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7.13 RELATÓRIO A TRANSFERÊNCIA EMOCIONAL TERAPEUTA PACIENTE

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Academic year: 2021

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7.13 RELATÓRIO

A TRANSFERÊNCIA EMOCIONAL TERAPEUTA – PACIENTE

Gênero: Relatório

Alunos: Elaine de Fátima Jungles Gonçalves/ Marcelo Henrique Pettarin Sicheroli

Turno: Manhã

Professora: Beatriz Koppe

1 INTRODUÇÃO

A transferência emocional foi o tema escolhido para a elaboração deste relatório e tem como ob-jetivo apresentar as implicações emocionais exis-tentes entre terapeuta-paciente, pois se trata de um assunto presente desde a época do surgimento da psicanálise.

Atendendo à solicitação da Professora Beatriz Ko-ppe, docente responsável pela matéria de Produção Acadêmica I, da Faculdade Dom Bosco e sob sua orientação, este relatório contou como base de fun-damentação teórica a análise e leitura do livro “Car-tas a um jovem terapeuta”, de Calligaris (2008), e a análise do ilme “Um método perigoso”, dirigido por David Cronenberg (2011).

A Oicina de Gêneros Acadêmicos contou primei-ramente, com um esboço das técnicas que deve-riam ser aplicadas na elaboração do relatório. Em

seguida, foi colocado à consideração dos alunos do primeiro período do curso de Psicologia, qual seria o ilme a ser assistido para dar início aos trabalhos. Entre atividades em sala de aula e em casa, o relató-rio que iniciou nos primeiros dias do mês de abril de 2014, teve um tempo de produção de aproxi-madamente um mês.

2 RELATO

O ilme “Um método perigoso”, dirigido por Da-vid Cronenberg (2011), mostra o caso de histeria de Sabina Spielrein (Keira Knightley) que tem como seu terapeuta o Dr. Carl Jung (Michael Fass-bender). Jung é um estudioso das teorias e técnicas psicanalíticas do Dr. Sigmund Freud (Viggo Mor-tensem). A terapia com Sabina se torna uma ponte entre Jung e Freud que constroem uma amizade que aos poucos, vai se desgastando devido a uma

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série de conlitos e contradições teóricas psicanalí-ticas e o caso amoroso entre Jung e Sabina.

Jung, como um grande admirador de Freud, utili-za-se do método de análise freudiana, já conhecido na época para tratamento da histeria. Ele descobre através de diálogos, os motivos que levaram sua pa-ciente Sabina ter o distúrbio e as reações histéricas, que é lentamente tratado. Do mesmo modo, ele recebe como seu paciente o Dr. Otto Gross (Vin-cente Cassel), que era um psiquiatra psicótico que não pensava em outra coisa a não ser em sexo como a solução de todos os males, incluindo a histeria. Depois que Gross diz a Jung que ele não deveria passar pelo oásis sem parar para beber, dá-se início ao romance entre Sabina e Jung.

Os encontros dos amantes no decorrer da história não se limitaram apenas às sessões terapêuticas. Jung procurou por Sabina entregando-se a ela, pois ele se encontrava apaixonado. Sabina estava estudando para ser terapeuta e Jung a ajudava em questões de cátedra. Esse envolvimento promoveu grandes tris-tezas na vida de Jung, que era casado e pai.

Freud descobre o romance entre Sabina e Jung e durante a história, depois de muitos diálogos e en-contros, as divergências entre Jung e Freud se soli-diicam acabando com a amizade entre eles. Sabina tinha grande admiração por Jung, tendo--o como um conselheiro, um amigo, um amante capaz de compreendê-la. Jung, por sua vez, a ama-va. Tal transferência de sentimentos chegou a um limite insustentável que foi capaz de separá-los i-sicamente. Sabina foi uma das primeiras mulheres

psicanalistas. Casou-se com um médico russo, teve duas ilhas e foi assassinada pelo exército nazista. Jung emergiu depois da primeira guerra mundial após ter passado por uma prolongada crise de ner-vos. Ficou viúvo tanto de sua esposa quanto de sua outra amante.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No livro “Cartas a um jovem terapeuta: relexões para psicoterapeutas, aspirantes e curiosos”, em seu capítulo “Amores terapêuticos”, de Calligaris (2008), o autor apresenta a situação do envolvi-mento amoroso entre terapeuta e paciente e o que deveria ser feito caso o terapeuta se apaixone por sua paciente.

O terapeuta dentro de um ambiente de admiração e respeito, espera que o sentimento de dependên-cia termine mesmo que exista afeto entre terapeuta e paciente. Não obstante, ele pode se apaixonar e vice-versa e nesse caso a psicanálise deu um nome a isso que é o amor de transferência pois acredita-se que esse sentimento pode ser uma mola de cura. Porém esse amor não é diferente de outro a não ser pelo fato de que o terapeuta tem o poder em suas mãos. O consultório se transforma em um templo de fantasias.

Contudo, grandes estragos podem acontecer, pois, o terapeuta pode pensar que ele é uma panaceia; pode se transformar em vítima; casar-se várias ve-zes; pode se apaixonar facilmente por alguém que ele pensa que conhece; pode dirigir e mandar em quem e com quem ele tem relações sexuais ou não.

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Do mesmo modo, pacientes com grandes decep-ções amorosas podem se apaixonar por conta do amor correspondido ou perder de uma vez a con-iança para um novo tratamento.

O caso raro é que efetivamente, tanto o terapeuta quanto o paciente se apaixonam verdadeiramente de tal modo que este não pensa que o terapeuta seja a solução de seus problemas e aquele atue sem suas pretensões de poder.

Tanto homens quanto mulheres, independente do papel assumido, estão sujeitos ao enamoramento, mas geralmente o homem, por achar que é o moti-vo de satisfação de sua mãe, é o mais propenso a se tornar terapeuta, com disponibilidade ou aceitar uma proposta para uma situação que vai mais além da terapêutica.

Portanto, o terapeuta deve se abster caso tenha dúvidas quanto aos sentimentos e deve também, quando possível, colocar-se como paciente evitan-do assim, que incorra em recidiva de relacionamen-tos e em último caso,pensar que talvez ele estaria na proissão errada.

4 ANÁLISE

Existe uma linha muito tênue que separa o tera-peuta de seu paciente. Calligaris (2008) adverte so-bre as implicações existentes quando ocorre um en-volvimento amoroso entre eles, ou seja, um amor de transferência. No ilme “Um método perigoso”, a personagem Sabina, que sofre de um caso de his-teria, encontra em Jung uma pessoa em quem pode

coniar dando início a um processo de transferência que a princípio, como mencionado no “Dicionário de Psicologia” (2010), é chamada de transferência negativa pelo seu conteúdo de raiva e hostilidade sentida em relação ao pai que a agredia isicamente durante a infância, para o terapeuta.

Os afetos facilitam o trabalho do terapeuta, mas se espera que o encantamento se resolva e acabe um dia, para não condenar o paciente a uma eter-na dependência afetiva, diferente do que acontece no ilme entre Jung e Sabina que,à medida que o tratamento avançava a relação amorosa evoluía e psicanalista e paciente não resistem à transferência amorosa. Contudo, pode-se argumentar que ele, a partir da posição que ocupa na relação, teria a obri-gação de resistir e afastar qualquer possibilidade de envolvimento emocional. Não apenas por se tratar da sua paciente, mas também por negar um dos valores essenciais da moral predominante: a mo-nogamia. O fato é que ele se rende aos encantos de Sabina e, embora dividido entre o amor à esposa, os sagrados valores da família monogâmica e a rela-ção extraconjugal, Jung nega a se reprimir.

O terapeuta não deve aproveitar-se do amor do pa-ciente, porque cria um grande equívoco, mas no caso Jung e Sabina havia reciprocidade, porque se-gundo Calligaris (2008), a paixão de transferência é de fato qualquer outra paixão. Freud (2006) mos-tra o caminho: o analista deve seguir um caminho para o qual não existe modelo na vida real. Não se trata exatamente de receber o amor do paciente na análise como algo irreal, mas de remetê-lo às suas origens inconscientes. A sinceridade do analista é

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fundamental para que o paciente se sinta à vontade para que tudo o que estaria reprimido venha à luz. Jung, ao longo da sua história, mostrou-se frágil e interrompido no que diz respeito ao desenvol-vimento do indivíduo em relação às experiências amorosas com Sabina. Isso se refere à complexida-de da mente humana, mostrando que o humano é capaz de ter desejos absurdos e principalmente, res-salta como é difícil lutar contra os próprios impul-sos. Sabina assume a histeria sentindo prazer em atos violentes antes e durante suas relações sexuais com Jung. Eis que se dá de maneira sólida a trans-ferência libidinal que é a transtrans-ferência de libido, ou de sentimentos de amor, do paciente para seu terapeuta.

Jung rompe com Sabina e sua decisão acarreta consequências, mas agir conforme o padrão nor-mal não o isentaria de efeitos emocionais. Quando o ser humano está diante de circunstâncias desse tipo, não sai emocionalmente ileso. Pese as reco-mendações apresentadas no livro, foi visto no ilme que mesmo com a ruptura do romance, Jung teve outra amante. Não se observou Jung colocando-se como paciente, o que o levou a um estado de rele-xão profunda. Ele chegou ao ponto culminante do amor, o gozo pleno, o gozo pela transferência que encontrou, segundo o ilme, somente em Sabina.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base na leitura do capítulo “Amores terapêu-ticos”, presente na obra de Calligaris (2008), e na correlação com o ilme, observou-se que

terapeu-ta, representado pela igura de Jung e paciente, re-presentada pela igura de Sabina tiveram um amor transferencial, corroborando com o autor do livro porque Jung tinha as ferramentas para o envolvi-mento com Sabina, vale dizer, uma paciente his-térica, o consultório como templo de satisfação, a generosa oferta de amor e a ideia dele ser uma panaceia.

Percebeu-se que as situações que o terapeuta tem que enfrentar não está livre de desejos e vontades e o paciente, quando disposto ao tratamento te-rapêutico, transfere suas emoções, histórias, von-tades, neuroses e principalmente, segredos do in-consciente. É uma tarefa complicada que envolve duas pessoas, terapeuta e paciente, que são huma-nos, repletos de emoções e desejos reprimidos. A compreensão que o terapeuta possui dá ao paciente a coniança e a segurança que este procura.

Acontece também que o terapeuta acaba se trans-formando em vítima, que no caso de Jung, era casado, mas ao contrário do que o livro diz sobre as decepções do casamento, ele não acaba com o mesmo, porque ele não procurou em Sabina a sa-tisfação absoluta, pois, o relacionamento amoroso tinha-se iniciado de forma ilícita, fadado ao fracas-so. Ele conseguiu de certo modo, manejar a trans-ferência. Não obstante, pese a experiência vivida, ele não deixou de possuir outra amante. Ao que parece, Jung possuía mais desejos reprimidos que a própria Sabina deixando então, uma inquietação sobre quem é que na verdade estaria precisando de terapia. Viver já é perigoso e o método terapêutico não escapa a essa regra.

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REFERÊNCIAS

CALLIGARIS, Contardo. Amores terapêuticos. In:

__________. Cartas a um jovem terapeuta: relexões

para psicoterapeutas, aspirantes e curiosos. Rio de Ja-neiro: Campus, 2008, p. 43-52.

MÉTODO Perigoso, Um. Direção de David Cronen-berg. Reino Unido, Alemanha, Canadá e Suíça. 2011. Filme (99 min.). DVD.

FREUD, Sigmund. Observações sobre o amor trans-ferencial. In: __________. O caso Schreber, artigos

sobre técnica e outros trabalhos. Vol. XII. Rio de

Ja-neiro: Imago, 2006, p. 99-108.

VANDENBOS, Gary R. (org.). Dicionário de

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