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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o trecho do conto-prefácio Hipotrélico, que integra o livro Tutameia, de João Guimarães Rosa.

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Leia o trecho do conto-prefácio “Hipotrélico”, que integra o livro Tutameia, de João Guimarães Rosa.

Há o hipotrélico. O termo é novo, de impesquisada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou, talvez, vice-dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falto de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar nominalmente a própria existência.

Somos todos, neste ponto, um tento ou cento hipotrélicos? Salvo o excepto, um neologismo contunde, confunde, quase ofende. Perspica-nos a inércia que soneja em cada canto do espírito, e que se refestela com os bons hábitos estadados. Se é que um não se assuste: saia todo-o-mundo a empinar vocábulos seus, e aonde é que se vai dar com a língua tida e herdada? Assenta-nos bem à modéstia achar que o novo não valerá o velho; ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso no passado. [...]

Já outro, contudo, respeitável, é o caso – enfim – de “hipotrélico”, motivo e base desta fábula diversa, e que vem do bom português. O bom português, homem-de-bem e muitíssimo inteligente, mas que, quando ou quando, neologizava, segundo suas necessidades íntimas.

Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano, terceiro, ausente:

– E ele é muito hiputrélico...

Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto:

– Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.

Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo: – Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?

– É. Mas não existe.

Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório:

– O senhor também é hiputrélico...

E ficou havendo.

(Tutameia, 1979.)

01. (UNESP) O efeito cômico do texto deriva, sobretudo, da ambiguidade da expressão a) “homem-de-bem”. b) “bom português”. c) “indesejável maçante”. d) “necessidades íntimas”. e) “indivíduo pedante”. 02. (SIMULADO)

EU NASCI HÁ DEZ MIL ANOS ATRÁS

Raul Seixas

Um dia, numa rua da cidade, eu vi um velhinho sentado na calçada

Com uma cuia de esmola e uma viola na mão O povo parou para ouvir, ele agradeceu as moedas

E cantou essa música, que contava uma história Que era mais ou menos assim:

Eu nasci há dez mil anos atrás

e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais (2x)

Disponível em: <https://www.vagalume.com.br/raul-seixas/eu-nasci-ha-dez-mil-anos-atras.html>. Acesso em: 5 set. 2020.

Para dar expressividade e musicalidade ao gênero letra de canção, faz-se uso de recursos linguísticos. O título da canção, que também faz parte do refrão, utiliza-se de um recurso linguístico ao recorrer ao (à)

a) ambiguidade lexical para expressar a ideia de diversidade do tempo.

b) redundância caracterizada pelo uso lexical para reforçar a temporalidade.

c) pleonasmo baseado no uso de morfemas para reforçar a temporalidade da ação.

d) polissemia para evidenciar as distintas referências dadas às expressões temporais.

e) paronomásia para se referir ao tempo com palavras parecidas, mas significados distintos.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: UMA NOITE REAL NO MUSEU NACIONAL Gira coroa da majestade

samba de verdade, identidade cultural Imperatriz é o relicário

no bicentenário do Museu Nacional Onde a musa inspira a poesia

a cultura irradia o cantar da Imperatriz é um palácio, emoldura a beleza abrigou a realeza, patrimônio é raiz que germinou e floresceu lá na colina a obra-prima viu o meu Brasil nascer no anoitecer dizem que tudo ganha vida paisagem colorida deslumbrante de viver bailam meteoros e planetas

dinossauros, borboletas brilham os cristais

o canto da cigarra em sinfonia

relembrou aqueles dias que não voltarão jamais À luz dourada do amanhecer

as princesas deixam o jardim os portões se abrem pro lazer pipas ganham ares

encontros populares

decretam que a Quinta é pra você

Samba de enredo da escola de samba Imperatriz Leopoldinense em 2018 Compositores: Jorge Arthur, Maninho do Ponto, Julinho Maestro, Marcio Pessi, Piu das Casinhas

03. (CP2) O título do texto, “Uma noite real no Museu Nacional”, apresenta uma série de recursos linguísticos e textuais frequentes em textos literários, como a rima, a intertextualidade e a ambiguidade.

(2)

Considerando os versos do texto, o termo do título que foi empregado com sentido ambíguo é

a) “noite”. b) “real”. c) “Museu”. d) “Nacional”.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Charles Baudelaire, poeta do século XIX, é autor do livro As

Flores do Mal. Nele, seus poemas abordam temas que

questionam as convenções morais da sociedade francesa, sendo, por isso, tachado como obsceno, como um insulto aos bons costumes da época. A partir dele, originaram-se na França os chamados “poetas malditos”.

04. (CPS) O título da charge retoma o título da obra de Baudelaire, As Flores do Mal. O autor, para construir o humor em seu texto, utiliza-se de

a) metalinguagem, na representação das flores, que recitam versos compostos pelo poeta ao próprio Baudelaire. b) saudosismo, nas falas das flores, pois elas representam costumes morais inerentes à sociedade francesa do século XIX.

c) metáfora, na representação do poeta como flores que apenas dizem verdades, indiferentes às regras morais da sociedade.

d) polissemia do substantivo “flores”, uma vez que podem se referir às próprias flores representadas na charge ou aos desejos moralmente rejeitados pelo poeta.

e) ambiguidade na locução adjetiva “do mal”, pois, no título original, a locução representa a temática dos poemas, mas, na charge, representa o conteúdo dos conselhos das flores.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: TODOS ATENTOS OLHANDO PRA TV

"Sabe, Chaves, quando assisto tevê, não consigo dormir." "Pois pra mim é o contrário: quando estou dormindo, não consigo assistir tevê", respondia o Chaves.

Meus pais tentaram, por muito tempo, criar os filhos ao abrigo da televisão, do chocolate. Não durou muito tempo até perceberem que ambos são tão inevitáveis quanto a catapora, e quanto mais tarde chegam, pior é. A primeira vez que comi chocolate, me lembro da sensação de revolta: onde é que isso estava escondido esse tempo todo? Aconteceu também com Chaves e Chapolin. Amava

Bolaños como a um irmão – mas não certamente como o meu irmão o amava: João tinha todos os bonecos de banheira, e o álbum, e o xampu. Talvez pra se eximir da culpa de estarem deixando os filhos assistirem ao SBT, os pais declaravam em voz alta: "isso não é tevê, isso é teatro". E se juntavam a nós, perplexos, tentando entender como aquele ser chapliniano tinha garantido seu espaço na tela, e sobretudo naquele canal, espremido entre aviõezinhos de dinheiro e mulheres seminuas procurando um sabonete na jacuzzi. Chaves conseguiu um milagre: erigiu-se na grade selvagem da TV aberta brasileira sem nudez ou palavrões, pegadinhas ou pirotecnias.

"Chaves, você sabia que a cada duas horas um indivíduo é atropelado na rua?" "Pobre indivíduo! Se eu fosse ele nem saía mais na rua."

DUVIVIER, Gregório. Caviar é uma ova. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. (Adaptado).

05. (CFTMG) Na anedota ao final do texto, o humor decorre da

a) ambiguidade do verbo ‘atropelar’. b) caracterização do indivíduo como pobre. c) significação atribuída ao termo ‘indivíduo’. d) citação de informações descontextualizadas. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A GRAMA DO VIZINHO

Martha Medeiros

Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma.

Estamos todos no mesmo barco.

Há no ar certo queixume sem razões muito claras.

Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem.

De onde vem isso? Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: “Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento”.

Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são, ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.

As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim. Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente.

Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados.

Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores.

“Nunca conheci quem tivesse levado porrada/ todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”.

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Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta. Nesta era de exaltação de celebridades – reais e inventadas – fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas, tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé? Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.

As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.

Fonte: Disponível em: http://www.refletirpararefletir.com.br/4-cronicas-de-marthamedeiros. Acesso em 12/09/2017, às 15h13.

06. (IFAL) A autora, ao mencionar a cantora brasileira Marina Lima e o poeta português Fernando Pessoa, se faz valer de uma estratégia de escrita. Nesse sentido, podemos verificar a presença de a) Polissemia. b) Ambiguidade. c) Paronímia. d) Intertextualidade. e) Paradoxo.

07. (UEL) Paulo Franchetti, em artigo incluído no livro A pau

a pedra a fogo a pique: dez estudos sobre a obra de Paulo Leminski (Curitiba: Imprensa Oficial, 2010), salienta a

preocupação do poeta com a comunicação e com o leitor, expressa em textos críticos e presente nos poemas do autor.

Com base nessa avaliação e na leitura dos poemas de Paulo Leminski, assinale a alternativa correta.

a) A comunicação é atingida pelo rechaço a poemas extensos preteridos por poemas curtos desprovidos de mensagens cifradas, medida que tem como objetivo conduzir o leitor a uma leitura mais automatizada.

b) A comunicação é procurada pela adoção de recursos visuais que se somam aos componentes verbais e propiciam efeitos em sintonia com a vida moderna do leitor. c) A comunicação é sustentada pelo abandono de rima e métrica, entendidas agora como práticas poéticas que impedem a compreensão dos versos pelo leitor de poemas mais tradicionais.

d) A comunicação com o leitor erudito é assegurada pela restrição à ambiguidade e à polissemia, inibidas pela incorporação dos recursos visuais.

e) A comunicação idealizada pelo poeta prevê que o uso da linguagem verbal seja substituído por recursos visuais para permitir ao leitor iniciante o acesso à poesia.

08. (CFTRJ)

A tira é um gênero que apresenta linguagem verbal e não verbal e, geralmente, propõe uma reflexão por meio do humor. No plano verbal, o humor da tira:

a) tem como foco principal a imagem do carro para ilustrar a situação econômica do pai do personagem.

b) baseia-se na polissemia do termo “crise”, ora relacionado à situação econômica, ora a uma fase da vida.

c) baseia-se na linguagem não verbal, que apresenta dois amigos assustados com o tamanho do carro.

d) está centrado na hipérbole, observada na fala do personagem Armandinho, quando usa a palavra “gigante”. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

09. (UEG) Em termos verbais, o humor da tira é construído a partir da polissemia presente na palavra

a) engenheiro b) resolvido c) cadeira d) grande e) subir

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O SEQUESTRO DAS PALAVRAS

Gregório Duvivier

Vamos supor 1que toda palavra tenha uma vocação primeira. A palavra mudança, por exemplo, nasceu filha da transformação e da troca, e desde pequena 2servia para descrever o processo de mutação de uma coisa em outra coisa que não deixou de ser, na essência, a mesma coisa

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3– quando a coisa é trocada por outra coisa, não é mudança, é substituição. A palavra justiça, por exemplo, brotou do casamento dos direitos com a igualdade (sim, foi um ménage): 4servia para tornar igual aquilo que tinha o direito de ser igual 5mas não estava sendo tratado como tal. 6No entanto as palavras cresceram. E, assim como as 7pessoas, 8foram sendo contaminadas pelo mundo __________ sua volta. As palavras, 9coitadas, não sabem escolher amizade, não sabem dizer não. A liberdade, por exemplo, é dessas palavras que só dizem sim. Não nasceu de ninguém. Nasceu contra tudo: a prisão, a dependência, o poder, o dinheiro 10– mas não se espante se você vir __________ liberdade vendendo absorvente, desodorante, cartão de crédito, empréstimo de banco. A publicidade vive disso: dobrar as melhores palavras sem pagar direito de imagem. Assim, você 11verá as palavras ecologia e esporte juntarem-12se numa só para criar o EcoSport 13– existe algo menos ecológico ou esportivo que um carro14? Pobres palavras. Não 15tem advogados. Não precisam assinar termos de autorização de imagem. Estão aí, na praça, gratuitas.

Nem todos aceitam que as palavras 16sejam sequestradas ao bel-prazer do usuário. A 17política é o campo de guerra onde se 18disputa a posse das palavras. A “ética”, filha do caráter com a moral, transita de um lado para o outro dos conflitos, assim como a Alsácia-Lorena, e não sem guerras sanguinárias. Com um revólver na cabeça, é obrigada __________ endossar os seres mais amorais e sem caráter. A palavra mudança, que sempre andou com __________ esquerdas, foi sequestrada pelos setores mais conservadores da sociedade 19– que fingem querer mudar, quando o que querem é trocar 20(para que não se mude mais). 21A Justiça, coitada, foi cooptada por quem atropela direitos e desconhece a igualdade, confundindo-a o tempo todo com seu primo, o justiçamento, filho do preconceito com o ódio.

Já a palavra impeachment, recém-nascida, filha da democracia com a mudança, 22está escondida num porão: 23emprestaram suas 24roupas __________ palavra golpe, que desfila por aí usando seu nome e seus documentos. Enquanto isso, a palavra jornalismo, coitada, agoniza na UTI. As palavras não lutam sozinhas. É preciso lutar por elas.

Texto publicado em 21 mar. 2016. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2016/03/175

2170-o-sequestro-das-palavras.shtml>. Acesso em: 06 abr. 2016.

10. (IFSUL) O título do texto “O sequestro das palavras” se justifica porque

a) as palavras não são utilizadas adequadamente, o que ocasiona os mal-entendidos e os desvios da comunicação. b) a polissemia, entendida como multiplicidade de sentido das palavras, pode interferir negativamente na construção do discurso.

c) a utilização das palavras tem-nas afastado do seu sentido literal, forçando-as a incorporarem novos significados.

d) o sentido unívoco expresso pelas palavras está em desacordo com o interesse de quem as utiliza em cada situação.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

O contexto é a Argentina da década de 70 ou 80 do século passado.

11. (IFSC) Assinale a afirmação CORRETA.

a) O humor da tirinha se baseia, em parte, na polissemia da palavra campo, que aparece com sentidos diferentes no segundo e no quarto quadrinhos.

b) No quarto quadrinho, a palavra vaca deve ser entendida necessariamente como o animal, não sua carne.

c) O texto faz uma crítica à formação deficiente dos profissionais argentinos, que são exportados para o exterior como matéria-prima, sendo comparados por Mafalda a carne de vaca.

d) A pergunta final de Mafalda é descabida, uma vez que as vacas não vão para o exterior estudar como os profissionais argentinos.

e) Na afirmação inicial de Mafalda, de que “todo mundo que se forma vai embora para o estrangeiro”, entrevê-se uma crítica negativa à qualidade do sistema educacional argentino.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: TEXTO I

A REDE VEIA

Luiz Queiroga e Cel. Ludugero

Eu tava com a Felomena Ela quis se refrescar O calor tava malvado Ninguém podia aguentar Ela disse meu Lundru Nós vamos se balançar A rede veia comeu foi fogo Foi com nois dois pra lá e pra cá

Começou a fazer vento com nois dois a palestrar Filomena ficou beba de tanto se balançar Eu vi o punho da rede começar a se quebrar A rede veia comeu foi fogo

Só com nois dois pra lá e pra cá

A rede tava rasgada e eu tive a impressão Que com tanto balançado nois terminava no chão Mas Felomena me disse, meu bem vem mais pra cá A rede veia comeu foi fogo

Foi com nois dois pra lá e pra cá

Disponível em http://www.luizluagonzaga.mus.br/index.php? option=com_content&task=view&id=&&&Itemid= 103 Acessado em: 02 ago 2011.

(5)

5 TEXTO II PESCARIA Dorival Caymmi Ô canoeiro, bota a rede, bota a rede no mar ô canoeiro,

bota a rede no mar. Cerca o peixe, bate o remo, puxa a corda, colhe a rede, ô canoeiro,

puxa a rede do mar.

Vai ter presente pra Chiquinha ter presente pra laiá,

canoeiro, puxa a rede do mar. Cerca o peixe,

bate o remo, puxa a corda, colhe a rede, ô canoeiro,

puxa a rede do mar. Louvado seja Deus, ó meu pai.

Disponível em: http://www.miltonnascimento.com.br/#/obra. Acessado em: 02 ago 2011.

TEXTO III A REDE

Lenine e Lula Queiroga

Nenhum aquário é maior do que o mar Mas o mar espelhado em seus olhos Maior me causa o efeito

De concha no ouvido Barulho de mar Pipoco de onda

Ribombo de espuma e sal Nenhuma taça me mata a sede Mas o sarrabulho me embriaga Mergulho na onda vaga E eu caio na rede, Não tem quem não caia E eu caio na rede, Não tem quem não caia

Às vezes eu penso que sai dos teus olhos o feixe De raios que controla a onda cerebral do peixe Nenhuma rede é maior do que o mar

Nem quando ultrapassa o tamanho da Terra Nem quando ela acerta,

Nem quando ela erra

Nem quando ela envolve todo o Planeta Explode e devolve pro seu olhar O tanto de tudo que eu tô pra te dar Se a rede é maior do que o meu amor Não tem quem me prove

Se a rede é maior do que o meu amor Não tem quem me prove

Disponível em: http://www.lenine.com.br/faixa/a-rede-1 Acessado em: 02 ago 2011.

TEXTO IV NINA

Chico Buarque

Nina diz que tem a pele cor de neve E dois olhos negros como o breu Nina diz que, embora nova Por amores já chorou Que nem viúva

Mas acabou, esqueceu

Nina adora viajar, mas não se atreve Num país distante como o meu Nina diz que fez meu mapa E no céu o meu destino rapta O seu

Nina diz que se quiser eu posso ver na tela A cidade, o bairro, a chaminé da casa dela Posso imaginar por dentro a casa

A roupa que ela usa, as mechas, a tiara Posso até adivinhar a cara que ela faz Quando me escreve

Nina anseia por me conhecer em breve Me levar para a noite de Moscou Sempre que esta valsa toca

Fecho os olhos, bebo alguma vodca E vou

Disponível em: http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=nina_2

011.htm Acessado em: 02 ago 2011.

12. (UFF) Os textos I, II, III e IV são letras de canções brasileiras, compostas em diferentes momentos, e apresentam palavras e expressões que remetem, de modo explícito ou sugerido, a alguns dos muitos sentidos da palavra rede.

Assinale a afirmativa correta em relação às possibilidades de interpretação dos fragmentos selecionados.

a) “ô canoeiro, / bota a rede no mar” (Texto II, linhas 4 – 5). A palavra rede constrói uma metáfora com o mesmo sentido usado na expressão rede bancária.

b) “A rede veia comeu foi fogo / Só com nois dois pra lá e pra cá” (Texto 1, linhas 12 – 13). A palavra rede, empregada com valor conotativo nesses versos, possui sentido equivalente à expressão rede de arrasto.

c) “Nina diz que se quiser eu posso ver na tela / A cidade, o bairro, a chaminé da casa dela” (Texto IV, linhas 12 – 13). A palavra tela é empregada metonimicamente e remete às comunicações realizadas por meio de redes de computadores.

d) “E eu caio na rede / Não tem quem não caia” (Texto III, linhas 13 – 14). A expressão cair na rede é usada em sentido figurado e possui o mesmo sentido de cair da rede. e) “Nenhuma rede é maior do que o mar / Nem quando ultrapassa o tamanho da Terra” (Texto III, linhas 17 – 18). O trecho desfaz a polissemia da palavra rede, que pode aí ser entendida somente como rede usada para apanhar

peixe.

13. (ITA) O poema abaixo, "Gioconda (Da Vinci)", de Carlos Drummond de Andrade, refere-se a uma célebre tela renascentista:

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O ardiloso sorriso alonga-se em silêncio

para contemporâneos e pósteros ansiosos, em vão, por decifrá-lo. Não há decifração. Há o sorriso.

(Em: Farewell. Rio de Janeiro: Record, 1996.)

Não se pode afirmar que o poema

a) faz uso de metalinguagen num sentido amplo, pois é uma obra de arte que fala de outra.

b) procura se inserir no debate que a tela Gioconda provoca desde a Renascença.

c) mostra que são inúmeros os significados do sorriso da

Gioconda.

d) garante não haver razão alguma para a polêmica, como diz o último verso.

e) ilustra a polissemia de obras de arte, inclusive do próprio poema.

14. (UFF)

NANI. "Se arrependimento matasse..." Rio de Janeiro: Veloc, 2001.

Na charge de Nani, a inscrição – MORATÓRIA AINDA QUE TARDIA - propõe:

a) a permanência do conceito de prorrogação, adiamento e demora como traço cultural de nossa identidade;

b) a polissemia do lema da Inconfidência Mineira, associada ao conceito de moratória como uma prática política viável; c) uma possibilidade de leitura que ratifica o caráter transitório dos conceitos de liberdade e de moratória; d) a resignificação do lema da Inconfidência Mineira: LIBERTAS QUAE SERA TAMEN, indicando a permanência, no século XXI, de um ideário de libertação do século XVIII;

e) a conexão sintática de temporalidade que mantém, atual, o ideário do século XVIII.

15. (UFU) Há uma pequena árvore na porta de um bar, todos passam e dão uma beliscada na desprotegida árvore. Alguns arrancam folhas, alguns só puxam e outros, às vezes, até arrancam um galho. O homem que vive na periferia é igual a essa pequena árvore, todos passam por ele e arrancam-lhe algo de valor. A pequena árvore é protegida pelo dono do bar, que põe em sua volta uma armação de madeira; assim, ela fica segura, mas sua beleza é escondida. O homem que vive na periferia, quando resolve buscar o que lhe roubaram, é posto atrás das grades pelo sistema. Tentam proteger a sociedade dele, mas também escondem sua beleza.

FERRÉZ. Capão Pecado. São Paulo: Labortexto, 2000.

Tomada, isoladamente, a proposição “Tentam proteger a sociedade dele” poderia ser considerada ambígua. Para explicitar o sentido que essa oração assume no contexto em que foi empregada, a expressão “a sociedade dele” deve ser substituída por

a) a sociedade contra ele. b) a sociedade para ele. c) a sociedade com ele. d) a sua sociedade.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

NORUEGA COMO MODELO DE REABILITAÇÃO DE CRIMINOSOS

O Brasil é responsável por uma das mais altas taxas de reincidência criminal em todo o mundo. No país, a taxa média de reincidência (amplamente admitida, mas nunca comprovada empiricamente) é de mais ou menos 70%, ou seja, 7 em cada 10 criminosos voltam a cometer algum tipo de crime após saírem da cadeia.

Alguns perguntariam "Por quê?". E eu pergunto: "Por que não?" O que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir aqueles que cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece, para que essa situação realmente aconteça? Presídios em estado de depredação total, pouquíssimos programas educacionais e laborais para os detentos, praticamente nenhum incentivo cultural, e, ainda, uma sinistra cultura (mas que diverte muitas pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança é uma festa, dizia Nietzsche).

Situação contrária é encontrada na Noruega. Considerada pela ONU, em 2012, o melhor país para se viver (1º no ranking do IDH) e, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Avante Brasil, o 8º país com a menor taxa de homicídios no mundo, lá o sistema carcerário chega a reabilitar 80% dos criminosos, ou seja, apenas 2 em cada 10 presos voltam a cometer crimes; é uma das menores taxas de reincidência do mundo. Em uma prisão em Bastoy, chamada de ilha paradisíaca, essa reincidência é de cerca de 16% entre os homicidas, estupradores e traficantes que por ali passaram. Os EUA chegam a registrar 60% de reincidência e o Reino Unido, 50%. A média europeia é 50%.

A Noruega associa as baixas taxas de reincidência ao fato de ter seu sistema penal pautado na reabilitação e não na punição por vingança ou retaliação do criminoso. A reabilitação, nesse caso, não é uma opção, ela é obrigatória. Dessa forma, qualquer criminoso poderá ser condenado à pena máxima prevista pela legislação do país (21 anos), e, se o indivíduo não comprovar estar totalmente reabilitado para o convívio social, a pena será prorrogada, em mais 5 anos, até que sua reintegração seja comprovada.

O presídio é um prédio, em meio a uma floresta, decorado com grafites e quadros nos corredores, e no qual as celas não possuem grades, mas sim uma boa cama, banheiro com vaso sanitário, chuveiro, toalhas brancas e porta, televisão de tela plana, mesa, cadeira e armário, quadro para afixar papéis e fotos, além de geladeiras. Encontra-se lá uma ampla biblioteca, ginásio de esportes, campo de futebol, chalés para os presos receberem os familiares, estúdio de gravação de música e oficinas de trabalho. Nessas oficinas são oferecidos cursos de formação profissional, cursos educacionais, e o trabalhador recebe uma pequena remuneração. Para controlar o ócio, oferecer muitas atividades, de educação, de trabalho e de lazer, é a estratégia.

(7)

7

A prisão é construída em blocos de oito celas cada (alguns dos presos, como estupradores e pedófilos, ficam em blocos separados). Cada bloco tem sua cozinha. A comida é fornecida pela prisão, mas é preparada pelos próprios detentos, que podem comprar alimentos no mercado interno para abastecer seus refrigeradores.

Todos os responsáveis pelo cuidado dos detentos devem passar por no mínimo dois anos de preparação para o cargo, em um curso superior, tendo como obrigação fundamental mostrar respeito a todos que ali estão. Partem do pressuposto que, ao mostrarem respeito, os outros também aprenderão a respeitar.

A diferença do sistema de execução penal norueguês em relação ao sistema da maioria dos países, como o brasileiro, americano, inglês, é que ele é fundamentado na ideia de que a prisão é a privação da liberdade, e pautado na reabilitação e não no tratamento cruel e na vingança. O detento, nesse modelo, é obrigado a mostrar progressos educacionais, laborais e comportamentais, e, dessa forma, provar que pode ter o direito de exercer sua liberdade novamente junto à sociedade.

A diferença entre os dois países (Noruega e Brasil) é a seguinte: enquanto lá os presos saem e praticamente não cometem crimes, respeitando a população, aqui os presos saem roubando e matando pessoas. Mas essas são consequências aparentemente colaterais, porque a população manifesta muito mais prazer no massacre contra o preso produzido dentro dos presídios (a vingança é uma festa, dizia Nietzsche).

LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista, diretor-presidente do Instituto Avante Brasil e coeditor do Portal atualidadesdodireito.com.br. Estou no blogdolfg.com.br. ** Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora do Instituto Avante Brasil. FONTE: Adaptado de

http://institutoavantebrasil.com.br/noruega-como-modelo-de-reabilitacao-de-criminosos/. Acessado em 17 de março de 2017.

16. (ESPCEX) "Mas essas são consequências aparentemente colaterais, porque a população manifesta muito mais prazer no massacre contra o preso produzido dentro dos presídios ".

Há um trecho, dentro do período destacado acima, que provoca ambiguidade. Marque-o:

a) aparentemente colaterais b) produzido dentro dos presídios c) contra o preso

d) manifesta mais prazer e) no massacre

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: SAUDADE DE ESCREVER

Apesar da concorrência (internet, celular), a carta continua firme e forte. Basta uma folha de papel, selo, caneta e envelope para que uma pessoa do Rio Grande do Norte, por exemplo, fique por dentro das fofocas registradas por um amigo em São Paulo, dois dias depois. “Adoro receber cartas, fico super ansiosa para descobrir o que está escrito”, conta Lívia Maria, de 9 anos. Mas ela admite que faz tempo que não escreve nenhuma cartinha. “As últimas foram para a Angélica e para um dos programas do Gugu.”

Isabela, de 9 anos, lembra que, quando morava em Curitiba, no Paraná, trocava correspondência com sua amiga Raquel, que vive em Belo Horizonte, Minas Gerais. “Eu ficava sabendo das novidades e não gastava dinheiro com telefonemas.”

Já Amanda, de 10 anos, também gosta de receber cartinhas, mas prefere enviar e-mails. “Atualmente estou conversando com meu primo que está nos Estados Unidos via computador, já que a mensagem chega mais rápido e não pago interurbano.”

TOURRUCCO, Juliana. Saudade de escrever. O Estado de São Paulo, p.5, 25 jul.1998. Suplemento infantil. 17. (IFAL) O adjunto adverbial vem, normalmente, no final da frase, mas ele pode aparecer em outra posição, basta que se indique esse deslocamento com a vírgula. A colocação inadequada do adjunto adverbial, porém, poderá prejudicar a compreensão da frase. É o que acontece na fala da Amanda, no texto. Das cinco reestruturações apresentadas nas alternativas a seguir, uma continua com problema. Marque-a.

a) Atualmente, via computador, estou conversando com meu primo que está nos Estados Unidos.

b) Atualmente estou, via computador, conversando com meu primo que está nos Estados Unidos.

c) Atualmente estou conversando, via computador, com meu primo que está nos Estados Unidos.

d) Atualmente estou conversando com meu primo, via computador, que está nos Estados Unidos.

e) Via computador, atualmente estou conversando com meu primo que está nos Estados Unidos.

18. (ESPM) Em uma das frases ocorre uma ambiguidade ou duplo sentido. Identifique-a:

a) Ex-presidente recorreu ao Comitê da ONU acusando o juiz de violar seus direitos.

b) Sem placa orientadora, taxistas evitam corredor de ônibus, mesmo após liberação pela Prefeitura.

c) “Pokémon Go” leva jogadores à caça em cemitérios e igrejas no Brasil.

d) Líderes governamentais com tensões e saias-justas na mala vão à China para o G20.

e) O ministro do STF afirmou que os integrantes do Ministério Público Federal devem “calçar as sandálias da humildade”.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: PARA QUE NINGUÉM A QUISESSE

Marina Colasanti

Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e parasse de se pintar. Antes disso, sua beleza chamava a atenção, e ele foi obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos altos. Dos armários tirou as roupas de seda, das gavetas tirou todas as joias. E vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos.

Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por ela. Esquivava-se como um gato, não mais atravessava praças. E evitava sair.

Tão esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que fluísse em silêncio pelos cômodos, mimetizada com os móveis e as sombras.

Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar-se em seus dias. Não saudade da mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por ela.

(8)

À noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos.

Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido numa gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cômoda.

Do livro: Contos de Amor Rasgado

19. (IFAL) Em “Dos armários tirou as roupas de seda, das gavetas tirou todas as joias.” temos uma mudança na ordem direta da frase, de modo que o advérbio ficou deslocado de sua posição mais habitual, que seria após o verbo: “Tirou dos armários as roupas de seda” e “Tirou das gavetas todas as joias”.

Assinale a alternativa em que uma nova posição do advérbio não altera o sentido da frase original nem gera ambiguidade:

a) Tirou as roupas dos armários de seda. b) Tirou as roupas de seda dos armários. c) Tirou dos armários de seda as roupas. d) Dos armários de seda tirou as roupas. e) Das roupas de seda tirou o armário.

20. (UEPB) Leia a piada e marque a alternativa correta: O marido, ao chegar em casa, no final da noite, diz à mulher, que já estava deitada,

- Querida, eu quero amá-la.

A mulher, que está dormindo, com a voz embolada, responde:

A mala... ah! Não sei onde está, não. Use a mochila que está no maleiro do quarto de visitas.

- Não é isso, querida, hoje vou amar-te.

- Por mim, você pode ir até Júpiter, Saturno e até ao raio que o parta, desde que me deixe dormir em paz...

a) A ambiguidade mostrada no texto se dá apenas no nível semântico.

b) A piada chama a atenção para o uso incorreto dos oblíquos.

c) O sentido do texto foi prejudicado pela fusão do uso de você e tu na pessoa do discurso.

d) A confusão do sentido se deu em razão do equívoco no uso dos oblíquos, pois o adequado seria o termo “lhe”. e) O humor da piada consiste no jogo fonético/semântico causado pelo uso dos pronomes oblíquos.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

VOCÊ RECONHECE QUANDO CHEGA A FELICIDADE? Tenho uma forte antipatia pela obrigação de ser feliz que acompanha o Carnaval. 17Quem foge da folia ganha o rótulo de antissocial, depressivo ou chato. Nada contra o Carnaval. Apenas contra essa confusão de conceitos. Uma festa alegre não significa que você esteja plenamente feliz. E 18forçar uma situação de felicidade tem tudo para terminar em arrependimento e frustração.

8Aliás, você reconhece a felicidade quando ela chega? Sabe que está sendo feliz naquele momento? Espere um pouco antes de responder. Pense de novo. Estamos falando de felicidade! Não de uma alegria qualquer. E qual é a diferença? Bem, descrever a felicidade não é fácil. 1Ela é muito recatada. Não fica ali posando para foto, sabe? Mas um Manual de Reconhecimento da felicidade diria mais ou menos o seguinte: 9ela é mansa. Não faz barulho. Ao mesmo tempo é farta. 13Quando chega, ocupa um espaço

danado. Apesar disso, você quase não repara que ela está ali. 10Se chamar a atenção, não é ela. É euforia. Alegria. 2A licenciosidade de uma noite de Carnaval. 3Ou um reles frenesi qualquer, disfarçado de felicidade.

A dita cuja é discreta. Discretíssima. E muito tranquila. Ela o faz dormir melhor. E olha, vou lhe contar 19uma coisa: a felicidade é inimiga da ansiedade. As duas não podem nem se ver. Essa é a melhor pista para o seu Manual de Reconhecimento da Felicidade. 11Se você se apaixonou e está naquela fase de pura ansiedade, mesmo que esteja superfeliz, não é felicidade. É excitação. Paixonite. Quando a ansiedade for embora, pode ser que a felicidade chegue. Mas ninguém garante.

20É temperamental a felicidade. Não vem por qualquer coisa. E para ficar então... hi, não conheço nenhum caso de alguém que a tenha tido por perto a vida inteira. Por isso é tão importante reconhecê-la quando ela chega. Entendeu agora por que a minha pergunta? Será que você sabe mesmo quando está feliz?

Ou será que você só consegue saber que foi feliz quando a felicidade já passou?

12Eu estudo muito a felicidade. Mas não consigo reconhecê-la. Talvez porque eu seja péssima fisionomista. Ou porque ela seja muito mais esperta do que eu. Mais sábia. Fato é que eu só sei que fui feliz depois. No futuro. Olho para o passado e reconheço: “16Nossa, como eu fui feliz naquela época!” Mas no presente ela sempre me dá uma rasteira. 14Ando por aí, feliz da vida e nem sei que estou nesse estado. Por isso aproveito menos do que poderia a graça que é ter assim, tão pertinho, a tal felicidade.

Nos últimos tempos, dei para fazer uma lista de momentos felizes. E aqui é importante deixar claro que esses momentos devem durar um certo período de tempo. 4Um episódio isolado feliz – como quatro dias de Carnaval, por exemplo – não significa felicidade. A felicidade, quando vem, não vem de passagem. 15Não dura para sempre, mas dura um tempinho. Gosta de uma certa estabilidade, [...] Sabendo quando você foi feliz, é mais fácil descobrir por que foi feliz. Para ser ainda mais funcional, é bom que a lista seja cronológica. 7Lendo a minha, constato que fico cada vez mais feliz e por mais tempo.

Será que ela está aqui agora? Não sei dizer. 6Mas a paz de que desfruto agora é um sintoma dela. E isso não tem nada a ver com a tal obrigação de ser feliz desfilando no Sambódromo. Continuo meus estudos. 5Já tenho certeza de que hoje sou mais amiga da felicidade do que jamais fui em qualquer tempo.

Ana Paula Padrão (adaptado) Revista ISTOÉ 2206, de 22/02/2012.

21. (EPCAR) Leia atentamente a charge e, a seguir, assinale a alternativa INCORRETA.

a) A charge pode ser representativa do título do texto “Você reconhece quando chega a felicidade?”.

b) Está implícita a ideia de felicidade no quadrinho 2. c) A felicidade é um estado corriqueiro, como comprova o quadrinho 3.

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

REINO UNIDO PODE TAXAR "FAST FOOD" CONTRA OBESIDADE

O Reino Unido estuda cobrar taxa de empresas de "fast food" para financiar instalações esportivas e o combate à obesidade. Segundo um relatório, a obesidade no país cresceu quase 400% em 25 anos, e, se continuar aumentando, pode superar o cigarro como maior causa de mortes prematuras. Governo e empresas locais têm sido criticados por não combaterem o problema.

(Folha de S. Paulo, 7/06/2004)

22. (ITA) A manchete apresenta ambiguidade sintática, que é desfeita pelo conteúdo do texto.

a) Quais as interpretações sugeridas pela manchete?

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