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Automação Comercial utilizando Aplicativos Móveis - Um Foco na Plataforma Android

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Departamento de Computação - Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Caixa Postal 676 – 13.565-905 – São Carlos – SP – Brasil T.I.S. São Carlos, v. 3, n. 2, p. 151-161, mai-ago 2014

©Tecnologias, Infraestrutura e Software

Automação Comercial utilizando Aplicativos

Móveis - Um Foco na Plataforma Android

Marcos Apolinário Fincotto, Marilde Terezinha Prado Santos

Resumo:Este artigo apresenta um estudo sobre a utilização de aplicativos móveis para a automação comercial com o emprego da plataforma Android. O artigo evidencia que o Android pode ser utilizado como sistema operacional móvel para tais aplicações, expondo as principais características de sua arquitetura. Um estudo de caso é apresentado pelo aplicativo móvel SICOM, utilizado para automatizar a emissão de ordens de serviço do setor de moradias da Universidade Federal de São Carlos.

Palavras-Chave:Android, aplicativos móveis, SICOM

Commercial Automation using Mobile Applications – Fosus on Android Platform

Abstract:This article presents a study about the use ofmobile applications for business automation using Android platform. The article shows that Android can be used as a mobile operational system for such applications, exposing the main characteristics oftheir architecture. A case study is presented by the mobile application SICOM, used to automate the issuance of service orders from the housing sector of UFSCar (Federal University ofSão Carlos).

Keywords:Android, mobile applications, SICOM

1. INTRODUÇÃO

O consumidor está cada vez mais exigente e acostumado a realizar muitas tarefas do seu dia a dia sem sair de casa. Ao invés de enfrentar trânsito e fila nas lojas e bancos, é muito mais cômodo realizar essas atividades em poucos minutos através de um Tablet ou Smartphone e receber o produto em casa ou aguardar a realização dos serviços solicitados.

Essa nova realidade provoca uma série de mudanças nas organizações, gerando modificações que vão desde sua estrutura básica até a forma de relacionamento com seus clientes e fornecedores. O aumento da concorrência e do consumo faz com que as empresas busquem novas soluções para melhorar e agilizar seu atendimento, exposição de seus produtos e serviços visando aumentar sua competitividade e destaque no mercado.

Tendo em vista todas essas mudanças e a constante evolução dos computadores e celulares, as empresas fazem uso cada vez mais intensivo da tecnologia da informação (TI) como principal ferramenta de apoio estratégico em seus negócios. Segundo Guiraldelli (2013), a implantação e constante evolução da TI nas organizações passaram de um diferencial para uma questão de sobrevivência no mercado.

As necessidades crescentes por mobilidade e o baixo custo

dos dispositivos móveis, entre os principais Tablets e Smartphones, mais a ampliação da rede móvel e o fenômeno das redes sociais, tem feito com que as empresas invistam em versões móveis de seus sistemas corporativos, a fim de estar presente o tempo todo junto aos seus clientes e fornecedores, a qualquer hora e em qualquer lugar, além de também proporcionar aos seus colaboradores, ferramentas que possibilitem um atendimento ágil e eficaz. Segundo a Prodesp (2013), a Mobilidade Corporativa, termo adotado pelo mercado para denominar a implantação das tecnologias de informação móveis na automatização dos processos organizacionais, traz ganhos significativos em agilidade e eficiência para os negócios.

Diante do exposto, este trabalho tem como principal objetivo apresentar por meio de pesquisa literária, uma análise sobre o uso desses aplicativos para dispositivos móveis dando foco para a plataforma Android, um sistema operacional Open Source (Código Aberto) baseado em Linux, desenvolvido e liderado pela Google em parceria com grandes empresas líderes do mercado de telecomunicações. A escolha do Android está relacionada com sua crescente popularização entre os dispositivos móveis além da grande flexibilidade e segurança que o mesmo tem apresentado desde sua primeira versão.

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1Abreviação de application, ou aplicação no português.

Comumente utilizado quando se faz referência aos aplicativos que podem ser baixados e instalados diretamente em um dispositivo móvel.

Para facilitar o entendimento, este trabalho está organizado em seções. Na Seção II é apresentada uma introdução aos aplicativos móveis e os principais tipos a serem considerados no início de um projeto de software para plataforma mobile. Na Seção III é apresentada uma introdução à automação comercial com foco na utilização de aplicativos móveis em processos de negócio dentro das organizações. Na Seção IV é apresentada uma análise sobre a plataforma Android e suas principais características. Na Seção V é apresentado como estudo de caso o aplicativo SICOM Mobile (Sistema Móvel de Controle de Moradias). Na Seção VI são apresentados os trabalhos relacionados ao presente artigo. Por fim, na Seção VII apresenta-se a conclusão do presente trabalho.

II. APLICATIVOSMÓVEIS

Os aplicativos móveis são softwares projetados e desenvolvidos para serem executados especificamente em dispositivos móveis, tendo entre os mais comuns os PDA’s (Personal Digital Assistant) também conhecidos como Palmtops, Tablets e os Smartphones, mais modernos e com larga capacidade de armazenamento e processamento (JANSSEN, 2013). Um aplicativo móvel pode ser baixado diretamente do dispositivo pela Internet, através de lojas virtuais como a Apple Store - loja virtual da Apple, Google Play – loja virtual do Google para o sistema operacional Android, Windows Phone Marketplace – loja virtual da Microsoft para Windows Phone, entre outras.

A) Dificuldades da Computação Móvel

Os fabricantes de softwares utilizam as lojas virtuais para disponibilizarem seus Apps1 de forma rápida e segura. Essa

facilidade vai ao encontro da grande variedade de aparelhos rodando diferentes plataformas e tipos de sistemas operacionais. O mercado de dispositivos móveis é dominado por diferentes tipos de fabricantes, o que inclui uma diversidade de plataformas de desenvolvimento, sistemas operacionais móveis, Hardware e Software.

Essa diversidade de plataformas força a existência de uma grande variedade de aplicativos, cada um escrito para rodar sob uma arquitetura específica, o que segundo Martins et al. (2013) é atualmente um dos principais desafios da computação móvel. Em resumo, isto significa que um aplicativo desenvolvido para Iphone não funcionará no Black Berry, assim como aqueles desenvolvidos para Android não funcionará no Windows Phone, ou seja, para cada sistema operacional, uma nova aplicação.

Outro ponto muito importante e discutido na computação móvel está relacionado com o nível de segurança que é proporcionada pelos sistemas operacionais móveis e suas aplicações. Segundo Moraes (2011), com as necessidades crescentes por tecnologia móvel e o surgimento de novas soluções móveis de negócio ou a integração entre os sistemas

existentes, é cada vez mais difícil manter a integridade e segurança das informações. Ainda segundo Moraes, o baixo custo dos novos aparelhos faz com que a variedade de dispositivos adquiridos pelas pessoas aumente, o que provoca o aumento da dificuldade dentro das organizações para os administradores de TI, no que se refere a administrar todos esses aplicativos disponíveis e todos os sistemas implementados nas variadas plataformas pessoais dos clientes e colaboradores.

B) Tipos de Aplicativos Móveis

Selecionar o tipo de aplicativo móvel deve ser uma fase a ser considerada como muito importante em todo o processo de desenvolvimento do projeto (MARTINS et al., 2013). Ao iniciar um projeto de software para dispositivos móveis, é necessário realizar uma análise criteriosa e estratégica sobre a plataforma, sistemas, produtos e arquiteturas a serem utilizadas.

Os principais tipos de aplicativos móveis a serem considerados no início de um projeto são: aplicativos Web Mobile (sites móveis) e aplicativos móveis nativos. Os Web Mobile consistem em soluções feitas para Web formatadas para serem acessadas através do Browser dos dispositivos móveis. Já os aplicativos nativos, são soluções desenvolvidas para um determinado tipo de dispositivo móvel e sistema operacional (TOLEDO; DEUS, 2012). A Tabela 1 ajuda entender melhor, as principais vantagens e desvantagens associadas aos distintos tipos de aplicativos móveis. O foco deste artigo é voltado para o desenvolvimento de aplicativos móveis para automação comercial, e como qualquer outro tipo de app, está sujeito a essa análise.

Tabela 1. Vantagens e desvantagens entre os tipos de aplicativos móveis

III. AUTOMAÇÃOCOMERCIAL

A automação comercial é o processo de informatização de processos comerciais e de negócios, como compras, vendas, transações financeiras, controle de estoque, entre outros, que antes eram realizados de forma manual e repetitiva

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(SEBRAE, 2013).

De acordo com Siqueira (2000, p.10 apud VILELA, 2006, p.9), a automação comercial teve seu marco inicial com a invenção das primeiras máquinas registradoras, por volta do ano de 1878, utilizadas para registrar os totais das vendas facilitando o troco, a sumarização de totais, entre outros. A partir de 1990, verifica-se o uso da tecnologia de informação junto dos equipamentos de automação comercial, possibilitando assim a troca de informações de forma eletrônica, ágil e segura.

A utilização da TI na automação de tarefas comerciais possibilita uma troca de informações mais rápida e eficiente, agiliza as operações financeiras e proporciona mais segurança e transparência. Segundo Beraldi e Filho (2000), a tecnologia da informação nas empresas proporciona o enxugamento da mesma por meio da eliminação de papéis com a informação eletrônica, eliminação de atividades manuais, aumento da segurança e exatidão das informações, além da redução dos custos em todos os setores onde a TI é implantada.

O surgimento do PDV (Ponto de Venda do inglês POS -Point of Sale), que consiste em um ponto de coleta das informações geradas na venda e o leitor de código de barras, fez com que as empresas começassem a investir em uma padronização de nível internacional de identificação de produtos (RABECHINI et al., 1998). Essa tecnologia se desenvolveu até chegar aos modelos mais atuais de códigos de barra, como exemplo o código QR ou QR Code (Quick Response), mais utilizado para a leitura através de dispositivos móveis, conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1. QR Code (G1, 2013)

Com a rápida evolução tecnológica e a modernização de setor do comércio varejista, as ofertas em automação comercial para as empresas não se restringem mais a leituras automatizadas de produtos, pagamentos integrados, controles inteligentes de estoque e similares, mas vão além para satisfazer as necessidades dos empresários e, principalmente, dos consumidores. Surgem novos modelos de negócio onde vários eventos ocorrem concomitantemente e a partir de qualquer localização geográfica, seguindo a tendência da massificação do fenômeno das redes sociais e integrando cada vez mais a automação comercial com a mobilidade e facilidade de acesso proporcionada pelos aplicativos móveis. Essa integração faz com que surjam diversas soluções de negócio voltadas para estes dispositivos, agregando ainda mais valor para o negócio e facilidades para os consumidores.

Neste contexto, o sistema operacional Android é o foco

deste trabalho por se apresentar como uma plataforma para o desenvolvimento de aplicativos móveis poderosa e flexível, que possibilita aos desenvolvedores e usuários um novo conceito de computação móvel. Na Seção a seguir é apresentado um breve histórico sobre o Android, bem como as principais características de sua arquitetura.

IV. ANDROID

Durante um longo período os diversos modelos de aparelhos celulares possuíam basicamente as mesmas funcionalidades, tais como câmera de baixa qualidade, agenda de contatos, funções de chamada, e-mails e uma interação com a Internet muito limitada e, principalmente, de alto custo (COSTA, 2012).

Em Julho de 2005 a Google em parceria com grandes empresas de telecomunicações como LG, Sony, Samsung, Intel, HTC, entre outras, criaram um grupo chamado OHA (Open Handset Alliance) com o objetivo de definir uma plataforma única de desenvolvimento móvel.

A partir desta iniciativa surgiu o Android, um sistema operacional móvel que consiste em uma plataforma livre e com vários recursos de desenvolvimento para aplicativos móveis, baseado em um sistema operacional Linux (GRAMLICH, 2012). O Android incorpora várias aplicações e possui um ambiente bastante flexível, permitido que os desenvolvedores construam os mais diversos tipos de aplicações. Oferece suporte para diversos tipos de conexão de rede sem fio, como 3G, Wi-Fi e Bluetooth além de opções para conectividade e transmissão de dados. A Figura 2 ilustra o primeiro dispositivo móvel distribuído com o Android como sistema operacional.

Figura 2. T-Mobile G1, o primeiro modelo de dispositivo móvel da Google a rodar o Android (COSTA, 2012) Segundo Lecheta (2009), o Android foi construído, desde a sua base, para permitir que os desenvolvedores criem aplicativos atraentes e funcionais com a finalidade de explorar ao máximo os recursos que cada dispositivo móvel possui. Lecheta ainda descreve em seus livros que o Android é um sistema de código aberto e livre, sob a licença Apache. Assim, qualquer pessoa pode fazer download do seu código fonte e realizar alterações para criar produtos personalizados.

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A) Segurança

Como todo sistema operacional com muitos recursos e possibilidades, o Android também é cercado por questionamentos em relação à segurança proporcionada, fazendo com que este quesito fique sempre no topo das melhorias realizadas pelos desenvolvedores do sistema a cada nova versão.

Por ter seu núcleo baseado em uma versão do Kernel do Linux, o Android se apresenta como um sistema operacional seguro e robusto para executar aplicações do mercado corporativo. Toda a segurança do Android é baseada no Linux, assim todas as aplicações são executadas uma por vez em processos separados, rodando em Threads dedicadas e usuários únicos por aplicação (LECHETA, 2009).

Além desta característica de processo por aplicação, o Android herdou do Linux muitas outras características de

segurança como modelo totalmente baseado em permissões de usuário, isolamento de processos, APIs (Application Programming Interface) para criptografia de dados e componentes, incluindo SSL (Secure Sockets Layer) e HTTPS (HyperText Transfer Protocol Secure), gerenciamento de memória e recursos compartilhados, entre outros que são lançados ou melhorados a cada novo release do sistema (SOURCE ANDROID, 2013).

B) Arquitetura

Segundo Collins et al. (2011), o Android é uma pilha de softwares completa e distribuída em camadas, com um Bootloader, conjunto de bibliotecas e APIs e seu SDK. A Figura 3 apresenta a arquitetura do Android que é explicada, detalhadamente, nas próximas seções.

Figura 3. Arquitetura da plataforma Android (adaptado de Android Architecture, 2012)

B.1) Núcleo Linux (Linux Kernel)

A camada do núcleo está na base da arquitetura do Android. É nessa camada que toda a comunicação entre as aplicações e o hardware do dispositivo móvel é controlada. Funções como gerenciamento de memória, gerenciamento de processos e aplicações, comunicação com a rede, configurações de segurança e perfis, entre outras, as chamadas de “funções do núcleo”, são de responsabilidade desta camada da arquitetura (ANDROID ARCHITECTURE, 2012).

B.2) Bibliotecas (Libraries)

A camada de bibliotecas nativas do Android reúne um conjunto de classes que proporcionam aos desenvolvedores, por meio de integração pelo seu Framework, o acesso a uma gama de funcionalidades que o ajudam no desenvolvimento de suas aplicações (FERRACINI, 2012). As bibliotecas são escritas em C ou C++ e algumas das mais utilizadas são:

• SQLite (android.database): Banco de dados relacional embutido no Android e disponível para todas as aplicações que armazenam dados;

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• Webkit (android.webkit): Navegador Web utilizado para interpretar e exibir páginas e conteúdos HTML (HyperText Markup Language);

• OpenGL (android.opengl): Utilizado para exibir gráficos 2D e 3D, incluindo aceleração via hardware;

• Location Manager: Utilizado para obter dados de geolocalização do dispositivo, muito utilizado em aplicações que utilizam o GPS (Global Positioning System);

• Telephony Manager: Utilizado para obter informações básicas do dispositivo móvel, como rede de cobertura, bateria, status de conexão, etc.

B.3) Tempo de Execução (Android Runtime)

A camada Android Runtime consiste da máquina virtual Dalvik e de bibliotecas Java do Core (Núcleo) da plataforma. Todo código Java escrito para a plataforma Android irá ser executado sobre a Dalvik em um processo e instância únicos (AQUINO, 2007).

Segundo Lecheta (2009), a Dalvik consiste de uma máquina virtual desenvolvida e otimizada para ser executada em dispositivos móveis. Ao contrário da JVM (Java Virtual Machine), a Dalvik não executa diretamente os byte-codes do Java, mas compila e os converte para o formato .dex (Dalvik Executable). Lecheta ainda explica, que uma aplicação completa e pronta para ser distribuída é representada por um arquivo .apk (Android Package File), contendo todos os arquivos e recursos do aplicativo.

B.4) Framework de Aplicativos (Application Framework)

A camada de Framework de Aplicativos possibilita ao desenvolvedor acesso completo a um conjunto de APIs que facilitam o desenvolvimento de suas aplicações, como a criação de janelas, listagens, botões para seleções de datas e, principalmente, na interação com o hardware do dispositivo móvel, por exemplo, integrar a aplicação com os recursos de chamadas, câmera, calendário, entre outros.

Algumas bibliotecas contidas no Framework de desenvolvimento da plataforma Android são similares as utilizadas pelos desenvolvedores de aplicações Java para Web ou Desktop, o que causa um baixo impacto em sua curva de aprendizado.

B.5) Aplicações (Applications)

No topo da arquitetura, estão concentradas todas as aplicações incorporadas no Android.

O Android fornece um conjunto de aplicações que já vem instalada com sua distribuição, como agendas de contato, funções avançadas de chamadas e mensagens, sistema de navegação GPS, entre outros, que podem variar de acordo com sua versão e a capacidade do dispositivo móvel.

C) SDK do Android

Para facilitar e agilizar o processo de desenvolvimento para o Android, a Google disponibiliza um kit que possui as ferramentas necessárias para serem utilizadas pelos desenvolvedores na criação dos aplicativos.

Conhecido como Android SDK, o kit de desenvolvimento fornece ferramentas que podem auxiliar no desenvolvimento, como interface gráfica para criação de telas, bibliotecas com várias funcionalidades prontas e disponíveis em um ambiente com as características e especificações do próprio Android (SILVA, 2009).

Utilizando os plug-ins existentes no mercado, é possível desenvolver uma aplicação para o Android a partir de uma IDE como Eclipse ou NetBeans, por exemplo, totalmente integradas com os recursos disponibilizados pelo SDK (LECHETA, 2009).

Com este ambiente integrado de trabalho, o desenvolvedor consegue obter um ótimo desempenho no desenvolvimento e nos testes das suas aplicações, pois tudo que possa ser executado no emulador poderá ser executado da mesma maneira no dispositivo móvel com Android.

V. APLICAÇÕES DEAUTOMAÇÃOCOMERCIAL

Nesta seção, são apresentados exemplos de aplicativos móveis voltados para a automação comercial de diferentes tipos de serviços. Apresenta o SICOM Mobile, aplicativo móvel desenvolvido como estudo de caso utilizando a plataforma Android e seu SDK (Software Development Kit), que integra recursos do dispositivo móvel, como a câmera fotográfica e sincronização de dados pela rede sem fio.

Um exemplo da integração entre automação comercial e mobilidade pode ser visto no projeto desenvolvido pela agência coreana Cheil Wordwide, vencedor do Festival de Criatividade de Cannes, segundo Ruic (2011).

Trata-se de um aplicativo móvel que possibilita aos consumidores realizarem compras de produtos do supermercado que estão colados em cartazes nos corredores de um metrô. Os cartazes com as imagens dos produtos formam uma espécie de loja virtual, bastando apenas que o consumidor leia o QR Code do produto desejado através do seu Smartphone, realize o pagamento da compra e aguarde até que as mercadorias sejam entregues, como pode ser observado na Figura 4.

Figura 4. Consumidor escaneia o QR Code da imagem do produto. (Exame, 2011)

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Segundo a Tesco (2011), grupo a que pertence o supermercado Homeplus onde o aplicativo foi desenvolvido, em um período de três meses de funcionamento, mais de 600.000 pessoas baixaram o aplicativo, somando um aumento de cerca de 200% nas vendas on-line.

A) SICOM Mobile

O SICOM Mobile consiste de um aplicativo móvel desenvolvido para integrar e facilitar a emissão e gestão de OS (Ordens de Serviço) de manutenção e reparo nos bens e materiais das moradias localizadas no campus da UFSCar de São Carlos.

O aplicativo é integrado ao SICOM Web, sistema on-line desenvolvido para automatizar a gestão das moradias como alocação dos alunos, mapa de disponibilidade de vagas, bens e serviços, integrações com o setor social para o controle de bolsas, gestão das ordens de serviços recebidas, entre outras funcionalidades. Através do aplicativo, é possível que um usuário devidamente autenticado consiga emitir uma ordem de serviço solicitando um reparo ou troca de algum bem. O aplicativo permite ainda que uma foto seja enviada anexa à solicitação. Problemas como demora na resposta ou no próprio atendimento destas solicitações podem ser minimizados com a utilização do SICOM Mobile.

B) Ambiente de Desenvolvimento

Para o desenvolvimento utilizando o Eclipse como ambiente, foi instalado o plug-in ADT (Android Development Tools). Com ele, é possível executar a aplicação em um emulador do Android ou diretamente no dispositivo móvel pelo cabo USB (Universal Serial Bus), de acordo com as configurações realizadas pelo desenvolvedor. Para que o emulador do Android possa ser utilizado, é necessário que o ADV (Android Virtual Device) seja adicionado. O ADV é um dispositivo virtual do Android que simula um determinado Smartphone, proporcionando testes mais realistas e eficazes com várias opções de tamanhos e formatos de telas, o mais próximo possível da realidade dos próprios aparelhos.

C) Estrutura do Projeto

Ao iniciar um novo projeto Android no Eclipse a partir do SDK, a sua estrutura básica com as pastas e diretórios de arquivos fontes, bibliotecas e arquivos de configuração também é, automaticamente, criada de acordo com as informações solicitadas pelo Wizard do SDK. A Figura 5 apresenta a estrutura do SICOM Mobile dentro do ambiente de desenvolvimento.

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Dentre todos os arquivos e pastas que foram criados na inicialização do projeto, os mais utilizados pelo aplicativo estão listados abaixo:

• src: pasta do projeto que contém o código fonte Java da aplicação;

• gen: contém a classe R, que é gerada automaticamente pelo plugin do Eclipse na inicialização do projeto. A classe R é responsável por armazenar os id’s e mapear os recursos presentes na pasta res que serão acessados pela aplicação;

• res: contém todos os recursos do projeto como ícones, arquivos de layout, arquivos XML (Extensible Markup Language) de configuração, etc;

• res/drawable: contém os recursos de imagens utilizadas na aplicação;

• res/layout: contém os arquivos XML para a construção das telas da aplicação;

• res/values: contém arquivos XML utilizados para a internacionalização da aplicação;

• libs: classes de bibliotecas utilizadas pela aplicação; • AndroidManifest.xml: arquivo principal do projeto responsável por centralizar todas as configurações da aplicação. Todo projeto Android deve conter o arquivo AndroidManifest.xml no diretório raiz da aplicação para fornecer informações ao sistema operacional como nome do pacote Java, permissões que o aplicativo possui, versão mínima do Android, mapeamento da Main Activity e das demais Activities que fazem parte do projeto.

O Quadro 1 apresenta o código XML do arquivo AndroidManifest.xml do SICOM Mobile.

Quadro 1. AndroidManifest.xml do SICOM Mobile

D) Visão Geral da Aplicação

Para que uma aplicação desenvolvida para o Android possa interagir com o usuário, existem as activities (atividades). Uma activity é uma tela de interface que possibilita a interação entre o aplicativo e o usuário, para que assim, a execução de uma determinada tarefa possa ser solicitada. Toda tarefa solicitada pelo usuário está relacionada a uma intent (intenção). Uma intent descreve uma intenção, ou seja, algo que a aplicação foi solicitada a fazer. Essas intenções são filtradas, interpretadas e executadas pelo sistema operacional

de acordo com cada tipo de tarefa que foi solicitada.

O SICOM Mobile possui telas que possibilitam as interações, mensagens de alertas, configuração e imputação de dados. SicomLoginActivity.java, SicomHomeActivity.java, SicomNewOsActivity.java e SicomListOsActivity.java são algumas dessas telas, apresentadas nas Figuras 6, 7 e 8.

A Figura 6 representa a activity SicomLoginActivity.java, tela por onde o usuário é autenticado no aplicativo.

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Figura 6. Tela de login da aplicação Todas as opções disponíveis levarão em conta os dados do

usuário autenticado na aplicação, como a listagem das ordens de serviço, configurações e nova solicitação de reparo. Com isso, os administradores responsáveis pelas ordens de serviço de reparos são capazes de rastrear os pedidos pelos moradores solicitantes, moradia onde o bem está localizado,

data, hora e demais informações que são relevantes no atendimento.

A Figura 7 representa as activities SicomHomeActivity.java (a) e SicomNewOsActivity.java (b), telas com as opções de acesso as funcionalidades disponíveis na aplicação.

(a) (b)

Figura 7. Telas que representam a regra de negócio da aplicação SICOM Mobile (a) -Tela principal do SICOM Mobile, (b) - Tela para emissão de nova solicitação As solicitações de reparo ou troca podem ser “Patrimonial”

ou “Predial”, como pode ser observado nas figuras acima. Uma solicitação do tipo Patrimonial está relacionada a um problema apresentado por um bem localizado na residência. Já uma solicitação do tipo Predial, consiste de problemas relacionados com as moradias, como rachaduras nas paredes e

infiltrações.

Por fim, a Figura 8 representa a activity SicomListOsActivity.java, tela que exibe uma listagem contendo os detalhes das ordens de serviço do usuário autenticado.

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E) Sincronização dos Dados

Todos os dados das ordens de serviço e detalhes exibidos na aplicação são obtidos do SICOM Web através de requisições via Web Service, de acordo com a activity em que o usuário se encontra autenticado. É para o mesmo servidor que todas as novas ordens de serviço incluídas no SICOM Mobile são sincronizadas.

Ao inserir uma nova ordem de serviço, por exemplo, a aplicação faz chamada ao Web Service persistServiceOrders utilizando o padrão SOAP (Simple Object Access Protocol). O método então realiza a persistência da nova OS no banco de dados do sistema, e sempre que necessário, os dados desta e de outras ordens de serviço do usuário serão recuperados do servidor para a aplicação móvel. O Quadro 2 apresenta a codificação do Web Service citado.

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VI. TRABALHOSRELACIONADOS

Existem vários trabalhos na literatura que abordam o tema da utilização da computação móvel relacionada com a automação comercial. Nesta seção é apresentada uma análise crítica de alguns deles que apresentam uma semelhança com o estudo apresentado por este trabalho.

Nos trabalhos de Rabechini et al. (1998) e Beraldi e Filho (2000), são apresentados estudos sobre o impacto da tecnologia da informação e automação comercial nas empresas e as mudanças que foram proporcionadas com a integração da tecnologia aos processos comerciais. Os trabalhos apresentam as primeiras tendências da automação comercial, tais como o PDV, Softwares de Gestão, entre outros, e como a introdução da informática nas empresas impactou diretamente em seus negócios. O tema proposto no presente trabalho apresenta uma extensão dessas tendências, como a utilização da computação móvel aliada à automação comercial nas empresas.

O trabalho realizado por Aquino (2007) apresenta um estudo sobre plataformas de desenvolvimento para dispositivos móveis. Realiza uma análise detalhada sobre o Android, apresentando suas principais características e funcionalidades, sendo de grande contribuição para o presente trabalho por apresentar detalhes da arquitetura do Android.

Costa (2012) apresenta em seu trabalho o desenvolvimento de um aplicativo móvel para automação da força de vendas para a plataforma Android. O autor demonstra recursos e funcionalidades do Android em detalhes e como os mesmos podem ser aplicados em soluções comerciais móveis. O aplicativo apresentado pelo autor utiliza o SQLite como gerenciador de banco de dados, abordagem que pode ser considerada uma vantagem em relação ao SICOM mobile, estudo de caso apresentado neste artigo, que obtém os dados através de sincronizações constantes com Web services instalados no servidor.

O trabalho realizado por Ferracini (2012) apresenta um estudo detalhado sobre a plataforma Android com foco na sua capacidade de integração e comunicação com outros aplicativos comerciais. Para tanto, o autor demonstra um aplicativo, que foi desenvolvido para o Android, utilizado para monitorar postos de gasolina. A aplicação apresenta recursos avançados como mapas e a possibilidade de integração com o sistema de navegação GPS do dispositivo.

VII. CONCLUSÕES ETRABALHOSFUTUROS

O presente trabalho apresentou uma abordagem sobre a utilização de aplicativos móveis para a automação comercial com foco na plataforma Android, implementada no projeto SICOM, além das principais dificuldades enfrentadas pela computação móvel em relação a diversidade de plataformas existentes.

De acordo com o estudo realizado, observou-se que a plataforma Android se apresenta como um sistema operacional para dispositivos móveis robusto e flexível, e que pode ser utilizado para aplicações comerciais no ambiente corporativo. O estudo de caso apresentado, demonstrou um

exemplo de aplicativo móvel que pode ser utilizado para automatizar o processo de emissão e gestão de ordens de serviço e reparo na UFSCar, campus São Carlos. Com a utilização dos aplicativos móveis, aliados à automação comercial e as tecnologias existentes, as empresas podem se tornar mais competitivas diante de um mercado cada vez mais globalizado e concorrido.

Entende-se que a aplicação pode ser melhorada com a implementação do SQLite, banco de dados relacional disponibilizado pelo SDK do Android para ser utilizado nas aplicações. Com um banco de dados interno, o SICOM Mobile poderá ser capaz de operar off-line, mantendo os dados neste banco de dados e sincronizando-os posteriormente, quando solicitado pelo usuário. Além da implementação do banco de dados interno, o aplicativo pode ser utilizado nos demais campi da Universidade.

REFERÊNCIAS

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Referências

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