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CLIFFORD, James - Colecionando Arte e Cultura_fichamento

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CLIFFORD, James. Colecionando arte e cultura. Revista do Patrimônio. N.

CLIFFORD, James. Colecionando arte e cultura. Revista do Patrimônio. N. 23, Cidades. Rio 23, Cidades. Rio dede Janeiro: IP!N, "##$. %. &#'(#.

Janeiro: IP!N, "##$. %. &#'(#.

CLIFFORD, James. Colecionando arte e cultura. Revista do Patrimônio. N.

CLIFFORD, James. Colecionando arte e cultura. Revista do Patrimônio. N. 23, Cidades. Rio 23, Cidades. Rio dede Janeiro: IP!N, "##$. %. &#'(#.

Janeiro: IP!N, "##$. %. &#'(#.

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)* um +erceiro undo em todo Primeiro undo, e vice'versa-. )* um +erceiro undo em todo Primeiro undo, e vice'versa-. +rin t. in'a, Di/erence, Discourse (.

+rin t. in'a, Di/erence, Discourse (. 0ste estudo com%1e'se de uatro %artes

0ste estudo com%1e'se de uatro %artes rou4amenrou4amente interli5adas, ocu%ando'se cada te interli5adas, ocu%ando'se cada umauma delas do des6no dos

delas do des6no dos arteaarteatos tri7ais e tos tri7ais e das %r*6cas culturais 8 medida ue eles das %r*6cas culturais 8 medida ue eles est9o sendoest9o sendo relocados em museus ocidentais, sistemas de troca, aruivos disci%linares c tradi1es

relocados em museus ocidentais, sistemas de troca, aruivos disci%linares c tradi1es discursivas. ! %rimeira %arte %ro%1e %ara o colecionar

discursivas. ! %rimeira %arte %ro%1e %ara o colecionar uma a7orda5em cr;6ca, ist<rica,uma a7orda5em cr;6ca, ist<rica, enocando os %rocessos su7=e6vos, ta4

enocando os %rocessos su7=e6vos, ta4onômicos e %ol;6cos. 0s7oa'se a; onômicos e %ol;6cos. 0s7oa'se a; o )sistema de arte'o )sistema de arte' cultura- atrav

cultura- atrav>s do ual >s do ual o Ocidente conte4tuali?ou c valori?ou os o7=etos e4<6cos no s>culoo Ocidente conte4tuali?ou c valori?ou os o7=etos e4<6cos no s>culo %assado. 0sse sistema ideol<5ico e ins6tucional

%assado. 0sse sistema ideol<5ico e ins6tucional encontrencontra'se mais e4%lorado na se5unda a'se mais e4%lorado na se5unda %arte,%arte, onde a descri9o c

onde a descri9o cultural > a%resentada como uma orma de cole9o. ostra'se ue aultural > a%resentada como uma orma de cole9o. ostra'se ue a )auten

)auten6cidade- concedida tanto aos 5ru%os 6cidade- concedida tanto aos 5ru%os umanos uanto a sua umanos uanto a sua o7ra ar@s6ca %rocede deo7ra ar@s6ca %rocede de i%<teses es%ec;Acas a res%eito da tem%oralidade, unidade e con6nuidade.

i%<teses es%ec;Acas a res%eito da tem%oralidade, unidade e con6nuidade.

! terceira %arte enoca um momento revelador na a%ro%ria9o moderna de o7ras n9o' ! terceira %arte enoca um momento revelador na a%ro%ria9o moderna de o7ras n9o' ocidentais de )arte- e )cultura-, um momento retratado cm diversas lem7ranas de Claude ocidentais de )arte- e )cultura-, um momento retratado cm diversas lem7ranas de Claude L>vi'Btrauss re

L>vi'Btrauss reerenteerentes a s a seus anos de 5uerra %assados seus anos de 5uerra %assados cm Nova Iorue. ma leitura cr;6cacm Nova Iorue. ma leitura cr;6ca e4%licita a narra6va meta' ist<rica res5atadora ue essas mem<rias

e4%licita a narra6va meta' ist<rica res5atadora ue essas mem<rias %ressu%1em. 0m todo o%ressu%1em. 0m todo o ca%;tulo contesta'se o sistema 5eral de

ca%;tulo contesta'se o sistema 5eral de arte'culturarte'cultura sustentado %or essa a sustentado %or essa narra6vnarra6va,a, %ar6cularmente na uarta %arte,

%ar6cularmente na uarta %arte, onde se su5erem ist<rias )tri7ais- onde se su5erem ist<rias )tri7ais- e conte4tos alterna6vos.e conte4tos alterna6vos. Cole1es eitas %or n<s

Cole1es eitas %or n<s !o entrar

!o entrar

ocE vai se de%arar com um clima de ocE vai se de%arar com um clima de castanolas de no?es

castanolas de no?es m cicote musical m cicote musical

Dos 0streitos +orres. m sistro de ir?a%ur Dos 0streitos +orres. m sistro de ir?a%ur Camado JumGa, Husado %or tri7os a7or;5ines Camado JumGa, Husado %or tri7os a7or;5ines Para atrair caa %euena

Para atrair caa %euena

Nas noites escuras, ci5arros de cule Nas noites escuras, ci5arros de cule 0 m*scara de Baa55a, o Doutor Dia7o, 0 m*scara de Baa55a, o Doutor Dia7o, !s %*l%e7ras tra7aladas com colares. !s %*l%e7ras tra7aladas com colares.

(2)

O %oema de

O %oema de James Fenton,  museu de PiK James Fenton,  museu de PiK Rivers, O4ordRivers, O4ord, de onde , de onde oi 6rada essa estroeoi 6rada essa estroe,, redesco7r

redesco7re na e na cole9o etno5r*Aca um lu5ar de ascina9o. Para esse visitante at> as %lacascole9o etno5r*Aca um lu5ar de ascina9o. Para esse visitante at> as %lacas descri6vas do museu %arecem

descri6vas do museu %arecem aumentar o assom7ro )...atraumentar o assom7ro )...atrair caa air caa %euenaM nas noites%euenaM nas noites

 

escuras- e o medo.

escuras- e o medo. Fenton > um adulto'criana e4%lorando territ<rios de %eri5o e Fenton > um adulto'criana e4%lorando territ<rios de %eri5o e dese=o, %oisdese=o, %ois ser uma criana

ser uma criana nessa cole9o )Por avornessa cole9o )Por avor, senor, senor, onde Aca , onde Aca a 9o seca- a 9o seca- > i5norar as s>rias> i5norar as s>rias advertEncias acerca da evolu9o umana e da

advertEncias acerca da evolu9o umana e da diversidade cultural colocadas no all dediversidade cultural colocadas no all de

entrada. Q, ao inv>s disso, interessar'se %ela 5arra de um condor, a mand;7ula de um 5olAno, entrada. Q, ao inv>s disso, interessar'se %ela 5arra de um condor, a mand;7ula de um 5olAno, o ca7elo de

o ca7elo de um ei6ceiro, ou )uma %ena de 5aio um ei6ceiro, ou )uma %ena de 5aio usada como amuletoM em usada como amuletoM em ucGin5amsire-ucGin5amsire-.. O museu etno5r*Aco de Fenton >

O museu etno5r*Aco de Fenton > um mundo de encontros ;n6mos com o7=etosum mundo de encontros ;n6mos com o7=etos ine4%licav

ine4%licavelmente ascinantes: e6ces %essoais. !ui elmente ascinantes: e6ces %essoais. !ui o colecionar o colecionar est* inevitavelmest* inevitavelmente li5adoente li5ado 8 o7sess9o, 8 recorda9o. Os visitantes )se de%aram com a %aisa5em

8 o7sess9o, 8 recorda9o. Os visitantes )se de%aram com a %aisa5em de sua inSnciade sua inSncia assinaladaM !ui nas ca<6cas %ilas de souvenirs... de%<sito do esuecido ou diAcilmente assinaladaM !ui nas ca<6cas %ilas de souvenirs... de%<sito do esuecido ou diAcilmente %oss;vel-.

%oss;vel-. *

*

Como um istoriador de

Como um istoriador de id>ias ou um id>ias ou um delinuentdelinuente se4ual,e se4ual, Para a arte %rimi6va,

Para a arte %rimi6va, Como um

Como um semi<lo5o em%oeirado, eui%ado %ara desenredarsemi<lo5o em%oeirado, eui%ado %ara desenredar Os sete com%onentes dauela maldi9o do ei6ceiro Ou a

Os sete com%onentes dauela maldi9o do ei6ceiro Ou a sinta4sinta4e dos dentes mu6lados. * 0me dos dentes mu6lados. * 0m 5ru%os %ara rir das desco7ertas curiosas.

5ru%os %ara rir das desco7ertas curiosas. as n9o %ise no

as n9o %ise no reino das %romessas Para vocE mesmo, como uma criana reino das %romessas Para vocE mesmo, como uma criana entrando noentrando no 7osue

7osue

Proi7ida do seu recreio solit*rio. Proi7ida do seu recreio solit*rio.

N9o %ise nessa ?ona %roi7ida )%re%arada com as armadilas da %rivacidade e da Ac9oM 0 N9o %ise nessa ?ona %roi7ida )%re%arada com as armadilas da %rivacidade e da Ac9oM 0 oo %eri5oso terceiro

dese=o-%eri5oso terceiro dese=o-. N9o enrente esses o7=etos a n9o . N9o enrente esses o7=etos a n9o ser como curiosidades das ser como curiosidades das uais seuais se ri, como arte a

ri, como arte a ser admirada, ou %rova a ser ser admirada, ou %rova a ser com%reendida cien6Acamencom%reendida cien6Acamente. O caminote. O camino %roi7ido, se5uido %or Fenton, > uma

%roi7ido, se5uido %or Fenton, > uma trila de antasia demasiado ;n6ma, ue a? relem7rar ostrila de antasia demasiado ;n6ma, ue a? relem7rar os sonos da criana solit*ria )ue lutava com as *5uias %or causa das %enas- ou a

sonos da criana solit*ria )ue lutava com as *5uias %or causa das %enas- ou a vis9o temerosavis9o temerosa de uma menina ue

de uma menina ue vE seu amante tur7ulento como um sa7u=o vE seu amante tur7ulento como um sa7u=o )de estr)de estranos olos %reter'anos olos %reter' cauninos-. 0sse camino atrav>s do museu de PiK Rivers termina com o ue %arece ser um cauninos-. 0sse camino atrav>s do museu de PiK Rivers termina com o ue %arece ser um es7oo de uma auto7io5raAa, a

es7oo de uma auto7io5raAa, a vis9o de um vis9o de um )7osue %roi7ido- %essoal T e4<6co, dese=ado,)7osue %roi7ido- %essoal T e4<6co, dese=ado, selva5em, e 5overnado %ela lei %aterna:

selva5em, e 5overnado %ela lei %aterna: 0le sa7ia uais

0le sa7ia uais as torturas ali %re%aradas %ara ele Pelos selva5ens, enuanto calmamente a7riaas torturas ali %re%aradas %ara ele Pelos selva5ens, enuanto calmamente a7ria o %ort9o 0

o %ort9o 0 entraentrava no 7osue va no 7osue %erto do carta?:%erto do carta?: )!

)!+0NUVO O0NB !R!DIL!B T +0NUVO O0NB !R!DIL!B T !N!B 0 FWIB !N!B 0 FWIB T 0XPLOBIOB 0B+T 0XPLOBIOB 0B+VO ! VO ! POB+OBPOB+OB N0B+0 LOC!L - Pois seu

N0B+0 LOC!L - Pois seu %ai %rote5era sua 7oa %ro%riedade.%ai %rote5era sua 7oa %ro%riedade.

! =ornada de Fenton na alteridade leva a uma *rea %roi7ida do eu. B

! =ornada de Fenton na alteridade leva a uma *rea %roi7ida do eu. Beu =eito ;n6mo deeu =eito ;n6mo de conuistar a cole9o e4<6ca encontra uma *rea de dese=o, demarcada e %oliciada.

conuistar a cole9o e4<6ca encontra uma *rea de dese=o, demarcada e %oliciada. ! lei se! lei se %reocu%a com a %ro%riedade.

(3)

! an*lise cl*ssica do )individualismo %ossessivo- ocidental "#&2 eita %or C. . acPerson traa o sur5imento no s>culo XII de um eu ideal como %ossuidor: o indiv;duo cercado %ela %ro%riedade e %elos 7ens acumulados. O mesmo ideal %ode servir %ara as cole6vidades 8 medida ue a?em e rea?em seus )eus- culturais. Por e4em%lo, Ricard andler "#(Y analisa o a?er de um

)%atrimônio-"

cultural u>7ecois recorrendo a acPerson %ara desenredar as su%osi1es e %arado4os ue est9o envolvidos em )ter uma cultura-, selecionar e dese=ar uma )%ro%riedade- cole6va

autEn6ca. ! an*lise de andler su5ere ue essa iden6dade, se=a cultural ou %essoal, %ressu%1e os atos de colecionar, de reunir %osses em sistemas ar7itr*rios de valor e si5niAcado. 0sses sistemas, sem%re %oderosos e 5overnados %elas normas, mudam istoricamente. Deles n9o se %ode esca%ar. No m*4imo, su5ere Fenton, %ode'se trans5redir )invadir- suas ?onas %roi7idas ou a?er com ue as ordens maniestas desse sistema %aream estranas. Na an*lise

su6lmente %erversa de andler, um sistema de retros%ec9o T a%arece como uma ta4onomia di5na da )enciclo%>dia cinesa- de or5es: )" monumentos comemora6vosZ 2 i5re=as e ca%elasZ 3 ortes do Re5ime rancEsZ $ moinosZ Y cru?eiros de 7eira de estradaZ & inscri1es e %lacas comemora6vasZ  monumentos %iedososZ ( velas casas e solaresZ # m<veis an65osZ " Hles coses dis%arues-. Na discuss9o de andler a cole9o e %reserva9o de um dom;nio de iden6dade autEn6co n9o %ode ser natural ou inocente. 0st* li5ada 8 %ol;6ca da na9o, 8 lei restri6va, e aos c<di5os contestados do %assado e do uturo.

! ID0I! D0 COL0UVO Q NI0RB!L

Q %rov*vel ue um certo )a=untamento- em tomo do eu e do 5ru%o T a reuni9o de um )mundo- material, a demarca9o de um dom;nio su7=e6vo ue n9o se=a o )outro- T se=a universal. +odas essas cole1es incluem ieraruias de valor, e4clus1es e territ<rios 5overnados %or re5ras do eu.

! ID0I! D! POBB0 NVO Q NI0RB!L

as a no9o de ue essa reuni9o envolve a acumula9o de %osses, a id>ia de ue a iden6dade > uma es%>cie de riue?a de o7=etos, conecimento, mem<rias, e4%eriEncia, %or certo n9o > universal. ! acumula9o individualista dos )5randes omens- melan>sios n9o > %ossessiva no sen6do de acPerson, %ois na elan>sia acumula'se n9o %ara manter os o7=etos como 7ens %rivados mas %ara d*'los, %ara redistri7uir. No Ocidente, entretanto, colecionar tem sido * muito uma estrat>5ia %ara a distri7ui9o de um eu, uma cultura e uma auten6cidade

%ossessivos.

! essa lu? as cole1es das crianas s9o reveladoras: a acumula9o de carros em miniatura de um menino, as 7onecas de uma menina, um )museu natural- com %edras e concas rotuladas, um 7ei=a'[or numa 5arraa de umas >rias de ver9o, uma 65ela'tesouro ceia de a%aras de cores vivas dos l*%is'cera.

!B CRI!NU!B COL0CION!, O \0 R0FORU! ! ID0I! DO COL0CIONIBO COO !+O INB+IN+IO, COO FOR! D0 !PR00NBVO DO NDO

(4)

Nesses %euenos rituais, o7servamos as ranuras da o7sess9o, o indiv;duo se e4ercitando no sen6do de se a%ro%riar do mundo, de reunir coisas em tomo de si com 5osto e

adeuadamente. !s inclus1es em todas as cole1es re[etem re5ras culturais mais am%las T de ta4onomia racional, de 5Enero, de est>6ca. ma necessidade e4cessiva, 8s ve?es at> vora?, de ter transorma'se em dese=o 5overnado %or re5ras, si5niAca6vo. !ssim o eu ue deve %ossuir mas n9o %ode ter tudo a%rende a selecionar, ordenar, classiAcar em ieraruias T %ara a?er )7oas- cole1es.

Be uma criana coleciona c<%ias de dinossauros ou 7onecas, mais cedo ou mais tarde ela ou ele ir* se animar a 5uardar o ue %ossui numa %rateleira ou numa cai4a es%ecial ou armar uma casa de 7onecas. +esouros %essoais %assar9o a ser %]7licos. Be a %ai49o > %or

2

estatuetas e5;%cias, es%era'se ue o colecionador as rotule, sai7a a dinas6a delas n9o 7asta ue sim%lesmente trans%irem %oder ou mist>rio, di5a coisas )interessantes- so7re elas,

dis6n5a as c<%ias dos ori5inais. O 7om colecionador enuanto o%osto ao o7sessivo, ao avaro tem 7om 5osto e > re[e4ivo. ! acumula9o se desdo7ra de uma maneira %eda5<5ica,

ediAcante. ! %r<%ria cole9o T sua estrutura ta4onômica e est>6ca T se valori?a, e ualuer A4a9o %ar6cular em o7=etos sin5ulares caracteri?a'se ne5a6vamente como e6cismo. Na verdade uma rela9o )adeuada- com os o7=etos %osse 5overnada %or re5ras %ressu%1e uma rela9o )selva5em- ou desviante idolatria ou A4a9o er<6ca. No coment*rio de Busan

Bte^art, )O limite entre a cole9o e o e6cismo > mediado %ela classiAca9o e a mostra em tens9o com a acumula9o e o se5redo- "#($:"&3.

On Lon5in5, o estudo de am%lo alcance de Bte^art, traa uma )estrutura do dese=o- cu=a tarea > auela, re%e66va e im%oss;vel, de %reencer a lacuna ue se%ara a lin5ua5em da e4%eriEncia ue a lin5ua5em codiAca. ! autora e4%lora certas estrat>5ias recorrentes %erse5uidas %elos ocidentais desde o s>culo XI. 0m sua an*lise, a miniatura, uer um retrato uer uma casa de 7onecas, desem%ena o %a%el de um anseio 7ur5uEs %ela e4%eriEncia )interior-. 0la tam7>m e4%lora a estrat>5ia do 5i5an6smo De Ra7elais e _ulliver at> 7arreiras e o uadro %ara aA4ar carta?es, do souvenir e da cole9o. ostra como as cole1es, mais es%ecialmente os museus, criam a ilus9o da re%resenta9o adeuada de um mundo, em %rimeiro lu5ar, recortando os o7=etos de conte4tos es%ec;Acos uer culturais, ist<ricos, uer intersu7=e6vos e a?endo com ue )re%resentem- todos a7stratos T uma )m*scara 7am7ara-, %or e4em%lo, torna'se uma meton;mia etno5r*Aca %ara a cultura 7am7ara. 0m se5uida, ela7oram um esuema de

classiAca9o %ara 5uardar ou e4%or o o7=eto de modo ue a realidade da %r<%ria cole9o, sua ordem coerente, su%rima as ist<rias es%ec;Acas da %rodu9o e da a%ro%ria9o do o7=eto %. "&2' B. Fa?endo %aralelo com o relato de ar4 da o7=e6Aca9o ant*s6ca das mercadorias, Bte^art ar5umenta ue no museu moderno ocidental )uma ilus9o de uma rela9o entre as coisas toma o lu5ar de uma rela9o social- %. "&B. O colecionador desco7re, aduire, res5ata o7=etos. O mundo o7=e6vo > dado, e n9o %rodu?ido, e assim as rela1es ist<ricas de %oder no tra7alo de auisi9o Acam ocultas. O a?er do si5niAcado na classiAca9o e e4%osi9o no museu > mis6Acado enuanto re%resenta9o adeuada. O tem%o e a ordem da cole9o a%a5am o la7or social concreto do seu a?er.

O tra7alo de Bte^art revela de orma %enetrante o colecionar e o e4%or como %rocessos cruciais de orma9o da iden6dade ocidental. Os arteatos reunidos T uer eles encontrem o camino dos arm*rios de curiosidades, das salas de estar %rivadas, dos museus de etno5raAa,

(5)

olclore, ou o do museu de 7elas'artes T uncionam num )sistema de o7=etos- ca%italista em desenvolvimento audrillard, "#&(. 0m virtude desse sistema, cria'se um mundo de valor e mant>m'se uma dis%osi9o e circula9o si5niAca6vas dos arteatos. Para audrillard, os o7=etos colecionados criam um am7iente estruturado

3

ue su7s6tui a %r<%ria tem%oralidade desse am7iente %elo )tem%o real- dos %rocessos ist<ricos e %rodu6vos: )O am7iente dos o7=etos %rivados e a %osse destes T dos uais as cole1es cons6tuem uma maniesta9o e4trema T > uma dimens9o da nossa vida ue > t9o essencial uanto ima5in*ria. +9o essencial uanto os sonos- "#&(: "3Y.

ma ist<ria da antro%olo5ia e da arte moderna deve ver no colecionar tanto uma orma da su7=e6vidade ocidental uanto um con=unto em muta9o de %r*6cas ins6tucionais %oderosas. ! ist<ria das cole1es n9o limitada aos museus > undamental %ara uma com%reens9o da maneira como os 5ru%os sociais ue inventaram a antro%olo5ia e a arte moderna a%ro%riaram' se das coisas e4<6cas, dos atos e si5niAcados. !%ro%riar se: )tomar %ara si-, do la6m %ro%rius, )%r<%rio-, )%ro%riedade-. Q im%ortante analisar a maneira como as discrimina1es %oderosas eitas em momentos es%ec;Acos cons6tuem o sistema 5eral de o7=etos no ual os arteatos valori?ados circulam e a?em sen6do. Desse modo, levantam'se uest1es im%ortantes. \ue crit>rios d9o validade a um %roduto cultural ou ar@s6co autEn6co \uais os valores

dierenciais de%ositados nas velas e novas cria1es \ue crit>rios morais e %ol;6cos =us6Acam %r*6cas de colecionar ue se=am )7oas-, res%ons*veis e sistem*6cas Por ue, %or e4em%lo, as auisi1es de o7=etos aricanos eitas %or Leo Fro7enius, %or atacado, em torno da virada do s>culo, a5ora nos %arecem e4cessivas Como se deAne uma cole9o )com%leta- \ual o euil;7rio adeuado entre a an*lise cien@Aca e a mostra %]7lica 0m Banta Fe a7ri5a'se uma so7er7a cole9o de arte na6va americana na Bcool o !merican Researc num %r>dio ue oi constru;do, literalmente, como uma casa'orte, de acesso cuidadosamente restrito. O us>e de lomme e4%1e menos de um d>cimo de suas cole1esZ o restante est* 5uardado em arm*rios de ao ou amontoado nos cantos do imenso %or9o. Por ue, at> recentemente, %arecia <7vio ue o7=etos n9o'ocidentais devessem ser %reservados em museus euro%eus, at> mesmo uando isso si5niAca ue n9o * 7elos es%>cimes vis;veis no %a;s de ori5em desses o7=etos Como se dis6n5uem )an65`idades-, )curiosidades-, )arte-, )souvenirs-,

)monumentos- e )arteatos etno5r*Acos- T em dierentes momentos ist<ricos e em condi1es es%ec;Acas de mercado Por ue muitos museus antro%ol<5icos comearam nos ]l6mos anos a e4i7ir al5uns de seus o7=etos como )o7ras'%rimas- Por ue a%enas

recentemente a arte tur;s6ca rece7eu uma aten9o s>ria dos antro%<lo5os \ual tem sido a intera9o mutante entre o colecionar ist<ria natural e a sele9o de arteatos antro%ol<5icos %ara e4%osi9o e an*lise ! lista %oderia ser alon5ada.

! ist<ria cr;6ca do colecionar di? res%eito ao ue os 5ru%os es%ec;Acos e indiv;duos decidem %reservar, valori?ar e trocar dentre o ue * no mundo material. 0m7ora essa ist<ria

com%le4a, desde %elo menos a Idade do Desco7rimento, ainda este=a %or ser escrita,

audrillard ornece uma estrutura inicial %ara a dis%osi9o dos o7=etos no mundo moderno ca%italista ocidental. Q a4iom*6co em seu relato ue todas as cate5orias de o7=etos

(6)

$

cien@Acas e como 5rande arte T uncionam dentro de um sistema ramiAcado de s;m7olos e valores.

Para tomarmos a%enas um e4em%lo: o Ne^ borG +imes de ( de de?em7ro de "#($, relatou a %ila5em ile5al e corrente de s;6os arueol<5icos anasa?i no Budoeste americano.

Os %otes %intados e as urnas encontrados nas escava1es em 7oas condi1es ce5ariam a 3 mil d<lares no mercado. m outro ar65o no mesmo n]mero tra?ia uma oto5raAa de %otes e vasos da Idade do ron?e res5atados %or arue<lo5os de um 7arco en;cio naura5ado ora da costa da +uruia. m relato mostrava a coleta clandes6na visando o lucro, o outro, a coleta cien@Aca visando o conecimento.

!s avalia1es morais dos dois atos de res5ate o%unam'se vi5orosamente, mas os %otes recu%erados eram todos si5niAca6vos, 7elos e an65os. ! im%ortSncia comercial, est>6ca e cien@Aca nos dois casos %ressu%una um dado sistema de valor. 0ste sistema encontra interesse e 7ele?a intr;nsecos em o7=etos de um tem%o %assado, e assume ue colecionar o7=etos de uso di*rio %ertencentes a civili?a1es an65as de %reerEncia desa%arecidas ser* mais recom%ensador do ue colecionar, %or e4em%lo, 5arraas t>rmicas decoradas da Cina moderna ou camisetas %ersonali?adas da Oceania. O7=etos an65os s9o dotados de um senso de )%roundidade- %or %arte de seus colecionadores de mentalidade ist<rica. !;

tem%oralidade > reiAcada e res5atada enuanto ori5em, 7ele?a e conecimento. 0ste sistema arcai?ante nem sem%re dominou o colecionar do mundo ocidental. !s

curiosidades do Novo undo reunidas e a%reciadas no s>culo XI n9o eram necessariamente valori?adas como an65`idades, %rodutos de civili?a1es %rimi6vas ou )%assadas-. 0las

reuentemente ocu%avam uma cate5oria do maraviloso, de uma )Idade do Ouro- corrente. ais recentemente o vi>s retros%ec6vo das a%ro%ria1es ocidentais das culturas do mundo %assou %or um e4ame minucioso Fa7ian, "#(3Z Cli/ord, "#(&. ! )auten6cidade- cultural ou ar@s6ca tem tanto a ver com um %resente inven6vo uanto com um %assado e a o7=e6Aca9o, %reserva9o ou revitali?a9o deste.

! %ar6r da virada do s>culo, os o7=etos coletados tEm sido classiAcados em duas 5randes cate5orias: como arteatos culturais cate5oria cien@Aca ou como o7ras de arte cate5oria est>6ca. Outros itens colet*veis T 7ens %rodu?idos em massa, )arte tur;s6ca-, curiosidades etc. T tEm sido valori?ados menos sistema6camenteZ uando muito, encontram lu5ar em mostras de )tecnolo5ia- ou )olclore-. 0ssas e outras locali?a1es dentro do ue se %ode camar de o )moderno sistema de arte'cultura- %odem ser visuali?adas com a a=uda de um dia5rama de certo modo %rocus6ano.

O )uadrado semi<6co- de !. J. _reimas _reimas e Ras6er, "#&( nos mostra )ue ualuer o%osi9o 7in*ria inicial %ode, atrav>s da o%era9o das ne5a1es e das s;nteses a%ro%riadas, 5erar um cam%o de termos muito maior, os uais, entretanto, con6nuam todos

necessariamente encerrados na clausura do sistema inicial- Jameson, "#(": &2. !o ada%tar _reimas 8s Analidades da cr;6ca cultural, Freder;c Jameson usa o uadrado semi<6co %ara revelar )os limites de uma

(7)

consciEncia ideol<5ica es%ec;Aca, marcando os %ontos conceituais al>m dos uais essa consciEncia n9o %ode ir, e entre os uais ela est* condenada a oscilar- "#(": $. Be5uindo o e4em%lo de Jameson, a%resento a se5uir o ma%a ver o dia5rama de um cam%o de

si5niAca1es e ins6tui1es istoricamente es%ec;Aco e contest*vel.

!o comear com uma o%osi9o inicial, uatro termos s9o 5erados %or um %rocesso de ne5a9o. Isso esta7elece ei4os ori?ontais e ver6cais e uatro ?onas semSn6cas entre eles: " a ?ona das o7ras'%rimas autEn6casZ 2 a ?ona dos arteatos autEn6cosZ 3 a ?ona das o7ras'%rimas inautEn6casZ $ a ?ona dos arteatos inautEn6cos. ! maioria dos o7=etos T velos e novos, raros e comuns, amiliares e e4<6cos T %odem ser locali?ados em uma dessas ?onas ou, de orma am7;5ua, em trSnsito, entre duas ?onas.

O sistema classiAca os o7=etos e les atri7ui um valor rela6vo. 0sta7elece os )conte4tos- a ue eles adeuadamente %ertencem e entre os uais os o7=etos circulam. ovimentos re5ulares em dire9o ao valor %osi6vo %rosse5uem de 7ai4o %ara cima e da direita %ara a esuerda. 0sses movimentos selecionam arteatos de valor ou raridade dur*veis, valor este normalmente

asse5urado %or um status cultural )ue vai desa%arecendo- ou %ela sele9o e mecanismos de %reos do mercado de arte. O valor do artesanato dos saGers re[ete o ato de ue a sociedade saGer n9o e4iste mais: o estoue > limitado. No mundo da arte, conecedores e

colecionadores reconecem uma o7ra como im%ortante )conorme crit>rios ue s9o mais do ue sim%lesmente est>6cos ver ecGer, "#(2. Na realidade, as deAni1es ue %revalecem a res%eito do ue > )7elo- ou )interessante- 8s ve?es mudam muito ra%idamente.

(8)

ma *rea de trSnsito reuente no sistema > a ue li5a as ?onas " e 2, No correr desse camino os o7=etos se movimentam em duas dire1es. !s coisas de valor cultural ou ist<rico %odem ser %romovidas ao status de 7elas artes. B9o numerosos os e4em%los de movimento nesta dire9o, da )cultura- etno5r*Aca %ara a 7ela )arte-. Os o7=etos tri7ais ue se encontram em 5alerias de arte a !la RocGeeller do etro%olitan useum de Nova Iorue ou em ualuer outro lu5ar dis%ostos conorme %rotocolos )ormalistas- ao inv>s de

)conte4tualistas-movimentam'se dessa maneira. O artesanato o7ras saGer reunidas no museu itne em "#(&, a )arte olcl<rica-, al5umas an65`idades, a arte )nafve-, est9o todos su=eitos a

%romo1es %eri<dicas. O movimento na dire9o inversa ocorre sem%re ue se

)conte4tuali?am- cultural e istoricamente as o7ras'%rimas da arte, al5o ue tem ocorrido cada ve? mais e4%licitamente. +alve? o caso mais dram*6co tena sido a reloca9o da 5rande

cole9o im%ressionista da Frana, inicialmente no Jeu de Paume, %ara o novo museu do B>culo XIX na _are dOrsa. Nesse caso as o7ras de arte ocu%am seu lu5ar no %anorama de um

)%er;odo- ist<rico'cultural. O %anorama inclui um ur7anismo industrial emer5ente e a tecnolo5ia triunante deste, tanto a arte )m*- uanto a arte )7oa-. Q %oss;vel ver um

movimento menos dram*6co da ?ona " %ara a ?ona 2 no %rocesso da ro6na nas 5alerias de arte onde os o7=etos tomam'se )datados-, de interesse menos como o7ras imediatamente %oderosas do 5Enio do ue como 7elos e4em%los do es6lo de um %er;odo.

O movimento tam7>m ocorre entre as metades inerior e su%erior do sistema, 5eralmente direcionado %ara cima.

!s mercadorias na ?ona $ entram re5ularmente na ?ona 2, tomando'se %eas raras de um %er;odo e %ortanto colet*veis 5arraas de Coca'Cola an65as, de vidro verde. uito do tra7alo corrente n9o'ocidental mi5ra entre o status de )arte tur;s6ca- e a estrat>5ia cria6va cultural' ar@s6ca. !l5umas %rodu1es correntes de %ovos do +erceiro undo a7andonaram inteiramente o es65ma da inauten6cidade comercial moderna. Por e4em%lo, a %intura )%rimi6va- ai6ana T comercial e de ori5em rela6vamente recente e im%ura T mudou'se inte5ralmente %ara o circuito de arte'cultura. Bi5niAca6vamente, este tra7alo entrou no mercado de arte %or associa9o com a ?ona 2, tomando'se valori?ado como o tra7alo n9o sim%lesmente de ar6stas individuais mas de ai6anos. ! %intura ai6ana est* cercada de associa1es es%eciais com a terra do vodu, da ma5ia e da ne5ritude. 0m7ora ar6stas

es%ec;Acos tenam'se tomado conecidos e valori?ados, a aura de %rodu9o )cultural- li5a'se muito mais a eles do ue, di5amos, a Picasso, a uem n9o se valori?a essencial mente como um )ar6sta es%anol-. O mesmo se a%lica, como veremos, ao caso de muitas o7ras recentes de arte tri7al, se=a dos se%iG ou da costa americana do noroeste. 0sses tra7alos li7ertaram'se em 5rande %arte da cate5oria de o7ras %ara turistas ou %rodutos 8 ual, %or causa da modernidade desses tra7alos, oram rele5ados %elos %uristasZ mas eles n9o %odem mover'se diretamente %ara a ?ona ", o mercado de arte, sem carre5ar nuvens de cultura autEn6ca tradicional. N9o



%ode aver um movimento direto da ?ona $ %ara a ?ona ".

m trSnsito ocasional ocorre entre as ?onas $ e 3, %or e4em%lo, uando se %erce7e ue um %roduto ou um arteato tecnol<5ico > um caso de cria9o inven6va es%ecial. O o7=eto >

escolido na cultura comercial ou de massa, talve? %ara ser e4i7ido num museu de tecnolo5ia. gs ve?es tais o7=etos entram inteiramente no dom;nio da arte: inova1es tecnol<5icas ou %rodutos %odem ser conte4tuali?ados como desi5n moderno, %assando assim %ela ?ona 3 at>

(9)

entrar na ?ona " a mo7;lia, as m*uinas dom>s6cas, os carros e assim %or diante, e4%ostos no museu de !rte oderna de Nova Iorue, %or e4em%lo.

* tam7>m um trSnsito re5ular entre as ?onas " e 3. !s contraa1es de arte e4%ostas s9o de5radadas %reservando todavia al5o de sua aura ori5inal. Inversamente, diversas ormas de )an6'arteh e de arte ue e4i7e sua alta de ori5inalidade ou inauten6cidade s9o colecionadas e valori?adas a lata de so%a de arol, a oto de Berrie Levine de uma oto de alGer 0vans, o mict<rio, o %orta'5arraas, ou a %* de Ducam%. Os o7=etos na ?ona 3 s9o todos

%otencialmente colet*veis dentro do dom;nio 5eral da arte: s9o incomuns, marcadamente dis6ntos ou cuidadosamente se%arados da cultura. ma ve? a%ro%riados %elo mundo da arte, como os read'mades de Ducam%, eles circulam dentro da ?ona ".

O sistema de arte'cultura ue dia5ramei e4clui e mar5inali?a diversos conte4tos residuais e emer5entes. Para mencionar a%enas um deles: as cate5orias de arte e cultura, tecnolo5ia e commodit s9o ortemente seculares.

Os o7=etos )reli5iosos- %odem ser valori?ados como 5rande arte um ret*7ulo de _ioKo, como arte olcl<rica as decora1es numa 5ruta de uma santa %o%ular la6no'americana, ou como arteato cultural um cocalo ind;5ena. 0sses o7=etos n9o tEm )%oder- individual ou mist>rio T ualidades um dia %ossu;das %elos )e6ces- antes ue eles ossem reclassiAcados no

sistema moderno como arte %rimi6va ou arteato cultural. \ue )valor-, entretanto, se arranca de um ret*7ulo uando este > re6rado de uma i5re=a ainda em uncionamento ou uando a i5re=a comea a uncionar como museu Beu %oder es%ec;Aco ou sua sacralidade se

transerem %ara um dom;nio est>6co 5eral.

Conuanto os sistemas de arte do o7=eto e a antro%olo5ia se=am ins6tucionali?ados e

%oderosos, eles n9o s9o imut*veis. !s cate5orias do 7elo, do cultural e do autEn6co mudaram e est9o mudando. Desse modo, > im%ortante resis6r 8 tendEncia das cole1es de serem auto' suAcientes, de su%rimirem seus %r<%rios %rocessos ist<rico, econômico e %ol;6co de

%rodu9o. Idealmente, a ist<ria da %r<%ria cole9o e de sua e4%osi9o deve ser um as%ecto vis;vel de ualuer mostra. Foi alado ue a Bala oas, de arteatos da costa Noroeste, no useu de ist<ria Natural !mericano, iria ser reormada, e seu es6lo de e4%osi9o seria moderni?ado. !%arentemente ou assim se es%era a7andonou'se o %lano %ois essa sala are=ada, datada, e4i7e n9o a%enas uma cole9o so7er7a, mas um momento da ist<ria das cole1es. ! circunstSncia %recisa atrav>s da ual certos o7=etos etno5r*Acos re%en6namente tomaram'se o7ras de arte universal Acou clara na e4%osi9o am%lamente %romovida eita em

(

"#($ %elo useu de !rte oderna,

)HO %rimi6vismo na arte do s>culo XX-, ma maior auto'consciEncia ist<rica na maneira de e4%or e ver os o7=etos n9o'ocidentais %ode a?er com ue os modos como antro%<lo5os, ar6stas, e seus %]7licos, se rea?em e colecionam o mundo, se=am ao menos sacudidos e %ostos em movimento.

Num n;vel mais ;n6mo, ao inv>s de a%oderarmo'nos dos o7=etos a%enas como si5nos culturais e ;cones ar@s6cos, %odemos voltar a eles, como a? James Fenton, ao status ue %erderam como e6ces T n9o como es%>cimes de um )e6cismo- desviante ou e4<6co mas como nossos %r<%rios e6ces. 0ssa t*6ca, necessariamente %essoal, concederia 8s coisas nas

(10)

cole1es o %oder de A4ar em ve? de sim%lesmente a ca%acidade de ediAcar ou inormar. Os arteatos da rica e da Oceania %oderiam mais uma ve? ser o7=ets sauva5es, ontes de asc;nio com o %oder de desconcertar. istos em sua resistEncia 8 classiAca9o eles %oderiam nos a?er lem7rar de nossa alta de autodom;nio, dos ar6jcios ue em%re5amos %ara reunir um mundo 8 nossa volta.

COL0CION!NDO CL+R! 2" de a7ril de "#32

0stamos aca7ando de com%letar uma cultura de um 5ru%o montanEs aui nas +orres C7elles mais 7ai4as. 0les n9o tEm nome e ainda n9o decidimos como cam*'los. B9o um %ovo ue revela muitas coisas em al5uns %ontos, ornecendo um conceito 7*sico Anal do ual derivam todas as maldi1es dos irm9os da m9e e as im%reca1es das irm9s do %ai etc. e =* tendo

ar6culado a a6tude em rela9o ao incesto ue Reo Fortune descreveu como undamental no seu ar65o %ara a 0nciclo%>dia.

0les tomaram as medidas tera%Eu6cas ue recomendamos %ara Do7u e anus T ter um demônio al>m do ei6ceiro da vi?inana, e levar os mortos %ara ora da aldeia e locali?*'los. as em outros as%ectos eles s9o a7orrecidos: tEm a 7a5una de toda a ral> de crenas m*5icas e antasma5<ricas do Pac;Aco, e de certo modo s9o como os da %lan;cie uanto 8 rece%6vidade a id>ias estranas. ma ima5em de um na6vo local lendo o ;ndice do Ramo de ouro a%enas %ara ver se eles n9o %erderam nada seria a%ro%riada. +ra7alar com eles > muito dijcil, moram %or toda %arte com uma meia d]?ia de casas, e nunca Acam %arados mais de uma semana de cada ve?. Q claro ue isso a%resentou um novo desaAo de m>todo ue oi interessante. !s diAculdades ue incidem em se estar dois dias em cima de montanas im%oss;veis nos tEm consumido e de%ois vamos a?er um %ovo litorSneo.

!tenciosamente, ar5aret ead

0ncontrada na !merican !ntro%olo5ist, 3$ "#32: $: Nota da Nova _uin>

!iiatoa, Distrito de i^iaG, Nova _uin>.

#

)Culturas- s9o cole1es etno5r*Acas. Desde a deAni9o undamental de +alor, de "(", o termo desi5na um )todo com%leto- um tanto va5o ue inclui tudo o ue > com%ortamento de 5ru%o a%rendido, de t>cnicas de cor%o a ordens sim7<licas. +em avido tenta6vas recorrentes de deAnir cultura mais %recisamente ver kroe7er e klucGon, "#Y2 ou, %or e4em%lo, %ara dis6n5ui'la da estrutura social-. as o uso includente %ersiste. Pois * ve?es em ue ainda %recisamos ser ca%a?es de alar olis6camente de cultura =a%onesa ou tro7rianda ou

marrouina conAando ue estamos desi5nando al5o real e dierencialmente coerente. Q cada ve? mais claro, entretanto, ue a a6vidade concreta de re%resentar uma cultura, uma

su7cultura, ou mesmo ualuer dom;nio coerente de a6vidade cole6va, > sem%re estrat>5ica e sele6va. !s sociedades do mundo est9o sistema6camente interli5adas demais %ara %ermi6r

(11)

ualuer isolamento *cil de sistemas se%arados ou ue uncionem de orma inde%endente. O andamento crescente da mudana ist<rica, a recorrEncia a7itual de stress nos sistemas ue est9o sendo estudados, ora uma nova autoconsciEncia a res%eito do modo como se

constr<em e se tradu?em os todos e as ronteiras culturais. O >lan %ioneiro de ar5aret ead em )com%letar uma cultura- nas terras altas da Nova _uin>, reunindo uma %o%ula9o dis%ersa, desco7rindo seus costumes undamentais, dando nome ao resultado da %esuisa T neste caso )a montana !ra%es- T n9o > mais %oss;vel.

er a etno5raAa como uma orma de colecionar cultura mas n9o, evidentemente, a ]nica maneira de a?E'lo reala os modos como os diversos atos e e4%eriEncias s9o selecionados, reunidos, re6rados de suas ocorrEncias tem%orais ori5inais, e como eles rece7em um valor duradouro num novo arran=o. Coletar T %elo menos no ocidente, onde 5eralmente se %ensa o tem%o como linear e irrevers;vel T %ressu%1e res5atar enômenos da decadEncia ou %erda ist<rica inevit*veis. ! cole9o cont>m o ue )merece- ser 5uardado, lem7rado e entesourado. Os arteatos e costumes s9o %rote5idos do tem%o. +i%icamente, os colecionadores da cultura antro%ol<5ica reuniram o ue %arece )tradicional- T o ue %or deAni9o se o%1e 8

modernidade. De uma realidade ist<rica com%le4a ue inclui os encontros etno5r*Acos em curso eles selecionam auilo ue d* orma, estrutura e con6nuidade a um mundo. O ue > ;7rido ou )ist<rico- num sen6do emer5ente oi coletado de orma menos comum e

a%resentado como um sistema de auten6cidade. Por e4em%lo: na Nova _uin>, ar5aret ead e Reo Fortune %reeriram n9o estudar os 5ru%os )mal cateui?ados-, como ead escreveu numa cartaZ e Acara claro %ara alino^sGi nas +ro7riands ue auilo ue merecia a aten9o m*4ima da ciEncia era a )cultura- circunscrita ameaada %or uma oste de in[uEncias

modernas )e4ternas-. Os melan>sios tomarem'se crist9os %or mo6vos %r<%rios T ao a%render a =o5ar, e a =o5ar uns com os outros, os =o5os dos orasteiros T n9o %areceu uma e4%eriEncia di5na de ser recu%erada.

+oda a%ro%ria9o de cultura, se=a %or na6vos se=a %or orasteiros, %ressu%1e uma %osi9o tem%oral e uma orma de narra6va ist<rica es%ec;Acas. Juntar, %ossuir, classiAcar e

(

avaliar sem d]vida n9o se restrin5em ao OcidenteZ mas em ualuer outro lu5ar essas a6vidades n9o %recisam estar associadas 8 acumula9o em lu5ar da redistri7ui9o ou 8 %reserva9o em lu5ar da decadEncia natural ou ist<rica. ! %r*6ca ocidental de colecionar cultura tem sua %r<%ria 5enealo5ia local, intrincada em dis6ntas no1es euro%>ias de

tem%oralidade e ordem. ale, a %ena alon5ar'se %or um momento nessa 5enealo5ia, %ois ela or5ani?a as i%<teses ue est9o sendo arduamente desa%rendidas %elas novas teorias da %r*6ca, do %rocesso e da istoricidade ourdieu, "#Z _iddens, "##Z Ortner, "#($Z Balins, "#(Y.

m as%ecto crucial da ist<ria recente do conceito de cultura tem sido a aliana e a divis9o de tra7alo desta com a )arte-. ! cultura, mesmo sem um c mai]sculo, tende %ara a orma e a autonomia est>6cas. J* su5eri ue as id>ias de cultura e as id>ias de arte modernas uncionam con=untamente num )sistema de arte'cultura-. ! cate5oria a7ran5ente de cultura do s>culo XX T auela ue n9o %rivile5ia a cultura )alta- ou )7ai4a- T somente > %laus;vel nesse sistema, %ois enuanto em %rinc;%io admite todo com%ortamento umano a%rendido, essa cultura com C min]sculo ordena os enômenos em caminos ue %rivile5iam os as%ectos coerentes,

(12)

cultura reuniram esses elementos ue %arecem dar con6nuidade e %roundidade 8 e4istEncia cole6va, vendo'a inteira ao inv>s de dis%utada, ras5ada, interte4tual ou sincr>6ca. ! ima5em uase %<s'moderna de ead de )um na6vo do lu5ar lendo o ;ndice do Ramo de ouro

a%enas %ara ver se eles n9o %erderam nada- n9o > uma vis9o da auten6cidade.

ead considerou )a7orrecida- a rece%6vidade dos !ra%es 8s in[uEncias estranas. O

colecionar de cultura deles com%licou o colecionar dela. Os %ro5ressos ist<ricos or*'la'iam mais tarde a ornecer uma ima5em revista desses melan>sios dijceis. Num novo %re*cio 8 reedi9o de "#" de sua o7ra etno5r*Aca em trEs volumes, +e ountain !ra%es, ead dedica diversas %*5inas a cartas de ernard NaraGo7i, um ara%es ent9o estudando direito em Bdne, na !ustr*lia. ! antro%<lo5a de %ronto admite seu es%anto ao ouvir dele: )Como oi auilo de di?er ue os ara%es T um %ovo ue a%reendera t9o levemente ualuer orma de es6lo cole6vo deveriam ter avanado mais do ue ualuer indiv;duo entre os manus, ue aviam entrado como 5ru%o no mundo moderno nos anos ue se situavam entre o nosso %rimeiro estudo deles, em "#2(, e o in;cio de nosso reestudo, em "#Y3- ead, "#": IX. 0la con6nua e4%licando ue NaraGo7i, =untamente com outros omens ara%es ue estudavam na !ustr*lia, avia )mudado de um %er;odo da cultura umana %ara outro- enuanto

)indiv;duos-. Os ara%es eram )menos estreitamente li5ados a uma cultura coerente- do ue os manus %. IX'X. NaraGo7i escreve, no entanto, como mem7ro de sua )tri7o-, alando com or5ulo dos valores e reali?a1es de seu )cl9-. 0le usa o nome ara%es com %arcimônia. 0le ar6cula a %ossi7ilidade de uma nova iden6dade )cultural- mul6territorial: )Perce7o a5ora ue %osso me sen6r or5uloso de mina tri7o e ao mesmo tem%o %erce7o ue

("

%erteno n9o a%enas a Pa%ua T Nova _uin>, uma na9o %or vir a ser, mas 8 comunidade mundial em 5eral- %. XIII. 0ssa maneira moderna de ser )ara%es- =* n9o est* %r> A5ura da na ima5em inicial de ead de um na6vo en5enoso %assando as %*5inas do Ramo de ouro Por ue esse com%ortamento deveria ser mar5inali?ado ou classiAcado como )individual- %ela colecionadora de cultura antro%ol<5ica

!s e4%ecta6vas de totalidade, con6nuidade e essEncia vem sendo * muito constru;das nos elos das id>ias ocidentais de cultura e arte. !l5umas %alavras do cen*rio recente devem 7astar,  =* ue ma%ear a ist<ria desses conceitos condu?iria a uma caa 8s ori5ens ue nos levaria de

volta %elo menos aos 5re5os. Ramond illiams ornece um %onto inicial situado no in;cio do s>culo XIX um momento de ru%tura ist<rica c social sem %recedentes.

0m Culture and societ "#Y(, ke^ords "#( 3 e em outros lu5ares illiams traou um desenvolvimento %aralelo no uso das %alavras arte e cultura, com as res%ostas com%le4as 8 industriali?a9o, ao es%ectro da )sociedade de massa-, ao con[ito social e 8 mudana acelerados".

Be5undo illiams, no s>culo XIII, a %alavra arte si5niAcava %redominantemente )a7ilidade-. Os marceneiros, os criminosos e os %intores eram, cada um a seu modo, en5enosos. Cultura desi5nava uma tendEncia ao crescimento natural, c seus usos %redominantemente a5r;colas e culturais: tanto as %lantas uanto os indiv;duos umanos %odiam ser )cul6vados-. Outros si5niAcados tam7>m %resentes no s>culo XIII n9o con6nuaram a %redominar no s>culo XIX.

(13)

Por volta da se5unda d>cada do s>culo XIX arte desi5nava, %ro5ressivamente, um dom;nio es%ecial de cria6vidade, es%ontaneidade e %ure?a, um reino de sensi7ilidade reAnada e de )5Enio- e4%ressivo. O )ar6sta- era %osto 8 %arte da sociedade, re`entemente contra ela ' uer osse )do %ovo- ou )7ur5uEs-. O termo cultura se5uia um curso %aralelo, vindo a si5niAcar auilo ue era mais elevado, sens;vel, essencial e %recioso mais incomum T na sociedade. Como a arte, a cultura tornou'se uma cate5oria 5eralZ illiams cama'a de )um ]l6mo tri7unal de a%ela9o- contra as ameaas de vul5aridade e nivelamento. 04is6a em o%osi9o essencial 8 )anaruia- %erce7ida.

De%ois de "(, a arte c a cultura emer5iram como dom;nios do valor umano ue se reoram mutuamente, estrat>5ias %ara reunir, marcar, %rote5er as melores e mais interessantes

cria1es do )omem-. No s>culo XX as cate5orias %assaram %or uma s>rie de outros desdo7ramentos. ! deAni9o %lural, antro%ol<5ica de cultura com o c em cai4a 7ai4a c a %ossi7ilidade de um s Anal emer5ia como uma alterna6va li7eral a classiAca1es racistas da diversidade umana. 0ra um meio sens;vel %ara com%reender as )modos de vida na

totalidade- num alto conte4to colonial de interrela9o 5lo7al sem %recedentes. ! cultura em sua riue?a evolu6va inte5ral e sua auten6cidade, anteriormente reservadas %ara as melores cria1es da 0uro%a moderna, %odiam a5ora estender'se a todas as %o%ula1es do mundo. Na vis9o antro%ol<5ica da 5era9o de oas as )culturas- 6nam o mesmo valor.

0m sua nova %luralidade, entretanto, as deAni1es do s>culo XIX n9o soreram uma

(2

transorma9o %or com%leto. Be se tomaram menos eli6stas as dis6n1es entre )alta- e )7ai4a- cultura se a%a5aram e menos eurocEntricas toda sociedade umana era

inte5ralmente )cultural-, ainda assim um certo cor%o de i%<teses oi tra?ido das deAni1es mais an65as. _eor5e BtocGin5 "#&(: &#'# mostra as interrela1es com%le4as do umanista do s>culo XIX com as deAni1es antro%ol<5icas de cultura emer5entes. 0le aArma ue a antro%olo5ia deve tanto a aKe^ !mold uanto a seu %ai undador, 0. . +alor. Na realidade, 5rande %arte da vis9o cor%oriAcada em Culture and !narc transeriu'se

diretamente %ara a antro%olo5ia re la6 vista. ma %oderosa estrutura de sen6mento con6nua a ver a cultura, onde uer ue se encontre, como um cor%o coerente ue vive e morre. ! cultura > duradoura, tradicional, estrutural ao inv>s de con6n5ente, sincr>6ca, ist<rica. ! cultura > um %rocesso de ordena9o, e n9o de ru%tura.

0la muda e se desenvolve como um or5anismo vivo. ! cultura normalmente n9o )so7revive- a altera1es a7ru%tas.

No in;cio do s>culo XX, enuanto cultura se estendia a todas as sociedades em uncionamento no mundo, um n]mero crescente de o7=etos e4<6cos, %rimi6vos ou arcaicos comearam a ser vistos como )arte-. 0les se i5ualavam em valor est>6co e moral 8s maiores o7ras'%rimas

ocidentais. Nos meados do s>culo a nova a6tude em rela9o 8 )arte %rimi6va- avia sido aceita %or um 5rande n]mero de euro%eus e americanos educados. Realmente, do %onto de vista dos ]l6mos anos do s>culo XX, torna'se claro ue os conceitos %aralelos de arte e cultura de ato com%reendem e incor%oram com

(14)

O ue oi conse5uido atrav>s de duas estrat>5ias. Primeiro, os o7=etos reclassiAcados como )arte %rimi6va- oram admi6dos no museu ima5in*rio da cria6vidade umana e, em7ora com mais va5ar, nos museus de 7elas' artes, concretos, do Ocidente. Be5undo, o discurso e as ins6tui1es da antro%olo5ia moderna constru;ram ima5ens com%ara6vas e sint>6cas do omem 7uscando im%arcialmente %or entre os modos de viver autEn6cos do mundo,

conuanto estranos na a%arEncia ou o7scuros na ori5em. !rte e cultura, as cate5orias %ara as melores cria1es do umanismo ocidental, em %rinc;%io estenderam'se a todos os %ovos do mundo.

+alve? vala a %ena ena6?ar ue nada do ue se di? aui so7re a istoricidade dessas cate5orias culturais ou ar@s6cas deve ser com%reendido como aArma9o de ue elas se=am alsas ou como ne5a9o de ue muitos de seus valores se=am di5nos de a%oio. Como ualuer arran=o discursivo 7em'sucedido, a auten6cidade do sistema arte'cultura ar6cula dom;nios consider*veis de verdade e de %ro5resso cien@Aco assim como *reas de ce5ueira e

controv>rsia. !o ena6?ar a transitoriedade do sistema, ao'o com a convic9o > mais um sen6mento do terreno ist<rico movendo'se de7ai4o dos %>s de ue as classiAca1es e a%ro%ria1es 5enerosas das cate5orias ocidentais de arte e cultura s9o a5ora menos est*veis do ue anteriormente. 0ssa insta7ilidade %arece li5ar'se 8 crescente interrela9o das

%o%ula1es do mundo e 8 contesta9o, desde os anos Y, do colonialismo e

(3

do eurocentrismo. Colecionar arte e coletar cultura acontecem a5ora num mundo mutante de contra'discursos, sincre6smos e rea%ro%ria1es ue tEm ori5em tanto ora como dentro )do Ocidente-. N9o %osso discu6r as causas 5eo%ol;6cas desses desenvolvimentos. Posso a%enas levantar su%osi1es so7re suas conse`Encias transormadoras e ena6?ar ue a moderna 5enealo5ia da cultura e da arte ue veno es7oando cada ve? mais %arece ser uma ist<ria local. )Cultura- e )arte- n9o %odem mais sim%lesmente ser estendidas a %ovos e coisas n9o' ocidentais. 0las %odem na %ior das i%<teses ser im%ostas, na melor, tradu?idas T o%era1es tanto ist<rica uanto %oli6camente con6n5entes.

!ntes de e4aminar al5uns dos desaAos correntes aos modos de cole9o e auten6ca9o do Ocidente, talve? se=a im%ortante ue eu retrate a orma de colecionar arte e cultura ainda dominante num am7iente mais limitado e concreto. !s i%<teses ist<ricas su7=acentes ao sistema tornar'se'9o desse modo inevit*veis. Pois, se colecionar no Ocidente res5ata coisas do tem%o ue n9o se re%ete, ual > a dire9o %resum;vel desse tem%o Como ele conere

raridade e auten6cidade 8s variadas %rodu1es da a7ilidade umana Colecionar %ressu%1e uma ist<riaZ uma ist<ria ocorre num )cron<to%o-.

 CRON+OPO P!R! B0 COL0CION!R

Dans son e/ort %our com%rendre le monde, "omme dis%ose donc tou=ours dun sur%lus de si5niAca6on.

Claude L>vi'Btrauss

O termo cron<to%o, como oi usado %or aG6n, denota uma conA5ura9o dos indicadores es%aciais e tem%orais num cen*rio Accional onde e uando certas a6vidades e ist<rias acontecem. !s recorda1es %recisas e nost*l5icas de Claude L>vi'Btrauss de Nova Iorue durante a Be5unda _uerra undial %odem servir como um cron<to%o %ara colecionar arte

(15)

moderna e cultura. O cen*rio > ela7orado num ensaio cu=o @tulo em rancEs, Ne^ borG %ost T et %rEA5ura6="#(3, su5ere a cate5oria es%ao'tem%oral su7=acente ao tra7alo mais

ortemente do ue a tradu9o %ara o in5lEs, %u7licada, Ne^ borG in "#$" "#(Y. O ensaio incide num micro' 5Enero dos escritos de L>vi'Btrauss, auele desenvolvido %or ele com

virtuosidade em +ristes +r<%icos. Locais es%ec;Acos T o Rio, a ila do Fo5o, cidades 7rasileiras novas, s;6os ind;5enas sa5rados T a%arecem como momentos de ordem e transorma9o umanas inteli5;veis cercadas %elas correntes destru6vas, entr<%icas da ist<ria 5lo7al.

! se5uir su%lemento o ensaio so7re Nova Iorue com %assa5ens de outros te4tos escritos %or L>vi'Btrauss, uer durante os anos da 5uerra, uer ao lem7rar'se delas. !o lE'las como um cron<to%o uniAcado, deve'se ter em mente ue esses n9o s9o re5istros ist<ricos, mas cele7ra1es

($

liter*rias com%le4as. O tem%o'es%ao em uest9o oi retros%ec6vamente com%osto %or L>vi' Btrauss e recom%osto, com outras Analidades, %or mim.

Reu5iado em Nova Iorue durante a Be5unda _uerra mundial, o antro%<lo5o Acou

desnorteado e encantado com uma %aisa5em de =usta%osi1es ines%eradas. ma lu? m*5ica 7ana suas recorda1es desses anos seminais, durante os uais conce7eu a antro%olo5ia estrutural. \uem %oderia resis6r 8s %erormances ue durante oras acom%an*vamos atentamente na <%era cinesa, so7 o %rimeiro arco da rooGln rid5e, onde uma com%ania ue * muito viera da Cina 6na muitos ade%tos. +odo dia, do meio da tarde at> de%ois de meia'noite, o 5ru%o %er%etuava as tradi1es da <%era cinesa cl*ssica. 0u tam7>m me sen6a voltar atr*s no tem%o uando se5uia %ara o tra7alo todas as man9s na sala americana da i7lioteca P]7lica de Nova Iorue. L*, so7 suas arcadas neo'cl*ssicas e entre as %aredes orradas de velo carvalo, eu me sentava %erto de um indiano com um tur7ante com uma %ena e uma =aueta de %ele de 5amo e contas T ue tomava notas com uma caneta ParGer. "#(Y:2&&

No modo de contar de L>vi'Btrauss, a Nova Iorue de "#$" > o sono de um antro%<lo5o, uma vasta sele9o de cultura e ist<ria umanas. ma 7reve caminada ou uma volta de metrô ir* lev*'lo de um _reen^ic illa5e reminiscente da Paris de al?ac aos arrana'c>us semelantes a torres da all Btreet. irando uma esuina nessa miscelSnea de imi5rantes e 5ru%os >tnicos, auele ue %asseia entra re%en6namente num mundo dierente com l;n5ua, costumes e

co?ina %r<%rios. +udo est* dis%on;vel %ara o consumo.

0m Nova Iorue %ode'se o7ter uase ualuer tesouro. O antro%<lo5o e seus ami5os ar6stas !ndr> reton, as 0rnst, !ndr> asson, _eor5es Dutuit, bves +an5uv e aKa encontram o7ras'%rimas de arte %r>'colom7iana, indiana, =a%onesa ou da Oceania entuladas em arm*rios ou a%artamentos de comerciantes.

+udo de al5um modo encontra um camino aui. Para L>vi'Btrauss, Nova Iorue nos anos $ > um %a;s das maravilas de re%en6nas a7erturas %ara outros tem%os e lu5ares, da mat>ria cultural ue est* deslocada:

Nova orue e essa > a onte de seu encanto e seu asc;nio %eculiar era ent9o uma cidade onde ualuer coisa %arecia %oss;vel. Como o tecido ur7ano, o tecido social e cultural estava

(16)

crivado de 7uracos. +udo o ue vocE 6na a a?er era escoler um e esca%ulir %ara dentro dele se, como !lice, vocE uisesse ce5ar ao outro lado do es%elo e encontrar mundos t9o

encantadores ue %areciam irreais, %. 2&"

O antro%<lo5o [Sneur est* encantado, assom7rado, mas tam7>m %ertur7ado com o caos de %ossi7ilidades simultSneas. 0ssa Nova Iorue tem al5uma coisa cm comum com o mercado de %ul5as dada'surrealista do in;cio do s>culo T mas com uma dierena. Beus o7=ets trouv>s n9o s9o a%enas mo6vos %ara devaneios. Isso eles s9o, sem d]vida, mas s9o tam7>m sinais de mundos ue v9o desa%arecendo. !l5uns s9o tesouros, o7ras de 5rande arte.

L>vi'Btrauss e os surrealistas reu5iados eram colecionadores a%ai4onados. O comerciante de arte da +erceira !venida ue eles re`entavam e com uem se aconselavam, Julius

Carle7ac, 6na sem%re 8

(Y

m9o diversas %eas esuim<s, melan>sias ou da costa Noroeste. Be5undo 0dmund Car%enter, os surrealistas sen6am uma aAnidade imediata com a %redile9o desses o7=etos %or

)trocadilos visuais-Z as sele1es eitas %or eles eram de al@ssima ualidade. !l>m dos

comerciantes de arte, uma outra onte %ara esse 7ando de conecedores de arte %rimi6va era o useu do ;ndio !mericano. Como di? Car%enter:

Os surrealistas comearam a visitar o de%<sito do ron desse museu , a?endo suas %r<%rias sele1es, concentrando'se numa cole9o de ma5n;Acas m*scaras esuim<s. 0sses imensos trocadilos visuais, eitos %elos esuim<s GusGoG^im um s>culo ou mais atr*s, cons6tu;am a maior cole9o dessa es%>cie no mundo. as o diretor do museu, _eor5e ee, camava'as de %iadas- e vendia metade %or 3( e cada uma %or 3$. Os surrealistas com%raram as

melores. De%ois eles se transeriram ale5remente %ara a cole9o da costa noroeste de ee, des%o=ando'a de uma o7ra'%rima de%ois da outra. Car%enter, "#Y:"

0m "#$&, a4 0rnst, ameK Ne^man e v*rios outros montaram uma e4%osi9o de %intura ind;5ena da costa Noroeste na 5aleria eK Parsons. 0les reuniram %eas de cole1es %ar6culares e arteatos do useu !mericano de ist<ria Natural. Deslocando as %eas do museu atrav>s da cidade, )os surrealistas desclassiAcaram'nas como es%>cimes cien@Acos e reclassiAcaram'nas como arte- Car%enter, "#Y:" ".

! cate5oria de arte %rimi6va estava emer5indo, com seu mercado, sua %er;cia, c seus laos estreitos com a est>6ca modernista. O

ue avia comeado com a vo5a da art np5re nos anos 2 tornar'se'ia ins6tucionali?ado nos anos Y e &Z mas na Nova Iorue da >%oca da 5uerra a 7atala %ara ue os o7=etos tri7ais 6vessem reconecimento am%lo ainda n9o estava 5ana. L>vi'Btrauss lem7ra'se de ue como adido cultural ria em7ai4ada rancesa em "#$& tentou em v9o a?er uma troca: uma vasta cole9o de arte ind;5ena americana %or al5uns a6sses e Picassos. as )as autoridades rancesas se A?eram de surdas 8s minas solicita1es, c as cole1es ind;5enas aca7aram nos museus americanos- "#(Y:2&2. O colecionar de L>vi' Btrauss e dos surrealistas nos anos $ oi %arte de uma luta %ara o7ter status est>6co %ara essas o7ras'%rimas cada ve? mais raras. !s %r*6cas modernas de colecionar arte e cultura, de orma cien@Aca e avant'5arde, situam'se no Anal de uma ist<ria 5lo7al. 0ssas %r*6cas ocu%aram um lu5ar ' a%ocal;%6co, %ro5ressivo, revolucion*rio ou tr*5ico T a %ar6r do ual se =untam as eranas valori?adas do omem. !o

(17)

concre6?ar essa or5ani?a9o tem%oral, a Nova Iorue )%<s' c %r>'A5ura6va- anteci%a o uturo entr<%ico e re]ne seus diversos %assados em ormas desconte4tuali?adas, colet*veis. Os arredores >tnicos, as lem7ranas da %rov;ncia, a com%ania da O%era Cinesa, o indiano ornamentado na 7i7lioteca, as o7ras de arte de outros con6nentes c outras eras ue aca7am nos arm*rios dos comerciantes: todos s9o so7reviventes, remanescentes de tradi1es

ameaadas ou desa%arecidas. !s culturas do mundo a%arecem no cron<to%o como ra5mentos da umanidade, %rodutos de5radados, ou elevada e 5rande arte, mas

(&

sem%re uncionando como )7recas- ou )sa;das- de um des6no uni'dimensional.

0m Nova Iorue, uma miscelSnea da umanidade oi tra5ada num lu5ar e num tem%o ]nicos e ver65inosos, %ara ser ent9o a%reendida simultaneamente em toda a sua diversidade %reciosa e sua uniormidade emer5ente. Nesse cron<to%o, os %rodutos %uros dos %assados da

umanidade s9o res5atados %ela est>6ca moderna a%enas como arte su7limada. 0les s9o recu%erados %ela moderna antro%olo5ia como aruivos consult*veis %ara se %ensar so7re o alcance da inven9o umana. No cen*rio de L>vi'Btrauss, os %rodutos do %resente'ue se toma'uturo s9o su%erAciais, im%uros, esca%istas e )retro- mais do ue realmente dierentes T )an6ues- mais do ue an65`idades 5enu;nas.

! inven9o cultural est* su7sumida %or uma )cultura de massa- )modiAcada %elas mercadorias-.

O cron<to%o de Nova Iorue sustenta uma ale5oria 5lo7al de ra5menta9o e ru;na. O antro%<lo5o moderno, ao lamentar o alecimento da diversidade umana, coleciona e valori?a os so7reviventes e as o7ras de arte duradouras dessa diversidade. ! auisi9o de maior valor eita %or L>vi'Btrauss em Nova Iorue oi uma coletSnea uase com%leta dos

volumes " at> $( dos !nnual Re%orts do ureau de 0tnolo5ia !mericana. 0sses livros eram, di?' nos ele, numa outra evoca9o dos anos de 5uerra, )volumes sacrossantos, ue re%resentam a maior %arte do nosso conecimento so7re os ;ndios americanos... 0ra como se as culturas ind;5enas americanas de re%ente se tomassem vivas e uase tan5;veis atrav>s do contato jsico ue esses livros, escritos e %u7licados antes da e46n9o deAni6va dessas culturas,

esta7eleciam entre o tem%o delas e eu- L>vi'Btrauss, "#&:Y. 0sses relatos %reciosos da diversidade umana oram re5istrados %or uma etnolo5ia ainda, no di?er dele, em estado )%uro- ao inv>s de )dilu;do-. 0les ormariam o material etno5r*Aco autEn6co a %ar6r do ual as ordens metaculturais do estruturalismo se constru;ram.

!s cole1es e ta4onomias antro%ol<5icas, entretanto, est9o sem%re ameaadas %or con6n5Encias tem%orais. L>vi'Btrauss sa7e disso. Q um transtorno ue sem%re evita. Por e4em%lo: em +ristes +r<%icos ele tem %ereita consciEncia de ue ocali?ar um %assado tri7al necessariamente o dei4a ce5o %ara um %resente emer5ente. !o %eram7ular %ela %aisa5em moderna de Nova Iorue, lon5e de encontrar cada ve? menos coisas %ara conecer, o

antro%<lo5o se conronta com mais e mais coisas T uma estonteante mistura de com7ina1es umanas %oss;veis. 0le luta %ara manter uma %ers%ec6va uniAcadaZ %rocura ordem nas

estruturas )5eol<5icas- %roundas. as em 5eral, na o7ra de L>vi'Btrauss, a narra6va )antro%ol<5ica- nela en5lo7ada diAcilmente cont>m uma ist<ria corrente de %erda, transorma9o, inven9o e emer5Encia.

(18)

Pouco antes do Am de sua 7rilante aula inau5ural no Collp5e de France, )O esco%o da antro%olo5ia-, L>vi'Btrauss evoca o ue ele cama de )d]vida antro%ol<5ica-, o resultado inevit*vel de se correr riscos etno5r*Acos, )os 5ol%es e as re=ei1es diri5idos 8s id>ias e aos *7itos mais caros de al5u>m %or outras id>ias e *7itos com maior ca%acidade de reut*'los-"#&:2&. 0le se recorda enternecido de um visitante G^aGiutl, rece7ido em Nova Iorue %or

(

Fran? oas, %etriAcado com os viciados e restaurantes autom*6cos da +imes Buare, e se %er5unta se a antro%olo5ia n9o %ode ser condenada a %erce%1es i5ualmente 7i?arras das sociedades e ist<rias distantes ue %rocura a%reender. Nova Iorue talve? osse o ]nico verdadeiro )tra7alo de cam%o- de L>vi'Btrauss: uma ve? ao menos ele %ermaneceu 7astante tem%o e dominou a l;n5ua local. !l5uns as%ectos do lu5ar, como o G^aGiutl de oas,

con6nuaram a encantar e assom7rar seu ato antro%ol<5ico de colecionar cultura.

as * um na6vo de Nova Iorue ue se situa com es%ecial desconorto no cron<to%o de "#$". Q ele o indiano ornamentado e com a caneta ParGer em seu tra7alo na i7lioteca

P]7lica. Para L>vi'Btrauss o indiano est* %rimordialmente associado ao %assado, 8s sociedades )e46ntas- re5istradas nos %reciosos !nnual Re%orts do ureau de 0tnolo5ia !mericana. O antro%<lo5o se sente voltando atr*s no tem%o- "#(Y:2&&. Na Nova Iorue moderna um indiano s< %ode a%arecer como um so7revivente ou uma es%>cie de %ar<dia incon5ruente. ma outra vis9o ist<rica %oderia ter %osicionado de modo dierente os dois estudiosos na 7i7lioteca. ! d>cada imediatamente %recedente 8 ce5ada de L>vi' Btrauss a Nova Iorue vira uma reviravolta dram*6ca nas %ol;6cas ederais. Bo7 a liderana de Jon Collier, ent9o no ureau de !ssuntos Ind;5enas, uma )nova %ol;6ca indi5enista- omentou a6vamente a

reor5ani?a9o tri7al em todo o %a;s. 0nuanto L>vi'Btrauss estudava e coletava os %assados de muitos 5ru%os de americanos na6vos )e46ntos-, estes

encontravam'se em %rocesso de recons6tuir'se cultural e %oli6camente. isto nesse conte4to, o indiano com a caneta ParGer re%resentava uma )volta no tem%o- ou um vislum7rar de um outro uturo 0ssa > uma ist<ria dierente.

O+R!B !PROPRI!Uq0B

Para contar essas outras ist<rias, ist<rias locais de so7revivEncia e emer5Encia da cultura, %recisamos resis6r aos *7itos da mente e sistemas de auten6cidade arrai5ados em n<s.

Precisamos sus%eitar de uma tendEncia uase autom*6ca de rele5armos os %ovos e os o7=etos n9o'ocidentais aos %assados de uma umanidade cada ve? mais omo5Enea. !l5uns e4em%los da inven9o e da contesta9o correntes %odem su5erir cron<to%os dierentes %ara o ato de colecionar arte e cultura.

!nne itart'Fardoulis, curadora do us>e de "omme, %u7licou um relato sens;vel dos discursos est>6cos, ist<ricos e culturais ro6neiramente usados %ara e4%licar os o7=etos de museu individuais. 0la discute uma amosa %ele de animal intrincadamente %intada seu nome atual: .. 32.33.Y, %rovavelmente ori5in*ria dos ;ndios o4 da !m>rica do Norte.

! %ele a%areceu nos sistemas de coleta ocidentais * al5um tem%o numa )vitrine de curiosidades-Z oi usada na educa9o de crianas aristocratas e muito admirada %elas ualidades est>6cas. itart'Fardoulis nos conta ue a5ora a %ele %ode ser decodiAcada

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etno5raAcamente em termos de seus es6los 5r*Acos )masculino- e )eminino- com7inados e com%reendida no conte4to de um %rov*vel %a%el em cerimônias

((

es%ec;Acas. as os conte4tos si5niAca6vos n9o se e4auriram. ! ist<ria toma um novo curso:  neto de um dos ;ndios ue veio a Paris com u/alo ill estava %rocurando a t]nica a %ele %intada = ue seu avô 6na sido orado a vender %ara %a5ar a via5em de volta %ara aos 0stados nidos uando o circo aliu. 0u le mostrei todas as t]nicas de nossa cole9o, e ele %arou diante de uma delas. Controlando a emo9o, o ;ndio alou. Contou ual o si5niAcado desse caco de ca7elo, dauele deseno, %or ue essa cor 6na sido usada, ual o si5niAcado dauela %ena... 0ssa veste, inicialmente 7ela e interessante mas %assiva e indierente, %ouco a %ouco tornou'se si5niAca6va, testemuno a6vo de um momento vivo %ela media9o de

al5u>m ue n9o o7servou e analisou mas ue viveu o o7=eto e %ara uem o o7=eto viveu. Pouco im%orta se a t]nica > realmente do avô dele. itart'Fardoulis, "#(&:"2

O ue uer ue este=a acontecendo nesse encontro, duas coisas claramente n9o est9o

acontecendo. O neto n9o est* re%ondo o o7=eto no conte4to ori5inal ou cultural )autEn6co-. 0ste =* %assou * muito. O encontro dele com a %ele %intada > %arte de uma recorda9o moderna.

0 a t]nica %intada n9o est* sendo a%reciada como arte, como um o7=eto est>6co. O encontro > es%ec;Aco demais, mesclado demais na ist<ria amiliar e na mem<ria >tnica. !l5uns as%ectos da a%ro%ria9o )cultural- e )est>6ca- est9o certamente atuantes, mas eles ocorrem numa ist<ria tri7al corrente, uma tem%oralidade dierente da ue 5overna os sistemas dominantes ue dia5ramei. No conte4to de um %resente ue se torna uturo a vela t]nica %intada %assa a ser outra ve? tradicionalmente si5niAca6va.

! moeda corrente dos arteatos )tri7ais- vem se tomando mais vis;vel %ara os n9o'ind;5enas. * muitas reivindica1es %or novos reconecimentos tri7ais %endentes no De%artamento do Interior. 0 se elas s9o ou n9o ormalmente 7em'sucedidas im%orta menos do ue auilo ue se torna maniesto atrav>s delas: a realidade ist<rica e %ol;6ca da so7revivEncia e do

ressur5imento ind;5enas, uma ora ue colide com as cole1es de arte e cultura ocidentais. O lu5ar )adeuado- de muitos o7=etos ue est9o nos museus vem sendo a5ora o7=eto de

controv>rsia. Os ?uni ue evitaram o em%r>s6mo do seu deus da 5uerra %ara o useu de !rte oderna estavam desaAando o sistema de arte'cultura dominante, %ois na crena tradicional dos ?uni as A5uras do deus da 5uerra s9o sa5radas e %eri5osas. 0las n9o s9o arteatos

etno5r*Acos, e certamente n9o s9o )arte-. !s reivindica1es dos ?uni em rela9o a esses o7=etos es%eciAcamente re=eitam a %romo9o destes em todos os sen6dos do termo ao status de tesouros est>6cos ou cien@Acos.

0u n9o aArmaria ue a ]nica verdadeira morada 5enu;na %ara os o7=etos cm uest9o se=a na tri7o uma locali?a9o ue, em muitos casos, est* lon5e de ser <7via. !Armo a%enas ue os conte4tos dominantes e interli5ados da arte e da antro%olo5ia n9o s9o mais nem evidentes %or si mesmos nem incontestes. * outros conte4tos, ist<rias e uturos aos uais os o7=etos n9o' ocidentais e os re5istros culturais %odem )%ertencer-. Os raros arteatos maori ue em "#($' "#(Y e4cursionaram %elos museus nos 0stados nidos normalmente residem nos museus neo' ?elandeses. as s9o controlados %elas autoridades maori tradicionais, cu=a

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(#

%ermiss9o %ara a sa;da do %a;s oi solicitada.

!ui c em outros lu5ares as comunidades ind;5enas ressur5entes in[uenciam a circula9o das cole1es dos museus.

O ue est* em =o5o > al5o mais do ue a %ro5rama9o convencional dos museus no ue concerne 8 educa9o da comunidade e ao seu )alcance-. ! situa9o atual ues6ona o %r<%rio status dos museus enuanto teatros da mem<ria ist<rico'culturais. em<ria de uem Com ue Ans O useu Provincial da Col]m7ia ritSnica %or al5um tem%o incen6vou os

entaladores G^aGiutl a tra7alar a %ar6r de modelos da cole9o l* e4istente. 0m%restou velas %eas e doou outras novas %ara serem usadas em %otlatces2 modernas.

Bu%ervisionando esses desdo7ramentos, icad !mes, ue diri5e o museu da niversidade da Col]m7ia ritSnica, o7serva ue )os ;ndios, tradicionalmente tratados %elos museus a%enas como o7=etos e clientes, a5re5aram a5ora o %a%el de clientes-.

0 con6nua: )O %r<4imo %asso =* aconteceu.

!s comunidades ind;5enas esta7elecem seus %r<%rios museus, 7uscam suas %r<%rias

concess1es no useu Nacional, instalam seus %r<%rios curadores, contratam seus %r<%rios antro%<lo5os, e %edem a re%atria9o de suas %r<%rias cole1es- !mes, "#(&:Y. O useu k^aGiutl da ila \uadra, situado em \uatrasGi Cove, na Col]m7ia ritSnica, e4i7e o7ras tri7ais devolvidas das cole1es nacionais cm OKa^a.

Os o7=etos est9o em e4i7i9o cm cai4as de vidro, mas arrumados conorme a %ro%riedade da am;lia de ori5em. Na 7a;a !lcrt, na Col]m7ia ritSnica, o Centro cultural mista e4%1e arteatos re%atriados numa )casa 5rande- ori5inal dos G^aGiutl arrumados %ela seuEncia de seu a%arecimento na cerimônia da %otlatc.

!s novas ins6tui1es uncionam tanto como e4%osi1es %]7licas uanto como centros culturais li5ados a tradi1es tri7ais em curso. Dois museus dos aida tam7>m se esta7eleceram nas ilas Raina Carlota, e o movimento est* crescendo em outros lu5ares no Canad* e nos 0stados nidos.

_ru%os de na6vos americanos com recursos ainda %odem a%ro%riar'se do museu ocidental ' ' como eles tomaram %ara si uma outra ins6tui9o euro%>ia, a )tri7o-. elos o7=etos %odem novamente %ar6ci%ar de um %resente'ue se torna'uturo tri7al. !l>m disso, vale a 7reve o7serva9o de ue a mesma coisa > %oss;vel %ara arteatos escritos coletados %ela etno5raAa de res5ate. !l5uns desses velos te4tos vEm sendo a5ora reciclados enuanto ist<ria local e )literatura- tri7al.

Os o7=etos tanto do ato de colecionar arte uanto o de colecionar cultura est9o susce@veis a outras a%ro%ria1es. 

Pu7licado em +e Cultural Btudies Reader, London, Routled5e, "##3 NO+!B

". 0m7ora a an*lise de illiams se limite 8 In5laterra, o %adr9o 5eral se a%lica a ualuer outra %arte da 0uro%a, onde o ritmo da moderni?a9o oi dierente ou onde oram usados outros termos.

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Na Frana, %or e4em%lo, as %alavras dvisa6on ou, %ara DurGeim, soci>t>, su7s6tuem cultura. O ue est* em uest9o s9o as avalia1es ualita6vas da vida cole6va.

2. Potlatc: esta dos ;ndios da costa Noroeste com a Analidade de demonstrar riue?a e assim le5i6mar uma mudana no status social da tri7o na ual o anAtri9o destr<i seus

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