• Nenhum resultado encontrado

A reconstrução da vida para os reassentados da Hidrelétrica Presidente JK, Brasil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A reconstrução da vida para os reassentados da Hidrelétrica Presidente JK, Brasil"

Copied!
18
0
0

Texto

(1)

A RECONSTRUÇÃO DA VIDA PARA OS REASSENTADOS DA HIDRELÉTRICA PRESIDENTE JK, BRASIL

eafilho@ufv.br

APRESENTACAO ORAL-Políticas Sociais para o Campo ELOY ALVES FILHO1; ARLETE MARIA FEIJÓ SALCIDES2.

1.UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA, VIÇOSA - MG - BRASIL; 2.UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA, JAGUARÃO - RS - BRASIL.

A reconstrução da vida para os reassentados

da Hidrelétrica Presidente JK, Brasil

The reconstruction of life for the resettlers of

the JK power plant, Brazil

Grupo de Pesquisa: POLÍTICAS SOCIAIS PARA O CAMPO

Resumo

O intenso processo de globalização econômica e industrialização demanda um maior consumo de energia. No Brasil, constantemente observa-se a construção de novas barragens que afetam a vida de milhares de pessoas, especialmente daqueles que detêm menor capacidade de resistência e de negociação como as comunidades rurais. Nesse contexto, destaca-se um conjunto de ações sociais e ambientais empreendidas pela Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG no processo de reassentamento de famílias residentes em áreas rurais inundadas em razão da construção da Usina Hidrelétrica de Irapé no estado de Minas Gerais, firmadas no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Federal. A pesquisa objetivou caracterizar a atual situação de vida dos residentes nos reassentamentos implantados pela CEMIG, comparativamente às suas condições de vida anterior, bem como conhecer a opinião dos reassentados sobre o cumprimento do TAC. Os dados foram coletados através de questionários. O estudo envolveu a participação de 61 moradores de nove reassentamentos localizados em 3 municípios. Os achados do estudo revelaram que, apesar dos investimentos feitos, os reassentamentos ainda não estão dotados de toda a infra-estrutura, créditos e serviços necessários para a produção, beneficiamento, armazenamento e comercialização e à qualidade de vida esperada.

Palavras Chave: reasentamentos rurais; atingidos por barragens; participação democrática; movimentos sociais do campo.

Abstract

The intense process of economic globalization and industrialization demands higher energy consumption. In Brazil, the construction of new dams usually affects the lives of thousands of people, especially those with low conditions for resistance and negotiation, such as rural communities. In this context, we highlight a set of social and environmental actions undertaken by the Companhia Energética de Minas Gerais (Energy Company of Minas Gerais) - CEMIG - in the process of resettling families living in rural areas which were flooded due to the construction of the President JK Power Plant in the state of Minas Gerais. Such actions were agreed in the Termo de Ajustamento de Conduta (Term of Conduct Adjustment) – TAC, with the Federal Prosecutor and social movements. The study aimed to

(2)

characterize the current living conditions of residents in resettlement areas set up by CEMIG and compare them to their previous conditions. It also seeks to to know the opinion of resettlers about the TAC implementation. The data were collected through a questionnaire. The study involved 61 residents of nine resettlements located in 5 municipalities. The results of this study revealed that, despite the investments made, the resettlements do not present the infrastructure, credit and services needed for production, processing, storage and marketing, and quality of life expected.

Keywords: rural resettlement; affected by dams; participative democracy; rural social movements.

1. INTRODUÇÃO

Vivemos numa época em que as análises sobre a organização da economia mundial, conforme Reis (2002), tendem a dar maior ênfase à noção de liberdade territorial dos agentes. Segundo esse autor, “na economia mundial, como nas economias nacionais, são muitos os mecanismos diferenciados e plurais que estruturam a vida concreta” e, por isso, é importante “que se mantenha (...) uma linha de tensão permanente que contraponha mobilidades (ou desterritorializações) às localizações (diferenciações territoriais), porque é disso que as dinâmicas econômicas são feitas” (p.92).

Ao contrário do que propõem certas visões globalistas, a centralidade das relações sociais, políticas, culturais e econômicas contemporâneas requer especial atenção à diferença, ao contexto, à variabilidade das coisas, à capacidade de iniciativa individual e coletiva, e, nesse caso, a visão da diferença e dos territórios é apenas o resultado de uma relação tributária da dominação e da hierarquia estabelecidos por oportunidades oferecidas verticalmente.

Nessa direção, destaca-se o estudo de Fernandes (2000), quando aponta que nesse processo de desterritorialização de um, no caso os agricultores e trabalhadores rurais, está contida a produção e a reprodução do outro.

Pode-se dizer, nesses termos, que os processos através dos quais a globalização está provocando a corrosão das estruturas de coesão interna nas sociedades contemporâneas e, ao mesmo tempo, aumentando o risco de marginalização e de exclusão para setores crescentes da população, têm como um de seus principais efeitos a diferenciação social e a crescente marginalização de certas parcelas da população.

Sabe-se, porém, que o modo como a globalização produz esses efeitos, conforme analisa Hespanha (2002:22), “não é linear, tal como não o é a própria globalização: um conjunto complexo de processos, movidos tanto por influências políticas como econômicas”.

O fenômeno é muito complexo, uma vez que ocorre no âmbito de uma tensão dialética entre a integração de novos espaços sociais necessária à expansão das oportunidades no mercado global e a fragmentação dos grupos sociais devida à diferente dotação de recursos para viabilizar essas oportunidades. No entanto, o aproveitamento dessas oportunidades está condicionado pela disponibilidade de recursos materiais e tecnológicos desigualmente repartidos entre os grupos sociais, as regiões e os países.

Na sua análise do sistema, Hespanha (2002:24) conclui que a implementação desse novo modelo global de produção “representa um agravamento do risco social e da exclusão de um crescente número de trabalhadores espalhados por todo o espaço mundial”. Nesse tipo de processo, conforme refere o mesmo autor (ibid.), “as pessoas aceitam, acreditam e agem como se fossem culpadas dos seus próprios problemas. (...) no caso de falta de perspectivas no trabalho, por não terem se preparado tanto quanto deviam”.

É no contexto de embate com a globalização neoliberal, que estão se criando novos caminhos da emancipação social. Há alguns campos em que as alternativas criadas pela

(3)

globalização contra-hegemônica, (Santos, 2002a), são mais visíveis e consistentes, não apenas porque é neles que os conflitos são particularmente intensos, mas também, porque é neles que as iniciativas, os movimentos e as organizações progressistas atingiram os níveis mais altos de consolidação e densidade organizativa.

Sensível às demandas dos movimentossociais do campo, o Ministério do Desenvolvimento Agrário anuncia, em novembro de 2003, o II Plano Nacional de Reforma Agrária – PNRA intitulado “Paz, produção e qualidade de vida no meio rural”, na perspectiva de tornar o meio rural um espaço de paz, produção e justiça social.

O II Plano propõe o redimensionamento de ações – decorrentes da emergência de uma nova concepção de reforma agrária, possível de ser formulada a partir da construção de um novo projeto de sociedade.

O novo PNRA reconhece a reforma agrária como uma política pública necessária, massiva e de qualidade que objetiva, sobretudo, não reproduzir um modelo de abandono e exclusão dos assentamentos, e, sim, contribuir para que os assentamentos sejam espaços produtivos e de qualidade de vida, dentro de uma visão de desenvolvimento territorial e sustentável. O objetivo maior é acabar com a idéia de um modelo único de assentamento a ser adotado em todo o País, mas sim a instalação e desenvolvimento dos assentamentos de acordo com as potencialidades e características de cada região.

Pelo novo PNRA, o acesso à terra é apenas o primeiro passo para uma reforma agrária de qualidade. O objetivo é fomentar a integração espacial dos assentamentos e o associativismo para que eles tenham melhores condições de comercialização, assistência técnica e acesso à políticas públicas como educação, cultura e saúde. O II PNRA traduz uma visão ampliada de reforma agrária, que reconhece a diversidade de segmentos sociais no meio rural, prevê ações de promoção da igualdade de gênero, de garantia dos direitos das comunidades tradicionais e propõe estratégias voltadas às populações ribeirinhas e aquelas atingidas por barragens.

Recentemente, no estado de Minas Gerais, concluiu-se um projeto que, balizado pelos propósitos constantes no II PNRA, buscou contemplar a articulação de ações relativas a diferentes dimensões no processo de desapropriação e reassentamento de inúmeras famílias residentes em áreas rurais de sete municípios.

A obra da Usina Hidrelétrica Presidente JK, concluída em 8 de junho de 2006, ou melhor, Projeto de Irapé, como ficou conhecido, tem suas origens com os primeiros estudos energéticos realizados no Estado de Minas Gerais, elaborado pela Canambra, um estudo minucioso promovido por técnicos canadenses e brasileiros. Em 1963, foi realizado um levantamento do potencial do rio Jequitinhonha, quando foi prevista, entre outras usinas, a construção da barragem de Irapé.

Mais de quarenta anos depois, avaliou-se que, tecnicamente, o Projeto de Irapé era complexo e desafiador por combinar características físicas e geológicas adversas. Por outro lado, ele representava um investimento em infra-estrutura para o crescimento da região, gerando milhares de empregos, oportunidade de qualificação de mão-de-obra, aumento da receita dos municípios atingidos com os 'royalties' impostos, ativação do comércio e serviços. A obra de Irapé, segundo representante da Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, foi projetada objetivando provocar o menor dano ambiental e social possível.

No processo de remanejamento de cerca de mil famílias ribeirinhas, a CEMIG elaborou um plano de ações voltadas à preservação das comunidades de origem, das relações de vizinhança e da base produtiva existente. O Projeto previa, ainda, que os grupos atingidos recebessem terras de qualidade, assessoria e assistência técnica nos reassentamentos.

No ano de 2002, a CEMIG deu início, mediante a formação de um consórcio de construtoras, às obras civis para a construção da barragem de Irapé, localizada no alto Jequitinhonha. O alagamento atingiu núcleos urbanos e áreas rurais numa extensão de 115

(4)

quilômetros do Rio Jequitinhonha e de 50 quilômetros de um dos seus afluentes, o Itacambiruçu. Foram afetadas em torno de 3.564 pessoas, residentes em 47 comunidades ribeirinhas, localizadas em áreas dos municípios mineiros de Berilo, José Gonçalves de Minas, Leme do Prado, Turmalina, Grão Mogol, Cristália e Botumirim.

O reservatório de Irapé ocupou uma região formada por comunidades tradicionais, dedicadas majoritariamente às atividades agropecuárias. São lavradores, roceiros, vaqueiros e cortadores de cana. Em segundo lugar, numa posição quantitativamente bem distante dos trabalhadores rurais, aparecem os pequenos comerciantes; os pequenos garimpeiros de diamante, ouro e cristal; os trabalhadores domésticos; e os que trabalham em estabelecimentos industriais ligados aos recursos naturais da região, tais como fábricas de farinha, de cachaça, de rapadura, de doces e de telhas. Pouco menos de dois terços das famílias afetadas pelo empreendimento residem na área rural; o restante se distribui pelos povoados da região.

A supressão da paisagem, resultado do alagamento de parte dessa região impôs, de maneira súbita, o desaparecimento de diversos e diferentes cenários. O território habitado foi, de maneira irreversível e total, ocupado pelas águas do reservatório, ação que desfez a dinâmica vigente e instaurou uma nova e ainda desconhecida configuração territorial da região. Nesse processo, parcelas da população local foram removidas, laços socioculturais foram rompidos, bens culturais materiais e imateriais foram desfeitos. A construção da barragem de Irapé representa a edificação de uma catedral tecnológica, sob a qual submergiram para sempre os elementos de vida e de expressão simbólica das populações que sucessivamente a habitaram.

Cabe ressaltar que para a obtenção da licença de instalação da Usina Hidrelétrica Presidente JK, o Ministério Público Federal firmou com a CEMIG um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que estabelecia medidas sociais e ambientais a serem cumpridas pela Companhia Energética de Minas Gerais.

O Termo de Ajustamento estabelecia que, na parte sócio-ambiental, os programas e ações do empreendimento Irapé deveriam garantir, a partir de estudos diversos da fauna e flora, o salvamento arqueológico, registro do patrimônio cultural, educação ambiental, comunicação social, dentre outros. Atenção especial deveria ser dada ao remanejamento das famílias moradoras na área de abrangência do reservatório. Conforme itens do TAC, caberia à CEMIG a responsabilidade de realizar o reassentamento das famílias. Os reassentamentos deveriam, tal como preconizado no II PNRA, ser dotados de toda infra-estrutura, como energia, rede de água, sistema telefônico, construção de estradas e pontes para melhoria de acesso. Tiveram direito às terras nos reassentamentos os proprietários, os posseiros, os meeiros, os filhos maiores de 18 anos casados e filhos solteiros maiores de 18 anos que morassem ou trabalhassem na terra.

Nas novas propriedades, as famílias deveriam receber, em média, 40 hectares de terras, todo o apoio e recursos para a reconstrução de suas casas e, no caso de haver, serem indenizadas em dinheiro pelas demais benfeitorias da propriedade de origem. Constava no documento, ainda, que os reassentados receberiam verba de manutenção e fomento, sementes e mudas para a primeira safra, os títulos de propriedade de seus novos lotes titulados e assistência técnica da Emater durante 8 anos de equipes exclusivamente constituídas para isso. Para atender às necessidades de estudo prévio do meio físico e biótico, foram contratados pesquisadores vinculados às universidades e instituições de prestígio no Estado de Minas Gerais.

Entre os programas sócio-culturais a serem implantados, destaca-se o Programa de Registro do Patrimônio Cultural que deveria gerar inúmeros produtos, como dossiê de 60 fazendas, registro fotográfico e gravação de músicas e festividades da região. Também foram realizadas entrevistas com setenta e sete fontes orais, produzidos CD’s com músicas representativas e vídeos sobre festividades, apara compor o acervo de dois Centros de

(5)

Referência e Memória a serem construídos. 2. O CONTEXTO

Passados três anos de conclusão das obras da Usina, que passou a funcionar em 2006, muitas são as famílias que denunciam o não cumprimento dos itens do TAC. As principais queixas referem-se à falta de infra-estrutura dos reassentamentos (falta de escolas, postos de saúde, energia e de acesso à água tratada). Segundo os trabalhadores, 50% das crianças das famílias que moravam na beira do rio estão sem freqüentar a escola desde janeiro de 2006, falta transporte público e escolar.

Muitos não plantam há três safras e, por isso, estão sem recursos para pagar a conta de luz gerada pelo uso de bombas nos poços artesianos perfurados pela CEMIG. As famílias também enfrentam outro problema: em vários lugares o abastecimento de água é feito por caminhões Pipa, em outros há o risco de consumo de água contaminada com altos índices de calcário.

Segundo informações fornecidas por um morador à Federação dos Trabalhadores da Agricultura do estado de Minas Gerais - FETAEMG, há também uma falta de responsabilidade. Nas palavras do reassentado: “A Companhia fechou todos os escritórios que tinham na região e agora não existe mais interlocução. O problema foi o não cumprimento do acordo de integridade”.

Por seu lado, representantes da CEMIG e do Governo Estadual de Minas Gerais negam que a empresa não tenha cumprido os acordos firmados com os atingidos e alegam que os reassentamentos foram dotados de toda infra-estrutura, como energia, rede de água, sistema telefônico, construção e melhoria de acessos

Dados obtidos junto ao Centro de Documentação Eloi Ferreira da Silva – CEDEFES, em maio de 2006, após a conclusão dos reassentamentos das famílias atingidas pelas obras da Barragem JK, demonstram que as famílias de Irapé estão sem assistência. Depoimentos de representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB, durante audiência pública conjunta das comissões de Meio Ambiente e Recursos Naturais e de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, ressaltaram, dentre outros problemas enfrentados pelas famílias, a falta de escolas e postos de saúde, falta de transporte público e escolar, de abastecimento de água e energia. Isso sem mencionar mais detidamente a situação que afeta, de modo particular, a vida da comunidade quilombola de Porto Coris, cuja mudança imposta pelo processo de reassentamento dissipou hábitos tradicionais difíceis de ser recuperados. Riqueza esta que permanece viva na memória dos quilombolas que, ao recordarem de seu passado, se emocionam. A situação de Porto Coris é apenas um exemplo da extinção de símbolos preciosos do cotidiano de simples pessoas que trazem na lembrança muitas histórias.

Nas palavras de representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens, “não há valor econômico que pague a perda de um território histórico tradicional. (...) com a implementação da UHE de Irapé houve uma perda muito superior aos interesses capitalistas de elites insensatas que vislumbram apenas as transformações econômicas em uma das áreas que consideram como uma das mais “pobres” do país”.

Informações extraídas do Jornal Estado de Minas, publicado em 7 de junho de 2006, apontam que 50% das crianças das famílias que moravam na beira do rio estão sem freqüentar a escola desde janeiro deste ano. A moradora de um dos reassentamentos, em entrevista ao Jornal, afirmou: "eles destruíram as escolas de origem, mas, não construíram outras no local de destino", observa uma moradora. Muitos alegam que os prefeitos das cidades dizem que não foi feito nenhum convênio com a Cemig. Tem-se, ao que parece, “um jogo de empurra-empurra" que se torna um impasse nas vidas das famílias.

(6)

Enfim, estima-se que esse conjunto de informações, anteriormente apresentadas, justifiquem a importância de um estudo que objetiva gerar conhecimentos que contribuam tanto para caracterizar a situação de vida da população atingida pela Usina Presidente JK como para lançar novas luzes ao debate, iniciado desde a publicação do II PNRA, sobre as mais adequadas estratégias e medidas a serem adotadas quando se pretende, seriamente, combater a pobreza rural e dissipar históricas desigualdades sociais.

3. A PROBLEMATIZAÇÃO

O presente texto apresenta resultados da pesquisa intitulada “As águas que desterritorializam e a reconstrução da vida: os reassentados de Irapé – MG”, financiada pela FAPEMIG, pautada pelo interesse de responder as seguintes questões:

. Quem são os reassentados da barragem de Irapé?

. Como vivem hoje as comunidades reassentadas, comparativamente às suas anteriores condições de vida?

. Por que, atualmente, há tanta divergência entre o “discurso oficial” da CEMIG e o discurso daqueles que criticam a falta de cumprimento do acordo estabelecido entre a Companhia e o Sindicato que representa os moradores das comunidades atingidas?

Considerando que o Projeto de Reassentamento das famílias visou contemplar ações voltadas a garantir o atendimento integral das necessidades das famílias, conforme determinado no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), a investigação objetivou, no primeiro momento, caracterizar os titulares dos novos lotes e membros de suas famílias, sob diferentes aspectos; identificar o modo de participação dos reassentados nas etapas de seleção das terras, distribuição dos lotes e na definição e localização de equipamentos comunitários e de equipamentos públicos como escola, posto de saúde e posto telefônic; verificar suas atuais condições de acesso à água, para consumo humano, de animais e atividade agrícola, e à energia elétrica; descrever as atuais moradias das família, condições de acesso, de produção e de comercialização; e, por fim, identificar como os reassentados avaliam as ações e empreendimentos voltados à preservação e manutenção de sua cultura de origem, seus costumes, suas práticas culturais e religiosas.

A seleção dos municípios investigados considerou a distância existente entre os sete municípios atingidos pela inundação das áreas reservadas à Barragem de Irapé, considerando o seguinte universo: o total de 1.151 famílias atingidas pela barragem, sendo que 755 foram reassentadas em áreas rurais dos municípios de Berilo, José Gonçalves de Minas, Leme do Prado, Turmalina, Grão Mogol, Cristália e Botumirim; e, também, o total de 29 Associações de Moradores criadas para representar os interesses dos reassentados.

O estudo envolveu, como participantes, nove presidentes e sessenta e um titulares de lotes, ou seja, 20% dos associados de cada Associação e Associações de Moradores de reassentamentos localizados nos municípios mineiros de José Gonçalves de Minas, Leme do Prado e Turmalina.

Para a caracterização tanto dos participantes como de seu contexto de vida aplicamos um instrumento que contemplou questões objetivas relativas às seguintes dimensões: econômica, social, cultural, ambiental (sustentabilidade), assistência técnica, concessão de créditos, instalações, produção e comercialização, etc.

A organização das respostas às questões viabilizou a construção de tabelas-sínteses sobre cada aspecto investigado.

(7)

Quem são os reassentados de Irapé?

Em primeiro lugar, apresenta-se uma caracterização dos trabalhadores rurais atingidos pela barragem da Hidrelétrica JK, residentes em três municípios mineiros.

Quanto a faixa etária dos titulares dos lotes demarcados na nova área selecionada para o reassentamento, veificou-se que 1,64% tem entre 11 a 20 anos; 13,12% entre 21 a 30 anos; 29,50% de 31 a 40 anos; 19,68% de 41 a 50 anos; e, finalmente, 36,06% tem acima de 51 anos.

Estes dados revelam que 85,24% da população reassentada tem idades acima de 31 anos. Se considerarmos apenas os trabalhadores acima de 41 anos o percentual fica em 55,74% da população, o que possibilita constatar que a maioria dos trabalhadores remanejados para as novas terras tem acumulados significativos anos de experiência no trabalho na terra.

Quanto à distribuição por sexos dos titulares dos lotes das famílias reassentadas, embora ainda prevaleça um percentual maior de 54,10% do sexo masculino, foi interessante constatar que 45,90% dos lotes têm como titular uma mulher, evidenciando mudanças significativas na política nacional, efeito da conquista das trabalhadoras do campo no início da década.

Ao se analisar o estado civil da população estudada, encontrou-se que 8,20% são solteiros, 1,64% desquitado, 50,82% casados, 3,28% divorciados, 8,20% viúvos e 27,86% amasiados. Chama a atenção o considerável percentual de 50,82% que permanecem casados e os 27,86% que vivem maritalmente juntos, mas ainda se auto definem como amasiados por não terem contraído matrimônio oficialmente ou “no papel” como dizem.

Em relação ao acesso à educação formal, 81,96% dos titulares dos lotes informaram já terem freqüentaram uma escola, o que não significa dizer que tenhas se alfabetizado ou concluído o ensino fundamental ou médio.

Quanto ao número de jovens e adultos, verificou-se que 4,44% com idades entre 11 a 20 anos são analfabetos; na faixa de 21 a 30 anos esse percentual se eleva para 20,00%; entre os reassentados com idades de 31 a 40 anos observou-se uma significa redução para 2,22%; no entanto, considerando o grupo com idades acima de 41 anos o percentual eleva-se para 31,12%. Números que correspondem à média nacional, segundo dados do Censo Escolar de 2007. O mesmo Censo aponta, ainda, que os significativos percentuais de analfabetos e de jovens e adultos que não concluíram ao menos o Ensino Fundamental podem ser explicados pela dificuldade de acesso à escola em razão da inexistência de oferta de ensino nas proximidades da residência, e, também, pela necessidade da mão de obra juvenil nas atividades agropecuárias da família.

No que tange ao vínculo profissional, observa-se que, na área rural de origem, apenas 50,83% eram proprietários e 14,75% eram posseiros. Constatou-se, ainda, que entre os atuais proprietários de lotes nos reassentamentos se contabiliza 29,50% de filhos de trabalhadores com mais de 18 anos que trabalhavam na propriedade familiar, pois conforme o TAC, eles seriam beneficiados no processo de indenização de seus pais com dez hectares de terra. O percentual de posseiros na situação anterior era de 14,75% e caiu para apenas 1,64%, no momento atual, uma vez que a CEMIG indenizou também os posseiros com uma área de 40 hectares como o fez com os proprietários. Cabe chamar a atenção que os posseiros, assim como os filhos maiores dos atingidos pela barragem, se tornaram proprietários de terras no

(8)

reassentamento, portanto uma mudança fundamental no seu modo de viver e produzir. É possível avaliar este avanço em termos de infra-estrutura produtiva e condições de vida como sendo fruto da mobilização e organização social por meio da democracia participativa.

Em relação ao tempo de residência na propriedade de origem, verificou-se que 3,27% moravam na área atingida pela barragem de um a cinco anos; 4,91% entre cinco e dez anos; 6,55% entre dez e vinte anos; e 82,00% há mais de vinte anos, revelando assim que a grande maioria era morador antigo na região. Esta situação indica também a dificuldade dessas famílias em deixar tudo que construíram, sejam bens materiais ou simbólicos, para, forçosamente, recomeçarem a vida em um lugar estranho.

Por outro lado, quanto ao tempo de residência no reassentamento, 75,40% reside desde sua formação; 19,68% há mais de três anos; 1,64% há dois anos; e apenas 1,64% há um ano. Esses dados revelam que algumas famílias demoraram um pouco a mudarem ou que está havendo uma considerável mobilidade da nova propriedade, ou seja, várias famílias venderam os seus lotes e foram tentar a vida em outro lugar, sendo significativo o número de trabalhadores que se mudaram para um centro urbano.

Como vivem as comunidades reassentadas?

Para esta parte reservamos a apresentação e discussão de dados que revelam as atuais condições de vida dos reassentados, comparativamente as suas condições de vida anterior, na área rural de origem.

A Tabela 1 sintetiza as informações dos participantes acerca das características de sua moradia na propriedade de origem e no reassentamento.

Tabela 1 –Condições de moradia na área rural de origem e na atual

Condições de moradia %

A Casa Atual é Melhor que a Anterior 83,61% A Casa Atual é Pior que a Anterior 9,85%

As Casas são Iguais 3,27%

Não se Aplica 3,27%

Fonte: Dados da pesquisa

No caso dos reassentados da Hidrelétrica Presidente JK, observa-se que a grande maioria, ou seja, 83,61% dos participantes, considera que a casa atual é melhor que a anterior. Apenas 9.85% informaram que a moradia no local de origem era melhor que a de hoje. Pelo que foi observado durante as entrevistas, todas as casas foram consideradas boas especialmente para os padrões das casas do meio rural no Brasil. Em termos qualitativos pode-se comparar com certa margem de segurança, pois 85,25% das casas anteriores eram de adobe e apenas 6,55% eram de alvenaria. Por outro lado, 95,09% das novas casas construídas pela CEMIG ou com os recursos da indenização são de alvenaria e apenas 1,64% é de madeira, demonstrando uma significativa melhoria no padrão de qualidade das casas.

Na Tabela 2 apresentamos dados relativos ao tipo de iluminação utilizada pelas famílias tanto no local de origem quanto no reassentamento.

(9)

Tipo de Iluminação Propriedade de Origem % Atual Propriedade % Energia Elétrica 34,42% 95,08% Lamparina 55,74% 1,64% Lampião 9,84% 0,00% Outros 0,00% 3,28%

Fonte: Dados da pesquisa

Como pode-se observar, apenas 34.42% tinham acesso à energia elétrica na área de

origem e no reassentamento este percentual saltou para 95,08% dos moradores. Ressalta-se que energia elétrica reflete não apenas uma facilidade na casa, seja para iluminar, conservar alimentos, preparar comida e permitir atividades de lazer como assistir programas de televisão e ouvir rádio, mas também um elemento importante para qualificar a produção, especialmente para uso de equipamentos adequados ao processamento de alimentação de animais.

A Tabela 3 apresenta os tipos de abastecimento de água nas residências dos agricultores atingidos pela Hidrelétrica Presidente JK tanto no local de origem quanto no atual reassentamento.

Tabela 3 – Fonte de Abastecimento de Água no local de origem e no reassentamento Fonte de Abastecimento de

Água Origem % Reassentamento %

Rede 22,95% 73,76% Rio 39,35% 1,64% Poço 3,28% 13,12% Mina/Fonte 18,03% 4,92% Outras 16,39% 4,92% Não se Aplica 00,0% 1,64%

Fonte: Dados da pesquisa

Como pode ser observado na Tabela 3, os dados revelaram uma significativa melhoria no abastecimento de água entre uma situação e a outra. Enquanto apenas 22,95% dispunham de abastecimento de água via rede no local de origem, no reassentamento este percentual sobe para 73,76%, representando uma significativa mudança nas condições de acesso a uma facilidade indispensável para a qualidade de vida e sustentabilidade familiar.

Verificou-se, também, uma vertiginosa redução no acesso a água de rios e de minas. No caso dos rios, a redução foi de 39,35% para 1,64% e no das minas de 18,03% para 4,92% o que significa maior conforto para as famílias, redução de custos e perda de tempo para buscar água muitas vezes distante da residência.

No caso dos poços, houve um aumento no acesso que pode ser explicado, em alguns casos, pela aplicação de recursos concedidos pela CEMIG para perfuração de poços artesianos, semi-artesianos, coletivos, individuais ou mesmo cisternas para abastecimento de água, em atendimento a reivindicação dealguns reassentados.

(10)

não pode ser garantida, pois nem sempre ela passa por tratamento. Na grande maioria dos casos, a água é distribuída diretamente de pequenas represas, rios, córregos ou poços artesianos, sem passar por qualquer tipo de tratamento.

Chamou a atenção dos pesquisadores a recorrente reclamação dos entrevistados quanto à atitude da CEMIG de cobrar pela água fornecida, especialmente porque no local de origem não pagavam por este serviço. É sabido, também, que muitos não dispunham deste serviço quando moravam às margens do Rio Jequitinhonha. No entanto, a CEMIG não cobra pela água consumida, mas, sim, pela energia elétrica gasta no bombeamento da água até os reservatórios de onde será distribuída até as casas dos moradores do assentamento.

Os dados relativos ao serviço de telefonia nas duas situações, anterior e atual, podem ser visualizados na Tabela 4.

Tabela 4 – Serviço de telefonia no local de origem e no reassentamento

Serviço de Telefonia Origem % Reassentamento % Não Existia 49,19% 27,86%

O Posto Telefônico era Distante 13,11% 16,40% O Preço das Tarifas era Alto 0,00% 0,00% Mal Funcionamento do Serviço 6,55% 9,83% Orelhão da Associação 31,15% 44,27%

Outros 0,00%

Não se Aplica 1,64%

Fonte: Dados da pesquisa

Como pode ser observado na Tabela 4, houve melhoria na disponibilização deste serviço no reassentamento, uma vez que 49,19% dos reassentados não tinham acesso a essa facilidade e no reassentamento apenas 27,86%. Quanto à distancia do posto telefônico mais próximo da residência, observou-se um pequeno retrocesso, pois 13,11% dentre aqueles que dispunham do serviço na comunidade de origem afirmaram que o posto era distante de sua residência e no reassentamento este percentual sobe para 16,40%. Esse distanciamento do posto telefônico pode ser ocasionado pelo novo tamanho e parcelamento dos lotes no reassentamento. As áreas dos atuais lotes são maiores que os anteriores, em atendimento às exigências legais e ambientais sobre reserva legal, áreas de preservação permanente. Por outro lado, o número de orelhões nas dependências das Associações de Moradores passou de 31,15% na área de origem para 44,27% no reassentamento, revelando uma melhoria nas condições de comunicação das famílias. Em relação ao mal funcionamento do serviço, não houve grandes alterações, permaneceu dentro dos padrões nacionais para a área rural.

Os dados relativos ao acesso à escola para os filhos dos reassentados seja no local de origem seja na nova propriedade estão apresentados na Tabela 5.

Tabela 5 – Acesso à escola nas situações de origem e atual

Acesso à Escola Origem % Reassentamento % Próximo à Residência 60,65% 44,26% Distante da Residência 24,60% 13,12%

(11)

Sem Acesso à Escola 14,75% 40,98%

Não se Aplica 0,00% 1,64%

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando os dados referentes ao acesso à escola para os filhos seja no período anterior à barragem seja no novo lote de terra, as respostas dos participantes suscitaram algumas reflexões interessantes. Em primeiro lugar, em relação à área de origem 60,65% afirmaram que a escola se situava próximo da residência das famílias, enquanto no reassentamento apenas 44,26%. A primeira vista parece que houve uma piora no atendimento escolar. Porém, no local de origem as escolas da rede pública situavam-se foram próximas às comunidades rurais, em locais com maior aglomeração de famílias ou concentração de crianças em idade escolar, como geralmente ocorre. No caso da nova situação de moradia, os eassentamentos foram constituídos em áreas de grandes fazendas adquiridas pela CEMIG, locais distantes de prédios de escolas públicas. Nos casos onde as famílias optaram por morarem em agrovilas a empresa construiu escolas mas onde os lotes foram divididos de forma individualizada o atendimento aos alunos ficou a cargo das Prefeituras e/ou Estado. Em qualquer dos casos, na lógica da nucleação, ou seja, definição de uma única escola para atendimento de crianças e jovens oriundos de diversas áreas rurais que se deslocam com transportes escolares fornecidos pelas prefeituras, não há investimento público na construção de novas escolas, prática comum em muitos Estados brasileiros. Desta forma explica-se a distâsncia da escola da residência e até mesmo o não acesso à escola, no caso do lote estar localizao fora da rota de deslocamento do transporte público.

Uma outra variável que pode revelar qualidade de vida ou melhoria entre uma situação e outra é o número de refeições que uma família possa fazer diariamente. A Tabela 6 apresenta os dados referentes às duas situações das famílias atingidas pela barragem da Hidrelétrica JK tanto na origem como na nova propriedade.

Tabela 6 – Número de refeições diárias das famílias

Refeições/Dia Origem % Reassentamento % Uma Refeição 0,00% 0,00% Duas Refeições 4,92% 4,92% Três Refeições 42,62% 36,06% Quatro Refeições 42,62% 42,62%

Mais de Quatro Refeições 9,84% 16,40% Fonte: Dados da pesquisa

Como pode ser observado, houve pouca alteração no número de refeições diárias das famílias da área de origem para o reassentamento. Chama a atenção que na condição anterior de vida 42,62% das famílias realizavam três refeições quando na área de origem esse valor correspondia a 36,06%. Por outro lado, observa-se um considerável aumento entre o percentual de unidades familiares que faziam mais de quatro refeições diárias e o do reassentamento, ou seja, este vaor passou de 9,84% para 16,40%, revelando uma sensível melhoria nesta importante variável. Pode-se depreender que a produção de alimentos na nova propriedade ou elevação da renda familiar para adquirir estes produtos tenha permitido aumento do consumo.

(12)

As informações sobre o acesso ao serviço de saúde das famílias desalojadas pela barragem da Hidrelétrica JK no Rio Jequitinhonha estão apresentadas na Tabela 7.

Tabela 7 – Acesso a serviço de saúde dos reassentados na área de origem e na atual

Existência de Posto de Saúde

Origem % Reassentamento % Existia 42,62% 54,10% Não Existia 57,38% 45,90%

Fonte: Dados da pesquisa

Embora se reconheça que é dever do Estado e não da Companhia responsável pela construção da barragem, o TAC previa a garantia de atendimento à saúde da população reassentada, ação que os dados não revelam na dimensão esperada. No entanto, percebe-se uma razoável melhoria no número de Postos de Saúde disponíveis que passou de 42,62% na área de origem para 54,10% no reassentamento. Isto deve-se ao fato de que nos casos em que os atingidos pela barragem optaram por morarem em agrovilas, a CEMIG construiu na um posto de saúde, ficando o atendimento médico por conta da prefeitura local.

Outra variável estudada e que tem relação direta com a maior ou menor qualidade de vida é o acesso à infraestrutura de lazer na área de residência. Os dados reraltivos a essa variável estão sintetizados na Tabela 8.

Tabela 8 – Existência de infraestrura de lazer na área de origem e no reassentamento

Infraestrutura de Lazer Origem % Reassentamento % Havia 44,26% 14,75% Havia Parcialmente 21,31% 18,03% Não Havia 34,43% 65,58%

Fonte: Dados da pesquisa

É recorrente no meio rural a carência de infraestrutura de lazer para uso da população, especialmente para os jovens. No entanto, no caso dos reassentados da Hidrelétrica JK percebe-se um piora entre a situação de origem e a atual. Enquanto às margens do rio para 44,26% havia infra-estrutura de lazer no reassentamento apenas 14,75% afirmaram o acesso, o que revela descumprimento do que fora assegurado no TAC. Sobre esse ponto é necessário destacar que nas comunidades de origem, conforme depoimentos dos participantes, os banhos de rio e de cachoeira eram considerados como viáveis alternativas de lazer, assim como as atividades de pesca, práticas que deixaram de fazer parte do cotidiano das famílias na nova condição. Ressalta-se, também, que nas agrovilas foram construídos na área das Associações, piscinas, campos de futebol, praças e salões comunitários.

Outro aspecto relevante em relação às atividades econômicas desenvolvidas pelos trabalhadores rurais, relacionado à sustentabilidade das famílias, é a comercialização da produção. A Tabela 9 apresenta os dados sobre o acesso dos trabalhadores rurais às políticas de comercialização tanto na área de origem como no reassentamento.

(13)

Tabela 9 – Acesso às políticas de comercialização da produção

Acesso a Políticas de Comercialização

Origem % Reassentamento % Sempre 19,67% 8,20% Algumas Vezes 19,67% 34,42% Sem acesso 59,02% 55,74% Não se Aplica 1,64% 1,64%

Fonte: Dados da pesquisa

Os dados revelam que a condição de acesso dos agricultores de Irapé às políticas de comercialização não difere muito do que acontece com a maioria dos trabalhadores rurais brasileiros, ou seja, vigora uma carência muito grande de consistentes e contínuas políticas de apoio ao aumento da venda da produção. Como pode-se verificar, em ambas as situações, os percentuais de 59,02% no local de origem e 55,74% na nova área revelam essa carência de apoio. A agricultura familiar, especialmente numa região de acentuada pobreza, escassez de chuvas, falta de capital para produzir, armazenar e comercializar, é bastante difícil conseguir bons preços para comercialização dos produtos, particularmente no período de safra. Dois aspectos merecem reflexão sobre essa variável. Em primeiro lugar, esses agricultores saíram de um lugar onde já tinham as áreas para cultivo determinadas, preparadas e disponíveis para plantio. No reassentamento, cada lote era bruto, ou seja, o produtor teve que começar pela seleção, obter licença ambiental, desmate, correção do solo, fazer pastagem, etc. e somente depois pode começar a exploração agropecuária. Esse processo leva anos, sobretudo quando a carência de capital é notória. Por outro lado, chama a atenção que a CEMIG contratou a Emater para prestar assistência técnica aos reassentados pelo período de oito anos, fato que deveria se traduzir tanto no aumento da produção como na organização coletiva dos reassentados nas estratégias de produção e comercialização dos produtos. Considerando, também, as condições climáticas e a aptidão do solo na região e, ainda, a demanda do mercado por carvão e madeira, uma das atividades econômicas dinâmicas observadas foi a plantação de eucalipto que, como se sabe, é uma atividade econômica de médio e longo prazo. O que se pode verificar foi uma agricultura de subsistência e a comercialização do excedente. A Tabela 10 apresenta as opiniões dos reassentados a respeito das condições de comercialização da produção nas duas situações.

Tabela 10 – Comercialização da produção no local de origem e no reassentamento

Condições de Venda Origem % Reassentamento % Excelentes 1,64% 3,27% Muito Boas 11,47% 3,27% Boas 36,07% 49,20% Ruins 40,98% 29,50% Péssimas 8,20% 13,12% Não Vendia 1,64% 1,64%

Fonte: Dados da pesquisa

(14)

comercialização agrícola recorrente no Brasil já apontadas na análise da Tabela 9. Igualmente não são nada animadoras as condições de venda da produção familiar dos agricultores da Hidrelétrica JK reassentados em diversos municípios do Vale do Jequinhonha. Analisando os percentuais percebe-se uma ligeira melhoria nas condições de venda da produção nos atuais lotes que no local de origem, uma vez que 49,20% dos reassentados avaliaram disporem de boas condições de venda e 29,50% as consideraram ruins. Ressalta-se a necessidade de todos os órgãos responsáveis pela agricultura familiar elaborarem uma efetiva e viável política de processamento, armazenamento e comercialização agrícola.

Avaliação dos reassentados quanto ao cumprimento do TAC

Houve significativo reconhecimento dos atingidos pela barragem da Hidrelétrica Presidente JK quanto a sua participação no processo de seleção das fazendas a serem adquiridas pela CEMIG para reassentamento dos agricultores. Indagados sobre a escolha das propriedades, 91,80% afirmaram terem participado na etapa de seleção das terras. Eles informaram que a CEMIG apresentou três áreas pré-selecionadas, em termos de disponibilidade para compra, tamanho, aptidão do solo e facilidade de acesso, para cada grupo formado escolher uma.

Uma vez escolhida a fazenda, segundo os participantes, a CEMIG procedia a compra da terra, a demarcação das áreas de reserva legal e preservação permanente, o espaço para exploração coletiva da associação dos moradores e a demarcação dos lotes. Entre os entrevistados, 78,69% afirmaram ter participado no processo de distribuição dos lotes às famílias.

Em relação aos prazos estabelecidos no Termo de Ajustamento de Conduta e pelas contínuas negociações, 54,09% consideram que a CEMIG cumpriu os prazos; 31,15% acham que cumpriu apenas parcialmente; 11,48% afirmam que não cumpriu; e 3,28% não opinaram.

Quanto à avaliação das terras e benfeitorias no local de origem, 62,30% afirmaram que houve avaliação prévia de benfeitorias produtivas e não produtivas de seu lote; 24,60% referiram que a avaliação foi parcial; 9,83% disseram não ter havido uma avaliação prévia; e 3,27% não opinaram. Naturalmente como em todo processo desapropriatório houve uma avaliação de tudo que deveria ser ressarcido.

Questionados se o pagamento das indenizações monetárias atendeu as suas expectativas, 50,81% afirmaram que sim; 24,60% disseram que parcialmente; 22,95% responderam que estavam insatisfeitos com o valor recebido; e 1,64% não expressaram suas opiniões. O procedimento adotado pela CEMIG foi o pagamento de indenizações das benfeitorias e o financiamento daconstrução de uma casa com o mesmo número de cômodos da anterior, em alvenaria, com acesso à energia elétrica e água. No caso das vilas ou agrovilas, houve, também, a apicação de recursos na urbanização da área e na construção de escolas, igrejas, sedes para a associação, campos de futebol e uma piscina, em um dos casos analisados.

Na avaliação de 31,15% dos reassentados, a CEMIG garantiu o apoio prometido às famílias; 44,26% avaliaram que houve apoio parcial; 18,04% disseram não terem sido apoiados; 6,55% não opinaram.

No que diz respeito à definição e localização dos bens comunitários no reassentamento, ais como escola, posto de saúde, posto telefônico, etc., 44,26% dos reassentados afirmaram terem participado; 14,75% disseram que em parte; 39,35% afirmaram que não participaram de nenhuma reunião que tratasse desta questão; e 1,64% não opinaram.

Na avaliação geral dos reassentados sobre o cumprimento dos itens constantes no Termo de Ajustamento de Conduta por parte da CEMIG, 26,23% consideraram que a Companhia cumpriu com o prometido; 37,70% afirmaram que parcialmente; 22,95%

(15)

consideram que não houve cumprimento; e 13, 12% não expressaram sua posição. Em contrapartida, segundo representantes das Prefeituras, do Òrgão de assistência técnica (EMATER) e alguns membros do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a CEMIG atendeu às reivindicações propostas pelos trabalhadores nos fóruns de negociação.

Em alguns aspectos os reassentados demonstraram estarem mais insatisfeitos que em outros. Em primeiro lugar, ressalta-se que aqueles grupos que escolheram áreas mais planas, mais próximas das estradas principais, especialmente do asfalto, apontaram maiores deficiências na disponibilidade de água potável, tendo que recorrerem sempre ao bombeamento, procedimento de elevado custo financeiro, uma vez que requer maior consumo de energia elétrica.

Um outro ponto negativo destacado, segundo a avaliação de 52,45% dos reassentados, foi a carência de ações voltadas à preservação de sua cultura de origem. Nesse caso, 21,31% consideraram as ações pouco suficientes; 19,68% avaliaram como suficientes; e apenas 1,64% avaliam como excelentes, sendo que 4,92% nem quiseram expressar sua opinião. De fato a CEMIG providenciou o translado parcial dos ossos dos familiares dos reassentados dos cemitérios das áreas de origem para um outro situado em área próxima ao reassentamento; reconstruiu a igreja mais antiga e tradicional de uma comunidade quilombola e construiu um Centro de Memória. Lamentavelmente, esse Centro de Memória fica localizado junto à casa de máquinas da hidrelétrica, lugar de extrema segurança, com acesso restrito, possibilitado somente através de agendamento prévio, isso sem mencionar a dificuldade de acesso por meio de transporte público.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo a FETAEMG – Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais, o acordo firmado com a CEMIG por ocasião da construção da Usina Hidrelétrica Presidente JK foi um dos melhores já firmados no Brasil até aquela data.

A ameaça eminente de desalojamento de pequenos agricultores, posseiros e trabalhadores, fez com que os atingidos se unissem, organizassem e buscassem apoio de entidades representativas de sua categoria profissional.

Considerando que as identidades culturais não são rígidas, nem imutáveis, são, sim, resultados sempre transitórios de processos de identificação possíveis de acontecer no interior das relações e nos âmbitos diversos que caracterizam os espaços sociais, políticos, culturais, tais como as escolas, os assentamentos rurais, cabe lembrar Melucci (1996), quando afirma que a ação coletiva se constitui a partir de redes de apoio que se constituem em diferentes cenários e resultam em processos sociais organizados.

Nas sociedades complexas, conforme analisa Melucci (1999), “seria ilusório pensar que a democracia consiste meramente na competência pelo acesso aos recursos governamentais” (p. 172). Ela requer, sim, condições que permitam aos indivíduos e aos grupos sociais se afirmarem e serem reconhecidos pelo que são e pelo que desejam ser. Ou seja: requerem de condições que aumentem o reconhecimento e a autonomia dos processos significativos individuais e coletivos. A democracia deve incluir a possibilidade de rejeitar ou modificar as condições dadas de representação, assim como a possibilidade de abandonar processos de significação constituídos para produzir outros novos.

Diferentemente de outras situações de desapropriações, os trabalhadores rurais não procuraram apoio junto ao MAB- Movimentos dos Atingidos por Barragens, e, sim, na FETAEMG. Todo o processo de negociações na definição das reivindicações contempladas no TAC foi conduzido pelos sindicatos rurais locais e pela FETAEMG, com o efetivo reconhecimento e apoio do Ministério Público Federal.

(16)

trabalhadores eram vinculados a alguma associação de moradores. A situação de risco social eminente, por exigências da luta para defenderem seus direitos, elevou para 91,80% o percentual de trabalhadores vinculados a uma associação de moradores.

Contrariamente ao que se formula na teoria da sociedade de massas, segundo Melucci (1999), “quem se mobiliza nunca são indivíduos desgarrados. As redes de relações presentes na fábrica social facilitam os processos de envolvimento e reduzem os custos da invenção individual na ação coletiva” (p.62). Nessa perspectiva, as redes constituem um nível intermediário fundamental para a compreensão dos processos de compromisso individual, pois os indivíduos se influenciam reciprocamente, negociam no marco destas redes e produzem as estruturas de referência cognoscitivas e motivações para a ação que se constrói e consolida na interação.

Analisando uma série de características comuns a muitas formas recentes de ação coletiva nas sociedades contemporâneas, Boaventura Santos (2000, 2003) ressalta a especificidade dos conflitos emergentes que mobilizam grupos sociais em busca da concretização de conquistas dificilmente observadas se travadas individualmente.

É importante ressaltar, também, que um dos maiores desafios na avaliação dessas alternativas e de seu potencial emancipatório é clarificar a natureza do objetivo emancipatório em consideração. Não se pretendeu, neste contexto, restringir o objetivo de emancipação à simples libertação relativamente à opressão da pobreza estrutural que, muitas vezes, inviabiliza ou dificulta as condições necessárias à produção. Partindo deste ponto de vista, os graus de autonomia e de auto-determinação no seu sentido mais amplo, são condições indispensáveis às lutas contra-hegemônicas (SANTOS, 2000).

É preciso reconhecer que tanto a elaboração como a implementação de qualquer tipo de Projeto que visa qualidficar as condições de vida de certas parcelas da população, independente de seu âmbito de abrangência, impõe decisões que resultam de processos de conflito e de acordos que envolvem, pelo menos, os atores mais influentes na política, na administração e no campo social, e são frutos de compromissos negociados, antecipadamente, entre os atores políticos mais relevantes.

Diferente de uma estratégia recorrentemente adotada na avaliação de políticas e de projetos que envolvem a aplicação de recursos, ou seja, a prática de análises e críticas formuladas por experts encarregados de verificar a maior ou menor eficácia de ações precedentes àquelas que se ambicionavam cumprir, optamos por dar voz aos beneficiários para que falassem de suas próprias condições de vida.

Nessa perspectiva, em termos de infraestrutura, como melhoria das estradas de acesso, qualidade das casas, urbanização das agrovilas, facilidade de uso de energia elétrica e tamanho dos lotes, houve notável reconhecimento de maior qualidade de vida em relação à situação anterior.

No entanto, deve-se ressaltar que existem bens materiais e imateriais que representam valores simbólicos que dinheiro nenhum paga. As festas religiosas e culturais que aconteciam na comunidade de origem, tempo em que as pequenas propriedades permitiam a proximidade das casas, já não existem mais. Os laços de parentesco, compadrio e amizade foram se distanciando e enfraquecendo. O exemplo mais forte e lamentado pela maioria dos participantes foi a estreita e cotidiana relação com o Rio Jequitinhonha. O rio fornecia alimento, era a via de transporte, principal fonte de lazer e de renda sazonal para os garimpeiros da região. Esse bem natural nenhum arquiteto poderia reconstruir em outro lugar. A memória, as boas lembranças do rio, permanecem vivas nas mentes de todos desalojados.

A avaliação ou controle de impacto pode contribuir à iniciação de um novo ciclo, ou seja, a uma nova fase de percepção e definição de novas estratégias de ação, como parece ser

(17)

o caso. Nesse sentido, a desconcentração da terra repercutiria na multiplicação de produtores, no aumento da oferta de produtos agrícolas, do consumo e da circulação de riquezas no comércio local e regional, entre outras vantagens, garantindo tanto a permanência das famílias no campo como uma melhor distribuição de renda, condições essenciais à promoção da justiça social ambicionada.

Assim, se concordarmos que estamos vivendo uma “nova democracia”, tal como sugere Santos (2002), e se acreditamos que novas formas de emancipação sejam possíveis, podemos dizer que temos hoje, uma sociedade-providência transfigurada, que sem dispensar o Estado das prestações sociais a que o obriga a reivindicação da cidadania social, sabe abrir caminhos próprios de emancipação.

Estima-se que o destaque aos acertos e, também, aos limites que ainda precisam ser superados, na perspectiva dos próprios beneficiários, venha a repercutir na reformulação de ações indispensáveis na direção de construção de um novo mundo rural, no qual estejam garantidas a paz, a produção e melhores condições de vida.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Persona, 1988.

BECKER, B. O uso político do território: questões a partir de uma visão do terceiro mundo. In: BECKER, B./ COSTA, R. H./ SILVEIRA, C. B. (Orgs) Abordagens políticas e espacialidade. Rio de Janeiro: UFRJ, p. 1-8, 1983.

BOTTI, Hope Finney, A marca reflexiva nos estudos organizativos. In MELUCCI, Alberto. Por uma sociologia reflexiva – Pesquisa qualitativa e cultura. Petrópolis: Vozes, 2005, p.119-140.

CARNEIRO, M. J. Do rural e do urbano: uma nova terminologia para uma velha dicotomia ou a reemergência da ruralidade. Campinas: NEA – IE – UNICAMP, 2001. ______________ Ruralidade: novas identidades em construção. Estudos Sociedade e Agricultura. Rio de Janeiro, n. 11, 1998.

FERNANDES, Bernardo Mançano, A Formação do MST no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2000. GHISLENI, Maurizio, Sociologia histórica e cultura material. In MELUCCI, Alberto. Por uma sociologia reflexiva – Pesquisa qualitativa e cultura. Petrópolis: Vozes, 2005, p.214-236. GOBO, Giampietro, O Projeto de pesquisa nas investigações qualitativas. In MELUCCI, Alberto. Por uma sociologia reflexiva – Pesquisa qualitativa e cultura. Petrópolis: Vozes, 2005, p.91-115.

HAESBAERT, R. Territórios alternativos. São Paulo: EdUFF/Contexto, 2002.

HESPANHA, Pedro et al, Globalização insidiosa e excludente. Da incapacidade de organizar respostas à escala local. In: HESPANHA, Pedro; CARAPINHEIRO, Graça (Orgs.). Risco social e incerteza. Pode o Estado social recuar mais? Porto: Afrontamento, 2002.

MARTINS, J.S. Introdução crítica à sociologia rural. São Paulo: Hucitec, 1986. MEIHY, J.C.S.B (1996). Manual de História Oral. São Paulo: Loyola.

MELUCCI, Alberto. Por uma sociologia reflexiva – Pesquisa qualitativa e cultura. Petrópolis: Vozes, 2005, p.265-288.

_______________. A invenção do presente – Movimentos Sociais nas Sociedades Complexas. Petrópolis/ RJ: Vozes, 2001.

. MELUCCI, Alberto. (1989). Um objetivo para os Movimentos Sociais? Revista Estudos Feministas. Lua Nova, n° 17 – Junho, pp. 49-65.

. __________________ (1994). Movimentos Sociais, Renovação Cultural e o papel do conhecimento. Entrevista de Alberto Melucci à Leonardo Avritzer e Tymo Lyra. Novos Estudos – CEBRAP, n° 40. Novembro, pp. 152-166.

(18)

. ___________________(1996). A experiência Individual na Sociedade Planetária. Revista Estudos Feministas. Lua Nova, n° 38, pp. 199 – 221.. ___________________ (1997). Movimentos Sociais na Contemporaneidade. Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Movimentos Sociais. PUCSP, abril, pp. 11- 32.

. ____________________ (1999). Acción Colectiva, Vida Cotidiana y Democracia. México: El Colegio, Centro de Estudios Sociológicos.

. ____________________ (2001). A Invenção do Presente. Movimentos Sociais nas Sociedades Complexas. Petrópolis: Vozes.

RAFFESTIN, C. Por uma geografia do Poder. São Paulo: Ática, 1993.

REBUGHINI, Paola, (2005). A comparação qualitativa de objetos complexos e os efeitos da reflexibilidade. in MELUCCI, Alberto. Por uma sociologia reflexiva – Pesquisa qualitativa e cultura. Petrópolis: Vozes, p.237-261.

REIS, José, “Mobilidades e territorializações, Estado e mercado: A economia portuguesa e as novíssimas dinâmicas”, Revista Crítica de Ciências Sociais, 2002, 63, 91-98.

SANTOS, B. S. (Org.). Produzir para Viver: os caminhos da produção não capitalista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira: 2002a.

____________ (Org.). Democratizar a Democracia: os caminhos da democracia participativa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira: 2002b.

VEIGA, José Eli da. Do Global ao local. Campinas: Editora Autores Associados, 2005.

_______________. O Brasil rural precisa de uma estratégia de desenvolvimento. CNDRS, MDA, NEAD, Texto para Discussão nº 01. Brasília, 1999

____________ Cidades imaginárias: o Brasil é menos urbano do que se calcula. Campinas: Autores Associados, 2002.

Referências

Documentos relacionados

186 O filósofo afirma que a tarefa mais difícil para um homem é exercer a sua virtude para com um outro e não somente para si, e aquele que consegue

Vários são os produtos industriais importantes derivados do óleo, como: Nylon 11 - obtido a partir do metil ricinoleato (Rilsan ), óleo hidrogenado ou cera para borrachas

Cada vez mais, órgãos como a SET e a Abert tem que estar alinha- dos, em conjunto com a Anatel para preservar, não só a integridade da nossa operação como a de nossos

Excluindo as operações de Santos, os demais terminais da Ultracargo apresentaram EBITDA de R$ 15 milhões, redução de 30% e 40% em relação ao 4T14 e ao 3T15,

Foram consideradas como infecção relacionada ao CVC os pacientes que apresentavam sinais locais de infecção (secreção purulenta e/ou hiperemia) e/ou hemocultura

Referimo-nos acima a respeito da atuação do co- ordenador pedagógico enquanto um mediador de estra- tégias didáticas na educação das pessoas deficientes. O conceito de

The term "functional food" first appeared in the 80s in Japan in reference to food products enriched with special components that have beneficial

A dissertação se alicerça nas normas do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (anexo A), estruturada em