JUSTIÇA ELEITORAL TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO SUL

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PROCESSO: PC 6-91.2015.6.21.0000

PROCEDÊNCIA: PORTO ALEGRE

INTERESSADOS: VALMOR LACERDA DO ESPIRITO SANTO, CARGO DEPUTADO

ESTADUAL Nº: 90500

---Prestação de contas. Candidato. Arrecadação e dispêndio de recursos

de campanha. Resolução TSE n. 23.406/14. Eleições 2014.

Ausência de registro de despesas com prestação de serviços

advocatícios e contábeis. Falha de natureza formal, que não prejudica

a análise contábil da campanha.

Doações de recursos estimáveis em dinheiro. Divergência entre o

doador direto e o doador originário informados pelo candidato e os

registrados nos recibos eleitorais. Inconsistências sanadas a partir da

documentação acostada aos autos.

Arrecadação e aplicação de recursos próprios do candidato sem a

emissão de recibo eleitoral. Valor irrisório utilizado para a

manutenção da conta bancária. Identificação da origem e destinação

da receita.

Ausência de prejuízo à confiabilidade das contas.

Aprovação com ressalvas.

A C Ó R D Ã O

Vistos, etc.

ACORDAM os juízes do Tribunal Regional Eleitoral, por unanimidade,

ouvida a Procuradoria Regional Eleitoral e nos termos das notas taquigráficas inclusas,

aprovar com ressalvas as contas de VALMOR LACERDA DO ESPIRITO SANTO relativas

às eleições gerais de 2014, com fulcro no art. 54, II, da Resolução TSE n. 23.406/14.

Sala de Sessões do Tribunal Regional Eleitoral.

Porto Alegre, 07 de julho de 2015.

DRA. GISELE ANNE VIEIRA DE AZAMBUJA,

Relatora.

Assinado eletronicamente conforme Lei 11.419/2006 Em: 07/07/2015 - 14:34

Por: Dra. Gisele Anne Vieira de Azambuja Original em: http://docs.tre-rs.jus.br

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PROCESSO: PC 6-91.2015.6.21.0000

PROCEDÊNCIA: PORTO ALEGRE

INTERESSADOS: VALMOR LACERDA DO ESPIRITO SANTO, CARGO DEPUTADO

ESTADUAL Nº: 90500

RELATORA: DRA. GISELE ANNE VIEIRA DE AZAMBUJA

SESSÃO DE 07-07-2015

---R E L AT Ó ---R I O

VALMOR LACERDA DO ESPIRITO SANTO, candidato ao cargo de

deputado estadual, apresentou prestação de contas referente à arrecadação e ao dispêndio de

recursos relativos às eleições gerais de 2014.

Após análise técnica das peças, a Secretaria de Controle Interno e Auditoria

(SCI) emitiu Relatório Preliminar, manifestando-se pela necessidade de diligências (fls.

51-52).

Intimado por meio de seu procurador constituído (procuração à fl. 38), o

candidato não se manifestou (fls. 56-57).

Sobreveio parecer conclusivo pela desaprovação das contas, apontando a

existência de falhas que comprometem a sua regularidade (fls. 58 e v.).

Novamente intimado, o candidato deixou transcorrer o prazo sem

manifestação (fls. 62-63).

Foram os autos com vista à Procuradoria Regional Eleitoral, que opinou

pela desaprovação das contas (fls. 64-66).

É o relatório.

V O T O

Eminentes colegas:

A SCI concluiu pela desaprovação da contabilidade de campanha apontando

as seguintes falhas:

1. O prestador não esclareceu o apontamento que constatou a ausência de registro de despesa com prestação de serviços advocatícios e contábeis para o

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candidato (art. 31, VII, da Resolução TSE n. 23.406/2014), bem como deixou de apresentar, no caso de doações estimadas, a documentação, os respectivos recibos eleitorais, os lançamentos na prestação de contas e a comprovação de que as doações constituam produto do serviço ou da atividade econômica dos respectivos doadores (arts. 45 e 23, caput, da Resolução TSE n. 23.406/2014).

2. Não é possível atestar a confiabilidade dos dados consignados na prestação de conta, uma vez que o prestador não retificou a prestação de contas ou esclareceu o apontamento que identificou o registro das seguintes doações como realizadas diretamente ao candidato pela empresa Coesul Construtora Extremo Sul Ltda mas, em a análise dos recibos eleitorais entregues à fl. 31, verificou-se que o candidato Luiz Carlos Ghiorzzi Busato é o doador direto dos recursos e a empresa Coesul Construtora Extremo Sul Ltda. é a doadora originária.

DOADOR DOS RECIBOS ELEITORAIS: RS-RIO GRANDE DO SUL - 1414 - LUIZ CARLOS GHIORZZI BUSATO - PTB

Nº RECIBO: 905000700000RS000011 DATA: 30/09/2014

FONTE:

--ESPÉCIE: Estimado VALOR (R$): 178,00

Nº RECIBO: 905000700000RS000010 DATA: 26/09/2014

FONTE:

Nº RECIBO: 905000700000RS000009 DATA: 10/09/2014

FONTE:

COORDENADORIADE SESSÕES

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Nº RECIBO: 905000700000RS000008 DATA: 03/09/2014

FONTE:

Nº RECIBO: 905000700000RS000007 DATA: 03/09/2014

FONTE:

Nº RECIBO: 905000700000RS000006 DATA: 03/09/2014

FONTE:

3. Não é possível efetuar o controle e aferição da veracidade das informações consignadas na prestação de contas, tendo em vista que o prestador deixou de manifestar-se quanto ao apontamento referente a análise dos extratos eletrônicos disponibilizados pelo TSE, em confronto com os dados consignados no relatório de receitas/despesas que identificou as seguintes situações:

A) Verificou-se que a movimentação financeira declarada na prestação de contas não registra o seguinte crédito observado na movimentação bancária (art. 40, I, “f” da Resolução TSE n. 23.406/2014):

DATA: 14/11/2014 CPF/CNPJ¹: 54007518068

DOADOR²: VALMOR LACERDA DO ESPIRITO SANTO VALOR (R$): 20,30

¹ Fonte: Extratos eletrônicos disponibilizados na base de dados da Justiça Eleitoral

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Nesse contexto, ressalta-se que nesta data foi possível identificar a origem dos recursos acima listados por meio de consulta aos extratos eletrônicos disponibilizados na base de dados da Justiça Eleitoral.

B) Observou-se que a movimentação financeira declarada na prestação de contas não registra o seguinte débito observado na movimentação bancária (art. 40, I, “f” da Resolução TSE n. 23.406/2014):

DATA: 25/11/2014

HISTÓRICO: MANUT CTA VALOR (R$): 20,30

Conclusão

As falhas apontadas nos itens 1, 2 e 3, quando analisadas em conjunto, comprometem a regularidade das contas apresentadas.

Ao final, considerando o resultado dos exames técnicos empreendidos na prestação de contas, esta unidade técnica opina pela desaprovação das

contas.

Identificadas, portanto, três falhas a seguir sintetizadas:

1) Ausência de registro de despesa com prestação de serviços advocatícios e

contábeis;

2) inconsistência em relação ao doador originário de doação estimável em

dinheiro auferida pelo candidato; e

3) inconsistência quanto à arrecadação e gasto do montante de R$ 20,30.

Passo à análise individualizada das inconsistências.

Em relação à omissão descrita do item 1, referente à falta de declaração

de despesas com serviços advocatícios e contábeis, em espécie ou sob a forma de doação,

tenho que não se reveste de gravidade suficiente para fundamentar a desaprovação das contas.

Tal lapso constitui, antes disso, irregularidade de natureza formal, que, em si

mesma, e analisada de forma isolada, não causaria efetivo prejuízo à análise contábil da

campanha pela Justiça Eleitoral.

A propósito, alguns Regionais sequer consideram tais despesas como gastos

de campanha. Nessa linha, recentes decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais de Santa

Catarina e São Paulo, a seguir grifados:

ELEIÇÕES 2014 - PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CANDIDATO - DEPUTADO ESTADUAL. - AUSÊNCIA DE EXTRATOS BANCÁRIOS EM SUA FORMA DEFINITIVA - EFETIVA COMPROVAÇÃO DA

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MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA ZERADA NA CAMPANHA ELEITORAL - INEXISTÊNCIA DE PROVAS CONTRÁRIAS - PRECEDENTES [TRESC. - Ac. n. 28.290, de 1º.7.2013, Rel. Juiz Marcelo Ramos Peregrino Ferreira]. "A não apresentação dos extratos bancários em sua forma definitiva deve ser relevada quando os extratos constantes dos autos contemplarem todo o período de campanha eleitoral, permitindo analisar a regularidade da movimentação financeira do candidato" [TRESC. Acórdão n. 29.044, de 29.1.2014, Rel. Juiz Ivorí Luis da Silva Scheffer]. - AUSÊNCIA DE

INFORMAÇÕES SOBRE EVENTUAIS RECURSOS ESTIMÁVEIS EM DINHEIRO AUFERIDOS NA CAMPANHA OU DE DESPESAS REALIZADAS COM SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS E CONTÁBEIS - GASTOS QUE NÃO SÃO CONSIDERADOS DESPESAS DE CAMPANHA - PRECEDENTES [TREPR. Ac. n. 48.847, de 24.11.2014,

Rel. Juíza Vera Lúcia Feil Ponciano; TRESC. Ac. n. 28.620, de 9.9.2013, Rel. Juiz Hélio do Valle Pereira]. - CONTAS APROVADAS COM RESSALVAS. (TRE-SC - PREST: 114446 SC , Relator: CARLOS VICENTE DA ROSA GÓES, Data de Julgamento: 25.02.2015, Data de Publicação: DJE - Diário de JE, Data 04.03.2015.)

PRESTAÇÃO DE CONTAS. ELEIÇÕES 2014. DEPUTADO FEDERAL. IRREGULARIDADES: a - Omissão de despesa com serviços advocatícios (apontada pela d. PRE). Despesas com honorários advocatícios não

constituem gastos eleitorais. Precedentes: TRE/SP. b - Omissão de

doações na segunda prestação de contas parcial (apontada pelo órgão técnico). Irregularidade meramente formal que não compromete a regularidade das contas. Precedentes: TRE/SP. c - Realização de serviço/aquisição de produtos não declarados (apontada pelo órgão técnico). Irregularidade que representa aproximadamente 0,18% do total das receitas de campanha eleitoral. Aplicação dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. APROVAÇÃO COM RESSALVAS.

(TRE-SP - PC: 576277 SP , Relator: ANDRÉ GUILHERME LEMOS JORGE, Data de Julgamento: 24.02.2015, Data de Publicação: DJESP - Diário da Justiça Eletrônico do TRE-SP, Data 03.03.2015.)

Todavia, não desconheço que aludido entendimento não reflete a posição do

TSE, que vem sinalizando como gastos eleitorais as despesas com serviços advocatícios,

exigindo, modo consequente, a emissão do respectivo recibo e sua contabilização na prestação

de contas:

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2008. VEREADOR. PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CAMPANHA. DOAÇÃO ESTIMÁVEL EM DINHEIRO. SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE EMISSÃO DE RECIBO ELEITORAL. CONTROLE DAS CONTAS. PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. APROVAÇÃO DAS CONTAS COM RESSALVAS.

1. Na espécie, a recorrida recebeu doação estimável em dinheiro - consistente na prestação de serviços advocatícios - e não emitiu o recibo eleitoral

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correspondente.

2. "Muito embora os serviços advocatícios não tenham relação direta com a divulgação da campanha política, constituem ato acessório a esse fim e, por isso, configuram gasto eleitoral que exige a emissão do respectivo recibo e sua contabilização na prestação de contas" (REspe 38875/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado na sessão de 11.11.2014).

3. O Tribunal Superior Eleitoral já assentou o entendimento de que a ausência de emissão de recibo eleitoral na prestação de contas caracteriza-se como irregularidade insanável, pois impossibilita o efetivo controle das contas por parte da Justiça Eleitoral. Precedentes.

4. Apesar de representar a totalidade dos recursos arrecadados na campanha, o valor diminuto em termos absolutos - qual seja R$ 800,00 (oitocentos reais) - justifica a aplicação na espécie dos princípios da proporcionalidade e

da razoabilidade para aprovar as contas com ressalvas.

5. Recurso especial desprovido.

(TSE – Respe n. 956112741 CE, Relator Ministro João Otávio de Noronha, data de julgamento 05.02.2015, Publicação DJE de 04.03.2015, p. 215.) (Grifei.)

De notar que referida falha justifica, para a Corte Superior, a aplicação dos

princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, a fim de aprovar com ressalvas as contas.

No que diz respeito ao item 2, tal inconsistência refere-se a divergências

quanto ao doador direto e ao doador originário de doações estimáveis em dinheiro de

impressos, adesivos perfurados e “colinhas” (propaganda impressa na qual constam os dados

de urna do candidato).

Nos recibos juntados à fl. 31 é possível constatar que tais doações foram

realizadas diretamente pelo candidato Luiz Carlos Ghiorzzi Busato, tendo como doadora

originária a empresa Coesul Construtora Extremo Sul Ltda.

No entanto, o prestador informou, às fls. 09-10, ter recebido tais doações

diretamente da empresa Coesul Construtora Extremo Sul Ltda.

Analisando a documentação colacionada às fls. 29-30, é possível verificar

que, de fato, o doador direto foi o candidato a Deputado Federal Luiz Carlos Ghiorzzi Busato,

o qual recebeu recursos da empresa Coesul Construtora Extremo Sul Ltda, utilizou-os para

confeccionar os materiais de propaganda e, após, doou-os a diversos outros candidatos, dentre

eles ao prestador VALMOR LACERDA DO ESPIRITO SANTO.

Tal operação é regular e encontra amparo no disposto no § 2º do art. 23 da

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Resolução TSE n. 23.406/2014, litteris:

Art. 23. (…).

§ 2º Partidos políticos, comitês financeiros e candidatos podem doar entre si bens ou serviços estimáveis em dinheiro, ainda que não constituam produto de seus próprios serviços ou de suas atividades.

Desse modo, em que pese a falha formal no formulário das fls. 09-10, é

possível inferir que o candidato Luiz Carlos Ghiorzzi Busato é o doador direto dos recursos

estimáveis em dinheiro recebidos pelo prestador, sendo a empresa Coesul Construtora

Extremo Sul Ltda a doadora originária.

Superada, portanto, esta falha.

Quanto à inconsistência disposta no item 3, refere-se ao mesmo fato

gerador: arrecadação e aplicação na campanha de recursos próprios do candidato no valor

total de R$ 20,30, sem a devida emissão de recibo.

Tal quantia, segundo apurado pela SCI, foi depositada pelo próprio

candidato em sua conta-corrente de campanha na data de 14.11.2014, e foi utilizada para o

pagamento de taxa de manutenção da referida conta (verso da fl. 58).

Desse modo, é possível visualizar com transparência a origem e a aplicação

da quantia, motivo pelo qual, em que pese a omissão do recibo, tenho como perfeitamente

superável tal falha, em face do reduzido valor envolvido.

Portanto, concluo que as falhas apontadas pela SCI no Parecer Conclusivo

da fl. 58 não comprometem a confiabilidade da prestação em exame, visto que por meio da

contabilidade apresentada foi possível averiguar a regular comprovação da arrecadação e das

despesas de campanha.

Diante do exposto, VOTO pela aprovação com ressalvas das contas de

VALMOR LACERDA DO ESPIRITO SANTO, nos termos do inciso II do art. 54 da

Resolução TSE n. 23.406/2014.

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EXTRATO DA ATA

PRESTAÇÃO DE CONTAS - DE CANDIDATO

Número único: CNJ 6-91.2015.6.21.0000

Interessado(s): VALMOR LACERDA DO ESPIRITO SANTO, CARGO DEPUTADO

ESTADUAL e Nº: 90500 (Adv(s) José Tabajara Marques Gonçalves)

DECISÃO

Por unanimidade, aprovaram as contas com ressalvas.

Des. Luiz Felipe Brasil

Santos

Presidente da Sessão

Dra. Gisele Anne Vieira de

Azambuja

Relatora

Participaram do julgamento os eminentes Des. Luiz Felipe Brasil Santos - presidente -, Dr. Hamilton Langaro Dipp, Dr. Leonardo Tricot Saldanha, Dra. Gisele Anne Vieira de Azambuja, Dr. Eduardo Augusto Dias Bainy e Des. Federal Luís Alberto D`Azevedo Aurvalle, bem como o douto representante da Procuradoria Regional Eleitoral.