AG.REG. NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO HABEAS CORPUS Nº
192.045/PR
RELATOR: MINISTRO EDSON FACHIN
AGRAVANTE: LUIZ INACIO LULA DA SILVA
ADVOGADO: CRISTIANO ZANIN MARTINS E OUTRO
AGRAVADO: RELATOR DO RECURSO ESPECIAL 1.765.139 NO STJ
MANIFESTAÇÃO GTLJ/PGR Nº 23245/2021
Excelentíssimo Senhor Ministro Relator,
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, no uso de suas atribuições
constitucionais e legais, em atenção ao despacho de fl. 918, vem apresentar
CONTRARRAZÕES ao agravo regimental interposto por LUIZ INÁCIO
LULA DA SILVA em face da decisão monocrática proferida em 14/12/2020 (fls.
884/892), por meio da qual Vossa excelência rejeitou os embargos de declaração
opostos.
I – TEMPESTIVIDADE
O Ministério Público Federal foi intimado para apresentar
contraminuta em 02/02/2021 (entrada dos autos no MPF), com início do prazo
no dia 03/02/2021, quarta-feira, findando-se, portanto, no dia 08/02/2021,
segunda-feira.
II – SÍNTESE DA CONTROVÉRSIA
Trata-se de Habeas Corpus impetrado em favor de LUIZ INÁCIO
LULA DA SILVA, sob a alegação de que o paciente sofreria grave
constrangimento ilegal imposto pelo Ministro Felix Fischer, do Superior
Tribunal de Jusitça, que, nos autos do Recurso Especial nº 1.765.139/PR, não
conheceu do agravo regimental interposto da decisão que indeferiu o pedido de
atribuição de efeito suspensivo ao recurso até o julgamento dos Habeas Corpus
nº 164.493 e nº 174.398 pelo Supremo Tribunal Federal.
Sustenta que a autoridade coatora teria obstado o processamento de
legítimo instrumento recursal sob fundamentação inidônea, consubstanciada
no fato de constituir o ato agravado despacho de mero expediente, além da
ausência de concessão de cautelares nos Habeas Corpus nº 164.493 e nº 174.398,
em trâmite no Supremo Tribunal Federal.
Defende, com fundamento no art. 1.021
1do Código de Processo Civil
e no art. 258
2do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, o caráter
recorrível da decisão impugnada.
Aduz, ainda, que o fato de inexistiram medidas cautelares deferidas
no bojo das impetrações em curso no STF tampouco justifica o não
conhecimento do agravo regimental pelo Ministro Relator do Recurso Especial
nº 1.765.139/PR. Destaca que “os pedidos de concessão de medida liminar veiculados
no habeas corpus nºs 164.493 e 174.398 se referiam ao restabelecimento da liberdade do
Paciente e não ao sobrestamento da marcha processual pela tramitação de questão
prejudicial”.
Ao final, requer: “(i) A concessão de medida liminar, a fim de se
determinar o sobrestamento da marcha processual dos autos de origem, ora tombado sob
o Recurso Especial n.° 1.765.139/PR, até o julgamento de mérito deste habeas corpus;
(ii) No mérito, seja concedida a ordem para se reconhecer a nulidade do ato coator, a fim
de que, em observância a questão prejudicial pendente nos habeas corpus nº 164.493 e
174.398, cujo julgamento está na iminência de ser retomado por esta Suprema Corte,
seja determinado o sobrestamento momentâneo dos autos de origem até a resolução de
1 Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.2 Art. 258. A parte que se considerar agravada por decisão do Presidente da Corte Especial, de Seção, de Turma ou de relator, à exceção do indeferimento de liminar em procedimento de habeas corpus e recurso ordinário em habeas corpus, poderá requerer, dentro de cinco dias, a apresentação do feito em mesa relativo à matéria penal em geral, para que a Corte Especial, a Seção ou a Turma sobre ela se pronuncie, confirmando-a ou reformando-a.
tais writ; ou (iii) Subsidiariamente, ainda no mérito, que seja cassada a decisão da
autoridade coatora que ilegalmente furtou do escrutínio do órgão colegiado competente o
Agravo Regimental legitimamente manejado”.
Em 30/09/2020, o Ministro Relator indeferiu o pedido de tutela
provisória e determinou que fosses solicitadas informações à autoridade
coatora no prazo de até 5 (cinco) dias (fls. 732/734).
A defesa de LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA interpôs agravo
regimental da decisão monocrática proferida pelo Ministro Edson Fachin (fls.
736/745), pelo qual reiterou os argumentos apresentados na inicial deste
mandamus.
Por meio do Ofício nº 11/2020/GMFF, de 06/10/2020, o Ministro Felix
Fischer – Relator do Recurso Especial nº 1.765.139/PR – prestou as informações
solicitadas (fls. 748/749).
Em 07/10/2020, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA se manifestou sobre
as informações fornecidas pela autoridade coatora (fls. 750/752).
Em nova manifestação datada de 26/10/2020, a defesa do paciente
rei-terou o pedido de concessão da ordem, sob o argumento de que os autos de
ori-gem seriam levados à mesa de julgamento no dia 27/10/2020 (fls. 756/759).
Pedidos semelhantes foram veiculados por meio das petições de fls. 761/764
3,
fls. 772/775 e 777/781
4.
O Ministério Público Federal, em parecer datado de 05/11/2020,
mani-festou-se pela concessão da ordem apenas para determinar o retorno dos autos
ao Superior Tribunal de Justiça, a fim de que o agravo regimental interposto
pelo paciente fosse submetido à apreciação da Quinta Turma do STJ.
Em 17/11/2020, o Ministro Edson Fachin não conheceu do habeas
cor-pus, mas concedeu a ordem de ofício “para o fim de determinar ao Superior
Tribu-nal de Justiça a submissão ao Colegiado competente o pedido de sobrestamento do REsp
1.765.139/PR formulado pelo paciente. Prejudicado o agravo regimental”.
Fundamen-tou sua decisão nos seguintes termos:
[…] De acordo com a distinção apresentada no Código de Processo
Ci-vil, são despachos todos os pronunciamento não dotados de natureza
decisória (art. 203, § 2º e 3º), sendo aqueles que, segundo doutrina de
Humberto Theodoro Júnior, “visem unicamente à realização do
im-pulso processual, sem causar nenhum dano ao direito ou interesse das
partes” (Curso de Direito Processual Civil. Vol. 1, 56ª ed., Rio de
Ja-neiro: Forense, 2015).
Na esteira desse critério diferenciador, a fundamentação exarada pela
autoridade coatora para negar seguimento ao recurso da parte, a toda
evidência, não se compatibiliza com o cunho decisório inerente ao
pro-nunciamento judicial por si exarado, mormente porque destinado a
re-solver a excepcional possibilidade de sobrestamento do recurso especial
3 Argumentou a defesa que o STJ havia designado sessão de julgamento para o dia 03/11/2020. 4 A defesa do paciente reiterou pedido de concessão da ordem, com fundamento nos termos do parecer ministerial e tendo em vista a designação de sessão de julgamento, no STJ, para o dia 17/11/2020.até o advento do julgamento das impetrações processadas neste
Su-premo Tribunal Federal (HC´s 164.493 e 174.398).
Em termos práticos, o provimento judicial equipara-se à possibilidade
de atribuição de efeito suspensivo ao recurso especial, providência que,
no âmbito criminal, detém “caráter excepcional (art. 995 e art. 1.029, §
5º, ambos do CPC c/c art. 3º e 637 do CPP), normativa compatível com
a regra do art. 5º, LVII, da Constituição da República” (ADC 43 MC,
Red. p acórdão, Min. Edson Fachin, Pleno, Dje 7.3.2018).
[…] Depreende-se do tema vertido no despacho considerado irrecorrível
que, independente da designação a ele atribuída, a sua finalidade e
efei-tos não se confundem com o mero ato de expediente, pelo seu efetivo
po-tencial de causar gravame ao interesse manifestado pela parte.
Destarte, a violação direta e imediata ao princípio da inafastabilidade
da jurisdição e ao direito à ampla defesa do paciente, que teve seu
re-curso obstado ante a equivocada concepção de que o pronunciamento
judicial não se revestiria de caráter decisório, autoriza a concessão da
ordem apenas para o fim de determinar à autoridade coatora que
sub-meta ao Colegiado competente a pretensão recursal deduzida pelo ora
paciente.
Perfilhando a mesma linha de raciocínio, a Procuradoria-Geral da
Re-pública, em parecer subscrito pelo Dr. Augusto Aras e pela Dra.
Lin-dôra Maria Araújo, assinalou que “o pronunciamento judicial de fls.
52/60 possui carga decisória, não se tratando de mero impulso
proces-sual”, impondo-se “reconhecer a sua recorribilidade, assim como o
inte-resse de Luiz Inácio Lula da Silva em ter a matéria apreciada pela
Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça” (e.Doc. 29, fl. 4).
No mais, não incumbe ao Supremo Tribunal Federal aprofundar a
ava-liação quanto à possibilidade de concessão de efeito suspensivo à
re-curso de natureza especial sem o advento do pronunciamento da Corte
Superior, sob pena de indevida supressão de instância.
Dessa decisão a defesa do paciente opôs embargos de declaração,
ar-gumentando a existência de omissão.
Em 24/11/2020, o MPF se manifestou pelo conhecimento e, no mérito,
pelo provimento dos embargos de declaração, de modo a ser integrada a
deci-são recorrida, nos seguintes termos (fls. 810/819):
[…] No caso dos autos, ao conceder a ordem de ofício, a fim de
“deter-minar ao Superior Tribunal de Justiça a submissão ao Colegiado
com-petente o pedido de sobrestamento do REsp 1.765.139/PR formulado
pelo paciente”, o Ministro Relator deixou de se manifestar acerca de
eventual nulidade das decisões subsequentes ao ato decisório apontado
como coator.
Tal omissão se mostra relevante na medida em que, no mesmo dia em
que essa Suprema Corte decidiu pela necessidade de submeter ao
Cole-giado competente o pedido de sobrestamento do REsp 1.765.139/PR
formulado pelo paciente, a Quinta Turma do Superior Tribunal de
Jus-tiça prosseguiu com o julgamento do feito e apreciou os embargos de
declaração opostos nos autos do Recurso Especial nº 1.765.139/PR.
Tais circunstâncias revelam a necessidade de se esclarecer o alcance da
decisão que determinou à autoridade coatora que submetesse à 5ª
Turma do STJ a pretensão recursal deduzida pelo ora embargante,
no-tadamente no que diz respeito a eventual nulidade dos atos decisórios
subsequentes – julgamento dos embargos de declaração no dia
17/11/2020.
Em conclusão, o órgão ministerial compreende ser necessária a
integra-ção da decisão recorrida – a fim de sanar a omissão apontada pelo
em-bargante – para reconhecer a nulidade dos atos subsequentes à
decisão apontada como coatora, apenas na hipótese de a 5ª
Turma do STJ conhecer e dar provimento ao agravo regimental
interposto da decisão que indeferiu o pedido de atribuição de efeito
sus-pensivo ao recurso até o julgamento dos Habeas Corpus nº 164.493 e
nº 174.398 pelo Supremo Tribunal Federal.
Na hipótese de a 5ª Turma do STJ não atribuir efeito suspensivo ao
Re-curso Especial nº 1.765.139/PR, até o julgamento dos Habeas Corpus
nº 164.493 e nº 174.398 pelo Supremo Tribunal Federal, não há que se
falar em prejuízo que justifique o reconhecimento de nulidade dos atos
subsequentes à decisão apontada como coatora neste writ.
Por meio de petições apresentadas em 25/11/2020 (fls. 821/824),
27/11/2020 (fls. 826/830) e 02/12/2020 (fls. 875/882), a defesa do ora agravante
reiterou “o quanto requerido no bojo dos Embargos de Declaração opostos em
18.11.2020, a fim de que seja integrada a r. decisão de concessão da ordem, no
tocante: ‘a cassação do ato coator e, por consequência, quanto à nulidade de todas as
decisões proferidas subsequente a este’, sem qualquer espécie condicionamento, ao
contrário do que constou no parecer da Procuradoria-Geral da República”.
Aportaram aos autos ofício proveniente do STJ, informando que “o
pedido de sobrestamento do feito e oposição à realização de julgamento por
videoconferência efetuado pela defesa de LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA em fls.
79.139-79160 foi devidamente submetido ao Colegiado da Quinta Turma em
17.11.2020, tendo sido rejeitado à unanimidade, conforme se verifica do voto\acórdão
em anexo (ponto ‘3’, fls. 80015-80018)” (fl. 838).
Em 14/12/2020, o Ministro Relator rejeitou os embargos opostos,
com base nos seguintes fundamentos (fls. 884/892):
[…] 3. O embargante salienta que a decisão impugnada teria
incorrido em omissão “à cassação do ato coator - por força da
concessão da ordem exarada na r. decisão embargada – e, por
consequência, a nulidade de todos os decisórios subsequentes,
inclusive do julgamento realizado na data de ontem, relativamente
aos Embargos de Declaração” (e.Doc. 37, fl. 10).
[…] Da leitura da exordial dos Embargos de Declaração verifica-se
que o embargante pretende alargar a pretensão veiculada na petição
inicial desta impetração, com a rediscussão da matéria enfrentada
pela decisão embargada.
Com efeito, o ponto central da controvérsia gravita em torno da
necessidade de submissão ao Colegiado do Superior Tribunal de
Justiça, em sede de agravo regimental, do pedido de sobrestamento do
REsp 1.765.139/PR deduzido naquele especial até o julgamento dos
HC´s 164.493 e 174.398 pelo Supremo Tribunal Federal.
Cumpre rememorar que o ato coator fora proferido em Agravo
Regimental na PET no REsp 1.765.139 em 8.9.2020 (e.Doc. 13).
Ao conceder a ordem de ofício, consignei, na decisão unipessoal ora
impugnada, que “a violação direta e imediata ao princípio da
inafastabilidade da jurisdição e ao direito à ampla defesa do paciente,
que teve seu recurso obstado ante a equivocada concepção de que o
pronunciamento judicial não se revestiria de caráter decisório,
autoriza a concessão da ordem apenas para o fim de determinar à
autoridade coatora que submeta ao Colegiado competente a pretensão
recursal deduzida pelo ora paciente”, determinando, por conseguinte,
ao “Superior Tribunal de Justiça a submissão ao Colegiado
competente o pedido de sobrestamento do REsp 1.765.139/PR
formulado pelo paciente” (e.Doc. 35).
Nessa toada, as conclusões hauridas não se ressentem da apontada
omissão, tendo em vista que eventual decisão de sobrestamento do
recurso, de caráter excepcional, apenas produz efeitos, por evidente, a
partir de sua imposição. Ao reverso da tese defensiva, não há
qualquer incompatibilidade em dar-se impulso processual ao recurso
especial, à míngua de determinação judicial de sobrestamento do
feito.
De outro turno, o que se impõe à autoridade coatora, conforme
determinado por esta Suprema Corte, é a necessidade de submeter ao
escrutínio do Colegiado a decisão final sobre a suspensão ou não do
curso do recurso, antes, por evidente, de exaurido o seu
processamento perante o Superior Tribunal de Justiça.
A par disso, a decisão do Colegiado quanto ao sobrestamento do
recurso especial produzirá seus efeitos imediatos, quer mantendo o
status quo relativo ao processamento do feito, quer suspendendo seu
curso, sem a necessidade de intervenção do Supremo Tribunal
Federal quanto aos atos previamente praticados.
Com essas considerações, repiso ser perceptível, de todo o alegado
pelo ora embargante, o intento de provocar a rediscussão de pontos já
enfrentados, para o que não se prestam os embargos de declaração,
conforme reiterados pronunciamentos: INQ 3.221-ED, Rel. Min.
GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJe 12.11.2015; INQ
3.412-ED, Rel. Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, DJe 8.10.2014.
[…] Conquanto o Superior Tribunal de Justiça tenha, de fato,
submetido a celeuma ao julgamento do Colegiado, é certo que o
debate não enfrentou a controvérsia do modo conforme determinado
pela Suprema Corte, a saber, mediante o conhecimento do recurso e
deliberação acerca da necessidade de sobrestamento do Recurso
Especial até que sobre o julgamento pela Suprema Cortes dos HC’s
164.493 e 174.398.
Contudo, a cronologia das circunstâncias fáticas processuais impede
o imediato reconhecimento de que a ordem emanada fora
deliberadamente descumprida.
Nessa toada e em consulta à página da internet do Superior Tribunal
de Justiça, depreende-se que a comunicação formal da ordem
concedida nestes autos somente foi protocolada em 27.11.2020; após,
portanto, o julgamento dos Embargos de Declaração nos Embargos
de Declaração no Agravo Regimental no REsp. 1.765.139/PR,
realizado em sessão do dia 17.11.2020.
Diante das peculiaridades do caso, impõe-se assentar a necessidade
de o Superior Tribunal de Justiça levar ao conhecimento do
Colegiado o pedido de sobrestamento do recurso especial, sem
prejuízo dos atos processuais outrora praticados – incluindo-se o
julgamento ocorrido em 17.11.2020.
5. Ante o exposto, rejeito os embargos de declaração opostos.
Comunique-se, com urgência e pelo meio mais expedito (inclusive
com utilização de fax, se necessário) ao Superior Tribunal de Justiça,
com cópia desta decisão, para que adote as providências necessárias
ao cumprimento da decisão que concedeu a ordem de ofício.
Dessa decisão a defesa interpôs agravo regimental tempestivamente
no dia 07/01/2021 (fls. 894/907).
Vieram os autos à Procuradoria-Geral da República, para
apresentação de contrarrazões.
III – DO MÉRITO RECURSAL
Em suas razões, o agravante reitera a tese defensiva, sustentando
que “não há que se falar em alargamento da pretensão, eis que a cassação do ato
coator e, por consequência, à nulidade de todas as decisões proferidas subsequente a
este, exsurgem como providência corolária dos termos em que se concedeu a ordem de
habeas corpus”.
Aduz, ainda, que “é incompatível até mesmo com a lógica a concessão da
ordem para determinar à Colenda 5ª. Turma do Superior Tribunal de Justiça que
proceda à análise da questão prejudicial apresentada pelo ora Paciente, sem a
respectiva anulação do julgamento dos Embargos de Declaração que se buscava
sobrestar — bem como todos os atos decisórios subsequentes ao ato coator”.
Conclui defendendo: “mostra-se como medida de rigor a necessária
complementação à ordem concedida de ofício para, como consequência do seu
acolhimento e em observância ao pedido estreito formulado na inicial do writ, seja
declarada a nulidade de todos os atos que sucederam ao ato coator, em especial, os
Embargos de Declaração no Agravo Regimental no Recurso Especial n.º
1.765.139/PR, levados a julgamento ilegalmente no âmbito da Colenda 5ª. Turma do
Superior Tribunal de Justiça”.
Ao final, requer “seja o presente recurso recebido e regularmente
processado, na forma do art. 317 do RISTF, para o fim de que Vossa Excelência
reconsidere a r. decisão ora agravada, determinando, por consequência, a
complementação à ordem concedida de ofício, declarando a cassação do ato coator e a
nulidade de todos os atos que sucederam a este, em especial, os Embargos de
Declaração no Agravo Regimental no Recurso Especial n.º 1.765.139/PR, levados a
julgamento ilegalmente no âmbito da Colenda 5ª. Turma do Superior Tribunal de
Justiça. Alternativamente, requer-se seja o presente Agravo Regimental submetido
com urgência ao escrutínio da Colenda Segunda Turma julgadora, na forma expedita
prevista art. 317, §2º., do RISTF”.
No caso dos autos, ao conceder a ordem de ofício, a fim de
“determinar ao Superior Tribunal de Justiça a submissão ao Colegiado competente o
pedido de sobrestamento do REsp 1.765.139/PR formulado pelo paciente”, o Ministro
Relator deixou de se manifestar acerca de eventual nulidade das decisões
subsequentes ao ato decisório apontado como coator.
Tal omissão se mostra relevante na medida em que, no mesmo dia em
que essa Suprema Corte decidiu pela necessidade de submeter ao Colegiado
competente o pedido de sobrestamento do REsp 1.765.139/PR formulado pelo paciente, a
Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça prosseguiu com o julgamento do
feito e apreciou os embargos de declaração opostos nos autos do Recurso
Especial nº 1.765.139/PR.
Tais circunstâncias revelam a necessidade de reforma da decisão
recorrida para esclarecer o alcance da decisão que determinou à autoridade
coatora que submetesse à 5ª Turma do STJ a pretensão recursal deduzida pelo
ora embargante, notadamente no que diz respeito a eventual nulidade dos atos
decisórios subsequentes.
Em conclusão, este órgão ministerial compreende que o
reconhecimento de nulidade dos atos subsequentes à decisão
5apontada
5 Decisão monocrática proferida pelo Ministro Felix Fischer, Relator do Recurso Especial nº 1.765.139/PR, por meio da qual não conheceu do agravo regimental interposto da decisão que indeferiu o pedido de atribuição de efeito suspensivo ao recurso até o julgamento dos Habeas Corpus