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Comissão Parlamentar de Inquérito

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Academic year: 2021

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Comissão Parlamentar de Inquérito

Inicialmente, vejamos o que dispõe a Constituição Federal sobre o tema: § 3o - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço (1/3) de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

De acordo com Pedro Lenza:

Entendemos que esse papel desempenhado de fiscalização e controle da Administração é verdadeira FUNÇÃO TÍPICA do Poder Legislativo, tanto que o art. 70, caput, da CF/88 estabelece que a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Ainda, a função fiscalizadora exercida pelo Poder Legislativo consagra a perspectiva dos freios e contrapesos, muito bem delimitada na Constituição de 1988.

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Desta forma, conforme as lições do Professor Márcio André, podemos concluir que a CPI é:

- comissão (conjunto de parlamentares) - temporária

- constituída dentro de qualquer uma das Casas Legislativas existentes (Câmara dos Deputados, Senado Federal, Assembleia Legislativa, Câmara Municipal, Câmara Distrital) - com o objetivo de investigar um fato determinado

- por um prazo certo

- gozando, para isso, de poderes de investigação próprios das autoridades judiciais (além de outros previstos no Regimento Interno).

As comissões parlamentares de inquérito podem ser constituídas em âmbito federal, estadual ou municipal.

Também é possível a criação de CPIs no plano Estadual e Municipal (ADI 1.001), desde que seja observado o modelo desenhado na Constituição Federal. Sobre o tema, vejamos o seguinte julgado de lavra do STF:

“O modelo federal de criação e instauração das comissões parlamentares de inquérito constitui matéria a ser compulsoriamente observada pelas casas legislativas estaduais”. ADI 3.619, Rel. Min. Eros Grau.

Quais são os requisitos para criação de uma CPI?

a) 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados (171 Deputados);

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b) 1/3 dos membros do Senado;

c) 1/3 membros do CN (comissão mista)

Sobre o tema, é importante verificarmos o recente julgado do STF tratando sobre a CPI da pandemia. In verbis:

A instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito depende unicamente do preenchimento dos requisitos previstos no art. 58, § 3º, da Constituição Federal, ou seja:

a) o requerimento de um terço dos membros das casas legislativas;

b) a indicação de fato determinado a ser apurado; e c) a definição de prazo certo para sua duração.

STF. Plenário. MS 37760 MC-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 14/4/2021 (Info 1013).

Essa jurisprudência já era pacificada no Tribunal, sendo conhecido como '’Direito Subjetivo das Minorias'’ já tendo sido inclusive cobrado em provas de concurso público. Vejamos:

(Juiz TJ/SC 2019 CESPE) É constitucional a criação de CPI por assembleia legislativa de estado federado ficar condicionada à aprovação de seu requerimento no plenário do referido órgão. R: FALSO!!

Em relação ao objeto da Comissão Parlamentar de Inquérito, é importante verificarmos a lição do Professor LENZA:

A CPI, ao ser instaurada, deve ter por objeto a apuração de fato determinado (cf. HC 71.039). Considera-se fato

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determinado, de acordo com o art. 35, § 1.o, do RICD, o acontecimento de relevante interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e social do País, que estiver devidamente caracterizado no requerimento de constituição da Comissão, não podendo, portanto, a CPI ser instaurada para apurar fato exclusivamente privado ou de caráter pessoal.

As CPIs possuem poderes próprios de instrução processual, ou seja, os poderes conferidos aos juízes na busca da verdade material. Importante ressaltar que a CPI não poderá realizar atos que demandem pronunciamento judicial, como veremos a seguir.

A Lei nº 1.579, prevê o seguinte sobre a CPI:

Art. 1o As Comissões Parlamentares de Inquérito, criadas na forma do § 3o do art. 58 da Constituição Federal, terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com ampla ação nas pesquisas destinadas a apurar fato determinado e por prazo certo.

O grande ponto do assunto CPI é, sem dúvidas, a jurisprudência, principalmente quando estamos falando da CESPE, motivo pelo qual ela será bastante explorada a seguir:

STF - HABEAS CORPUS HC 100341 AM (STF) Data de publicação: 01/12/2010

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Ementa: EMENTA: Habeas corpus. Comissão Parlamentar de Inquérito. Atividades investigatórias específicas simultaneamente realizadas por órgão jurisdicional e comissão parlamentar de inquérito. Viabilidade. Utilização, por CPI, de documentos oriundos de inquérito sigiloso. Possibilidade. Investigação, por CPI, da suposta participação de magistrado em fatos ilícitos não relacionados com o exercício de atividades estritamente jurisdicionais. Aposentadoria superveniente. Pedido prejudicado. Extensão dos trabalhos da CPI a fatos conexos ao objeto inicialmente estabelecido. Viabilidade. Direito ao silêncio, garantia contra a auto-incriminação e comunicação com advogado. Aplicabilidade plena. A existência de procedimento penal investigatório, em tramitação no órgão judiciário competente, não impede a realização de atividade apuratória por uma Comissão Parlamentar de Inquérito, ainda que seus objetos sejam correlatos, pois cada qual possui amplitude distinta, delimitada constitucional e legalmente, além de finalidades diversas. Precedentes. As comissões parlamentares de inquérito possuem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, entre os quais a competência para ter acesso a dados sigilosos (art. 58 , § 3o , da Constituição Federal , e art. 2o da Lei no 1.579 /52). Precedentes. A superveniente aposentadoria prejudica a apreciação da possibilidade de uma CPI investigar atos de caráter não jurisdicionais praticados por aquele que era magistrado à época dos fatos. A Comissão Parlamentar de Inquérito poderá estender o âmbito de sua apuração a fatos ilícitos ou irregulares que, no curso do procedimento investigatório, se revelarem conexos à causa determinante da criação da comissão.

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Precedentes. É jurisprudência pacífica desta Corte assegurar-se ao convocado para depor perante CPI o privilégio contra a auto-incriminação, o direito ao silêncio e a comunicar-se com o seu advogado. Precedentes. Ordem parcialmente concedida.

STF - MANDADO DE SEGURANÇA MS 24817 DF (STF) Data de publicação: 05/11/2009

Ementa: COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO -PODERES DE INVESTIGAÇÃO ( CF , ART. 58 , § 3o )-LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS - LEGITIMIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL - POSSIBILIDADE DE A CPI ORDENAR, POR AUTORIDADE PRÓPRIA, A QUEBRA DOS SIGILOS BANCÁRIO, FISCAL E TELEFÔNICO

-NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO DO ATO

DELIBERATIVO - QUEBRA DE SIGILO ADEQUADAMENTE

FUNDAMENTADA - VALIDADE - MANDADO DE

SEGURANÇA INDEFERIDO. A QUEBRA DO SIGILO CONSTITUI PODER INERENTE À COMPETÊNCIA INVESTIGATÓRIA DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO . - A quebra do sigilo fiscal, bancário e telefônico de qualquer pessoa sujeita a investigação legislativa pode ser legitimamente decretada pela Comissão Parlamentar de Inquérito, desde que esse órgão estatal o faça mediante deliberação adequadamente fundamentada e na qual indique a necessidade objetiva da adoção dessa medida extraordinária. Precedentes . - O sigilo bancário, o sigilo fiscal e o sigilo telefônico (sigilo este que incide sobre os dados/registros

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telefônicos e que não se identifica com a inviolabilidade das comunicações telefônicas) - ainda que representem projeções específicas do direito à intimidade, fundado no art. 5o , X , da Carta Política - não se revelam oponíveis, em nosso sistema jurídico, às Comissões Parlamentares de Inquérito, eis que o ato que lhes decreta a quebra traduz natural derivação dos poderes de investigação que foram conferidos, pela própria Constituição da República, aos órgãos de investigação parlamentar. As Comissões Parlamentares de Inquérito, no entanto, para decretar, legitimamente, por autoridade própria, a quebra do sigilo bancário, do sigilo fiscal e/ou do sigilo telefônico, relativamente a pessoas por elas investigadas, devem demonstrar, a partir de meros indícios, a existência concreta de causa provável que legitime a medida excepcional (ruptura da esfera de intimidade de quem se acha sob investigação), justificando a necessidade de sua efetivação no procedimento de ampla investigação dos fatos determinados… Obs. importante: De acordo com o STF e a doutrina majoritária, as CPIs municipais não podem quebrar o sigilo bancário dos investigados (ACO 730, STF).

Bem como é importante mencionar que os atos das CPI’s podem ser objeto de controle pelo Supremo Tribunal Federal por meio de Habeas Corpus ou Mandado de Segurança, sendo a autoridade coatora o presidente da CPI.

De acordo com a visão do STF, a CPI pode:

a) Inquirir testemunhas e, em caso de recusa de comparecimento, determinar a condução coercitiva de testemunhas (esse poder não alcança o convocado na

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condição de investigado, que detém a seu favor o privilégio constitucional de não auto incriminação – direito ao silêncio); b) -Decretar a PRISÃO EM FLAGRANTE, (permitido a qualquer cidadão);

c) -Decretar a quebra dos sigilos: bancário, fiscal e de dados, incluídos os dados telefônicos. Obs.: Não pode fazer interceptação telefônica;

d) Atenção: A quebra de sigilo deve ser fundamentada, não pode ser fundamentada genericamente, sob pena de nulidade. e) – Determinar busca e apreensão NÃO domiciliar, ou seja, em locais públicos;

f) - Obter documentos e informações sigilosas.

“Utilização, por CPI, de documentos oriundos de inquérito sigiloso. Possibilidade.” (HC 100.341, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 4-11-2010, Plenário, DJEde 2-12-2010.).

g) Convocar magistrados para depor sobre a prática de atos administrativos.

h) Determinar a realização de perícias. A CPI não pode:

a) - Ter prazo indeterminado, tendo em vista que o próprio parágrafo fala em prazo certo e fato determinado. Pode ser prorrogada, desde que não passe uma legislatura – 4 anos.

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b) - Oferecer denúncia ao Judiciário, mas tão somente comunicar ao MP e ao órgão de advocacia responsável.

c) - Convocar Chefe do Executivo;

d) Atenção: A quebra de sigilo deve ser fundamentada, não pode ser fundamentada genericamente, sob pena de nulidade. e) – Determinar busca e apreensão NÃO domiciliar, ou seja, em locais públicos;

f) - Obter documentos e informações sigilosos.

“Utilização, por CPI, de documentos oriundos de inquérito sigiloso. Possibilidade.” (HC 100.341, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 4-11-2010, Plenário, DJEde 2-12-2010.).

g) - Convocar magistrados para depor sobre a prática de atos administrativos.

h) Determinar a realização de perícias.

a) - Ter prazo indeterminado, tendo em vista que o próprio parágrafo fala em prazo certo e fato determinado. Pode ser prorrogada, desde que não passe uma legislatura – 4 anos. b) - Oferecer denúncia ao Judiciário, mas tão somente comunicar ao MP e ao órgão de advocacia responsável.

c) - Convocar Chefe do Executivo (1)

d) - Decretar prisão temporária ou preventiva, pois constitui ato sob reserva de jurisdição;

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e) - Decretar a interceptação de comunicações telefônicas, pois a mesma é sujeita à cláusula de reserva de jurisdição; XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

f) –Determinar busca e apreensão domiciliar, pois tal medida está sujeita à reserva de jurisdição;

g) - Decretar medidas assecuratórias constritivas do patrimônio das pessoas, tais como, indisponibilidade de bens, arresto, sequestro ou hipoteca de bens, tendo em vista que o poder geral de cautela e exclusivo dos magistrados;

h) - Determinar a anulação de atos do poder executivo (reserva de jurisdição);

i) - Determinar a quebra de sigilo judicial de processos que tramitam em segredo de justiça;

j) - Determinar medidas cautelares de ordem penal ou civil, pois são atos de reserva de jurisdição.

k) - Convocar magistrados para depor sobre a prática de atos de natureza jurisdicional.

l) - Impedir a presença de advogado, pois todos tem direito à defesa, o que inclui a defesa técnica;

m) Não podem impedir que os investigados saiam da comarca ou país.

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O poder de quebra de sigilo bancário não é conferido às CPIs Municipais (ACO 730/STF).

Bem como é importante salientar que as CPIS podem, de acordo com o STF, enviar o relatório da comissão à autoridade policial. In verbis:

As Comissões Parlamentares de Inquérito – CPI possuem permissão legal para encaminhar relatório circunstanciado não só ao Ministério Público e à Advocacia-Geral da União, mas, também, a outros órgãos públicos, podendo veicular, inclusive, documentação que possibilite a instauração de inquérito policial em face de pessoas envolvidas nos fatos apurados (art. 58, § 3º, CRFB/88, c/c art. 6º-a da Lei 1.579/52, incluído pela Lei 13.367/2016).

STF. Plenário. MS 35216 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/11/2017.

Sobre o tema, a Lei nº 1.579 prevê o seguinte:

Art. 6o-A. A Comissão Parlamentar de Inquérito encaminhará relatório circunstanciado, com suas conclusões, para as devidas providências, entre outros órgãos, ao Ministério Público ou à Advocacia-Geral da União, com cópia da documentação, para que promovam a responsabilidade civil ou criminal por infrações apuradas e adotem outras medidas decorrentes de suas funções institucionais.

Sendo assim, de acordo com a lei e a jurisprudência do STF, temos que a CPI poderá entregar seus relatórios:

1) Ao Ministério Público;

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3) Autoridade Policial competente.

Além disso, as decisões das CPI´s precisam da devida fundamentação, sob pena de nulidade:

A quebra do sigilo, por ato de CPI, deve ser necessariamente fundamentada, sob pena de invalidade. A CPI – que dispõe de competência constitucional para ordenar a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico das pessoas sob investigação do Poder Legislativo – somente poderá praticar tal ato, que se reveste de gravíssimas consequências, se justificar, de modo adequado, e sempre mediante indicação concreta de fatos específicos, a necessidade de adoção dessa medida excepcional. Precedentes.

As CPIs precisam guardar nexo de causalidade com a gestão da coisa pública, ou seja, contrariedade a bens, serviços e interesses públicos, não podendo servir para investigar pessoas ou instituições.

As CPIs Nacionais devem investigar fatos de interesse nacional, não questões relacionadas ao Estado ou Município (proteção ao pacto federativo). Isso não impede que uma CPI nacional realize investigações nos estados ou municípios. Sobre o tema, é interessante destacar a Lei nº 1.579, In verbis:

Art. 2o No exercício de suas atribuições, poderão as Comissões Parlamentares de Inquérito determinar diligências que reputarem necessárias e requerer a convocação de Ministros de Estado, tomar o depoimento de quaisquer autoridades federais, estaduais ou municipais, ouvir os indiciados, inquirir testemunhas sob compromisso, requisitar da administração pública direta, indireta ou fundacional

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informações e documentos, e transportar-se aos lugares onde se fizer mister a sua presença (grifos nossos).

Se fatos conexos com o fato principal surgirem no iter da CPI, eles poderão ser investigados?

De acordo com Bernardo, sim! O STF entende que fatos conexos com o principal poderão ser investigados, desde que haja um aditamento do objeto inicial da CPl.

Importante ressaltar que o regimento interno pode limitar o número de CPIs simultâneas, sem que isso viole a CRFB.

Referências

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