• Nenhum resultado encontrado

Protecção contra radiações em gastroenterologia

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Protecção contra radiações em gastroenterologia"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Protecção contra radiações em

gastroenterologia

O uso de radiação ionizante em gastroenterologia está em transição. No passado, gastroenterologistas realizavam uma variedade de intervenções envolvendo exposição à radiação, incluindo realização de estudos radiográficos gastrointestinais, colocação de pequenos tubos de biópsia de intestino delgado, dilatação esofágica, auxílio em colonoscopias, e também em procedimentos diagnósticos e terapêuticos no sistema bíliopancreático durante a CPER (Colangiopancreatografia Endoscópica Retrógrada). A maioria da exposição actual deve-se a CPRE, colocação de stents endoluminais e dilatações, enquanto os outros procedimentos foram suplantados por melhoras nos equipamentos e técnicas diagnósticas. Profissionais que estão envolvidos em procedimentos de CPRE trabalham em centros especializados e podem fazer vários procedimentos diariamnete. Em muitas circunstâncias onde se usa fluoroscopia ou raios-x, os gastroenterologistas tem a oportunidade de minimizar o risco para os pacientes, equipe e eles próprios.

Quando a fluoroscopia é utilizada para auxiliar uma colonoscopia, dilatação ou colocação de stent endoluminal, recomenda-se utilizar a menor duração de exposição possível.

Durante uma CPRE, a fluoroscopia é utilizada para verificar a posição do endoscópio e sua relação com o duodeno. A localização de cateteres e fios guia é também verificada por fluoroscopia. Quando o procedimento envolve a injecção de contraste, a fluoroscopia é utilizada para avaliar a anatomia ductal tanto do pâncreas como da via biliar, e ajudar a definir doenças existentes. Documentação fotográfica usualmente é utilizada para registar os achados, capturando a última imagem fluoroscópica ou imagens individuais. Por fim, o uso de fluoroscopia para ajudar na terapêutica é necessário, como em esfincterotomias, retirada de cálculos, biópsias ou citologia e colocação de próteses. Dispositivos adicionais que permitem direta visualização da anatomia ductal podem vir a reduzir o uso de fluoroscopia.

Proteção do paciente.

1. Há algumas diretrizes para proteção radiológica em procedimentos gastroenterológicos que utilizam fluoroscopia ?

Sim. A IAEA em colaboração com a World Gastrointestinal Organisation (WGO) e a American Society for Gastrointestinal Endoscopy (ASGE) prepararam diretrizes que também estão disponíveis no site da WGO

As principais características são: Relacionadas ao procedimento:

• Minimizar o tempo de fluoroscopia • Usar colimação

• Produzir o menor número de imagens radiográficas possível • Usar magnificação apropriada

• Diminuir a distância do paciente ao receptor de imagem (intensificador de imagem)

(2)

• Ter particular atenção na utilização de angulações Relacionadas com o equipamento:

• Usar o menor valor permitido pelo equipamento para taxa de dose e o maior kVp, que assegurem a qualidade de imagem necessária ao diagnóstico.

• Posicione a fonte de RX em relação ao paciente e à equipa de forma a transmitir a menor dose possível.

• Usar fluoroscopia em modo pulsado em alternativa ao modo contínuo, e usar a menor freqüência de pulso compatível com uma imagem com qualidade adequada. • Usar a funcionalidade da última imagem adquirida e captura de imagem.

• Estar alerta para os alarmes de tempo e doses elevadas de fluroscopia. • Assegurar o controlo de qualidade adequado.

2. Posso me assegurar que estou aplicando a menor dose possível ao meu paciente por estar usando uma aparelho digital de última geração ?

Não. Equipamentos digitais com detectores planos tem o potencial de reduzir a exposição à radiação, se usados corretamente. Mas a experiência demonstra que a falta de conhecimento das características dos sistemas de imagens digitais tem resultado em maior exposição à radiação da equipa e do paciente. A razão para o incremento na dose de radiação está no facto que a sobreexposição nas imagens digitais resultar em imagens de maior qualidade e que podem passar desapercebidas. Modernos equipamentos oferecem a opção de armazenar imagens geradas por fluoroscopia, reduzindo o uso de imagens radiográficas ou de cine, que exigem mais exposição que as imagens fluoroscópicas. Usando esta opção, contribui-se para a redução da dose.

3. Porque a colimação e uma característica importante na redução da dose? Redução do campo de visão é benéfico porque:

• reduz o risco estocástico para o paciente, reduzindo o volume de tecido em risco • Reduz a radiação dispersa para o paciente e profissionais na sala

• Reduz o potencial de sobreposição de campos de radiação quando a fonte de Raios-x é reorientada.

4. O risco do paciente por procedimento é o mesmo independente do paciente? Não. Muitos factores relacionados com o paciente vão afectar a dose e o risco. Estes incluem.

• Índice de massa corporal e espessura da região anatómica em estudo: pacientes mais largos ou espessos exigem maior dose para serem produzidas imagens com qualidade diagnóstica;

• Idade jovem. Pacientes jovens são mais sensíveis a radiação;

• Doenças do paciente e indicações para o procedimento: quanto mais difícil o procedimento, maior a dose;

(3)

• Radiosensibilidade de alguns pacientes (ataxia telangiectasia), doença do colágeno e diabetes mellitus: algumas condições aumentam a radiosensibilidade.

5. Como eu sei quanta dose eu recebi durante um procedimento ?

Deve registar o valor do produto dose-área (DAP), também conhecido como kerma area-product (KAP), e o tempo de fluoroscopia. Isto permite a comparação com níveis diagnósticos de referências ou níveis de orientação.

6. Há diferença na doses de radiação entre procedimentos diagnósticos e terapêuticos ?

Sim. O tempo de escopia e portanto as doses, são geralemente maiores para procedimentos terapêuticos como colocação de stents, dilatação de estenoses, remoção de cálculos, litotrípsia, esfincterotomia e uso de múltiplos fios-guia se comparados com os tempos de fluoroscopia diagnóstica.

7. Como lidar com a proteção radiológica em uma paciente grávida ?

Quando uma paciente grávida for avaliada e necessitar de uma CPRE, então a otimização do procedimento deve ser realizada pela estrita adesão as boas técnicas já

descritas anteriormente. Em acréscimo, se há a possibilidade do feixe primário indicidir no feto, interpor um avental de chumbo entre a fonte de raios-x e o feto irá reduzir a exposição à radiação, mas lembre-se que os aventais de chumbo foram projetados para proteger contra a radiação refletida, não a radiação direta que é muito mais energética. Quando o feto e exposto à radiação dispersa internamente a proteção com um avental de chumbo externo é ineficaz. A posição do paciente (supina, prono ou lateral), deve ser ajustada para minimizar a exposição fetal. Uma projeção posteroanterior a fonte de raios-x resulta em uma dose ao feto de 20 a 30% menor que a anteroposterior devido a maior proteção pelo tecido materno. A projeção lateral deve ainda prover maior proteção fetal, mas a dose de entrada no paciente será geralmente 3 a 7 vezes maior comparada a projeção frontal. Como resultado, a projeção lateral irá resultar em maior dose ao feto.

Uma técnica alternativa para evitar a exposição a radiação de forma completa é realizar a CPRE sem fluoroscopia, usando canulação com técnica de fio guia. Após esfincterotomia biliar e varredura, pode-se usar coledoscopia para confirmar a retirada dos cálculos. Esta abordagem, entretanto, é tecnicamente desafiadora e tem sido descrita apenas por endoscopistas muito experientes.

8. Como lidar com a proteção radiológica em crianças ?

Todas as orientações acima descritas são aplicáveis, com especial ênfase, à proteção da tiróide, e também a mama em mulheres jovens, através de barreiras para protecção ou ajustes na fonte (colimação, orientação e factores de exposição).

Faqs Profissionais de Saude. Proteção da equipe

(4)

Nenhuma quantidade de radiação pode ser considerada totalmente segura, mas limites aceitáveis para a equipa de profissionais tem sido recomendados pela Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP), e adoptadas por organismos internacionais de muitos países, com poucas modificações. A dose efectiva limite admissível é 20 mSv por ano , ou 100 mSv em cinco anos. A esta acresce a dose de radiação recebida devido a fontes naturais, que pode variar de local para local e com um valor médio global de 2.4 mSv por ano.

2. Quanto de radiação posso receber em uma CPRE?

Com um volume de trabalho médio, um valor inferior a 2mSv por ano pode ser esperado para um profissional usando avental de chumbo e respeitando as normas de proteção radiológicas donde se salienta a importância do uso de avental de chumbo e adopção de boas práticas de proteção radiológica. Protetores adequados de tiróide, óculos de proteção de chumbo e boa técnica também podem contribuir para uma redução da dose.

3. Como eu me protejo e à minha equipa?

Boas práticas incluem posicionamento do tubo de Raios-X em baixo da mesa, o mais distante possível desta, e posicionando-se os profissionais o mais distante possível do tubo de Raios-X e do paciente, usando avental de proteção com blindagem equivalente de 0,25 a 0,5mm de chumbo, protetores da tiróide e óculos de chumbo. Mantendo o equipamento de Raios X em estado de operação óptimo, usando fluoroscopia pulsada, minimizando o tempo de fluroscopia, limitando imagens radiográficas, usando barreiras, colimação e redução de magnificação irão reduzir a exposição da equipa e do paciente também aos Raios X.

4. O que aumenta meu risco radiológico?

Primeiro, e principalmente, se um avental de chumbo não é usado, pode resultar na maior diferença. Um avental de chumbo atenua aproximadamente 95% da radiação dispersa que atinge o utilizador . Cortinas de borracha de chumbo, telas de proteção móvel e óculos de chumbo são extremamente importantes e diminuem a exposição à radiação em mais de 95%. Qualquer factor que resulte num aumento da exposição à radiação, por exemplo: tempos de fluoroscopia prolongados, geração de multiplas imagens radiográficas, proximidade à fonte de radiação, posicionamento do tubo de Raio X sobre o paciente, ou proximidade do profissional ao paciente contribuem para aumentar a dose e risco da exposição à radiação ionizante. A exposição do paciente e da equipa estão relacionadas. Qualquer ação para reduzir a dose do paciente irá contribuir também para reduzir a exposição da equipa.

5. Novos equipamentos oferecem melhor proteção radiológica?

Nem sempre. Equipamentos digitais com painéis detectores planos tem o potencial de reduzir a exposição a radiação se usados corretamente. Mas a experiência demonstram que a falta de conhecimento das características dos sistemas de imagens digitais tem resultado em maior exposição a radiação da equipe e do paciente. A razão para o incremento na dose de radiação esta no fato que a superexposição nas imagens digitais

(5)

resulta em imagens de maior qualidade e podem passar desapercebidas. Modernos equipamentos oferecem a opção de armazenar imagens geradas por fluoroscopia, reduzindo o uso de imagens radiográficas ou de cine, que exigem muito mais exposição que as imagens fluoroscópicas. Usando esta opção, pode-se ajudar a reduzir a dose.

6. A exposição para um gastroenterologista e maior ou menor que a exposição de um cardiologista intervencionista ?

É menor, considerando um volume de trabalho típico. Dados actuais publicados indicam que a dose de radiação para um gastroeneterologista pode ser substancialmente menor que a de um cardiologista intervencionista.. Tipicamente os tempos de fluoroscopia em procedimentos de gastroenterologia são muito menores que em procediementos cardiológicos de intervenção.

7. Posso trabalhar toda a minha vida profissional com radiação em salas de procedimentos e não sofrer os efeitos dela?

Sim, com o uso de boas práticas e proteção adequada de óculos, protectores de tiróide e aventais disponíveis e uso de técnica apropriada.

8. Qual e a fonte de radiação em procedimentos endoscópicos?

A fonte primária de radiação e o tubo de Raio-X, mas a equipe esta exposta a radiação dispersa principalmente pelo paciente, e assim o paciente torna-se uma fonte de radiação importante para a equipa. Reduzir a exposição à radiação do paciente tem impacto na exposição para a equipe. Distanciar da fonte de raios-x e evitar expor mãos e partes do corpo a fonte directa também reduz a exposição. 9. O quanto é importante o uso de óculos de proteção e preotetor de tiróide?

Estudos recentes tem mostrado sensibilidade aumentada do cristalino à radiação, assim, a proteção do cristalino usando óculos de proteção é muito importante. A tiróide de um adulto e muito menos sensível a radiação que a de uma criança. Entretanto, o uso continuado de protetor de tiróide está em sintonia com o pricípio ALARA (tão reduzida quanto razoavelmente possível).

(6)

Boas práticas exigiriam dois dosímetros, um abaixo do avental de chumbo, ao nível do tórax para estimar a dose efetiva e outro para monitorar a exposição da cabeça e pescoço, usado ao nível do pescoço, acima do protector de chumbo. Na maioria dos países, o uso de dosímetros pessoais é obrigatório. Entretanto, falta a recomendação em muitos países do uso de um segundo dosímetro ao nível do pescoço.

Referências

Documentos relacionados

No entanto, esses sistemas possuem características muito peculiares que ratifica a necessidade de estudos sistemáticos nas áreas indígenas Guarani do MS, a fim de

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

The applications, using this RF CMOS transceiver in complete microsystems, include wireless EEG electroencephalogram modules plug-in-play and smart electronic shirts based on

As resistências desses grupos se encontram não apenas na performatividade de seus corpos ao ocuparem as ruas e se manifestarem, mas na articulação micropolítica com outros

utilizada, pois no trabalho de Diacenco (2010) foi utilizada a Teoria da Deformação Cisalhante de Alta Order (HSDT) e, neste trabalho utilizou-se a Teoria da

Em síntese, no presente estudo, verificou-se que o período de 72 horas de EA é o período mais ad- equado para o envelhecimento acelerado de sementes de ipê-roxo

Os principais objectivos definidos foram a observação e realização dos procedimentos nas diferentes vertentes de atividade do cirurgião, aplicação correta da terminologia cirúrgica,

psicológicos, sociais e ambientais. Assim podemos observar que é de extrema importância a QV e a PS andarem juntas, pois não adianta ter uma meta de promoção de saúde se