKES, 2005). Não obstante, questiona-se a crença de que uma solução efetiva para os problemas socioambientais residiria simplesmente na privatização dos recursos e/ou na ação estatal, desconsiderando-se o potencial contido em sistemas comunitários ou co-geridos.

A pesquisa ecológico-humana de corte sistêmico tem revelado a existência de uma grande diversidade de práticas de gestão local de recursos pesqueiros em praticamente todas as regiões do planeta (BERKES et al., 2001). Nesses casos, onde prevalece o regime de apropriação comunitária, as comunidades delimitam os territórios de pesca e elaboram as regras de captura (como, quando, onde e quanto

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se pode pescar), os mecanismos de implementação e monitoramento das mesmas, as penalidades em caso de violação dos acordos, e os mecanismos de formação de lideranças e de gestão dos conflitos de percepção e interesse. Geralmente, esses regimes de apropriação comunitária guardam coerência com a cultura e os estilos de vida existentes em cada contexto socioecológico.

Esse tipo de gestão pesqueira compartilhada pode ser entendido como um acordo ou parceria, onde todos os atores compartilham a responsabilidade e a autoridade para tomar decisões (BEGOSSI, 2006; POMEROY; RIVERA-GUIEB, 2006; KALIKOSKI et al., 2009; PAULO-JÚNIOR et al., 2012). Paulo-Júnior et al. (2012) afirmam que, atualmente, enfrenta-se um momento de transição, deixando o modelo centralizado pelos governantes, e passando para o modelo compartilhado entre governantes, gestores e pescadores. Dados da FAO (2010) afirmam a importância da gestão compartilhada, como além do simples acesso à tomada de decisões, uma vez que desencadeia na redistribuição de poder entre os atores sociais, que pode ocorrer nas comunidades pesqueiras tanto em nível coletivo quanto individual (BERKES et al., 2001; JENTOFT, 2005).

A ruptura das modalidades de regulação típicas dos sistemas tradicionais de gestão dos espaços costeiros e dos recursos hidrobiológicos mantidos pelas comunidades de pescadores artesanais reflete diretamente o atual estado de crise no setor pesqueiro (REBOUÇAS et al., 2006). Essa ruptura, desencadeada pela combinação do crescimento acelerado da malha viária ao longo do litoral, da urbanização descontrolada, da especulação imobiliária, do turismo de massa e de veraneio, da fiscalização deficiente e da hegemonia alcançada pelo setor da pesca industrial, tem contribuído para a exacerbação dos conflitos socioambientais no litoral catarinense (DIEGUES, 1996; SEIXAS; BERKES, 2003; NMD, 2004).

Inúmeras comunidades desenvolveram regras informais de conduta no que diz respeito às modalidades possíveis de acesso e uso dos recursos pesqueiros. Grande parte dessas regras baseia-se no conhecimento ecológico tradicional dos pescadores e, em diferentes contextos históricos, mostraram-se capazes de diminuir os conflitos e evitar a competição que, geralmente, condiciona os casos de exploração predatória. Porém, esses arranjos institucionais são extremamente sensíveis às pressões exercidas por stakeholders externos à comunidade. Quando expostas ao aumento da demanda pelo pescado, decorrente do maior contato com as aglomerações urbanas e do incremento do turismo de massa, bem como ao

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aumento do número de usuários diretos dos recursos, essas regras tendem a ser desrespeitadas. Abrem-se assim espaços para a consolidação da condição de livre acesso aos recursos, implicando a disseminação de práticas destrutivas envolvendo os membros da comunidade e grupos externos, em detrimento da cooperação voltada para a conservação do patrimônio natural e cultural no longo prazo (BERKES, 2002; 2005).

Por sua vez, a intensificação do uso de petrechos de pesca predatórios, e/ou proibidos em lagunas costeiras, tem provocado conflitos e comprometido gravemente a reprodução de algumas espécies. Outro bloqueio digno de registro diz respeito à extração indiscriminada de mexilhões dos costões rochosos, para serem utilizados como "sementes" nas práticas de maricultura. Finalmente, seria importante mencionar o agravamento dos conflitos relativos à utilização da orla marítima, envolvendo pescadores artesanais e praticantes de esportes náuticos: as disputas com o setor da pesca industrial pelos recursos demersais e pelágicos e com o setor da aquicultura empresarial pelos recursos existentes em lagunas e baías; e a pesca predatória com explosivos - entre outras questões litigiosas constatadas atualmente na costa catarinense (NMD, 2004; FABIANO, 2004).

A importância do conhecimento ecológico tradicional e do conhecimento local dos pescadores artesanais passou a ser também melhor percebida mediante a disseminação dessa linha inovadora de pesquisa interdisciplinar e orientada para a ação. Segundo Berkes (1999), o primeiro diz respeito a um conjunto cumulativo de saberes, crenças e práticas gerado por populações tradicionais – inclusive indígenas – no bojo de processos adaptativos e transmitido de geração a geração, sobre as relações dos seres vivos (inclusive humanos) entre si e com o seu meio ambiente.

Por sua vez, o conceito de conhecimento local refere-se à generalização progressiva das observações locais feitas por usuários dos recursos naturais em contextos sócio-ecológicos específicos, diferindo do conhecimento tradicional pelo fato de não ser produto da transmissão através de várias gerações. Ambos desempenham um papel importante na dinâmica de funcionamento de sistemas comunitários de gestão dos recursos pesqueiros, na medida em que podem ser integrados, pressupondo o cultivo do diálogo de saberes, ao acervo de conhecimentos científicos acumulados e que se ajustam a uma política de empoderamento gradual das comunidades de usuários diretos dos recursos de uso comum (BERKES, 1999).

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Todas essas dimensões fazem parte do conceito sistêmico de gestão adaptativa. Ele permite-nos caracterizar projetos, programas e políticas de intervenção como hipóteses de trabalho; nesse caso, as ações de gestão são vistas como experimentos de pesquisa inter e transdisciplinar (BERKES, 2002). Objetivando manter a resiliência sistêmica e encontrar respostas sociais e institucionais flexíveis à escassez de recursos e aos fracassos da gestão convencional, este conceito pressupõe que o caráter evolucionário e as mudanças cíclicas são características essenciais de todos os sistemas sócio-ecológicos. A ênfase recai, portanto, no fortalecimento da capacidade adaptativa e de auto-organização das comunidades locais.

PESCA ARTESANAL E MANEJO DA CARCINOFAUNA NO BRASIL

A pesca artesanal no Brasil possui uma herança associada à três das principais etnias que formaram a cultura das comunidades litorâneas: a indígena, a portuguesa e a negra (SILVA et al., 1990). Dos povos indígenas, as populações litorâneas herdaram o preparo do peixe para a alimentação, o feitio das canoas e jangadas, as flechas, os arpões e as tapagens; da cultura portuguesa, herdaram os anzóis, pesos de metal, redes de arremessar e de arrastar; e da cultura negra, herdaram a variedade de cestos e outros utensílios utilizados para a captura dos peixes (DIEGUES, 1983).

Através da arte pesqueira, as populações de áreas costeiras adquirem um extenso conhecimento sobre o meio ambiente, as condições da maré, os tipos de ambientes propícios à vida de certas espécies de peixes, o manejo dos instrumentos de pesca, identificação dos pesqueiros (melhores pontos de pesca), o hábito dos diferentes peixes, o comportamento e classificação dos peixes. Esse conjunto de conhecimentos é utilizado nas estratégias de pesca e pode ser útil para o manejo de estoques pesqueiros (DIEGUES, 1983, 1995; SILVANO, 1997).

Percebe-se, porém, com base nos dados coletados de diferentes trabalhos desenvolvidos em diferentes contextos, que a importância da pesca no orçamento familiar tem variado. A pesca artesanal antes desenvolvida como forma de subsistência, hoje já não mais é a única atividade econômica das comunidades litorâneas. Em todos os municípios onde a pesca artesanal foi analisada, os pescadores também desenvolvem outras atividades para complementar a renda

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familiar. E dentre estas atividades, as principais estão relacionadas ao turismo, como bares, restaurantes, pousadas, prestação de serviços em casas de veraneio, aluguel de barcos para passeios e para a pesca esportiva, entre outras. Segundo Sanches (1997), os pescadores artesanais que antes viviam exclusivamente da pesca artesanal e de outras atividades ligadas à agricultura e ao extrativismo, têm deixado tais atividades para subsistirem do turismo.

A atividade pesqueira relacionada à coleta de crustáceos é exercida por meio de uma diversidade de técnicas e apetrechos, a depender do tipo de animal (camarão, aratu, caranguejo ou siri) a ser capturado (Tabela 1). A maior diversidade de técnicas documentada está direcionada à Infraordem Brachyura, especialmente à captura do caranguejo-uçá (Ucides cordatus Linnaeus, 1763). A coleta de Ucides

cordatus é considerada uma das atividades extrativistas mais importantes em todo o

país (SAINT-PAUL, 2006), constituindo fonte de renda para parte da população com baixo poder aquisitivo que habita regiões estuarinas (WOLFF et al., 2000; GLASER, 2003; ALVES; NISHIDA, 2003; GLASER; DIELE, 2004; MAGALHÃES et al., 2011). Percebe-se, pelo menos, três técnicas são empregadas exclusivamente na captura deste caranguejo: braceamento, tapagem e redinha.

Tabela 1. Descrição de alguns dos principais apetrechos e técnicas utilizadas na pesca artesanal de crustáceos braquiúros de importância econômica

Arte de Pesca Descrição Recurso capturado

Braceamento Introduz-se o braço inteiro na toca onde o caranguejo se encontra.

Caranguejo-uçá (Ucides

cordatus)

Covo grande Armadilha de fundo semi-fixa, cilíndrica, confeccionada com palheta rígida, com uma sanga (abertura) em uma das extremidades.

Siri-do-mangue

(Callinectes exasperates,

Callinectes danae),

siri-do-rio

(C. danae), caranguejo-uçá

Covo pequeno Armadilha de fundo semi-fixa, confeccionada com palheta rígida, com uma abertura em uma das extremidades.

Aratu (Goniopsis

cruentata)

Linha Utiliza-se a linha,

geralmente amarrada a

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um galho de árvore do mangue, onde se coloca uma isca na ponta da linha e se espera o aratu. Continuação.

Ratoeira Espécie de alçapão feito com lata de óleo ou madeira, utilizado na captura de caranguejos.

Caranguejo gaiamum (Cardisoma guanhumi),

caranguejo-uçá

Redinha Armadilha fixa feita de saco de estopa, colocada na entrada das tocas de caranguejos.

Caranguejo-uçá

Tapagem Obstrução da toca. Caranguejo-uçá

Fonte: Magalhães et al. (2011).

A técnica do braceamento (ou braceado) parece ser uma herança dos índios Tupinambá que habitavam a costa brasileira. Gabriel Soares de Souza, em seus registros em 1587, já fazia referência aos “índios mariscadores com o braço nu” (SOUZA, 2000). Nordi (1994) registra, no litoral do Estado da Paraíba, o uso da ratoeira também na pesca do caranguejo-uçá, além do gaiamum (Cardisoma

guanhumi Latreille, 1825). Na literatura consultada, a ratoeira aparece como o

principal apetrecho usado na captura de gaiamuns (SOFFIATI, 2001; FRANCO, 2002; BOTELHO; SANTOS, 2005; BRUNET, 2006; MAGALHÃES et al., 2011).

Em relação à redinha, seu uso indiscriminado, somado ao aumento do número de catadores, maximiza a pressão de coleta, ao mesmo tempo que promove a redução do tamanho médio de Ucides cordatus, alterando a estrutura populacional e, consequentemente, comprometendo os elos manguezal-caranguejo e homem-caranguejo (PASSOS; BENEDITTO, 2005; DIELE et al., 2005; JANKOWSKY et al., 2006; MAGALHÃES et al., 2011).

No que diz respeito à captura de siris do gênero Callinectes, ao longo da costa brasileira, percebe-se o uso de apetrechos, como o espinhel (groseira) e o manzuá (SEVERINO-RODRIGUES et al., 2001; SOUTO; MARQUES, 2006; GARCEZ, 2007). A utilização da linha na pesca artesanal de aratus parece ser um fenômeno bastante difundido, pelo menos ao longo da costa do Nordeste Brasileiro, uma vez que em trabalhos como os de Moura et al. (2000) e de Santos et al. (2001),

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nos litorais Norte e Sul do Estado de Pernambuco, respectivamente, tal prática é evidenciada como principal na captura de aratus. Nesses mesmos estudos, há também registro dos tipos de iscas utilizadas (tripa de galinha, restos de peixe e ostra) e do hábito de produzir barulho para atrair os animais. Segundo Moura et al. (2000), a utilização deste método representa um importante recurso na conservação do estoque desta espécie, devido à seletividade em relação aos juvenis.

Outro fator interessante ainda, relacionado ao manejo da carcinofauna em comunidades estuarinas, é referente à apropriação dos recursos, os quais são coordenados por regras variadas em termos de organização e prática, o que acaba regulando o acesso dos indivíduos aos sítios de pesca (CORDELL; MACKEAN, 1986; CORDELL, 2001; DIEGUES; ARRUDA, 2001; MARQUES, 1995; 2001; SOUTO, 2004; MAGALHÃES et al., 2011). Odum (2012) denominou esse fenômeno de “territorialidade”. Dentre essas regras, há os segredos de pesca (MALDONADO, 1999), que atuariam no sentido de evitar a presença de competidores pelos recursos, garantindo assim um maior rendimento na exploração dos mesmos.

Percebe-se, pois, uma analogia à “Tragédia dos Comuns”, termo cunhado pelo ecólogo estadunidense Garrett Hardin, que afirmou que “(...) a liberdade em relação a recursos comuns gera ruína de todos” (HARDIN, 1968). Em outras palavras, o autor estava decretando que recursos de acesso comum tendem à extinção devido à competição. De fato, esse fenômeno é percebido em grande parte das comunidades estuarinas que vivem da coleta de recursos pesqueiros (incluindo os crustáceos). Não se pode deixar de considerar, porém, os fatores culturais outrora mencionados, uma vez que grupos e comunidades locais que utilizam esses recursos comuns possuem habilidades em organizá-los e manejá-los de forma efetiva (BERKES, 1985; FENNY et al., 2001; BURKE, 2001).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesca artesanal de crustáceos de importância econômica é realizada com uma diversidade de técnicas e apetrechos que, de forma direta ou indireta, interfere na dinâmica faunística e ecossistêmica. No exercício dessas atividades, a principal motivação evidenciada em Conde é a econômica, uma vez que a pesca artesanal é a principal fonte de renda.

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Embora se perceba uma consciência conservacionista em muitos dos dados evidenciados na literatura consultada (não coletar fêmeas “ovadas” e indivíduos jovens, por exemplo), o que se evidenciou em maior grau foram atitudes de manejo e não uma preocupação direta com a questão da conservação. Estudos posteriores poderão vir a fornecer subsídios a estudos visando o manejo e uso sustentável dos recursos pesqueiros nas zonas costeiras brasileiras, vindo a beneficiar as comunidades locais que vivem dessa prática.

Regimes de gestão compartilhada da pesca estão sendo criados ao longo da zona costeira e em áreas interiores no Brasil. Enquanto tem sido relativamente fácil criar arranjos institucionais de gestão compartilhada, os principais desafios são atribuídos à implementação e à manutenção dessas iniciativas no decorrer do tempo. As lições aprendidas nos estudos de caso analisados nesse trabalho reforçam aspectos importantes que deveriam ser levados em consideração ao se instaurar sistemas de gestão compartilhada da pesca no Brasil.

É preciso um trabalho de valorização cultural dos pescadores, em virtude do seu vasto conhecimento naturalístico e empírico. Torna-se indispensável uma Gestão Compartilhada entre os pescadores e os diferentes órgãos e instituições governamentais que participam do manejo pesqueiro, a fim de intercambiar as informações necessárias para o ordenamento e controle da pesca. Nesse sentido, a gestão compartilhada parece ter um papel prioritário sobre todos os outros, na manutenção e sustentabilidade dos recursos pesqueiros.

REFERÊNCIAS

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