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6º Ensinamento
Os mandamentos: “ Se queres entrar na vida eterna, cumpre os
mandamentos” (Mt 19,17).
OS DEZ MANDAMENTOS
Êxodo 20, 2-17
Eu sou o Senhor teu Deus que te fez sair da terra do Egipto da
casa da escravidão. (…)
Deuterónimo 5, 6-21
Eu sou o Senhor teu Deus que te fez sair da terra do Egipto da
casa da escravidão.
(…) 1º Adorar a Deus sobre todas as coisas
2 1º Mandamento Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as coisas
Este mandamento chama o homem a crer em Deus, a esperar n’Ele e a amá-Lo sobre todas as coisas.
Os actos de fé, de esperança e caridade, exigidos por este mandamento cumprem-se na oração. A elevação do espírito para Deus é uma expressão da nossa adoração a Deus: oração de louvor e de acção de graças, de intercessão e de súplica.
A superstição é um desvio do culto que prestamos ao verdadeiro Deus. Manifesta-se na idolatria, bem como nas diferentes formas de adivinhação e magia.
O acto de tentar a Deus por palavras ou obras, o sacrilégio (profanar ou tratar indignamente os sacramentos, acções litúrgicas, bem como as pessoas, as coisas e os lugares sagrados a Deus) e a simonia (compra ou venda de realidades espirituais) são pecados de irreligião, proibidos pelo primeiro mandamento.
Na medida em que rejeita ou não admite a existência de Deus, o ateísmo é um pecado grave contra o primeiro mandamento.
O culto das imagens sagradas funda-se no mistério da Encarnação do Verbo de Deus. E não é contrário ao primeiro mandamento.
3 2º Mandamento Não invocar o nome de Deus em vão
Este mandamento manda respeitar o nome do Senhor. O nome do senhor é: Santo.
Proíbe o uso inconveniente do nome de Deus. A blasfémia consiste em usar o nome de Deus, de Jesus Cristo, da Virgem Maria e dos santos de modo injurioso.
Este mandamento manda respeitar o nome de Deus, de Jesus Cristo, da Virgem Maria e de todos os santos.
O cristão começa as suas orações e as suas actividades pelo sinal da cruz, «em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amen.»
3º Mandamento Santificar os domingos e festas de guarda
Eucaristia dominical – A celebração dominical (Eucaristia do Senhor) está no centro da vida da Igreja. O domingo é o dia, em que se celebra o mistério pascal. Devem do mesmo modo guardar-se os dias:
de Natal de nosso Senhor Jesus Cristo; Epifania;
Ascensão
Corpo de Deus (móvel);
Assunção de Nossa Senhora (15 Agosto) Todos os Santos (1 Novembro);
Imaculada Conceição (8 Dezembro) São José
Apóstolos S. Pedro e S. Paulo
A instituição do domingo contribui para que «todos gozem do tempo suficiente de repouso e lazer, que lhes permite atender á vida familiar, cultural, social e religiosa» (GS 67 §3).
4 Todo o cristão deve evitar impor a outrem, sem necessidade, o que o impeça de guardar o Dia do Senhor.
4º Mandamento Honrar Pai e Mãe
Depois de Deus o Senhor quis que honrássemos os nossos pais, e aqueles que, para nosso bem, Ele revestiu de autoridade.
Os filhos devem aos pais respeito, gratidão, obediência justa e ajuda. O respeito filial favorece a harmonia de toda a vida familiar.
Os pais são os primeiros responsáveis pela educação dos seus filhos na fé, na oração, e em todas as virtudes. Eles têm o dever de prover, na medida do possível, às necessidades físicas e espirituais de seus filhos. Os pais devem respeitar e favorecer a vocação dos seus filhos. Hão-de lembrar-se e hão-de ensinar-lhes que a primeira vocação do cristão é a de seguir Jesus.
A autoridade pública tem a obrigação de respeitar os direitos fundamentais da pessoa humana e as condições de exercício da sua liberdade.
É dever dos cidadãos trabalhar com os poderes civis na edificação da sociedade, num espírito de verdade, justiça, solidariedade e liberdade. O cidadão está obrigado em consciência a não seguir as prescrições das autoridades civis, quando tais prescrições são contrárias às exigências da ordem moral. «Deve obedecer-se antes a deus do que aos homens» (Act5, 29).
Toda a sociedade refere os seus juízos e a sua conduta a uma visão do homem e do seu destino. Fora das luzes do Evangelho sobre Deus e sobre o homem, as sociedades facilmente resvalam para o totalitarismo.
5 5º Mandamento Não matarás
A vida humana é sagrada, porque, desde a sua origem, supõe a acção
criadora de Deus e mantém-se para sempre uma relação especial com o criador, seu único fim.
Desde que foi concebida, a criança tem direito à vida. O aborto directo, isto é, querido como fim ou como meio, é uma «práctica infame» (GS 37 § 3), gravemente contrária à lei moral.
A eutanásia voluntária, quaisquer que sejam as formas e os motivos, é um homicídio. É gravemente contrária à dignidade da pessoa humana e ao respeito do seu Criador, o Deus vivo.
O suicídio é gravemente contrário á justiça, à esperança e à caridade. É proibido pelo quinto mandamento.
Devido aos males e injustiças que toda a guerra traz consigo, devemos fazer tudo humanamente possível para evitá-la. A Igreja ora: «Da fome, peste e guerra – livrai-nos Senhor!».
6º Mandamento Guardar castidade nas palavras e nas obras
«O amor é vocação fundamental e inata de todo o ser humano» (FC11). Ao criar o ser humano como homem e mulher, Deus conferiu a dignidade pessoal, de igual modo, a um e a outro. Pertence a cada um, homem e mulher, reconhecer e aceitar a sua identidade sexual.
Castidade significa a integração conseguida da sexualidade na pessoa, e daí a unidade interior do homem no seu ser corporal e espiritual. Comporta a aprendizagem do domínio pessoal.
6 7º Mandamento Não furtar
Este mandamento proíbe tomar ou reter injustamente o bem do próximo. Prescreve a justiça e a caridade na gestão dos bens terrenos e do fruto do trabalho dos homens. Respeito pelo destino universal dos bens e pelo direito da propriedade privada.
8º Mandamento Não levantar falsos testemunhos
Viver na verdade
Dar testemunho da verdade O respeito da verdade
«Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo» (Ex 20, 16). Os discípulos de Cristo «revestiram-se do homem novo, criado à imagem de Deus na justiça e santidade verdadeiras» (Ef 4,24).
A verdade ou veracidade é a virtude que consiste em mostrar-se verdadeiro nos seus actos e dizer a verdade em palavras, fugindo da duplicidade, da simulação e da hipocrisia.
7 9º Mandamento Guardar castidade nos pensamentos e nos
desejos
(Mt 5,28)
No homem, porque é um ser integrado de espírito e corpo, já existe uma certa tensão. Desenrola-se nele uma certa luta de tendências entre o «espírito» e a «carne». Mas esta luta, de facto, faz parte da herança do pecado, é uma com sequência dele e, ao mesmo tempo, uma confirmação. Faz parte da experiência quotidiana do combate espiritual. Para o Apóstolo S. Paulo, não se trata de desprezar e condenar o corpo que, com a alma espiritual, constitui a natureza do homem e a sua personalidade de sujeito; pelo contrário, ele fala da resistência ou submissão á acção salvadora do Espírito Santo. «se vivemos pelo Espírito, caminhemos também segundo o Espírito» (Gal 5,25).
Purificação do coração
A sexta bem-aventurança proclama: «felizes os puros de coração, porque hão-de ver a Deus» (Mt 5,8). Os «corações puros» são os que puseram de acordo a inteligência e a vontade com as exigências da santidade de Deus, principalmente em três domínios: a caridade; a castidade e o amor da verdade.
Santo Agostinho dizia, que os fiéis devem crer nos artigos do Credo, « para que, crendo, obedeçam a Deus; obedecendo a Deus, vivam como deve ser; vivendo como deve ser, purifiquem o seu coração; e purificando o seu coração, compreendam aquilo que crêem”.
O combate pela pureza
O Baptismo confere a quem o recebe a graça da purificação de todos os pecados. Mas o baptizado tem de continuar a lutar contra a
8 concupiscência da carne e dos desejos desordenados. Com a graça de Deus, ele o consegue:
i. Pela virtude e dom da castidade; ii. Pela pureza de intenção;
iii. Pela pureza do olhar (interior e exterior); iv. Pela oração.
A pureza exige o pudor. O pudor é parte integrante da temperança. O pudor preserva a intimidade da pessoa.
10º Mandamento Não cobiçar as coisas alheias
Não cobiçarás (…) nada do que pertence ao teu próximo(Ex 20,17).
Este mandamento exige que seja banida a inveja do coração humano. Quando o profeta Natan quis estimular o arrependimento do rei David, contou-lhe a história do pobre que só possuía uma ovelha, tratada como se fosse filha, e do rico que, apesar dos seus numerosos rebanhos, tinha inveja dele e acabou por lhe roubar a ovelha1.
«Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração» (Mt 6,21). Inveja é a tristeza que se experimenta perante o bem alheio e o desejo imoderado de o fazer seu. É um vício capital.
O baptizado combate a inveja pelo bem-querer, a humildade e o abandono á providência divina.
O desapego das riquezas é necessário para entrar no Reino dos Céus. «Bem-aventurados os pobres de coração»
9 Referências Bibliográfica
ELE ESTÁ AQUI, AURA MIGUEL E JOÃO CÉSAR DA NEVES, LUCERNA, CASCAIS, 2005 A FÉ EXPLICADA, LEO J. TRESE, QUADRANTE, SÃO PAULO, 1990