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Homilia no domingo de Ramos na Paixão do Senhor 2017

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Academic year: 2021

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1.A celebração do domingo de Ramos na Paixão do Senhor dá início à Semana Santa, esta semana maior que nos abre à esperança nascida das fontes da alegria que jorram da Páscoa de Cristo.

Os habitantes de Jerusalém receberam Jesus na cidade. Aclamaram Jesus com hossanas de alegria e palmas na mão e acolheram em festa os seus discípulos. Mas não compreenderam, nem uns nem outros, ao acompanhar e ao receber Jesus na entrada na cidade, que estavam a ser protagonistas de acontecimentos decisivos para a redenção e para a história da

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Humanidade.

Jesus foi ao encontro da cidade. Quis entrar de forma pública em Jerusalém. E encontrou gente disponível para O acompanhar neste regresso à cidade, neste reencontro com a cidade santa. Jesus desejou ardentemente viver o culminar da sua vida humana no coração da

cidade, a cidade de Deus e dos homens. Muitas vezes as multidões foram ao Seu encontro na Galileia, na Samaria, na Judeia e mesmo para lá do Jordão. Hoje, é Jesus que vem ao

encontro da multidão, em Jerusalém. Havia ali gente de toda a parte, com várias idades, chegada à cidade por ocasião da festa da páscoa judaica.

 

2. O texto proclamado, no início da nossa procissão de Ramos, realçava a presença das crianças e dos jovens, que de modo espontâneo aclamaram Jesus. Compreendemos, assim, que a Igreja tenha escolhido, por intuição do Papa S. João Paulo II, o Domingo de Ramos para voltar o seu olhar de forma mais atenta para os jovens, para escutar a sua voz, perceber a sua alegria e abrir lugar à sua missão na Igreja e no Mundo.

Ontem, inspirada nesta intuição, a Igreja do Porto viveu no santuário de Nossa Senhora da Assunção, em Santo Tirso, uma bela jornada com muitas centenas de jovens de toda a diocese que quiseram encontrar-se com Cristo. Quiseram acolher Jesus no seu coração, cantar a

alegria da fé e fazer ouvir o que têm a dizer à Igreja e ao Mundo.

Os jovens fizeram-se peregrinos e reuniram-se no santuário de Deus à volta do altar da Eucaristia. Depois, pela tarde, regressaram de novo à cidade, muitos deles com actividades programadas ainda nas suas paróquias. Aí se reencontram agora, revigorados e felizes, com o mundo real da vida das pessoas, das famílias e das instituições. São tão belos os testemunhos cristãos e a coragem apostólica destes jovens! Só Deus conhece como eles ajudam a Igreja a caminhar mais pressurosa pelas fontes da alegria que nascem sempre que nos encontramos com Jesus!

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dinamismo pastoral juvenil presente em tantos grupos paroquiais de jovens trabalhados por Deus, iluminados pela Sua Palavra e fortalecidos pelo encontro com Cristo. Estamos

conscientes de que Deus também neles realiza maravilhas, quando fazem seu o cântico todo do Magnificat de Maria, Mãe de Jesus, como lhes lembrava o Papa Francisco na sua

mensagem para este dia.

Deixemos, também nós, que o nosso coração e os nossos olhos se encantem com o

reconhecimento da acção de Deus nos jovens de hoje, na nossa diocese. Eles estão imersos na vida das nossas famílias, das nossas escolas, das nossas comunidades com as suas alegrias, os seus sonhos e o testemunho feliz da sua fé.

 

Procuram, tantos deles, razões fundadas para acreditar, para amar e para ter esperança. Estão prontos para acolher o Evangelho e para seguir Jesus. O Senhor não deixará de os abençoar. Ajudemo-los, também nós, com o nosso exemplo, com o nosso testemunho, com a nossa gratidão e com a nossa oração.

 

3.Mas, neste Domingo de Ramos na Paixão do Senhor o olhar do nosso coração e da nossa fé volta-se, por entre lágrimas, para Deus para que nos faça cireneus a aliviar o peso da cruz de tanta gente. Os mistérios da redenção da Humanidade são igualmente mistérios de dor sentida por tantas pessoas e famílias que sofrem.

Tenho o dever de dizer aos que sofrem que a Igreja do Porto quer viver perto de todos e atenta a todos. Há momentos em que só o Senhor vem em nosso auxílio e só Ele consegue chorar as lágrimas dos que têm o coração desfeito e os sonhos destruídos. Isto mesmo experimentou Isaías, o profeta, escolhido pelo Senhor para uma nobre missão, que pedia a Deus a “graça de

falar como um discípulo para que saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos” (cf. Is 50, 4-7).

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É essa, muitas vezes, a maior missão da Igreja. Às vezes talvez a única! Somos chamados a assumir o sofrimento humano, a encontrar palavras de alento e a oferecer gestos de ternura, de presença e de compaixão, dados em abraços de silêncio, de oração e de respeito aos que sofrem.

Sabemos que os protagonistas da história, aqueles que marcam o rumo da vida das pessoas e o ritmo dos acontecimentos dos povos, nunca foram os violentos, os insensíveis ou os

indiferentes, mas sim aqueles que pressentiram, tal como os profetas, as aspirações dos povos, acolheram os seus sonhos e se compadeceram diante dos seus clamores, das suas dores e dos seus lutos.

Há muitas pessoas que clamam como o salmista fez hoje no cântico responsorial: “Meu Deus,

meu Deus, porque me abandonaste?” ( cf. Sal 21)

E a resposta, irmãos e irmãs, encontra-se no coração da Igreja e no viver dos cristãos, que estão no mundo para libertar, para redimir e para curar. Isso mesmo sentiam os pastorinhos de Fátima, Lúcia, Jacinta e Francisco, ao quererem oferecer-se a Deus pelos pecadores e pelos que sofrem. (cf. Carta Pastoral da CEP sobre o centenário de Fátima, n.º 12).

Esta pedagogia do serviço aos que sofrem e aos que choram aprende-se na escola do Mestre, com Jesus, o Servo, para Quem a primazia da divindade se revelou na radical obediência até à morte e morte de cruz. Desta radicalidade de entrega e desta obediência à vontade do Pai nos falava a segunda leitura da Carta aos Filipenses: “assumindo a condição de servo, tornou-Se

semelhante aos homens” (cf. Fil 2,6-11).

4. Lembramos, hoje, a Jesus as vítimas da tragédia da explosão de uma fábrica de pirotecnia em Lamego. Eram quase todos muito jovens, que deixam vários filhinhos órfãos. Seis dentre eles são naturais da nossa diocese, das terras de Baião, de Lousada e do Marco.

Colocamos com dor igual no coração de Deus o sofrimento do povo mártir da Síria, vítima de atentado criminoso de armas químicas, assim como os que caíram mortos às mãos do terror

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5. Que a oração mais intensa destes dias e a vivência mais profunda dos mistérios da fé, que de perto se tocam nas celebrações da Semana Santa, nos ajudem a aliviar a dor dos que sofrem e a preparar santamente a Páscoa de Jesus e a nossa Páscoa.

 

Porto, Igreja Catedral 9 de abril de 2017

António, Bispo do Porto

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