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TEMPO DE CORDEL 1 INTRODUÇÃO

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Academic year: 2021

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TEMPO DE CORDEL

Gisele Helena dos Santos Silva∗ Izabel Maria de Aguiar Laudicena de Fátima Ribeiro Maria Aparecida dos Santos Letrari Raimunda de Brito Batista Sueli Bortolin

RESUMO

Literatura de Cordel, é um tipo de poesia narrativa e popular, escrita em versos rimados e metrificados, geralmente impressos em papel jornal. Seus versos contam histórias do reino encantado, do boi misterioso, sobre personalidades políticas, de valentia e fatos reais. A Biblioteca Central da UEL possui uma coleção de folhetos de cordel, disponível aos usuários, composta de 3.500 títulos organizados inicialmente por processo manual, utilizando-se de fichas catalográficas para recuperação por autor, título e ciclo. Com o crescimento da coleção e avanço da tecnologia os dados foram organizados em uma base de dados em MicroIsis, podendo hoje ser conhecida por meio de dois catálogos impressos e um CD-Rom (capas e referências). A estrutura física do cordel é altamente propicia à deterioração, devido a qualidade inferior do material utilizado na confecção dos folhetos. A Biblioteca instituiu em 1997 uma comissão para estudar uma metodologia para conservação preventiva dos folhetos. Em 2003, criou-se o Grupo de Pesquisa – “Literatura de Cordel: pesquisa, organização e divulgação do acervo”, formado por uma equipe multidisciplinar do qual participam bibliotecários, professores e estagiários de várias áreas do conhecimento. A Biblioteca também está articulando a implantação do Grupo de Amigos do Cordel, composto por pesquisadores, poetas populares e outros profissionais interessados. No momento, equipe visa ampliar a coleção, realizar tratamento técnico especializado garantindo sua conservação, melhorar as condições de acondicionamento e armazenamento. A meta para 2005 é a digitalização das capas dos folhetos com resumos e a representação descritiva, disponibilizando assim a coleção na internet.

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O presente trabalho é oriundo do Grupo de Pesquisa – “Literatura de Cordel: pesquisa, organização e divulgação do acervo da Biblioteca Central da UEL”, coordenado pela Profa Dra Raimunda de Brito Batista, tendo como objetivo: organizar, preservar e divulgar o acervo de folhetos populares, ditos de cordel, a fim de tornar acessível, nacionalmente e internacionalmente, o acervo da BC/UEL. Sua sede e centro de apoio é a referida Biblioteca.

A denominada Literatura de Cordel ou Folheto de Cordel é um tipo de poesia narrativa e popular, escrita em versos rimados e metrificados, geralmente impressos em papel jornal, no tamanho usual de 11cmX16cm. Possui número variado de páginas, sempre múltiplas de 4, com 8, 16, 32, 48 ou 64 páginas. Seus versos contam histórias do reino do encantado, do boi misterioso, sobre personalidades, política, de valentia, retratando fatos reais. Este modelo de literatura expandiu-se, e hoje tem público garantido, fiel às formas fixas da poesia que se apresenta em um formato editorial singular. Muito consagrado no Nordeste brasileiro, os Folhetos são respeitados em todo o mundo por ser uma espécie de elo vivo entre a história contemporânea e a medievalidade européia dos trovadores.

As fontes de inspiração dos folhetos remonta a Antigüidade Clássica, e são inúmeras as instituições brasileiras que contém em suas bibliotecas acervo da literatura popular. Entre elas estamos em contato com as seguintes instituições: Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal de Paraíba (UFPB), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fundação Casa Rui Barbosa (RJ), Museu do Folclore (RJ), Universidade de São Paulo (USP), Biblioteca Nacional (RJ), Universidade de Poitiers (França), Universidade de Tóquio (Japão) e Universidade da Holanda.

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A BC/UEL possui uma coleção de literatura de cordel, contendo 3500 títulos, sendo um dos primeiros acervos públicos organizados e disponibilizado em CD-Rom, portanto de fundamental importância como suporte de investigação para a comunidade universitária.

A coleção de literatura de cordel da BC/UEL foi organizada inicialmente por processo manual, utilizando-se de fichas catalográficas para recuperação dos dados por autor, título e ciclo. Com o crescimento da coleção e avanço da tecnologia, os dados foram catalogados em uma Base de Dados em MicroIsis, podendo hoje, ser conhecida por meio de 2 catálogos impressos e 1 CD-Rom (capa sem conteúdo).

A inexistência de pesquisas sobre a catalogação dos folhetos de literatura popular demonstra que há ainda muito a ser investigado, e que nossas bibliotecas necessitam de diretrizes para manter seus acervos especiais em condições mínimas de organização e conservação, bem como maximizar o seu uso para pesquisa ou lazer pela população em geral.

Os folhetos de cordel, normalmente feitos de papel jornal, são frágeis para o manuseio contínuo, e de fácil extravio, exigindo-se cuidados especiais antes de colocá-los à disposição para consulta. A BC/UEL preocupada com a preservação de seus documentos, instituiu em 1997 uma comissão para estudar a implantação de uma metodologia para conservação preventiva de seu acervo. É fundamental que a biblioteca universitária volte sua atenção para as questões relativas à preservação de sua coleção, procurando conhecer os problemas que afetam as condições de conservação e planejando ações eficientes e eficazes para solucionar os problemas detectados, tanto de forma preventiva como curativa ou corretiva.

Além da comissão acima citada, em 2003 criou um grupo de pesquisa multidisciplinar do qual participam bibliotecários, professores do Departamento de Ciências Sociais, Artes, Ciência da Informação e alunos dos cursos de: Educação, História, Ciências Sociais, Letras, Medicina, Música, Arquivologia, Biblioteconomia e Ciências Biológicas. O mesmo foi contemplado com uma bolsa modalidade

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PIBIC/CNPq e utiliza o acervo de cordel da BC/UEL , como principal fonte de pesquisa.

Por essas iniciativas, o acervo desperta interesse de pesquisadores internacionais como do antropólogo suiço Jean Christinat, que esteve na Biblioteca da UEL em 1996, com o objetivo de conhecer o acervo e manter um intercâmbio com a instituição. Ele é conhecido pelos poetas de cordel brasileiros como “embaixador do cordel” pelo seu trabalho de divulgação e tradução de cordéis brasileiros na Suiça” (CARVALHO, 1996, p.3).

2.1 METODOLOGIA DE TRABALHO DO GRUPO DE PESQUISA

A efetivação do Grupo, tem ocorrido por ininterruptas reuniões semanais dos pesquisadores envolvidos visando à discussão de estratégias de estudo de organização e preservação, formas de divulgação e de uso da linguagem do Cordel.

Parte da equipe do Projeto está investigando métodos de organização e de preservação existentes e em uso no Brasil e no exterior por meio de contatos com as instituições citadas anteriormente. Tais pesquisas estão norteando a Política de Organização e de Preservação do Acervo de Literatura de Cordel, que está sendo implementada paulatinamente. Em seqüência, ocorrerá o armazenamento correto do acervo e o planejamento de estratégias de divulgação.

Para a execução desse serviço, foram identificadas ações que devem ser implantadas em menor espaço de tempo possível devido as características físicas do folheto de cordel, sendo: o tratamento técnico especializado para garantir a conservação dos folhetos, a reconstituição da integridade física do material, o acondicionamento adequado, a digitalização dos folhetos (capas e resumos) visando sua preservação e divulgação, e a utilização como canal de comunicação entre a UEL e demais instituições do país e exterior. Entre elas:

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2.1.1 Higienização do material

• limpeza mecânica com trincha e pó de borracha, de todos os folhetos, página por página, para retirar a sujidade depositada no papel;

• retirada dos grampos metálicos.

2.1.2 Desacidificação

• realização do teste de pH do papel para verificar o grau de acidez de cada documento;

• desacidificação dos documentos, com produto químico específico para neutralizar o pH do papel.

2.1.3 Reconstituição do suporte

• execução de consertos de rasgos e aplicação de velaturas no suporte, propiciando reforço adequado à estrutura dos folhetos danificados;

• costura dos folhetos.

2.1.4 Acondicionamento

• confecção de invólucros apropriados, em papel alcalino, para acondicionar cada um dos folhetos, garantindo a sua conservação;

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2.1.5 Digitalização

• publicar em formato eletrônico as capas e os resumos, dos folhetos da coleção de Literatura de cordel constante no acervo da BC/UEL, disponibilizando-a via World Wide Web (www.uel.br/bc).

Para a realização dessas ações, são necessários os seguintes itens de despesas:

• material de consumo (borracha TKPlast, hidróxido de cálcio, fita indicadora de pH, cola CMC, cola PVA, papel japonês, papel Filifold documenta e caixa polipropileno.;

• Equipamentos (espátula térmica 4 pontas, borracha elétrica, secadora de papéis e mesa de higienização);

• Serviços de Terceiros (tratamento técnico e acondicionamento dos folhetos e digitalização dos mesmos).

3 DISSEMINAÇÃO E INICIATIVAS FUTURAS

O Projeto está sendo disseminado por meio de publicações de artigos sobre a Literatura de Cordel em periódicos científicos. O Grupo de Pesquisa facultará o intercâmbio junto à outros pesquisadores, que poderão participar como colaboradores, mesmo à distância, por meio de uma rede de contatos.

Em uma seqüência natural a BC/UEL está articulando a implantação do Grupo de Amigos do Cordel, a ser composto por pesquisadores, poetas populares e outros pessoas interessadas.

A constituição deste grupo bem como os demais objetivos propostos serão consolidados com a disponibilização do acervo no site da nossa Biblioteca na Internet, democratizando a informação.

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A intenção após a digitalização dos cordéis existentes no acervo da Biblioteca Central é o estabelecimento de uma rotina para que a cada doação, os mesmos sejam digitalizados, evitando o acúmulo.

Os pesquisadores e bolsista do projeto de pesquisa, estão realizando periodicamente seminários temáticos a fim de propiciar maior integração acadêmico-cultural entre seus componentes.

A participação em eventos em diferentes áreas, tem sido priorizada pelo grupo. Pretende-se ainda, realizar eventos para divulgar a poesia popular oral e escrita, por meio de palestras, oficinas, exposições e publicações de folhetos de cordel.

Encontra-se em planejamento um Programa na Rádio FM da Universidade, com edição diária que será coordenado pelo bolsista do Grupo de Pesquisa, tendo como denominação – “Tempo de Cordel”.

Finalizando, este projeto pretende contribuir efetivamente para a democratização da informação, criando mecanismos que facilite e divulgue a coleção de cordel como um instrumento de pesquisa, tornando possível assim, a divulgação desta literatura a instituições e/ou pesquisadores do país e do exterior.

REFERÊNCIAS

AMORIM, M.A. Folheto de feira, a literatura do povo. Continente Documento, Recife, v.1, n.6,p.20-39,jan. 2003.

ARAUJO, A.M. et al. Cordel e comunicação. São Paulo : USP, 1971.

BATISTA, A. Literatura de cordel: antologia. São Paulo: Global, [19--]. v.2

BATISTA, S. N. Antologia da literatura de cordel. [S.l.]: Fundação José Augusto, 1977.

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BECK, I. Manual de conservação de documentos. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1985.

CARVALHO, A.V. de. Introdução. In.: SILVA, G.H.S.; AGUIAR, I.M.; SANCEVERO, F. Literatura de Cordel: catálogo do acervo da Biblioteca Central da UEL. Londrina, 1997. v.1.

CASA NOVA, V. L. Cordel e biblioteca. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v.11, n.1, p.7-13, mar. 1982.

DUARTE, M. F. et al. Literatura de cordel: antologia. São Paulo: Global, [19--]. v.1

LIMA, E. O. L. Folhetos de cordel. João Pessoa: Ed. Universitária, 1978.

LOPES, R. Literatura de cordel: antologia. 2.ed. Fortaleza : BNB, 1983.

MAXADO, F. Cordel, xilogravura e ilustrações. Rio de Janeiro : Codecri, 1982.

______. O que é literatura de cordel. Rio de Janeiro : Codecri, 1980.

NASSIF, M.E. Subsídios para a formulação de políticas de preservação de acervos de bibliotecas: um estudo de caso. 1992. Dissertação (Mestrado) – Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte.

PEREIRA, A. P. Literatura de cordel. Lins: Faculdade Auxilium de Filosofia, Ciências e letras de Lins, 1975.

PROFESSOR da Suíça fez palestra na UEL. Notícia, Londrina, 21 ago. 1996. p.3

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA. Literatura de Cordel: catálogo do acervo da Biblioteca Central da UEL. Londrina, 1994. 2v.

______. Literatura de Cordel: catálogo do acervo do Sistema de Bibliotecas da UEL. Londrina, 2001. 1 CD-Rom.

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Bibliotecária da BC/UEL

Bibliotecária da BC/UEL Bibliotecária da BC/UEL Bibliotecária da BC/UEL

Docentes do Departamento de Ciências Sociais e Departamento de Ciência da Informação Docentes do Departamento de Ciências Sociais e Departamento de Ciência da Informação

Universidade Estadual de Londrina (UEL) Campus Universitário – Rodovia Celso Garcia Cid 445 Km 380 - Paraná – Brasil literaturadecordel@uel.br

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