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Monitoramento do Comportamento Reprodutivo e Territorialista de Capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) no IFMG-Campus Bambuí

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Academic year: 2021

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Monitoramento do Comportamento Reprodutivo e Territorialista de Capivaras

(Hydrochoerus hydrochaeris) no IFMG-Campus Bambuí

Tiago Garcia PEREIRA1; Cássia Maria Silva NORONHA2; Eriks Tobias VARGAS2,

1Aluno do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e bolsista de

Extensão (PIBEX).2 Professor do IFMG campus Bambuí

RESUMO

A Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) é um roedor presente em quase toda a América do Sul e devido ao seu potencial reprodutivo somado a ausência de seus predadores naturais, tem se alastrado rapidamente em algumas áreas, causando desequilíbrio ecológico devido a sua superpopulação. No IFMG-Câmpus Bambuí essa espécie encontrou o habitat propício para o seu desenvolvimento, por se tratar de um ambiente com vasta presença de recursos naturais. A presença de atividade humana durante toda a semana impede a presença de predadores, potencializando o domínio territorialista das capivaras na área do Câmpus. Esse problema também ocorre em regiões vizinhas que são frequentemente invadidas por capivaras causando prejuízos em áreas agrícolas. Desta forma o presente trabalho pretende, através do estudo do comportamento reprodutivo e territorialista das capivaras, propor iniciativas para o controle populacional dessa espécie no IFMG-Câmpus Bambuí e regiões próximas ao campus, assim como disseminar o conhecimento de seus hábitos através da criação de uma cartilha.

INTRODUÇÃO

As capivaras são animais com grande potencial reprodutivo. Possuem ciclo estral curto de apenas 8 dias e período de gestação rápido de 5 meses, sendo que nascem em média quatro filhotes por gestação e a fêmea já está sexualmente ativa 15 dias após o parto (MOREIRA; MACDONALD, 1997), um dos fatores que propiciam sua rápida proliferação.

O hábito alimentar desses animais bastante diversificado, associado a um alto potencial reprodutivo, faz com que os mesmos se alastrem rapidamente em uma área. Tal fato tem se potencializado ainda mais pela diminuição de predadores naturais (IBAMA, 2000). Este cenário pode

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ser uma das possíveis explicações para a formação de superpopulações dessa espécie em diversas regiões do país.

Esta situação ocorre no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais Campus Bambuí (IFMG Câmpus Bambuí) que por possuir área com grande diversidade ecológica, sendo formado por corpos d'água extensos e volumosos, matas fechadas e campos abertos, potencializou o desenvolvimento e proliferação da população de capivaras ali presentes.

Desta forma, o presente trabalho objetiva apresentar os resultados parciais de um Projeto de Extensão que vem sendo desenvolvido no IFM Câmpus Bambuí. Ao longo da pesquisa foram realizadas ações visando conhecer os hábitos territorialista e reprodutivos das capivaras presentes no entorno da lagoa do Câmpus Bambuí. Esta iniciativa visa disseminar os conhecimentos comportamentais das capivaras para a comunidade da cidade de Bambuí – MG através de uma cartilha que está em fase de confecção, bem como propor um diagnóstico que poderá possibilitar a realização de politicas de manejo desta espécie.

ELEMENTOS DE LEITURA DE REALIDADE/DIAGNÓSTICO

As capivaras são animais territorialistas que formam grupos familiares fechados, de cinco a quatorze indivíduos. Esse grupo familiar é caracterizado por castas bem determinadas observando a presença de um macho dominante, várias fêmeas, filhotes e machos subordinados (MOREIRA; MACDONALD, 1997).

Seu habito diário é determinado pela incidência solar, nas horas mais quentes os indivíduos procuram ficar dentro da água ou em locais próximos a ela, já nos momentos de menor incidência solar eles forrageiam e/ou descansam.

A determinação da área habitável é feita por todos os membros do grupo sendo esse um habito responsável por evitar invasões de outros grupos (JIMÉNEZ, 1995 citado por SILVA et all, 2013). O macho dominante determina a quantidade de animais que irá compor o grupo, sendo que em épocas de escassez de alimento poderá ocorrer a expulsão de jovens machos, caso esses estejam em número excedente (VARGAS et al 2007).

Capivaras possuem um ciclo estral de quase 8 dias, onde uma fêmea se encontra sexualmente adulta aos 12 meses de idade e está apta à reprodução o ano todo. O período de gestação é de 5 meses, nascendo em média 4 filhotes por parição, com aproximadamente 1,5 Kg cada. Quinze dias após o parto a fêmea está novamente sexualmente ativa (MOREIRA; MACDONALD, 1997).

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O macho dominante é responsável por metade das cópulas do grupo, a outra metade é feita pela somatória de todos os outros machos subordinados. Além de proporcionar metade das coberturas, os machos subordinados são responsáveis pela proteção dos filhotes, assim quanto maior for o número de machos subordinados, menor será a mortalidade de filhotes por predação (MOREIRA; MACDONALD, 1997).

ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO

O Projeto de Extensão sobre o comportamento das capivaras está sendo realizado no IFMG Câmpus Bambuí, Faz. Varginha – Rodovia Bambuí/Medeiros – km 05 estrada. Esta instituição é especializada na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos às suas práticas pedagógicas. A área do Câmpus possui grande diversidade ecológica, formado por corpos d' águas extensos e volumosos, matas fechadas e campos abertos. Este é um ambiente propício para o refúgio de diversas espécies animais como a Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris).

As observações comportamentais foram realizadas com o auxílio de um binóculo 20X50. A estimativa do número de capivaras foi realizada através da contagem direta dos indivíduos. Esse método de contagem tem sido frequentemente utilizado para estimar o tamanho de populações de animais silvestres (PINTO et al., 2006).

As observações comportamentais estão sendo feitas semanalmente, durante 5 horas onde a cada semana o monitoramento dos animais é realizado em um turno diferente. Para a descrição dos comportamentos foi criado um etograma seguindo modelos existentes (ALBUQUERQUE; CODENOTTI 2006; RODRIGUES, 2008), com a devida adaptação às características da espécie observada.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS:

No entorno da lagoa do Câmpus Bambuí existem quatro grupos de capivaras que habitam áreas definidas de acordo com o horário usado para repouso, alimentação e hidratação. A definição da área usada pelos animais é feita pelo macho dominante, também conhecido como macho alfa. Ele é responsável por marcar as áreas utilizando a glândula nasal, localizada na superfície dorsal do

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focinho. Nos estudos realizados por MacDonald (1981), Vargas (2007) e Alho (1989) esta maneira do macho alfa demarcar o território também foi observada.

Durante o estudo foram identificados os horários repouso, alimentação e hidratação das capivaras no entorno da lagoa. Verificou-se todos os grupos dormiam a noite, após as 19h. O tempo maior de forrageamento foi observado durante o início da manhã, entre 7h e 9h, e no final da tarde entre 16h e 18h. Já o tempo maior de repouso ocorreu entre 11h e 15h. A hidratação ocorre principalmente no período da manhã e da tarde, entre o horário de repouso (9h as 11h) e forrageamento (15h as 16h).

O deslocamento dos animais em terra acontece durante a procura por alimento sendo que os grupos procuram áreas de forragem próximas ao local de repouso. O deslocamento em água também ocorre para a procura de alimento, notando a presença de um guia, que nem sempre era o macho dominante. É importante ressaltar que a água, além de meio para o deslocamento em busca de alimento, é utilizada, pelas capivaras, como refúgio em casos de perturbação.

Em relação ao comportamento reprodutivo, foi observado que as cópulas ocorriam sempre na água, preferencialmente no final da tarde, no momento em que as capivaras voltavam ao local de repouso. A corte era realizada em terra pelo macho alfa, e tinha início com a perseguição à fêmea a fim de esfregar a glândula nasal. Os dois emitiam uma vocalização baixa e no momento que a fêmea se mostrava receptiva ambos entravam dentro d’água e nadavam em sincronia, com a fêmea na frente e o macho atrás, sendo realizados vários mergulhos entre os nados pela lagoa, até a primeira monta. Esse comportamento também foi observado por MacDonald (1984) em estudo do comportamento de capivaras em vida livre na Venezuela e por Rodriges (2008).

Figura 1: Monitoramento das capivaras no IFMG campus Bambuí (A) Observação capivaras (B) Capivara em repouso (C) Capivaras forrageando

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CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

O projeto teve início em março de 2014 com vigência até março de 2015. Até o momento, resultados parciais indicam, que as capivaras habitam diversas áreas no entorno da lagoa do IFMG Câmpus Bambuí, onde essas áreas conseguem suprir todas as necessidades desses animais. Quanto a hábitos territorialistas, é notado a maior atividade durante o dia. Quanto aos hábitos reprodutivo foi notado copulas durante todos os meses, sendo que, essas aconteceram sempre na água preferencialmente no final da tarde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALHO, C. J. R. Comportamento no habitat natural como fator limitante de criação e manejo de capivaras. In: ADES, C. Etologia de animais e de homens. São Paulo. Edicon, 1989. p. 75-85.

MACDONALD, D. W., KRANTZ, K. and APLIN. R. T., (1984). Behavioural anatomical, and chemical aspects of scent marking amongst capybaras (Hydrochoerus hydrochaeris) (Rodentia: caviomorpha). Journal of Zoology (London), 202: 341-360.

MOREIRA, J.R.; MACDONALD, D.W. Técnicas de manejo de capivaras e outros grandes roedores na Amazônia. In: VALLADARES-PADUA, C.; BODMER, R.E. Manejo e conservação da vida silvestre no Brasil. Brasília, D.F.: CNPq / Belém, PA - Sociedade Civil Mamirauá, 1997. p.186-213. PINTO, Gustavo Romeiro Mainardes et al. Detectability of Capybaras in forested habitats. Biota Neotropica, v. 6, n. 1, p. 0-0, 2006.

SILVA, E. A Capivara: uma ampla revisão sobre este animal tão importante; Viçosa 2013

VARGAS, F.C et al.; Monitoramento populacional de capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris; Linnaeus, 1766) em Pirassununga, SP, Brasil; Ciência Rural, v.37, n.4, jul-ago, 2007.

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