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ENGENHARIA AMBIENTAL: APLICAÇÕES E LACUNAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL RESUMO

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ENGENHARIA AMBIENTAL:

APLICAÇÕES E LACUNAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

José Geraldo de Figueiredo1 RESUMO

O setor da construção civil está em expansão já há alguns anos, e com a urbanização e crescimento populacional os impactos causados pelos resíduos gerados nos canteiros de obras está cada vez maiores, promovendo crises ambientais, contribuindo para agravar a escassez de água potável, as alterações climáticas rígidas, os riscos a biodiversidade e aumentando os perigos a vida humana. O objetivo deste trabalho é discutir questões relativas às aplicações da engenharia ambiental na construção civil e levantar algumas das lacunas mais comuns de sua aplicabilidade as práticas de gestão. Esta ciência é de grande importância face à necessidade de utilização consciente e eficiente dos recursos na produção e ainda constitui um grande desafio aos engenheiros, visto que uma das lacunas mais comuns a serem trabalhadas refere-se a uma barreira cultural instituída pelo capitalismo.Baseada na idéia de que o canteiro de obras deve dar os resultados mais eficientes possíveis em termos de custos, sendo o fator econômico o pilar de análise deste resultado, de forma que muitas vezes os fatores ambientais nem foram contabilizados. Por isso, a Engenharia Ambiental precisar ser mais do que um conhecimento técnico para atender legislações, mas um instrumento de visão de futuro, cultura de inovação e responsabilidade socioambiental.

Palavras-chave: Engenharia. Construção Civil. Ambiental.

Introdução

Este trabalho tem como tema principal a Engenharia Ambiental e a proposta é responder às seguintes questões:

• Como a Engenharia Ambiental tem sido aplicada na construção civil? • Quais as principais lacunas encontradas em um canteiro de obras?

O objetivo maior deste estudo é a discussão do papel do engenheiro civil frente às lacunas identificadas no setor e como esta ciência pode contribuir para melhores resultados em relação aos quesitos ambientais.

Segundo Lordesleem e Lima (2011) o setor da construção civil é responsável por muitos impactos ao meio ambiente. Isso porque há grande utilização de matérias-primas não renováveis, consumo de energia elétrica e geração de resíduos.

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A construção, seja de um prédio enorme ou de uma pequena casa, corresponde a um grande percentual dos impactos ambientais causados pela construção civil no ambiente, onde os principais fatores relacionados são a perdas de recursos naturais, a geração de resíduos, os impactos referentes a interferência da obra no meio físico, biótico e antrópico. (OLIVEIRA, 2009)

Nos últimos anos, conforme Lordesleem e Lima (2011) cresce a tendência da inserção de parâmetros de sustentabilidade na construção de edificações, sendo esta uma maneira de reduzir os impactos ambientais e promover a competitividade das empresas do setor da construção civil. “A sustentabilidade se refere à capacidade de uma sociedade, ecossistema ou qualquer sistema semelhante, continuar funcionando, sem estar forçado a declinar até a exaustão dos seus recursos vitais. (GILMAN apud LORDESLEEM e LIMA, 2011)

Existe uma maior preocupação com o meio ambiente e com a sustentabilidade. Csillag (apud LORDESLEEM e LIMA, 2011) ressalta que a sociedade deve ser consciente e participar da promoção da sustentabilidade, seja na construção civil ou em qualquer outro processo produtivo. O envolvimento da classe empresarial deve ser visto como uma oportunidade de negócios.

Para Oliveira (2009), canteiro de obras, de acordo com a NBR – 12284 que é o conjunto de “áreas destinadas à execução e apoio dos trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de vivência”. (NBR - 12284). Assim, trata-se de uma área “caracterizada para o armazenamento de materiais de construção, suporte aos trabalhadores e execução da obra, entre diversos outros fatores.” (OLIVEIRA, 2009).

Com o crescente avanço da construção civil, o aumento dos impactos ambientais desperta a atenção das gestões de obras, fazendo surgir às normas e resoluções que regulamentam e direcionam os processos de construção afim de que causem menores danos ao meio ambiente. Oliveira (2009) explica que, no caso dos canteiros de obras a principal resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente é a resolução nº 307, de 5 de julho de 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.

Uma definição simples de Impactos ambientais diz que estes são

(...) qualquer alteração do meio ou em algum de seus componentes devido a determinada ação ou atividade, no caso específico da construção civil são vastos os impactos ambientais causados por esta, principalmente na etapa da construção onde podemos ter poluição sonora, poluição

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atmosférica, alteração do perfil do solo, impactos visuais, etc.(OLIVEIRA, 2009)

O estudo dos impactos ambientais é importante para haver maior conhecimento e conscientização por parte da engenharia a respeito do assunto, e assim ser possível a redução dos impactos, de forma a promover sustentabilidade ambiental e social. Em diversos casos é possível observar que a questão ambiental não é contemplada nas estratégias da empresa. Assim, os requisitos da sociedade não são considerados no desdobramento de ações.

Para Varalho, Leite e Silva (2014) a engenharia clássica adota o modelo baseado no rendimento econômico, de forma que são utilizados os materiais e as energias da natureza. Durante anos, os engenheiros atinham-se em responder de forma eficiente, aos problemas que surgiam. O principal objetivo era de realizar empreendimentos de máxima rentabilidade financeira.

Assim, os efeitos adversos do canteiro de obras, bem como da consequente expansão urbana e do crescimento populacional, não foram considerados com sua devida atenção. O resultado são as crises ambientais que atualmente a sociedade enfrenta como a escassez de água potável e contaminação de rios, ar e solo, alterações climáticas, desmatamento, queimadas, sendo um dos principais motivos: a geração e destinação inadequada dos resíduos sólidos.

Neste contexto, há desafios complexos no que tange a solução dos problemas ambientais, exigindo um profissional com uma visão futurística, capaz de propor um desenvolvimento sustentável para empresas e sociedade. Dessa forma, o engenheiro ambiental precisa ter em suas habilidades a capacidade de gerir pessoas e processos além dos conhecimentos técnicos, conhecimentos humanos e sociais. “Recomenda-se, assim, como atributos do profissional em engenharia ambiental, uma educação ampla, crítica e reflexiva, necessária para entender o impacto das soluções da engenharia para um desenvolvimento urbano sustentável local, regional e global.” (OLIVEIRA, 2009).

Enxergar a construção civil como algo impactante é muitas vezes uma análise unilateral, que considera apenas os impactos de geração de descarte dos resíduos. O engenheiro de visão futurística deve considerar os diversos componentes do ecossistema.

Diante disso, a ideia de trabalhar o tema das aplicações da engenharia ambiental e suas lacunas é oportuna, visto que se pretende que este material

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bibliográfico contribua para o interesse de outros profissionais em ampliar a visão sobre as questões relativas às práticas sociais e ambientais que possam promover a melhoria da qualidade de vida e perenidade das gerações futuras.

Desenvolvimento

De acordo com os estudos de Mota (2015) houve uma explosão populacional entre os anos de 1900 a 2000, quando a população da terra era de 1.650.000.000 de pessoas e passou de 6.000.000.000. Outra mudança refere-se ao desenvolvimento de novas formas de transporte como aviões e automóveis que passaram a exigir um aumento gigantesco na demanda de energia do planeta e pro

consequência aumentando muito mais a poluição no meio. O aumento médio da qualidade de vida geral, fez com que o consumo mundial aumentasse muito, gerando uma grande quantidade de lixo.

“Segundo o IBGE, 98% dos municípios brasileiros já contam com serviços de abastecimento de água potável nas torneiras e 99% já contam com coleta de lixo, no entanto, apenas 52% têm uma rede de tratamento de esgoto instalada.” (MOTA, 2015).

Mota (2015) lembra ainda que a poluição do ar é a mais intensa já registrada. Com a revolução industrial, o surgimento e uso do plástico e a popularização dos automóveis é uma explicação para o fato. A preocupação é que, além de contribuir para o aquecimento global, a poluição promove doenças e piora a qualidade ambiental de um modo geral.

Outro fator de preocupação lembra Mota (2015), é o crescimento descontrolado das cidades, que faz com que o solo seja cada vez mais ocupado por asfalto e concreto, dificultando a penetração da água de chuva, promovendo as inundações. A engenharia ambiental tem neste aspecto da poluição do solo o papel de colaborar para o planejamento urbano. Na questão da poluição do solo precisa atentar-se também para a geração e destinação de lixo, estudando as formas de reaproveitamento, reciclagem.

O profissional da engenharia ambiental, neste cenário, tem um papel cada vez mais importante, cuja função é segundo Oliveira (2009) prevenir e evitar que o

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planeta seja ainda mais degradado e poluído. As consequências dos últimos 100 anos de progresso acelerado e mal planejado são facilmente percebidas por meio dos desastres naturais cada vez mais frequentes, da poluição das grandes cidades deixando a população cada vez mais doente e do aumento da temperatura da terra o a cada dia.

O profissional de engenharia ambiental, conforme Mota (2015) deve atuar no gerenciamento da emissão de poluição, no planejando de redes de saneamento, em projetos de sistemas de gestão e tratamento de lixo e na avaliação de riscos e compensações ambientais.

Buscar uma indústria da construção mais sustentável é fornecer mais valor, poluir menos, ajudar no uso sustentado de recursos, responder mais efetivamente às partes interessadas, e melhorar a qualidade de vida presente sem comprometer o futuro. Construção sustentável não é desempenho ambiental excepcional à custa de uma empresa que saia do mercado, nem desempenho financeiro excepcional, à custa de efeitos adversos no ambiente e comunidade local (Silva, 2003, apud ARAUJO, 2015)

Para Barros (2009) a indústria da construção civil é uma das mais antigas e de peso no desenvolvimento econômico do Brasil. Também é grande geradora de impactos ambientais, seja pelo consumo de recursos, modificação da paisagem ou geração de resíduos. E não pára por aí. Ainda há a destinação de resíduos. O Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil disciplina o manuseio e disposição dos resíduos nos canteiros de obras.

Araújo (2015) define o meio ambiente como a “circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações” (ABNT NBR ISO 14001, 2004). “Dessa forma, o meio ambiente no qual o canteiro de obras de uma empresa construtora opera envolve os meios físico, biótico, e antrópico do local onde a obra está inserida.” (ARAUJO, 2015).

Há diversos fatores que proporcionam impactos ambientais, sejam dos mais simples aos mais complexos, onde a saúde dos seres humanos e espécies animais e vegetais são ameaçadas, a legislação a respeito dos impactos ambientais deveria vigorar de maneira mais forte e eficaz, sem distinção da obra a qual será empregada, já que os impactos gerados na construção de qualquer obra, principalmente de edifícios degradam muito o ambiente. (BARROS, 2009)

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Para Oliveira (2009) É de extrema importância que os profissionais da construção civil conheçam e se proponham a modificar a atual situação e impactos que a execução de obras vem promovendo ao meio ambiente. O conhecimento dos impactos ambientais gerados em um canteiro de obras é a base para tomar decisões quanto à implantação de práticas de gestão para minimizá-los. A identificação e análise destes impactos é um requisito de qualidade, de excelência na gestão.

O aspecto ambiental é o “elemento das atividades ou produtos e serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente”, cuja significância é dada pelo seu poder de gerar um impacto ambiental significativo, em intensidade ou frequência (ABNT NBR ISO 14001, 2004). Segundo Araújo (2015), impacto ambiental pode ser definido como “qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização” (ABNT NBR ISO 14001, 2004).

Para diminuir os impactos ambientais gerados em canteiros de obras, é necessário, de acordo com Barros (2009), primeiro, organizar as informações com relação à dimensão dos impactos ambientais causados em uma obra, depois, fazer a análise social e econômica. A dimensão dos impactos ambientais encontra-se dividida em quatro grandes grupos, sendo eles o da infra-estrutura do canteiro de obras, o de recursos, o de resíduos e incômodos e poluição.

O primeiro grupo, da infra-estrutura refere-se às instalações utilizadas pelos trabalhadores e toda montagem realizada para a execução da obra. Para que um canteiro de obras seja ecologicamente correto, essa estrutura deve apresentar o mínimo de perturbações possíveis ao meio ambiente. As principais lacunas encontradas na infra-estrutura estão relacionadas aos riscos de desmoronamento, existência de ligações provisórias, construções provisórias, geração de energia no canteiro, impermeabilização de superfícies e armazenamento de materiais.

O tema infraestrutura do canteiro de obras aborda, entre outros pontos, os procedimentos para que as construções provisórias do canteiro de obras (áreas de produção, de apoio, de vivência, equipamentos, proteções coletivas, etc.) sejam implantadas e funcionem de modo a minimizarem os impactos ambientais decorrentes e para que atividades desenvolvidas para ou durante a construção e o uso dessas instalações causem os menores impactos – remoção de edificações, supressão da vegetação, armazenagem de produtos, ocupação da via pública, circulação de veículos, etc. ( ARAUJO, 2015).

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O segundo grupo, de recursos dizem respeito à utilização dos recursos naturais na construção de edifícios, sendo uma das lacunas mais comumente encontradas no canteiro de obras o desperdício destes. “Na construção civil grande parte da matéria-prima utilizada em obra é extraída de recursos naturais como areia, cimento, madeira, aço, entre outros, e geralmente o consumo destes materiais ocorre de maneira excessiva.” (BARROS, 2009).

“O primeiro tema, recursos, trata, dentro dos limites de decisão que a equipe de obra pode ter, do consumo (compras e contratações) de recursos naturais e manufaturados e do consumo e desperdício de água e energia no canteiro.” (ARAUJO, 2015) . A perda de recursos naturais incorporados aos materiais, seja por consumo ou por desperdício , é a perda de recurso natural que mais se destaca. Este é o caso do cimento, areia, cal. Além disso, outro desperdício é o uso excessivo de água, energia e gás nos canteiros de obras.

O tema resíduos é o terceiro grupo e trata do atendimento as exigências da resolução nº 307/2002 do CONAMA (2002 apud BARROS, 2009), que trata da gestão destes na construção civil . “O tema resíduos, por sua vez, trata do manejo e da destinação dos resíduos.” (ARAUJO, 2015). Esta resolução estabelece uma classificação para os resíduos em quatro diferentes classes. A classe A é a de resíduos reutilizáveis como agregados. A classe B, resíduos recicláveis para outras indústrias. A classe C, dos resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias. A classe D é a de resíduos perigosos ou contaminados.

A geração de resíduos sólidos e líquidos na etapa de construção de uma obra ocasiona a poluição do solo e também da água devido à emissão de efluentes líquidos. Deve-se atentar para a emissão de tais produtos, já que estes apresentam um caráter nocivo que precisa ser levado em consideração para o manejo destes. Geralmente tintas, óleos, solventes, substâncias preservativas para madeiras como o creosoto, possuem substâncias nocivas que contaminam o solo, a água e o ar. (BARROS, 2009)

Mais uma das lacunas ambientais está no fato de que grande parte dos “resíduos oriundos de canteiros de obras é depositada clandestinamente em terrenos baldios, várzeas e taludes de cursos d’água, o que vem a provocar impactos ambientais visíveis e compromete a paisagem urbana.” (BARROS, 2009) Outra forma de descarte de resíduos inadequada é a queima dos resíduos no canteiro de obras, o que provoca poluição atmosférica.

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“Já grupo dos incômodos e poluições, refere-se às atividades de transformação as quais uma obra está submetida, como a atividade de vedação, concretagem, pintura, e os efeitos sentidos pela comunidade que ali vive.” ( BARROS, 2009). “Os Incômodos referem-se às aos serviços preliminares; infraestrutura; estrutura; vedações verticais; cobertura e proteção; revestimentos verticais; pintura; pisos; sistemas prediais; e redes e vias.” ( ARAUJO, 2015).

A execução de uma obra, causa incômodos . A população dos arredores, e devem estes serem também identificados como impactos sociais e ambientais. A obra pode promover a emissão de ruídos, o odor ocasionado por certos tipos de madeira ou tinta, a emissão de vibrações, dentre outras situações que precisam ser analisadas.

Cardoso (2006) apresenta alguns impactos ambientais comuns na construção civil: alteração das propriedades físicas e contaminação química do solo, promoção de processos erosivos; esgotamento de reservas minerais, deterioração da qualidade do ar ,poluição sonora e visual, alteração da qualidade de águas superficiais e da qualidade de águas subterrâneas; alteração dos regimes de escoamento; alteração das condições de saúde e segurança, diretamente a dos trabalhadores , alteração da qualidade paisagística; perturbação social. Por meio de ruído e alteração no tráfego local, além da interferência na drenagem urbana e da escassez de energia elétrica.

A aplicação da engenharia Ambiental faz-se principalmente para “a atenuação destes impactos ambientais contribuirá para um canteiro de obras sustentáveis, com o mínimo possível de impactos ambientais e contribuindo para o desenvolvimento com responsabilidade e coerência.” ( BARROS, 2009).

Para reduzir as lacunas citadas anteriormente, é prioridade que a Engenharia ambiental seja aplicada a treinamento dos trabalhadores e a conscientização destes a respeito destes impactos ambientais. Também deve ser aplicada para a criação de práticas para controle do desperdício e do consumo dos recursos naturais. Outra importante aplicação é na pesquisa por tecnologia para reaproveitamento de materiais.

Os impactos socioambientais podem ser atenuados por meio do emprego de tecnologias, mas o essencial é a Engenharia Ambiental ser vista como parte estratégica do planejamento de uma obra.

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“A construção sustentável não pressupõe a priorização de uma dimensão em detrimento das demais, nem exige uma solução perfeita, e sim “a busca do equilíbrio entre a viabilidade econômica que mantém as atividades e negócios; as limitações do ambiente; e as necessidades da sociedade”. (ARAUJO, 2015)

Oliveira (2009) considera dramática a situação da construção civil no que diz respeito aos impactos ambientais que esta vem causando, principalmente na época de execução da obra (Canteiro de Obras), de forma que a construção civil requer a revisão das práticas ambientais para um consumo dos recursos naturais, geração e manejo dos resíduos mais adequados.

“A legislação que vigora buscando canteiros de obras ambientalmente corretos, na prática, raramente é cumprida por parte das construtoras, além disto, a fiscalização é muito frágil, o que abre brechas para a poluição e degradação do meio ambiente.” (OLIVEIRA, 2009)

Diante de tudo isto que foi exposto, é impossível se falar em desenvolvimento sustentável de um país, cuja construção civil consome uma grande quantidade de recursos não renováveis, degrada o ambiente na extração destes recursos, degrada o ambiente na ocupação do solo, contamina o solo, impermeabiliza o solo, além de produzir uma grande quantidade de resíduos sem o manejo adequado. “Construção sustentável é um processo holístico, cujo objetivo é restaurar e manter a harmonia entre o ambiente natural e o construído, e criar estabelecimentos que afirmem a dignidade humana e incentivem a igualdade econômica.” (CIB; UNEPITC, 2002 apud ARAUJO, 2015)

Para conseguir promover a sustentabilidade na construção civil é importante a adoção de sistemas de avaliação e classificação do desempenho ambiental e da sustentabilidade de edifícios. “As metodologias também funcionam como orientação ao mercado quanto ao desempenho esperado para os edifícios.” (ARAUJO, 2015). Assim, outros países desenvolveram metodologias que contemplam aspectos do empreendimento, “desde suas relações com o sítio onde está implantado, até saúde e conforto dos usuários, incluindo preocupações como escolha de materiais, economia de energia e de água, poluições e incômodos”. (CARDOSO, 2006 apud ARAUJO, 2015).

Portanto é imprescindível o planejamento e controle da obra, a fim de se obter um ambiente agradável e melhor para se viver, e é de suma importância que

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os novos engenheiros tenham isto em mente e busquem a construção de canteiros de obras sustentáveis.

Conclusão

O tema sustentabilidade vem sendo abordado com frequência nos últimos anos. Isso porque é significativa a quantidade dos resíduos gerados nos canteiros de obra e os impactos que causam, considerando que grande parte é destinada em local inadequado.

A situação atual é de que o engenheiro ambiental deve contribuir com informações sobre o plano diretor da cidade, no que se refere ao zoneamento urbano, para que a obra seja instalada em local regular. Deve atuar como consultor ambiental.

A engenharia ambiental está valorizada em função das preocupações com as questões ambientais. Sua aplicação deve ir além dos processos de licenciamento ambiental, gerenciamento de resíduos e levantamento de passivos ambientais.

O desenvolvimento sustentável de uma sociedade é um reflexo de todas as áreas. A gestão da construção civil precisa aplicar a engenhara ambiental deste a sua concepção, envolvendo a etapa do projeto, da execução da construção, das fases de manutenção, até mesmo à demolição, considerando que todas elas podem causar impactos e este precisam ser pensados e administrados.

Por frente ao exposto, a cada dia se fazem mais urgentes soluções para a redução da produção de resíduos em obras e o gerenciamento dos resíduos. A Engenharia Ambiental deve ser aplicada para que os impactos ambientais e sociais sejam identificados, analisados e tratados, otimizando processos produtivos, diminuindo as perdas, evitando os desperdícios. É papel do engenheiro ambiental buscar novas tecnologias, trabalhar uma cultura de inovação e geração de valor, para orientar os processos por meio de práticas sustentáveis.

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REFERÊNCIAS

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LORDSLEEM, Alberto Casado Jr. LIMA, Petronio Rocha de Araújo. Canteiros de obras com menor impacto ambiental: avaliação baseada no referencial AQUA. 2011. Disponível em < http://www.editoradunas.com.br/revistatpec/Art4_N18.pdf > Acesso em abril de 2015

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