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O jogo didático como uma estratégia alternativa para o ensino da digestão

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Academic year: 2021

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Revista do Centro de Ciências Naturais e Exatas - UFSM IISSN on-line: 2179-4588

O jogo didático como uma estratégia alternativa para o ensino da digestão

Carine Kupske, Erica do Espírito Santo Hermel e Marisa Both

carinekupske@hotmail.com; ericahermel@uffs.edu.br; marisaboth@gmail.com

Resumo

A sala de aula é um ambiente muito diversificado, visto que engloba alunos extremamente distintos entre si. Uma alternativa didática complementar que pode vir a ser utilizada pelo professor para fazer com que todos os alunos participem da aula são os jogos didáticos sobre os conteúdos abordados em sala de aula. Por meio da utilização de jogosdidáticos, o aluno se sente mais estimulado em participar da

aula, visto que ele acaba por ser tornar um sujeito do próprio processo de ensino e aprendizagem. Em uma turma de 7ª ano do Ensino Fundamental de uma escola de Educação Básica do município de Cerro Largo-RS, após ser trabalhado o conteúdo de digestão, realizou-se

a aplicação de um jogo educativo, o bingo sobre o sistema digestório. Para a realização do bingo foram utilizados os seguintes materiais: cartolina, cola, tesoura, e grãos de feijão. As cartelas do bingo foram confeccionadas com cartolina e elas continham palavras/respostas relacionadas ao sistema digestório. Além disso, foi necessário montar um banco de questões sobre este assunto. Para a aplicação do bingo educativo, solicitou-se aos alunos que os mesmos se sentassem em um circulo, então cada aluno retirava uma pergunta e tentava

responde-la e caso não soubesse os colegas auxiliavam-no. A utilização de jogos didáticos em auresponde-la configura-se como uma ferramenta que facilita a interação entre os colegas e o próprio professor, além de motivar os alunos, visto que as aulas deixam de ser rotineiras. Palavras chave: jogos didáticos, sistema digestório, ensino-aprendizagem.

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1.

Contexto do relato

O ambiente escolar é caracterizado pela diversidade de alunos que o frequentam. Isso gera no professor a necessidade de buscar diferentes maneiras de ensinar os mais diversos conteúdos de Ciências, o que, por vezes, pode levar alguns alunos a não realizarem determinadas atividades. O professor, além de tentar incluir todos os alunos na aula, possibilitando que todos participem da mesma, ainda tem que tentar encontrar uma maneira didática de ensinar os conteúdos aos alunos de forma que ocorra a construção do conhecimento e assim a aprendizagem.

Conforme Lima, Silva e Silva (2009, p. 7) “os jogos são excelentes ferramentas que o docente pode utilizar no processo de ensino aprendizagem, visto que eles contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual e social do educando”.

Portanto, a utilização de jogos didático/educativos em sala de aula é uma ferramenta que pode auxiliar muito o professor, porque por meio dos jogos o professor tem a possibilidade de incluir todos os alunos em sua aula, por mais distintos que os mesmos sejam.

Em consonância a isso, Fialho (2008, p. 12299) afirma que:

Os jogos educativos com finalidades pedagógicas revelam a sua importância, pois

promovem situações de ensino-aprendizagem e aumentam a construção do conhecimento, introduzindo atividades lúdicas e prazerosas, desenvolvendo a capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora. Ainda, conforme Grübel e Bez (2006, p. 03) “o jogo pode ser um ótimo recurso didático ou estratégia

de ensino para os educadores e também ser um rico instrumento para a construção do conhecimento”.

Contudo, é preciso observar que, apesar dos jogos serem considerados como ferramentas didáticas muito importantes nas aulas, ainda é necessário que o professor utilize os jogos didáticos apenas como um material de apoio, algo complementar a sua aula, para que os alunos aprendam da melhor forma possível os conteúdos. Segundo Fialho (2008, p. 12300), “os jogos pedagógicos devem ser utilizados como instrumentos de apoio, constituindo elementos úteis no reforço de conteúdos já apreendidos anteriormente”.

Ainda conforme Tarouco et. al. (2004, p.02) “os jogos podem ser ferramentas instrucionais eficientes, pois eles divertem enquanto motivam, facilitam o aprendizado e aumentam a capacidade de retenção do que foi ensinado, exercitando as funções mentais e intelectuais do jogador”.

Ao utilizar-se deste recurso didático em suas aulas, o professor deve saber mediar a competição que pode vir a ocorrer entre os alunos, ele deve instruir bem seus alunos para que a disputa que possa vir a ocorrer seja divertida, descontraída, reforçando a todo momento que este jogo didático é apenas umas das maneiras de auxiliar no processo de ensino aprendizagem. Conforme Fialho (2008, p. 12300) “o fator competição, durante os jogos, será evidente, porém não há motivos para preocupação, pois o professor precisa estar preparado para evidenciar que esse tipo de competição ocorre apenas no jogo e não, na vida”.

É evidente que os jogos educativos auxiliam no processo de ensino e aprendizagem, mas o professor deve avalia-los e refletir criticamente sobre eles antes de aplica-los aos alunos, para que seja obtido o resultado desejado ao se utilizar deste recurso didático.

Assim, pretende-se por meio deste relato promover a discussão sobre as inúmeras vantagens oferecidas pelo uso dos jogos educativos como recursos que possibilitem estratégias interativas de ensino-aprendizagem e

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como instrumentos motivadores de imenso potencial de sociabilidade e integração entre alunos e professor. Além de discutir sobre os cuidados que se deve ter ao levar um jogo para a sala de aula.

2.

Detalhamento da atividade

Uma bolsista do PETCiências (Programa de Educação Tutorial da Universidade Federal da Fronteira Sul) e a professora de Ciências da disciplina, após ter sido trabalhado o conteúdo de digestão, em uma turma de 7ª ano do Ensino Fundamental de uma escola de Educação Básica do município de Cerro Largo-RS, realizaram uma aula prática que consistiu em um conjunto de atividades, que englobava desde atividades práticas experimentais até a aplicação de um jogo didático, para que os alunos compreendessem melhor este conteúdo. Esse conjunto de atividades foi proposto porque esta turma é formada por 10 alunos sendo que dois são alunos especiais e acreditamos que ao trabalhar com variados recursos didáticos, o processo de ensino-aprendizagem possa realmente acontecer de forma significativa. As atividades aplicadas consistiram em três práticas experimentais e um jogo didático.

A primeira atividade teve por objetivo demonstrar aos alunos o papel da mastigação no sistema digestório. Para a sua realização foram utilizados dois comprimidos efervescentes e dois copos contendo água. O primeiro comprimido foi macerado e o segundo não, então os dois comprimidos foram postos simultaneamente nos copos com água e os alunos observaram o que aconteceu. A segunda atividade experimental foi realizada com o intuito de verificar a presença de amido na pipoca e a ação da enzima amilase salivar. Nesta atividade foi solicitado aos alunos que os mesmos mastigassem pipocas, primeiramente só mastigassem duas vezes, e colocassem os resíduos em um copo descartável, depois mastigassem cinco vezes, dez vezes e assim eles iam repetindo o procedimento até mastigarem cinquenta vezes as pipocas. Em seguida foi posta uma solução de iodo nos copos descartáveis que continham os restos da mastigação das pipocas, os alunos observaram o que aconteceu e perceberam que após mastigar cinquenta vezes as pipocas não ficavam pretas em presença da solução de iodo, concluíram então que, a enzima amilase salivar tinha degradado todo o amido.

A terceira atividade experimental teve por objetivo fazer com que os alunos percebessem o papel do suco biliar (bile) em nosso corpo, para isso foram utilizados dois copos contendo água, coloco-se óleo de cozinha em ambos os copos e posteriormente em um deles foi posto detergente, que simularia a bile, e no outro não, ambos os copos foram agitados e então os alunos observaram que no copo que continha detergente a gota de gordura se transformou em varias “mini” gotas como se tivessem sido “quebradas” e elas permaneceram separadas, não se uniram novamente, enquanto que no outro copo a gota de gordura separou formando várias menores mas que logo formaram uma só como no início.

A quarta atividade realizada sobre o sistema digestório foi à confecção de um jogo educativo, o bingo, cuja metodologia e resultados enfatizaremos neste trabalho.

Para a realização do bingo sobre o sistema digestório foram utilizados os seguintes materiais: cartolina, cola, tesoura, e grãos de feijão. As cartelas do bingo foram confeccionadas com cartolina e elas continham palavras/respostas relacionadas ao sistema digestório. Além disso, foi necessário montar um banco de questões sobre este assunto, que foram selecionadas de um livro didático utilizado em sala de aula pelos alunos e também da internet. Após a seleção destas questões/perguntas, as mesmas foram recortadas e postas em uma caixinha. Vale ressaltar que o jogo foi confeccionado fora do horário de aula, pela professora e pela bolsista.

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Para a aplicação do bingo educativo, solicitou-se aos alunos que os mesmos se sentassem em um círculo, então lhes foi explicado que este jogo educativo era uma maneira de tentar facilitar o aprendizado dos mesmos em relação ao conteúdo de digestão. Também foi frisado que não deveria haver uma competição agressiva e sim descontraída. Além disso, as regras do jogo foram previamente explicadas e, posteriormente, as cartelas e grãos de feijão, utilizados para marcar as palavras/respostas, foram distribuídos. Ao iniciar o jogo, a caixinha contendo as perguntas ia circulando pelo grupo de alunos. Então, cada aluno retirava uma pergunta e tentava responde-la e, caso não soubesse a resposta, os colegas auxiliavam-no.

Percebemos que a todo instante os alunos levantavam questionamentos aos colegas, tentando resgatar o que foi estudado anteriormente para responder as perguntas. Contudo, apesar de terem sido realizadas inúmeras revisões sobre este conteúdo, os alunos ainda tinham muitas dúvidas, que então no decorrer do jogo iam sendo esclarecidas.

Apesar de uma leve disputa surgir durante o desenvolvimento do jogo, a competição permaneceu bem descontraída. Os alunos conseguiram entender que o objetivo principal do bingo não era ser apenas o vencedor, mas sim apreender conhecimentos com aquela atividade lúdica.

Com a realização deste jogo didático os alunos puderam se envolver mais com os colegas e com o próprio professor. Todos os alunos aparentavam estar bem entusiasmados no decorrer da atividade.

3.

Análise e discussão do relato

Com a utilização de um jogo didático como complemento do conteúdo sobre sistema digestório, percebemos que o processo de ensino-aprendizagem acabou auxiliando na construção do conhecimento, visto que os alunos interagiram entre si e com o professor, participando ativamente da aula, tornando-se sujeitos do próprio processo de ensino-aprendizagem.

O jogo didático, além de auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos, ainda os deixava extremamente motivados, entusiasmados por poder fazer parte da aula. Durante a realização do jogo percebemos que os alunos ainda possuíam muitas dúvidas, questionamentos, em relação ao conteúdo, que não foram solicitadas em sala de aula, mas no momento do jogo foram levantados e os próprios colegas auxiliaram na hora da explicação. A interação que ocorreu foi muito relevante. Segundo Lima, Silva e Silva (2009, p. 02) “o jogo por proporcionar maior interação entre os indivíduos, torna-se um grande aliado no processo de desenvolvimento da criança”.

Percebemos que os jogos didáticos podem sim ser um excelente material de apoio ao professor, pois ele gera resultados extremamente positivos. No entanto, é preciso ressaltar que antes da aplicação de qualquer tipo de jogo didático é necessário que o professor o avalie criticamente realizando uma reflexão sobre o seu papel no processo ensino-aprendizagem.

Segundo Grübel e Bez (2006, p. 02):

hoje em dia se encontram muitos jogos educativos e cabe ao educador selecionar e avaliar esses, buscando utilizá-los da melhor forma possível. Esses podem ser mais um dos agentes transformadores da educação, mas vai depender muito da forma como serão utilizados e explorados. Os educadores têm papel fundamental, pois é através do contexto, reflexão crítica e intervenções que os jogos educativos vão contribuir para o desenvolvimento dos educandos e a construção da aprendizagem.

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O professor, ao se utilizar dos jogos didáticos como uma ferramenta de ensino, terá um papel muito importante, mediando o lúdico com o conteúdo que foi estudado anteriormente.

4.

Considerações finais

Por meio da realização deste trabalho fica evidente que atividades lúdicas complementares auxiliam no processo de ensino-aprendizagem, porque atraem o interesse dos alunos, fazendo com que a aula saia da rotina, possibilitando uma forma alternativa de estudo. Diante desta evidência, torna-se necessário que o professor busque novas ferramentas didáticas para diversificar sua aula, permitindo aos alunos maior interação durante a mesma e, consequentemente, auxiliando o processo de ensino-aprendizagem.

Diante disso, o uso dos jogos educativos parece ser uma ferramenta muita útil ao professor como reforço de conteúdos anteriormente estudados. No entanto, os jogos educativos não podem ser utilizados pelo professor como um único recurso didático, mas sim como mais um material de apoio, algo complementar, que terá por objetivo auxiliar os alunos na apreensão de conceitos científicos para a construção do conhecimento de forma lúdica e prazerosa.

Referências

FIALHO, N. N. Os jogos pedagógicos como ferramentas de ensino. VIII Congresso Nacional de Educação- EDUCERE, e III Congresso Ibero-Americano sobre violência nas escolas- CIAVE, Curitiba, 2008. Disponível em: .pucpr.br eventos educere educere200 anais pdf 2 3 .pdf . Último acesso em: 18 de jun. de 2013. GRUBEL, J. M.; BEZ, M. R. Jogos educativos. Novas Tecnologias na Educação CINTED-UFRGS. V.4 Nº 2,

Dezembro, 2006. Disponível em: seer.ufrgs.br/renote/article/download/14270/8183. Último acesso em : 18 de jun. de 2013.

LIMA, M. C. F.; SILVA, V. V. S.; SILVA, M. E. L. Jogos educativos no âmbito educacional: um estudo sobre o uso de jogos no Projeto mais da Rede Municipal do Recife. Centro de Educação – UFPE, 2009.

Disponível em: http://www.ufpe.br/ce/images/Graduacao_pedagogia/pdf/2009.2/jogos%20educativos%20no%20mbito%20educ

acional%20um%20estudo%20sobre%20o%20uso.pdf. Último acesso em: 18 de jun. de 2013.

TAROUCO, L. M. R. et. al. Jogos educacionais. Novas Tecnologias na Educação CINTED-UFRGS. V. 2 Nº

1, Março, 2004. Disponível em: http://www.virtual.ufc.br/cursouca/modulo_3/jogos_educacionais.pdf. Último acesso em: 18 de jun. de 2013.

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