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Palavras-Chave: Barragem subterrânea; Participação.

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Academic year: 2021

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Título do Trabalho: Barragem Subterrânea: uma alternativa de convivência com o semi-árido e a participação das comunidades rurais do sertão pernambucano.

Tema: Recursos Hídricos

Autora: Luciana Cibelle Araujo dos Santos. Co-Autores: José Carlos da Silva.

Marize Castro. Isabela dos Reis.

Responsável pela Apresentação do Trabalho: Luciana Cibelle Araujo dos Santos. Resumo Curricular

Assistente Social da CPRM - Serviço Geológico do Brasil (SGB). Mestra em Serviço Social pela UFPE. Coordenadora da Área Social do Projeto PROALUV/ CPRM/ SGB Endereço: Avenida Sul, 2291 – Afogados / Recife – PE.

CEP: 50.770-011

Fone: (81) 3428-0623 R-205 Fax: (81) 3428 – 1511

E-mail: lucianacibelle@re.cprm.gov.br

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2 Título: Barragem Subterrânea: uma alternativa de convivência com o semi-árido e a participação das comunidades rurais do sertão pernambucano.

Autora: Luciana Cibelle Araujo dos Santos – Assistente Social e Coordenadora da Área Social do Projeto PROALUV/ CPRM /Serviço Geológico do Brasil Co-Autores: José Carlos da Silva – Coordenador Geral do Projeto PROALUV/ CPRM / SGB; Marize Castro – Assistente Social do Projeto PROALUV / CPRM/ SGB; Isabela dos Reis – Estagiária do Projeto PROALUV/CPRM/SGB.

Introdução

O PROALUV – Projeto de Caracterização Regional e Difusão Tecnológica para Uso Sustentável dos Recursos Hídricos das Aluviões do Semi-árido Brasileiro – está sendo desenvolvido pela CPRM – Serviço Geológico do Brasil, através de um convênio com a Financiadora de Estudos e Projetos -FINEP, desde março de 2006.

Tem como objetivo principal “promover uma visualização regional da ocorrência e potencialidade dos mananciais aluvionares da região de rochas cristalinas do semi-árido brasileiro, de modo a permitir um efetivo planejamento de programas de pequena irrigação, para subsidiar a agricultura familiar, o abastecimento público de pequenas localidades”.

O projeto está fundamentado no desenvolvimento de três eixos. O primeiro deles é a realização da cartografia das aluviões do semi-árido nordestino; o segundo é a recuperação e atualização de todas as informações existentes sobre as aluviões do nordeste, desde os anos 70, para a criação e disponibilização de um banco de dados digitalizado que possa servir de ferramenta para que gestores e sociedade tenham maiores condições de implementar políticas e programas voltados para a convivência com semi-árido de forma mais sustentável; e, por fim, a construção de barragens subterrâneas, em áreas piloto, selecionadas a partir de critérios sociais e hidrogeológicos, tais como: índice de pobreza, carência de água, capital social disponível, extensão das aluviões, características geológicas do terreno, qualidade da água, grau de salinidade, com vistas a otimizar o processo de construção e de definição dos mecanismos de operação destas barragens, bem como de gerenciamento dos recursos hídricos a partir do envolvimento das comunidades neste processo.

As áreas piloto selecionadas localizam-se nos estados de Pernambuco e Ceará. Mais especificamente, nos municípios de Serra Talhada - comunidades de Conceição de Cima e São José de Caiçarinha e Custódia – comunidade do Ingá, em

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3 Pernambuco; e, em Quixeramobim – comunidades de Patos, Recanto dos Patos, Aroeiras e Onça, no Ceará.

A intervenção social junto às comunidades residentes nas áreas-piloto do projeto tem como principal objetivo desenvolver ações de mobilização e fortalecimento da organização popular, bem como de educação para o uso racional dos recursos hídricos disponíveis nas localidades - que vai desde os cuidados com a água até a orientação para o exercício do gerenciamento das barragens de forma participativa.

Desenvolvimento

Sabe-se que na região nordeste é predominante à existência de terrenos formados por rochas cristalinas, cerca de 60% do total. Em Pernambuco, por exemplo, estes representam 85% do solo; ficando apenas 15% de sedimento, onde se acumulam os maiores volumes de água.

Outra característica da região refere-se ao nível de precipitação pluviométrica muito baixa e que provoca uma grande intermitência dos cursos de água superficiais, às quais param de escoar de um a dois meses após o período de chuvas.

Uma vez que as rochas cristalinas são o tipo de solo predominante na região semi-árida, o acúmulo de água subterrânea torna-se mais difícil, sendo possível no mais das vezes, através de fendas nas rochas, às quais nem sempre são aproveitadas de forma correta na locação de poços para o abastecimento das populações nos períodos mais secos. Uma das razões para o insucesso na locação de poços neste tipo de rocha está relacionada à falta de conhecimentos e de estudos mais detalhados sobre a ocorrência das águas subterrâneas no cristalino.

Entretanto, os depósitos aluviais existentes nas calhas de rios e riachos permanecem saturados por mais tempo, possibilitando a utilização de outras técnicas de captação e distribuição de água, tais como a construção de barragens subterrâneas, para conter as águas e assim poder alimentar os cacimbões/ poços, durante os períodos de estiagem, garantindo o abastecimento de pequenas localidades de forma mais permanente.

O modelo de barragem subterrânea desenvolvido pelo PROALUV possui uma construção relativamente simples. Dentre as vantagens deste tipo de construção estão: a economia financeira, por ser uma obra de pequeno porte; a possibilidade de maior proteção da água contra a poluição bacteriana superficial, uma vez que fica armazenada na sub-superfície; a redução das perdas de áreas superficiais por inundação e por evaporação; além de ser o custo da sua manutenção, operação e tratamento menos oneroso. O objetivo principal deve ser o abastecimento humano, a

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4 dessedentação de animais e, em sendo possível, a irrigação de pequenos plantios agrícolas.

Entretanto a realização de estudos de detalhe acerca das condições das aluviões são fundamentais para diminuir os riscos de insucessos e de salinização dos solos, que pode vir a prejudicar a agricultura.

A experiência de barragens subterrâneas no sertão nordestino não é inusitada, entretanto muitos destes experimentos são encontrados na região sem nenhuma funcionalidade, principalmente pela falta de manejo adequado, que na maioria das vezes, não é apropriado pela população usuária dessas águas.

Uma das experiências de sucesso em Pernambuco visitada pela equipe técnica do projeto é a Barragem Subterrânea de Mutuca, que fica no município de Pesqueira/PE, a qual serve à irrigação para o plantio de cenouras. Entretanto, os técnicos da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que fazem o monitoramento do sistema, apontam a falta de integração e de participação comunitária como um dos vieses importantes para a não apropriação do sistema pelas comunidades que se abastecem daquela água.

Algumas das razões pra isso estão relacionadas à ingerência política, ainda bastante presente na região, onde são comuns as práticas assistencialistas e de troca de favores; e à não participação popular na implementação das políticas e programas sociais que acaba por contribuir para que a população permaneça num estado de inércia e apatia diante das suas condições de sobrevivência. Ou seja, a população permanece esperando que os gestores públicos promovam transformações no seu modo de vida, sem que ela necessite assumir uma postura diferente, mais participativa e cidadã, diante da realidade.

Outro fator relevante refere-se à questão fundiária. Geralmente as barragens e sistemas simplificados de distribuição de água são construídos em terrenos de propriedades privadas, dificultando na maioria das vezes a implementação de um processo de gerenciamento compartilhado /participativo destes sistemas. Uma vez que, embora os donos dos terrenos não impeçam o acesso da população para a retirada de água para seu consumo, as populações geralmente não contribuem para a manutenção dos sistemas, e nem mesmo os proprietários cedem espaços para a realização de atividades comunitárias coletivas.

Dentre os objetivos previstos no PROALUV no tocante à intervenção social, o prioritário refere-se ao envolvimento das comunidades nas várias fases do processo de implementação das atividades desenvolvidas, com vistas a promover a implantação de um sistema de gerenciamento participativo comunitário das barragens subterrâneas e dos sistemas simplificados de distribuição.

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5 Para tanto, a primeira atividade realizada foi o diagnóstico sócio-econômico-cultural das áreas, que compreendeu algumas etapas: o levantamento de dados junto aos bancos oficiais; o check de campo, com visitas in loco, para definição de áreas que atendessem, sobretudo aos critérios de necessidade social e capital social disponível. Em seguida, a realização de entrevistas, através de um questionário semi-estruturado, sistematização e análise dos dados. Concomitante a isto, reuniões de sensibilização com as comunidades e observações acerca do cotidiano vivido nas áreas.

De um modo geral as comunidades apresentam características bastante semelhantes, quanto à infra-estrutura; atividades produtivas e econômicas; aos aspectos sócio-políticos. O que de modo mais significativo difere as comunidades residentes nas áreas-piloto de Pernambuco das do Ceará é o nível de organização e participação comunitária. Em Pernambuco, as comunidades são bastante desorganizadas, desmobilizadas. Estão sempre à espera do poder público para solucionar seus problemas.

A partir do conhecimento do real e das demandas de necessidades detectadas no diagnóstico, foram planejadas e realizadas oficinas de capacitação, utilizando uma metodologia participativa, com a população de cada comunidade sobre: Educação para o Uso da Água (dirigida a três públicos distintos, a saber: crianças, jovens e adultos; Participação e Cidadania; e, Associativismo; sendo estas duas últimas para pessoas com maior perfil de liderança dentro das comunidades.

Concomitante à realização das oficinas vem sendo desenvolvido o plano de monitoramento e avaliação dos impactos causados no modus vivendi das comunidades onde foram construídas as barragens subterrâneas. Esta etapa prevê o levantamento de informações e análise sobre questões relacionadas ao acesso a água, ocupação de tempo, redução de doenças de veiculação hídrica, ampliação da participação social, fixação do homem no campo, ampliação das atividades econômicas, ampliação do nível de informação sobre o uso racional da água. O objetivo do monitoramento é, além de acompanhar as ações, corrigir possíveis falhas no processo de intervenção social e, principalmente saber se de fato a implantação das barragens subterrâneas, acoplada a um trabalho social, contribuíram de alguma forma para a melhoria da qualidade de vida nas comunidades.

Serão realizadas ainda oficinas de sensibilização /mobilização e organização comunitária, principalmente quando da implantação dos poços e caixas d’água para a distribuição de água nas comunidades, a fim de que a gestão dos sistemas se dê de forma o mais compartilhada possível entre os usuários. Além disso, o projeto

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6 também prevê a articulação e a formação de parcerias com Organizações Não Governamentais e poder local, para que estes possam dar continuidade às ações, principalmente após a finalização do projeto.

Resultados Alcançados

Com as chuvas ocorridas no primeiro trimestre de 2007, houve a primeira recarga dos aqüíferos e das barragens subterrâneas construídas pelo projeto, já possibilitando um maior acesso à água nas comunidades, mesmo sem a implantação total do sistema (poço coletor e caixa d’ água para distribuição).

A realização das oficinas de capacitação em Educação para o Uso Racional da Água, Participação e Cidadania e Associativismo partiram do conhecimento das pessoas das comunidades a respeito dos subtemas abordados: uso racional da água, cidadania, organização, associativismo.

Em todas as oficinas se fez presente à discussão sobre a questão da organização comunitária como instrumento de poder e mudança das condições de vida das comunidades.

Observa-se, entretanto, que a questão da participação é algo ainda a se trabalhar muito tanto no nível individual, como no coletivo, principalmente em regiões como a do semi-árido, onde a “indústria da seca” sempre serviu como meio de cooptação da população, deixando esta à margem das decisões acerca das políticas a elas endereçadas. Essa indústria fomentou ainda uma postura de inércia e descrença a respeito da importância e da necessidade da organização e da participação como instrumentos que favorecem a transformação social.

Hoje se fala em convivência com o semi-árido, não mais em combate à seca. E as barragens subterrâneas se põem como mais uma alternativa viável de melhorar a oferta de água para a população nas regiões mais secas. Contudo, há muito que se investir para que as pessoas assumam posturas diferentes, se tornem mais críticas e atuantes diante da realidade, e possam, por seus próprios meios, contribuir para a melhoria das suas condições de vida.

Referências Bibliográficas

COSTA, Waldir Duarte. Barragens Subterrâneas – uma intervenção de baixo custo para a região semi-árida nordestina. Acessado na Internet em março de 2005.

FEITOSA, Fernando A.C. GUERRA, Sérgio M. e SANTOS, Luciana C. A. dos. Projeto Caracterização Regional e Difusão Tecnológica para uso sustentável dos Recursos Hídricos das Aluviões do Semi-Árido Brasileiro. CPRM /Serviço Geológico do Brasil, abril de 2005.

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7 RELATÓRIO FINAL DO DIAGNÓSTICO SOCIAL DAS ÁREAS PILOTO DO PROJETO PROALUV. CPRM / SUREG-RE, Recife, maio de 2007.

Referências

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