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UMA ANÁLISE DOS DETERMINANTES DA OFERTA DE TRABALHO DE PESSOAS IDOSAS NO NORDESTE BRASILEIRO

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UMA ANÁLISE DOS DETERMINANTES DA OFERTA DE TRABALHO DE

PESSOAS IDOSAS NO NORDESTE BRASILEIRO

AN ANALYSIS OF THE DETERMINANTS OF THE LABOR OFFER OF ELDERLY PEOPLE IN THE BRAZILIAN NORTHEAST

AUTORES:

Juliane da Silva Ciríaco

Graduada em Economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Mestra em Economia Aplicada pelo Programa de Pós-graduação em Economia da Universidade Federal da Paraíba (PPGE-UFPB. Doutoranda em Economia pelo Centro de Aperfeiçoamento de Economistas do Nordeste da Universidade Federal do Ceará (CAEN-UFC).

Otoniel Rodrigues dos Anjos Júnior

Graduado em Economia pela Universidade Federal da Paraíba. Mestre em Economia Aplicada pelo Programa de Pós-graduação em Economia da Universidade Federal da Paraíba (PPGE-UFP). Doutorando em Economia Aplicada pelo PPGE-UFPB.

Celina Santos de Oliveira

Graduada em Economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Mestra em Economia Aplicada pelo Centro de Aperfeiçoamento de Economistas do Nordeste da Universidade Federal do Ceará (CAEN-UFC). Doutora em Economia Aplicada pelo Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal da Paraíba (PPGE-UFPB).

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UMA ANÁLISE DOS DETERMINANTES DA OFERTA DE TRABALHO DE

PESSOAS IDOSAS NO NORDESTE BRASILEIRO

AN ANALYSIS OF THE DETERMINANTS OF THE LABOR OFFER OF ELDERLY PEOPLE IN THE BRAZILIAN NORTHEAST

RESUMO

O artigo analisa o mercado de trabalho dos indivíduos idosos no Nordeste brasileiro. Aplicou-se um modelo Logit, tendo como fonte de dados a PNAD dos anos de 2003 e 2013. Confirmou-se a relação negativa entre idade e participação nesse mercado e as estimativas apontam que essa participação está relacionada ao fato de ser homem, chefe de família ou cônjuge e com maior nível educacional. Por sua vez, o benefício da aposentadoria parece elevar a preferência por mais lazer e o fato de residir no meio rural aumenta a probabilidade do idoso permanecer e/ou se reengajar no mercado de trabalho.

Palavras-chave: Participação dos Idosos. Mercado de Trabalho. Nordestino.

ABSTRACT

The article analyzes the labor market of elderly individuals in the Brazilian Northeast. A Logit model is applied, having PNAD from 2003 and 2013 as a source of data. The negative relation between age and participation in this market is confirmed, and estimates indicate that this participation is related to being a man, head of household or spouse and with a higher educational level. On the other hand, the benefit of retirement seems to increase the preference for more leisure and the fact of living in rural areas increases the probability of the elderly staying and/or reengagement in the labor market.

Keywords: Participation of the Elderly. Job Market. Northeast.

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1 INTRODUÇÃO

aumento da longevidade e melhoria da qualidade de vida1 tem proporcionado maior prolongamento do ciclo de vida dos seres humanos. Tais ganhos foram alcançados graças à existência de fatores primordiais relacionados, sobretudo, aos avanços tecnológicos, científicos e medicinais.

Camarano (2002) aponta que a redução da mortalidade associada aos avanços nas condições de saúde e tecnologia, a universalização da seguridade social, além de outras importantes mudanças levaram o idoso brasileiro a ter um aumento em sua expectativa de vida. Na citada pesquisa, afirma que tais melhorias reduziram o grau de deficiência física e mental dos idosos possibilitando a estes chefiarem por mais tempo suas famílias e viverem menos na casa de parentes.

Como visto, a diminuição da dependência dos idosos brasileiros gera tendência no aumento de sua participação ou continuidade na chefia familiar (CAMARANO; KANSO; MELLO, 2004). No mais, Camarano (2002) argumenta que, nos últimos 20 anos, o idoso brasileiro passou a receber um rendimento médio mais elevado, desencadeando, dessa maneira, uma redução no seu grau de pobreza e indigência.

Veras (2001) afirma que, a partir dos anos 60, os diferentes grupos etários registravam crescimento praticamente idêntico. No entanto, o grupo dos idosos passou a liderar o crescimento populacional brasileiro. Recentemente, as projeções da United Nations – Nações Unidas (2015) – apontam que, entre 1950 e 2020, a população brasileira aumentará quatro vezes enquanto a faixa de idosos avançará 11,4 vezes. No mesmo lapso temporal, os idosos de países como Estados Unidos, Japão e China devem crescer 3,9; 6,8 e 6,0 vezes, respectivamente.

Nesta perspectiva, Camarano (2002) argumenta que, entre 1996 e 2020, a proporção de idosos deverá quase duplicar, passando de 8% para 15% do total de brasileiros. Considerando tais projeções, observa-se que há determinada tendência de

1 O conceito de qualidade de vida para a Organização Mundial da Saúde (OMS) é associado a percepção que o indivíduo possui de que suas necessidades estão sendo satisfeitas ou, ainda, que lhes estão sendo negadas oportunidades de alcançar a felicidade e a auto-realização, com independência de seu estado de saúde físico

O

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aumento da participação de indivíduos ditos da terceira idade em diversas áreas da economia.

As Nações Unidas apontam que as mulheres brasileiras devem viver em média 80,23 anos enquanto os homens 73,17 entre 2020-2025. Beltrão, Camarano e Kanso (2004) defendem que, até 2020, a longevidade populacional brasileira de indivíduos do sexo masculino irá atingir uma média em torno de 79,5 anos; a de indivíduos do sexo feminino, uma média de 87,9 anos.

O aumento da longevidade vem modificando a expectativa de vida familiar e gerando o envelhecimento da população economicamente ativa (PEA) brasileira. Esse envelhecimento populacional é acompanhado por considerável aumento da autonomia dos indivíduos maiores de 60 anos. Por fim, tais alterações no ciclo de vida dos indivíduos promovem constantes modificações não só na base e estrutura familiar, mas na demografia, mercado de trabalho, sociedade e economia do país.

As mudanças ocorridas na estrutura etária brasileira podem surtir diferentes efeitos entre as regiões do país e sobre os diversos extratos que compõem a sociedade. Queiroz e Ramalho (2009) argumentam que há efeito da localização sobre as chances de emprego dos idosos e mostram que tais chances aumentam tanto para as mulheres quanto para os homens nas últimas ocupações na região Nordeste do Brasil. Enfatizam que o fato do idoso residir nas cidades das regiões Norte e Nordeste elevam as chances de emprego como assalariado sem carteira ou como autônomo/empregador.

O aumento da longevidade traz consigo um aspecto relevante: o meio de obter e manter a qualidade de vida em idade avançada. A princípio, é possível por meio da aposentadoria. A população nasce, se escolariza, escolhe uma carreira e, por fim, se aposenta. Esse tempo social acaba por definir quem são jovens, adultos e velhos. E por uma construção social, acaba por definir quem é produtivo ou não e, por fim, por ligar a idade fisiológica à intelectual e produtiva.

É nessa construção social que o Brasil vem, nos últimos anos, enfrentando gradativamente o envelhecimento populacional. O país conta ainda com a existência atual de jovens do tipo “nem-nem”, a geração que não estuda e nem trabalha, e que será a futura fonte do sistema previdenciário. Juntando os dois atuais fenômenos demográfico e social

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brasileiro, as perspectivas de um sistema previdenciário sustentável é uma das piores jamais vistas na história.

Frente a isso, o que se espera, sendo mais uma certeza do que uma expectativa, é que nos próximos anos encontremos pessoas idosas ainda no mercado de trabalho, sobretudo devido a pela aprovação da PEC 287/20162, ou seja, pela falta de jovens qualificados no mercado de trabalho.

Por essa razão e considerando a relativa escassez de estudos envolvendo o dinamismo da população idosa no mercado de trabalho, e levando em conta o caráter pouco explorado desse fenômeno no Nordeste brasileiro, propôs-se a análise de quais fatores mais influenciam a taxa de participação da população idosa na PEA. Para este fim, foi aplicado um modelo Logit, tendo como fonte de dados a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) para os anos de 2003 e 2013.

A justificativa para escolha destes períodos está no fato de que o respectivo intervalo de tempo aqui utilizado, de 10 anos, fornecerá uma análise mais rica, possibilitando uma visão mais ampla das transformações econômicas e institucionais, com vista a subsidiar o norteamento de políticas públicas que reflitam sobre a terceira idade. Uma vez que, espera-se um crescimento da oferta dessa faixa etária no mercado de trabalho e que, muitas vezes, sofre exclusão por parte de quem demanda, dificultando a reinserção desses grupos em atividades laborais.

Para a elaboração do presente estudo, optou-se por dividir a pesquisa em quatro partes além desta introdução, que é a primeira. Na segunda parte, serão contemplados os aspectos relativos aos referenciais teóricos; na terceira, a metodologia, assim como a descrição e tratamento do banco de dados. Por sua vez, na quarta parte, reportam-se os principais resultados encontrados, e por fim, na quinta, serão feitas as devidas considerações cabíveis.

2

A PEC 287/2016 refere-se à reforma da Previdência Social brasileira proposta pelo Governo Federal na qual apresenta modificações nas regras relacionadas ao tempo de contribuição e à idade mínima para aposentadoria.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta seção, discute-se o referencial teórico empregado na pesquisa. Inicialmente, demonstra-se de forma minuciosa o modelo teórico empregado. Por fim, trazem-se alguns fatos estilizados relacionados ao problema de pesquisa.

2.1 MODELO TEÓRICO

No Brasil, os indivíduos atingem a aposentadoria em idade relativamente avançada. Consequentemente, estão mais propensos a problemas de saúde de modo geral. Logo, os recursos advindos das aposentadorias podem ser insuficientes para suprir todas as necessidades de consumo demandada pelos idosos, sobretudo, porque suprir necessidades básicas como o consumo de alimentos e remédios pode se tornar tarefa complexa devido às características seletivas do mercado de trabalho e consequentes restrições de renda desses agentes.

Adicionalmente, têm-se divórcios e desemprego como características marcantes da sociedade e economia moderna. Tais fatos acabam influenciando a volta de filhos para casa dos pais, algumas vezes levando filhos e cônjuges. Neste contexto, Peixoto (2004) aponta que pais aposentados funcionam como uma espécie de suporte para filhos e netos. Portanto, toda essa dinâmica pode funcionar como aprofundamento na restrição de recursos, tornando os ganhos advindos das aposentadorias insuficientes para suprir todas as necessidades da família.

Nesta perspectiva, Fernandez e Menezes (2001) apontam que a decisão do idoso entre ofertar ou não trabalho é determinada por fatores como a renda exógena e a renda endógena. A primeira é a renda auferida fora do mercado de trabalho, independentemente de o idoso trabalhar ou não. A segunda é aquela obtida dentro do próprio mercado de trabalho. Sendo assim, os autores mostram que a decisão do idoso em participar ou não da força de trabalho é influenciada, sobretudo, pelo salário que ele pode auferir no próprio mercado. Portanto, na citada pesquisa, verifica-se a incidência de correlação positiva entre a renda endógena e a decisão de ofertar trabalho idoso.

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Considerando o aspecto relativo ao rendimento como fator primordial na oferta de trabalho do idoso no país, Queiroz, Ramalho e Balbinotto Neto (2015) apontam que a participação dos idosos no mercado de trabalho aumenta se esses indivíduos forem brancos, mais instruídos, chefes de família, se vivem com cônjuge, estudam, residem em regiões metropolitanas e possuem outros moradores no domicílio. Além disso, os autores destacam que os idosos mais instruídos tendem a permanecer por mais tempo no mercado de trabalho.

Na fase idosa da vida, os indivíduos contam, principalmente, com renda advinda de suas respectivas aposentadorias. Nesta ótica, Camarno (2002) acredita que estes rendimentos desempenham papel fundamental na vida dessas pessoas. Na mesma pesquisa, mostra que a importância da aposentadoria cresce com a idade dos agentes. Na visão de Almeida (2002), a estabilidade observada no rendimento do idoso possibilita relativo aumento de poder de compra para todos os membros da família.

Já Simões (2004) diz que os rendimentos dos idosos possibilitam que estes se mantenham e contribuam com o orçamento familiar. Na mesma pesquisa, mostra que alguns aposentados do sexo masculino ainda agem como arrimo de família e asseguram sustento do lar. Por outro lado, ao atingir a aposentadoria, normalmente os salários se reduzem (perda de gratificações, produtividade, horas extras, entre outros). Além disso, pode ser que o aumento salarial da categoria seja diferente entre ativos e inativos, fazendo com que os aposentados percam poder de compra e sofram reduções constantes de bem estar ao longo dos anos. Portanto, todos estes fatores podem de alguma forma, contribuir com o aumento da oferta de trabalho da população idosa ao longo do tempo.

Diante de toda problemática enfrentada pelos idosos, nota-se que o problema relativo à redução do rendimento ou aumento no custo de vida de tais indivíduos acaba sendo os mais influentes na decisão entre ofertar ou não ofertar trabalho na fase idosa da vida. Neste sentido, Camarano et al., (1999) acredita que a oferta de trabalho do idoso depende da importância da renda do mesmo na renda total da família. Desse modo, quanto mais relevante for a renda do idoso no total de renda da família, maior deverá ser a chance dessa modalidade de trabalho.

Mete e Schultz (2002) indicam tanto o lazer quanto a renda como fundamentais no entendimento da oferta de trabalho dos idosos. Neste contexto, Fernandez e Menezes

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(2001) destacam que a função de oferta de trabalho da terceira idade pode ser obtida através de um problema de otimização condicionada. Neste problema de otimização, tem-se que cada agente maximiza determinada função de utilidade sujeita à sua respectiva restrição orçamentária. Tal problema de otimização pode ser dado por:

l = l(w, I) (01)

Onde: w pode ser o salário ou o custo de oportunidade do tempo destinado ao lazer (quer dizer, o valor que o idoso abre mão de ganhar quando escolhe alocar seu tempo ao lazer) e I é a renda exógena.

Fernandez e Menezes (2001) constatam indício de substituição de vigor físico (força) por experiência profissional no processo de contratação de mão de obra. Além disso, confirma-se, na mesma pesquisa, que o nível de escolaridade é variável importante na determinação do rendimento do idoso. Tal fenômeno foi constatado até mesmo entre os que não exercem qualquer atividade no mercado de trabalho.

Partindo da hipótese de que, em certo período do ciclo de vida, o idoso necessita escolher entre ofertar ou não trabalho, trabalhar, aposentar ou aposentar e continuar trabalhando são decisões possíveis a cada agente ao chegar à terceira idade. Para Lazear (1986), tais decisões podem ser consistentemente modeladas. Assim, embasados no citado modelo teórico, tem-se que Queiroz, Ramalho e Balbinotto Neto (2015) analisaram a oferta de trabalho e os salários dos homens idosos no setor urbano brasileiro. Utilizaram-se, para tanto, as informações contidas no Censo Demográfico do Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) elaborado no ano de 2010.

Lazear (1986) admite que o idoso maximiza sua função de utilidade intertemporal U, que é uma função positiva do valor presente do consumo (renda total no resto de vida) e lazer, sujeita a uma restrição de rendimentos.

Como o modelo supõe que, em certo período do ciclo de vida, o idoso necessita escolher se irá ou não ofertar trabalho, ele maximiza sua função de utilidade intertemporal U - função positiva do valor presente do consumo (renda total no resto de vida) e lazer - sujeita à uma restrição de rendimentos.

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𝑈 = ∫ 𝑈(𝑋(𝑡), 𝐿(𝑡))𝑠𝑇 𝑒−𝜌𝑡𝑑𝑡, sujeito à (02) ∫ 𝑋(𝑡)𝑒𝑇 −𝑟𝑡𝑑𝑡 = 𝑠 ∫ 𝑊(𝑡)𝑒−𝑟𝑡𝑑𝑡 + ∫ 𝑃(𝑡)𝑒𝑇 −𝑟𝑡𝑑𝑡 𝑅 𝑅 𝑠 (03)

Em que 𝐿(𝑡) é o lazer, 𝑋(𝑡) é a renda total no restante da vida, 𝜌 é o fator de desconto intertemporal, T é a data da morte, 𝑊(𝑡) é o valor presente de todos os salários líquidos e 𝑃(𝑡) são os benefícios de aposentadorias líquidos que variam com a idade de entrada para a aposentadoria, com o ano em que o trabalhador se aposenta e com as regras do sistema previdenciário.

Desta forma, o indivíduo decide se aposentar (R*) se a utilidade marginal da renda de um ano adicional de trabalho se igualar com a utilidade marginal de um ano a mais de lazer (MITCHELL; FIELDS, 1984). 𝜕𝑈 𝜕𝑋[𝑊(𝑅∗) − 𝑃(𝑅∗) + 𝜕𝑃(𝑅∗) 𝜕𝑅∗ ] = 𝜕𝑈 𝜕𝐿 (04)

Onde: 𝜕𝑈𝜕𝑋 e 𝜕𝑈𝜕𝐿 são as utilidades marginais da renda e do lazer, respectivamente. Por sua vez, os termos entre colchetes representam o preço do lazer ou a mudança na renda presente quando a aposentadoria é adiada. Sendo assim, a decisão de entrada para a aposentadoria (lazer) é função de dois fatores: preço do lazer e preferências do indivíduo.

Desta forma, a análise comparativa da utilidade de participar do mercado com a da não participação é construída através do confronto entre os salários de mercado com o de reserva dos indivíduos envolvidos em tal processo. Portanto, se o salário de mercado for superior ao salário de reserva, o indivíduo irá optar pelo trabalho. Caso contrário, a opção será pelo lazer. Ao adicionar a decisão pela aposentadoria, não somente o efeito substituição (lazer encarecido/aposentadoria adiada) e o efeito renda (aumento do poder de compra e de acesso ao lazer/aposentadoria) precisam ser levados em conta, mas também, seus principais condicionantes (QUEIROZ; RAMALHO; CAVALCANTE, 2008).

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2.2 FATOS ESTILIZADOS

O comportamento etário da população brasileira sugere envelhecimento e redução dos indivíduos jovens nas próximas décadas. Esse aumento na expectativa de vida das pessoas faz surgir à necessidade de adaptação de diversos setores da sociedade, sobretudo aqueles relacionados à saúde, moradia, ocupação, lazer e transporte. A Figura 1 ilustra as pirâmides etárias em percentual para cada recorte etário, construídas a partir dos dados das projeções populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tomadas aqui em dois instantes do tempo com intervalos de 30 anos (2012 - 2042).

Figura 1: Brasil – Distribuição percentual observada e projetada da população por faixa etária e

gênero (2012 e 2042).

Fonte: Elaboração dos autores a partir de dados do IBGE.

A população idosa não é homogeneamente distribuída no espaço territorial brasileiro, sobretudo aqueles que participam da força de trabalho. Nesta perspectiva, elabora-se a Figura 2, a qual demonstra, por região, o percentual de indivíduos que participavam do mercado de trabalho em 2013. Como visto, o Nordeste apresenta determinado destaque quando comparado às demais regiões brasileiras. Justifica-se que o Nordeste apresenta baixo rendimento domiciliar e baixo nível de escolaridade. Tais fatores aumentam as chances de a pessoa idosa viver unicamente da aposentadoria ou permanecer no trabalho para poder complementar a renda (DAMASCENO; CUNHA, 2011).

10% 5% 0% 5% 10% 0 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 a 74 75 a 79 80 a 84 85 a 89 90+ MULHER HOMEM

2012

10% 5% 0% 5% 10% 0 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 a 74 75 a 79 80 a 84 85 a 89 90+ MULHER HOMEM

2042

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Figura 2: Brasil – Proporção de idosos que participavam do mercado de trabalho em 2013 (%)

Fonte: Elaboração dos autores a partir dos dados da PNAD.

Nota¹: Indivíduos com idade entre 65 e 90 anos que trabalhou na semana de referência. Nota²: Expandido para a população.

Em 2003, 6,23% da população nordestina estava na faixa de idade de 65 a 90 anos, em 2013 essa taxa passou para 8,29%, de acordo com os dados das PNADs. A figura 3 mostra a distribuição de idosos na condição de aposentado, como também ativos no mercado de trabalho por unidade federativa no ano de 2013. Vê-se que os Estados da Bahia, Pernambuco e Ceará, apresentam, respectivamente, os maiores contingentes de idosos para os dois subgrupos em foco. Um dos principais fatores que justifica o maior número de idosos para cada segmento observado nesses Estados está no fato de suas capitais serem as principais regiões metropolitanas nordestinas, e, consequentemente, portadoras de grande contingente populacional.

Figura 3: Nordeste– Distribuição de idosos por status ocupacional em 2013 (%)

Fonte: Elaboração dos autores a partir dos dados da PNAD.

Nota¹: Indivíduos com idade entre 65 e 90 anos que trabalhou na semana de referência.

Nota²: Indivíduos com idade entre 65 e 90 anos que estava aposentado na semana de referência. Nota³: Expandido para a população.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Brasil Nordeste Norte Sudeste Centro Oeste Sul

0 5 10 15 20 25 30 35

Maranhão Piauí Ceará Rio G. do Norte

Paraíba Pernambuco Alagoas Sergipe Bahia

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Fernandez e Menezes (2001) destacam que do processo de envelhecimento populacional pode gerar graves problemas sociais e econômicos que possuem reflexos diretos sobre o financiamento do sistema de seguridade social brasileiro. Além disso, não há nenhum impedimento legal que impossibilite o idoso, mesmo aposentado, a continuar trabalhando ou que se reinsira no mercado de trabalho.

Segundo Oliveira et al. (1997), o número de segurados pela previdência social era baixo até a década de 70, contudo, houve um incremento relevante nas últimas décadas, no ano de 1994 chegou a cerca de 15 milhões de beneficiários. Ademais, há as aposentadorias especiais, no qual muitos indivíduos têm o direito de se aposentar mais precocemente, o que faz com que passem um período maior de tempo recebendo o benefício da aposentadoria (FRANÇA, 2012).

Na ótica de Camarano (2004), o processo de envelhecimento está fortemente associado aos gastos relacionados à previdência social, ao ajuste fiscal e à repartição dos gastos públicos. Por fim, no médio prazo deve ocorrer redução contínua da mortalidade entre as faixas etárias, em especial para os que estarão em idades mais avançadas, gerando maior contingente de pessoas vivendo por mais tempo.

Para Queiroz et al. (2012), a relação entre a população em idade ativa e a terceira idade em 2000 foi de 6 indivíduos ativos para cada idoso, enquanto que, em 2010 essa relação já era de 5 ativos para cada idoso. Tal relação dá indícios de que a sustentabilidade do sistema previdenciário no Brasil está cada vez mais debilitada, dado que o montante de trabalhadores em idade produtiva vital para sustentar o atual sistema de repartição simples se reduz com o passar dos anos, então esse sistema deve ser reavaliado com maior brevidade possível sob a pena de um colapso.

3 METODOLOGIA E BANCO DE DADOS

A decisão do idoso em continuar, ou não, no mercado de trabalho pode ser influenciada por diversos fatores: escolaridade, renda, idade, sexo, arranjos familiares, raça, área (urbano ou rural), região, entre outros. Nesta perspectiva, Damasceno e Cunha (2011), apontam que a área de residência (urbana ou rural) e sexo foram as mais relevantes na determinação do comportamento do idoso frente ao mercado de trabalho, seguido pela variável posição do idoso na família, como cônjuge e/ou chefe de família. No mais, outras

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variáveis merecem destaque, tais quais: educação, idade, cor, rendimento domiciliar per capita, região metropolitana e região geográfica de residência.

A literatura identifica que essa modalidade de trabalho se relaciona positivamente com a escolaridade e o rendimento ofertado no mercado trabalho. Por outro lado, o avanço da idade parece apresentar sinal negativo em que a oferta de trabalho reduz conforme a idade do idoso aumenta. Já Queiroz, Ramalho e Balbinotto Neto (2015) mostram relativa interdependência entre participação no mercado de trabalho e as aposentadorias dos idosos.

Outras características como tamanho das famílias parecem exercer influência negativa sobre as decisões entre ofertar ou não trabalho idoso. Aparentemente, o fato de morar com filhos e de ter muitos filhos reduzem as chances de determinado indivíduo trabalhar na terceira idade (PARKER, 1999).

No presente trabalho, utilizou-se como fonte de dados a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), restringindo-se aos anos de 2003 e 2013. Salienta-se que a escolha desse banco de dados consiste na gama de informações disponíveis sobre a população residente no país, fornecidas anualmente no portal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Destaca-se que a amostra utilizada se restringe ao Nordeste brasileiro, totalizando 16.131 observações para o período acima citado, no qual cerca de 20% dos idosos exercem alguma atividade de trabalho.

Nesta perspectiva, analisam-se os determinantes da participação idosa no mercado de trabalho nordestino utilizando, para tanto, o modelo Logit. Este modelo caracteriza-se pela existência de uma variável resposta binária, adequando-se ao caso em que a variável resposta é qualitativa, com 2 possíveis categorias, nesse caso, a variável dependente binária assume o valor “um” para os indivíduos entre 65 e 90 anos que trabalhavam no referido período da pesquisa e “zero”, caso contrário.

Nesse estudo, considera-se que os indivíduos tomam decisões relacionadas à distribuição do seu tempo gasto entre lazer e trabalho, de acordo com a alternativa que lhe gere o maior nível de utilidade. Sendo assim, a estrutura geral do modelo Logit é baseada na análise de probabilidade especificada a seguir:

(14)

146

Prob(

1)

1

i i i i X i i X

e

Idoso

e

P

     

 

(05)

onde 𝐼𝑑𝑜𝑠𝑜 é a variável aleatória que indica a escolha feita; 𝑃𝑖 é a probabilidade do evento

“idoso no mercado de trabalho” ocorrer; X é a matriz de características do idoso e β é o vetor de parâmetros a ser estimado. A fim de linearizar o modelo e obter os parâmetros, a seguinte transformação logit ao aplicarmos o logaritmo é realizada:

1 i i X i i i i i P Y ln ln e X P            (06)

A equação transformada possui diversas propriedades do modelo de regressão linear e é chamada de função logit caracterizada por ser linear nos parâmetros. O vetor Xi

representa as características dos idosos que podem afetar sua decisão de participar ou não do mercado de trabalho. Dessa forma, o modelo terá a seguinte especificação econométrica:

0 1 2 3 ln 1 i i i i i i i P

Y B B Pessoal B Lar B Geográfica

P             (07) Em que ln 1 i i P P   

  representa o logaritmo ponderado das chances favoráveis ao trabalho

idoso; Pessoali denota o conjunto de atributos relativo às características do indivíduo i

(gênero, idade, raça, escolaridade, se chefe de família, se aposentado), 𝐿𝑎𝑟𝑖 descreve o

conjunto de atributos relacionados à família do indivíduo i, Geográficai corresponde

variável de localização regional do indivíduo; e 𝜀 corresponde ao termo de erro estocástico. Desse jeito, a problemática do trabalho idoso poderá ser devidamente estimada considerando variáveis explicativas como as expostas no Quadro 1:

(15)

147

Quadro 1- Nordeste: Descrição dos dados utilizados nas estimações

Variáveis Descrição das variáveis

Variável dependente

Trabalho idoso 1 (se o indivíduo trabalha) ou 0 (caso contrário)

Variável independente Atributo Pessoal

Gênero 1 para homem e 0 para mulher Idade Idade aferida em anos de vida Branco 1 para raça branca e 0 caso contrário

Escolaridade Cada série com aprovação é considerado como um ano de estudo Chefe 1 para posição de responsável pelo domicílio (chefe) e 0, caso contrário Cônjuge 1 para cônjuge e 0, caso contrário

Aposentado 1 para aposentado e 0 caso contrário

Atributo do lar

Total de moradores Número de componentes da família

Localização Geográfica

Rural 1 para o indivíduo que mora na região Rural e 0 caso contrário

Dummies Estaduais

Foram criadas dummies de controle para cada estado do Nordeste. O objetivo é tentar captar alguma diferença estadual, dada pelas peculiaridades locais de cada estado em relação ao estado da Bahia, que servirá de base de comparação.

Fonte: Elaboração dos autores.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

No referente aos modelos estimados, busca-se maior robustez estatística e acurácia dos resultados. Nesse caso, cabe externar melhor sobre a interpretação do pseudo-R² de McFadden (dado no valor do log da verossimilhança ajustada e no valor do log da verossimilhança da regressão somente com intercepto) e do pseudo-R² de McKelvey e Zavoina (que relaciona a variabilidade da previsão da variável latente com a variabilidade total), pois fornecem uma medida da qualidade de ajustamento do modelo. Em suma, o valor pseudo-R² de McFadden e Pseudo-R² de McKelvey e Zavoina, sugerem melhor grau de ajuste no primeiro ano com aproximadamente 20% e 34%, respectivamente. Ressalta-se ainda que, em linhas gerais, em 2003 e 2013, o modelo prevê, respectivamente, 80,89% e 83,53% das observações corretamente, indicando que o número de casos classificados de forma correta supera as ocorrências classificadas de maneira errônea, bem como ratificam a qualidade do ajustamento do modelo.

(16)

148

A seguir, tem-se, na Figura 3, a curva de Característica de Operação do Receptor (ROC), que relaciona os indicadores de sensibilidade e de especificidade. Observa-se que independente do ano, o modelo aferiu uma área sob a curva ROC de pouco mais de 0,77. Tal informação sinaliza, de forma geral, que em termos de precisão preditiva, o modelo consegue discriminar de forma satisfatória os idosos que trabalhavam ou não no período de referência da pesquisa3.

Figura 3 – Nordeste: Curva de Característica de Operação do Receptor (ROC).

(I) 2003 (II) 2013

Fonte: Elaboração dos autores a partir dos dados da PNAD.

Na Tabela 1, expõe-se a análise dos efeitos marginais dos coeficientes associados às covariadas do modelo Logit para o ano de 2003 e 2013, respectivamente.

Tabela 1- Nordeste: Efeito marginal da participação do idoso no mercado de trabalho

2003 2013 Idade -0.0130* -0.0109* (0.0008) (0.0007) Homem 0.2189* 0.1777* (0.0098) (0.0081) Branco 0.0022 -0.0044 (0.0095) (0.0085) Aposentado -0.0680* -0.0607* (0.0119) (0.0095) Escolaridade 0.0036* 0.0054* (0.0012) (0.0009) Chefe 0.1195* 0.0846* (0.0142) (0.0129) Cônjuge 0.1150* 0.0710* 3

O modelo com área sob a curva ROC igual ou superior a 0,70 é considerando como desempenho satisfatório em termos de discriminação de indivíduos de diferentes agrupamentos de respostas (HOSMER; LEMESHOW, 2000).

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(0.0168) (0.0145) Total de moradores 0.0081* 0.0030 (0.0027) (0.0029) Rural 0.2019* 0.1076* (0.0090) (0.0088) Ceará 0.0169 0.0180*** (0.0121) (0.0109) Maranhão 0.0245 0.0259*** (0.0189) (0.0144) Piauí 0.0578* 0.1116* (0.0189) (0.0154) Paraíba 0.0290 0.0004 (0.0177) (0.0172) Pernambuco -0.0246*** -0.0424* (0.0126) (0.0114) Alagoas -0.0922* -0.0089 (0.0239) (0.0192) Sergipe -0.0113 -0.0213 (0.0227) (0.0179) McKelvey and Zavoina's R2 0.346 0.290

McFadden's R2 0.199 0.155

Classificações corretas 80.89% 83.53%

Observações 7530 8512

Fonte: Elaboração dos autores com base nos dados da PNAD.

Nota: Desvios padrão computados pelo método Delta. O parâmetro estatisticamente significativo a *** 0.1 ** 0.05 * 0.01.

Como visto, são selecionadas variáveis baseadas na literatura empírica para macrorregião Nordeste, buscando captar as potenciais influências das características individual, familiar e local sobre as probabilidades de ofertar ou não trabalho idoso.

Verifica-se, em geral, que os parâmetros apresentam sinais e significância estatística condizentes com a literatura. No tocante ao gênero, nota-se que os homens idosos são mais propensos a trabalhar em relação às idosas, representando, no último período, um aumento estimado de 17,7 pp (pontos percentuais). Para Carrera-Fernandez e Menezes (2001), tal fenômeno está associado ao fato de que a mulher idosa está mais dedicada aos afazeres do lar. Ademais, atrelem-se alguns fatores culturais relativos à participação feminina no mercado de trabalho.

Os idosos com status de chefes ou cônjuge do responsável pelo lar apresentam-se com maior probabilidade de participar do mercado de trabalho nordestino. Adicionalmente, verifica-se que quanto mais educado (mais anos de estudo) for o idoso, maior a propensão do mesmo a permanecer na força de trabalho, sendo este efeito mais evidente em 2013,

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representando um incremento de 0,5 pp para cada ano adicional de estudo. De acordo com Souza (2003), a educação é um fator fundamental para a manutenção dos trabalhadores no mercado de trabalho. Logo, aqueles indivíduos mais educados devem apresentar menores taxas de saída para a inatividade.

A idade é estatisticamente significativa e negativamente correlacionada com a propensão do idoso participar do mercado de trabalho. Ou seja, quanto mais velho for o indivíduo, menor a probabilidade de ofertar trabalho na velhice, corroborando com os achados de Queiroz e Ramalho (2009) e Carrera-Fernandez e Menezes (2001).

No que tange ao número de membros da família, o mesmo não terá impacto sobre a participação laboral idosa em 2013, diferente do observado em 2003, onde quanto maior o número de componentes da família maior, a probabilidade de participar do mercado de trabalho na velhice.

No que se refere à variável “Aposentados”, independente do ano, o resultado é significativo com efeito negativo sobre o trabalho idoso, mas isso já era esperado. De acordo com Queiroz e Jacinto (2012), os aposentados tendem a alocar menos horas de trabalho semanal do que antes da aposentadoria, isto é, transitam de uma participação integral no mercado de trabalho para uma participação parcial. Desta maneira, o benefício de aposentadoria colabora para elevar a preferência por mais lazer por parte dos aposentados, de forma contrária ao que ocorre com os nãos aposentados (LAZEAR, 1986; SOUZA, 2003).

Por fim, o fato de residir no meio rural tende em aumentar a probabilidade de o idoso permanecer e/ou se reengajar no mercado de trabalho. Adicionalmente, averígua-se que os idosos mais propensos a participar do mercado de trabalho são aqueles residentes nos Estados do Piauí, Maranhão e Ceará, com taxas de incremento na probabilidade de 11pp., 2,5 pp e 1,8 pp, respectivamente.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na atualidade, a percepção do que é estar na terceira idade modificou-se. Décadas atrás, a velhice estava associada tanto à incapacidade física como intelectual. Essa mudança se deve à melhoria de vida da população, principalmente, entre os indivíduos idosos, que

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possuem mais vitalidade, melhor qualidade de vida e maior participação na renda familiar no decorrer do processo histórico do país.

O incremento da longevidade é uma tendência em plena expansão, não só no Brasil como também no mundo. As projeções nos mostram que o Brasil está deixando de ser um país jovem e se tornando um país cada vez mais envelhecido. Tal fato acaba impactando e modificando a estrutura social de diferentes formas: econômica, social (arranjos familiares), política, previdenciária, entre outras.

Os achados neste estudo confirmam a relação negativa entre idade e participação no mercado de trabalho. Diante deste cenário, torna-se cada vez mais necessário a implantação de políticas públicas direcionadas à pessoa idosa, sobretudo para melhor entender pontos fundamentais como previdência e interdependência de tais gerações com as gerações futuras.

Em linhas gerais, as estimativas evidenciaram que a participação dos idosos está relacionada ao fato deste ser homem, chefe de família ou cônjuge. Destaca-se, ainda, que a variável educação, aparentemente, tornou-se fator fundamental para inserção/reinserção do idoso no mercado de trabalho.

O fato de residir no meio rural parece aumentar a probabilidade do idoso permanecer e/ou se reengajar no mercado de trabalho. Por fim, observou-se que os idosos mais propensos a participarem do mercado de trabalho são aqueles residentes nos Estados do Piauí, Maranhão e Ceará, respectivamente.

Como já destacado na Introdução, o Brasil enfrenta dois fenômenos: envelhecimento da população em idade ativa e a não reposição de jovens no mercado de trabalho. Esses fenômenos irão, por fim, pressionar mais acentuadamente o atual falido sistema previdenciário e exigir a maior participação dos idosos no mercado de trabalho.

É neste cenário, que as políticas públicas devem ser construídas. Focar no aproveitamento e melhoramento do potencial intelectual dos profissionais mais velhos. Criar novos programas de apoio a este segmento etário, bem como investimentos na saúde e na requalificação de tais indivíduos. Providenciar a interação dos mais idosos com os mais jovens de modo a trocar experiências de trabalho, por parte dos mais idosos, e por parte dos mais jovens, experiências tecnológicas. Dessa forma, ter-se-á a não exclusão desses grupos etários, gerando melhorias de vida e tornando-os mais valiosos ao mercado de trabalho.

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TRAMITAÇÃO:

Recebido em: 18/1/2018 Aprovado em: 5/9/2018

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