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SEXTA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 91644/ CLASSE CNJ COMARCA DE DIAMANTINO

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AGRAVANTE: OLVEPAR DA AMAZÔNIA S. A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO - MASSA FALIDA

AGRAVADO: AFONSO HENRIQUES MAIMONI

Número do Protocolo: 91644/2011 Data de Julgamento: 15-02-2012

EMENTA

RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO – FALÊNCIA – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS – PENHORA ON LINE DE VALORES EXISTENTES EM CONTAS CORRENTES E APLICAÇÕES DA MASSA FALIDA – IMPOSSIBILIDADE – NECESSIDADE DE HABILITAÇÃO DO CRÉDITO RESPECTIVO NOS AUTOS DE FALÊNCIA – DECISÃO REFORMADA – RECURSO PROVIDO.

1. Com a decretação da quebra de uma empresa, todos os seus créditos devem compor o ativo da massa falida com vistas à remuneração dos credores, na forma da lei e em respeito ao princípio da par conditio creditorum, pelo qual aqueles devem ter tratamento isonômico, mantidas, evidentemente, as distinções referentes às naturezas dos respectivos créditos.

2. Para serem recebidos pelo credor, os créditos referentes a honorários advocatícios, sejam sucumbenciais ou contratuais, devem ser habilitados no processo falimentar, na mesma categoria dos créditos trabalhistas, com os quais se equiparam, consoante entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça.

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AGRAVANTE: OLVEPAR DA AMAZÔNIA S. A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO - MASSA FALIDA

AGRAVADO: AFONSO HENRIQUES MAIMONI

RELATÓRIO

EXMO. SR. DES. JOSÉ FERREIRA LEITE Egrégia Câmara:

Recurso de agravo de instrumento interposto por Massa Falida de OLVEPAR da Amazônia S.A. Indústria e Comércio visando à reforma da decisão interlocutória que, em cumprimento de sentença requerido por Afonso Henriques Maimoni (Autos n. 14/1999 – Código 5810), deferiu a realização de penhora on line sobre as contas correntes e aplicações financeiras existentes em nome da agravante.

Na minuta recursal, a agravante expôs sobre a impossibilidade de realizar-se penhora on line de valores existentes em suas contas-correntes e aplicações financeiras, devendo o crédito do agravado, consequentemente, ser habilitado nos autos da falência, pois, de acordo com o art. 103, da Lei n. 11.101/2005, uma vez decretada aquela medida, todos os bens do falido ficam indisponíveis para futura realização e pagamento do passivo, com ou sem ordem expressa do juízo falimentar neste sentido (fls. 02/11-TJ).

O recurso de agravo de instrumento foi recebido na forma instrumental, porém, com efeito meramente devolutivo, pela ausência dos requisitos legais necessários à atribuição do efeito suspensivo pretendido pela agravante (fl. 86-TJ).

A juíza da causa prestou as informações requisitadas, sem exercer o juízo de retratação quanto à decisão recorrida (fls. 96/97-TJ).

O agravado ofereceu contraminuta, ocasião em que defendeu que o seu crédito caracteriza-se como encargo da massa, extraconcursal e não sujeito a rateio, por força do art. 84, IV, da Lei n. 11.101/05. Nesse contexto, defendeu que seu crédito possui precedência sobre os demais, inclusive por se tratar de verba de natureza alimentar, de sorte que, havendo recursos disponíveis da massa, nada justifica que não seja efetuado seu

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pagamento de imediato. Ao final, pugnou pelo improvimento do recurso (fls. 99/103-TJ).

Instada a se manifestar, a douta Procuradoria-Geral da Justiça, em parecer do Dr. Paulo Ferreira Rocha, manifestou-se pelo “provimento do recurso de agravo, no

sentido de que seja desconstituída a penhora on line, desbloqueando os ativos da massa falida”. (fls. 110/114-TJ).

É o relatório.

P A R E C E R (ORAL)

O SR. DR. NAUME DENISE NUNES ROCHA MÜLLER Ratifico o parecer escrito.

VOTO

EXMO. SR. DES. JOSÉ FERREIRA LEITE (RELATOR) Egrégia Câmara:

Por meio do presente recurso de agravo de instrumento a Massa Falida de OLVEPAR da Amazônia S.A. – Indústria e Comércio almeja a reforma da decisão que, em cumprimento da sentença proferida na ação de embargos de terceiro ajuizados por Clessi Maria Pessoa da Silva em desfavor da empresa-agravante, deferiu pedido de penhora on line do valor de R$13.800,29 (treze mil e oitocentos reais e vinte e nove centavos), referente a honorários advocatícios devidos a Afonso Henriques Maimoni em razão do patrocínio da mencionada demanda.

No entanto, defende a recorrente em prol de sua pretensão que, após a decretação da falência, os bens do falido tornam-se indisponíveis e arrecadados à disposição do juízo falimentar, nos termos do art. 103, da Lei n. 11.101/2005, de sorte que o agravado deveria ter habilitado o seu crédito relativo a honorários advocatícios naqueles autos para submeter-se

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ao concurso de credores, não sendo possível, por este motivo, o atendimento da ordem judicial proferida pelo juízo comum sem a prévia e necessária habilitação.

Após analisar os autos, penso que o recurso merece provimento por esta Corte de Justiça.

Com efeito, com a decretação da quebra de uma empresa, todos os seus créditos devem compor o ativo da massa falida, com vistas à remuneração dos credores, na forma da lei e em respeito ao princípio da par conditio creditorum, pelo qual aqueles devem ter tratamento isonômico, mantidas, evidentemente, as distinções referentes às naturezas dos respectivos créditos.

Assim, ainda que se trate de honorários advocatícios sucumbenciais, o seu recebimento deve ser pleiteado perante o juízo falimentar, devendo o crédito respectivo ali ser habilitado, em respeito, inclusive, ao art. 23 do Decreto-lei n. 7.661/45, pelo qual – verbis:

“ao juízo da falência devem concorrer todos os credores do devedor comum, comerciais ou civis, alegando e provando os seus direitos”.

Desse entendimento, inclusive, não destoa a jurisprudência majoritária do Superior Tribunal de Justiça, assentada no sentido de que, para serem recebidos pelo credor, os créditos referentes a honorários advocatícios, sejam eles sucumbenciais ou contratuais, devem ser habilitados no processo falimentar, na mesma categoria dos créditos trabalhistas, com os quais se equiparam, por também possuírem natureza alimentar.

Nesse sentido, confiram-se os seguintes julgados do Tribunal da Cidadania, verbis:

“Processual Civil. Recurso Especial. Ação de execução. Prequestionamento. Ausência. Súmula 282/STF. Concurso de credores. Honorários advocatícios. Natureza alimentar. Equiparação dos honorários advocatícios com os créditos trabalhistas para fins de habilitação em concurso de credores. Possibilidade.

- Cinge-se a lide em determinar se os honorários advocatícios possuem natureza alimentar e se, em concurso de credores, podem ser equiparados a créditos trabalhistas.

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- Os honorários advocatícios, contratuais e de sucumbência, têm natureza alimentar. Precedente da Corte Especial.

- Assim como o salário está para o empregado e os honorários estão para os advogados, o art. 24 do EOAB deve ser interpretado de acordo com o princípio da igualdade. Vale dizer: os honorários advocatícios constituem crédito privilegiado, que deve ser interpretado em harmonia com a sua natureza trabalhista-alimentar.

- Sendo alimentar a natureza dos honorários, estes devem ser equiparados aos créditos trabalhistas, para fins de habilitação em concurso de credores.

Recurso especial provido”. (STJ-3ª T. – REsp n. 988.126/SP, Rel. Min.

Nancy Andrighi, j. 20/04/2010, DJe 06/05/2010)

“FALÊNCIA - HABILITAÇÃO DE CRÉDITO - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA - NATUREZA TRABALHISTA-ALIMENTAR.

- Na falência, a habilitação do crédito por honorários advocatícios equipara-se ao trabalhista-alimentar e deve ser habilitado na mesma categoria deste”. (STJ-3ª T. – REsp n. 793245/MG, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j.

27/03/2007, DJ 16/04/2007, p. 188) Destaquei.

Esse mesmo posicionamento, outrossim, também tem sido adotado pelos tribunais ordinários, senão vejamos:

“HABILITAÇÃO DE CRÉDITO - Decretação superveniente de falência - Liquidação de sentença - Crédito a ser apurado que deve ser submetido à habilitação perante o juízo universal da falência, inclusive honorários de sucumbência - Desnecessidade de provocação da massa falida - Matéria que pode ser conhecida de ofício pelo juiz - O juízo da falência é o juízo para todos os credores - Recurso desprovido”. (TJSP-1ª Câmara de Direito Privado – Agravo de

Instrumento n. 6054954300, Rel. Luiz Antonio de Godoy, j. 03.02.2009, DJ 12.02.2009) Grifei.

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“APELAÇÃO CÍVEL. FALÊNCIA E CONCORDATA. AÇÃO ANULATÓRIA DE TÍTULO. CONDENAÇÃO DA MASSA NOS ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. HABILITAÇÃO DE CRÉDITO. NECESSIDADE DE PROCEDIMENTO PRÓPRIO PELO CREDOR. 1. Denota-se dos autos que a Massa Falida objetiva mediante o recurso intentado tão somente a habilitação do crédito junto ao concurso universal de credores, decorrente de sua condenação no presente feito. 2.Verifica-se da sentença proferida no presente feito, que a ação anulatória foi julgada procedente, declarando inexistente o débito imputado à autora, consubstanciado em duplicadas mercantis, restando a Massa Falida condenada ao pagamento de metade das custas processuais e honorários advocatícios no valor de R$ 800,00, ou seja, os valores pretendidos habilitar diz respeito aos ônus da sucumbência. 3. Entretanto, em que pese sejam os valores devidos, estes deverão ser objeto de habilitação no quadro geral de credores por seus titulares, em suas respectivas categorias, obedecendo ao princípio da par conditio creditorum, em feito próprio, perante o Juízo Falimentar, nos termos do art. 7º, § 1º, da Lei 11.101/2005, de acordo com os requisitos a que alude o art. 9º do mesmo diploma legal. Negado provimento ao apelo”. (TJRS-5ª Câm. Cível -

Apelação Cível n. 70042649384, Rel. Jorge Luiz Lopes do Canto, j. 29/06/2011)

“AGRAVO - HABILITAÇÃO DE CRÉDITO- HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - LEGALIDADE. - Além de configurar crédito privilegiado geral a verba relativa a honorários advocatícios (art. 24, da Lei nº 8.906/94), a impor sua sujeição ao concurso de credores, também é defeso ao profissional receber seu crédito fora dos limites da falência e antes de outros credores trabalhistas”.

(TJMG-2ª Câm. Cível - Agravo n. 1.0145.97.000047-0/001 - Rel. Des. Francisco Figueiredo, j. 06.04.2004, DJ 30.04.2004).

Repita-se, portanto, que ainda que se trate de crédito relativo a honorários advocatícios sucumbenciais, o seu recebimento deve ser pleiteado perante o juízo falimentar, no qual concorrerá com todos os outros credores detentores de créditos da mesma

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natureza, como, inclusive, bem se manifestou a douta Procuradoria-Geral da Justiça do Estado de Mato Grosso, verbis:

“Deste modo, observa-se que, na hipótese de ser o devedor massa falida, somente em casos excepcionais é que o juízo comum teria competência para declarar e fixar o crédito exequendo, não podendo, portanto, executá-lo sob pena de violar a regra de preferência estabelecida no art. 102 do Decreto-Lei nº 7.661/45 (antiga lei de falências), já que, in casu, é esta a Lei aplicável, pois a quebra se deu no ano de 2002 (fls. 22/30-TJ), e a nova lei de falências (Lei nº 11.101), entrou em vigor em 09/02/2005. (...)

Nesta senda, salutar destacar, ainda, que o bloqueio dos ativos determinados pela decisão agravada obsta o adimplemento dos créditos habilitados de acordo com a gradação legal, violando o princípio da isonomia que vigora entre os credores.

Portanto, conclui-se que, ausente uma das causas de exceção no caso em apreço, não há que se falar em penhora on line para satisfazer o crédito, sendo necessário, portanto, a habilitação perante o juízo universal da falência, a fim de que, em momento oportuno, o credor possa satisfazê-lo”. (fl. 112-TJ) Grifos

originais.

Por conseguinte, merece reforma a decisão agravada que deferiu a penhora on line de valores depositados nas contas correntes da massa falida para pagamento do agravado, não havendo como prosperar a sua alegação, firmada nas contrarrazões recursais, de que os honorários advocatícios são encargos da massa, e, portanto, créditos extraconcursais previstos no art. 84, IV, do CPC, não sujeitos a rateio, pois, como visto, esta verba, seja contratual ou decorrente de sucumbência, deve ser habilitada nos autos de falência e liquidado na forma prevista no art. 102, caput, do Decreto-lei n. 7.661/45, gozando da mesma classificação que os créditos trabalhistas.

Nesse sentido, ensina Fábio Ulhoa Coelho o seguinte, verbis:

“Uma vez juntada nos autos a relação dos credores (elaborada pelo falido ou pelo administrador judicial), providencia-se sua publicação no Diário

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Oficial. (...) Nos 15 dias seguintes à publicação da relação, os credores devem conferi-la. De um lado, os que não se encontram relacionados devem apresentar a habilitação de seus créditos perante o administrador judicial. Estão dispensados da habilitação apenas o credor fiscal (porque não participa de concurso) e os titulares de créditos remanescentes da recuperação judicial, se tinham sido definitivamente incluídos no quadro geral de credores desta quando da convolação em falência”. (COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial: direito de

empresa. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 332/333) Grifei.

Não se olvide, outrossim, que o referido art. 84, da nova Lei de Falências (Lei n. 11.101/2005), que trata dos créditos extraconcursais, não tem aplicabilidade ao caso concreto, pois, tendo a falência da empresa Olvepar da Amazônia S.A. Indústria e Comércio sido decretada antes da entrada em vigor da referida legislação, a ela se aplica apenas as previsões do Decreto-lei n. 7.661/45. A propósito, estabelece o caput do art. 192, da Lei n. 11.101/2005 que – verbis: “Esta Lei não se aplica aos processos de falência ou de concordata

ajuizados anteriormente ao início de sua vigência, que serão concluídos nos termos do Dec. lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945”.

Portanto, deve ser modificada a decisão recorrida, uma vez que o credor, mesmo de honorários advocatícios, deve habilitar o seu crédito na massa falida, obedecendo a sua classificação e ordem de preferência entre os credores.

Posto isso, dou provimento ao recurso de agravo de instrumento interposto por Massa Falida de OLVEPAR da Amazônia S.A. Indústria e Comércio, reformando a decisão recorrida que deferiu penhora on line de crédito referente a honorários advocatícios, os quais devem submeter-se ao procedimento de habilitação nos autos de falência.

Custas pelo agravado. É como voto.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a SEXTA CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência do DES. JOSÉ FERREIRA LEITE, por meio da Câmara Julgadora, composta pelo DES. JOSÉ FERREIRA LEITE (Relator), DES. JURACY PERSIANI (1º Vogal) e DES. GUIOMAR TEODORO BORGES (2º Vogal), proferiu a seguinte decisão: À UNANIMIDADE, PROVERAM O RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR.

Cuiabá, 15 de fevereiro de 2012.

---DESEMBARGADOR JOSÉ FERREIRA LEITE - PRESIDENTE DA SEXTA CÂMARA CÍVEL E RELATOR

---PROCURADOR DE JUSTIÇA

Referências

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