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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL: UM ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS

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Revista de Administração e Comércio Exterior

Volume 1, número 1, 2015.

ISSN 2447-2719

http://seer.faculdadejoaopaulo.edu.br/index.php/racex/index

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL: UM ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS

Claudionor Guedes Laimer a, Fernanda Hesper da Silva b

a Faculdade Meridional (IMED), Passo Fundo, RS, Brasil. laimer@imed.edu.br

b Faculdade Anhanguera de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil. fernandahesper@hotmail.com

Informações do artigo

Submissão em 15/06/2015. Aceito em 18/08/2015.

RESUMO

Este artigo tem como objetivo avaliar os fatores internos que influenciam o desempenho da empresa. Para tanto, utilizou-se um estudo de caso para compreender o desempenho da empresa e a influência de seus fatores internos. O caso estudado foi uma empresa do segmento indústria de produtos alimentícios e sua análise baseou-se nos indicadores econômicos e financeiros e nos fatores internos do período compreendido entre 2010 a 2013. Como resultado, verifica-se que os indicadores econômicos e financeiros mostram uma tendência de redução da capacidade de pagamento e um aumento de endividamento. Além disso, os resultados indicam uma tendência de redução da rentabilidade, devido ao aumento dos custos e das despesas da empresa. Desse modo, o estudo contribui ao constatar a necessidade de melhoria nos controles gerenciais da empresa, embora espera-se que os investimentos realizados resultem em aumento das vendas e consequente aumento dos lucros.

ABSTRACT

This article aims to evaluate the internal factors that influence the performance of the company. For this, we used a case study to understand the company's performance and the influence of its internal factors. The case study was a company in the industry segment of food products and their analysis was based on economic and financial indicators and internal factors in the period 2010 to 2013. As a result, it turns out that the economic and financial indicators show a trend reduction of ability to pay and an increase in debt. In addition, the results indicate a downward trend in profitability due to rising costs and the company's expenses. Thus, the study contributes to note the need for improvement in the management controls of the company, although it is expected that investments result in increased sales and consequent increase in profits.

Endereço para correspondência

Claudionor Guedes Laimer Rua Senador Pinheiro, 304 Passo Fundo, RS, Brasil. CEP: 99070-220 Palavras-chave Desempenho Análise financeira Fatores interno Keywords Performance Financial analysis Internal factors.

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INTRODUÇÃO

Atualmente, a acirrada competição entre as empresas, que buscam a obtenção de uma rentabilidade superior às empresas do mesmo ramo de negócio e a constante entrada de novos competidores no mercado, exigem que as empresas desenvolvam vantagens competitivas. Desse modo, essas vantagens estão relacionadas ao ambiente interno das empresas, seja na eficiente gestão financeira até na qualidade de produtos e serviços oferecidos ao mercado.

Neste contexto, a análise financeira é uma ferramenta que auxilia a gestão financeira da empresa, possibilitando uma avaliação do desempenho (SILVA, 2005), que pode indicar a existência de vantagem competitiva. A análise financeira é viabilizada a partir do conhecimento do ambiente empresarial, requerendo a compreensão dos fatores internos que influenciam a empresa atuar no mercado. Esses fatores internos podem envolver recursos e capacidades das empresas (BARNEY, 1991).

Um recurso representa qualquer coisa que possa ser considerada como uma força ou uma fraqueza da empresa (WERNERFELT, 1984), ou seja, compreende o ambiente interno da empresa. De tal modo, que o ambiente interno é considerado como um conjunto de recursos e capacidades controlados pela empresa e que possibilitam a elaboração e a implementação de estratégias, visando melhorar sua eficiência e eficácia (BARNEY, 1991).

Por outro lado, a análise financeira permite avaliar a evolução do desempenho da empresa, através da comparação dos indicadores econômicos e financeiros durante um determinado período de tempo (GITMAN, 2004). Assim, pode-se extrair informações que auxiliam no processo de tomada de decisões, sejam decisões estratégicas de investimentos ou decisões estratégicas de financiamentos.

Diante das mudanças do ambiente instável e turbulento, que tem exigido uma adaptação constante nas empresas, que necessitam utilizar os recursos do ambiente interno, apresenta-se a seguinte indagação: quais os fatores do ambiente interno da empresa influenciam o seu desempenho? Para responder essa questão de pesquisa, o estudo tem como objetivo avaliar os fatores internos que influenciam o desempenho da empresa.

Desta forma, desenvolveu-se um estudo de caso para compreender o desempenho da empresa e a influência de seus fatores internos. A unidade de análise escolhida foi uma empresa do segmento indústria de produtos alimentícios e a análise dos dados baseou-se nos indicadores econômicos e financeiros e nos fatores internos do período compreendido entre 2010 a 2013.

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REFERENCIAL TEÓRICO

A utilização da ferramenta de gestão financeira, ou seja, a análise financeira é fundamental para uma visão estratégica da empresa.

A análise financeira precisa ter um enfoque holístico, abrangendo a estratégia da empresa, suas decisões de investimento e de financiamento e suas operações. A empresa tem objetivos importantes, como o retorno para os acionistas, proporcionar um bom ambiente de trabalho e o interesse dos funcionários, sua responsabilidade com os objetivos e políticas nacionais, entre outros. A estratégia compreende os meios para atingir os objetivos. A empresa identifica as oportunidades e os riscos oferecidos pelo ambiente externo, define o que quer fazer, seu público-alvo e sua área de atuação geográfica (por exemplo) e implementa ou ajusta sua estrutura organizacional para operacionalização daquilo que definiu (SILVA, 2005, p. 24).

A análise financeira é dada sob a ótica de que:

[...] trabalha principalmente com os indicadores de análise de balanços – o estudo dos demonstrativos contábeis, que tem como foco o Ativo e o Passivo Circulante, consagra os indicadores de liquidez como alguns dos principais instrumentos de análise. Dentre eles, os de liquidez imediata (que focaliza as disponibilidades), liquidez seca (que focaliza os estoques), liquidez geral (que focaliza o curto e a longo prazo) e o liquidez corrente (que focaliza o curto prazo) – este último é um dos mais utilizados tanto pelo usuário externo da informação contábil – como os analistas de crédito – quanto pelos usuários internos em seus relatórios de análise gerencial (SANTI FILHO; OLINQUEVITCH, 2009, p. 3).

A análise financeira de uma empresa consiste “num exame minucioso dos dados financeiros disponíveis sobre a empresa, bem como das condições endógenas e exógenas que afetam financeiramente a empresa” (SILVA, 2005, p. 25). Assim, a verificação deve ser realizada nos relatórios contábeis e em tudo que engloba a empresa, ou seja, no seu ambiente interno e externo. Além disso, envolve as atividades de coletar, conferência, preparação, processo, análise e conclusão.

Análise financeira

O objetivo da análise financeira é “a maximização da riqueza dos acionistas” (SILVA, 2005, p. 30). Com isso, envolve aspectos que estão relacionados a épocas dos retornos, ao fluxo de caixa para o acionista, o risco dos projetos, o potencial de retorno e o horizonte de perspectivas.

A análise financeira, também conhecida como análise de balanço é um instrumento que possibilita o gerenciamento da informação contábil (PADOVEZE, 2013), ou seja, possibilita a criação de indicadores que fornecem informações para a comparação de resultados, podendo ser comparado com os períodos passados, os períodos orçados, os padrões setoriais, os padrões

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internacionais, os padrões internos da empresa e com empresas concorrentes. Sendo, que o acompanhamento contínuo dos indicadores possibilita a observação de tendências futuras, representando uma ferramenta útil no caso decisões estratégicas em virtude da mudança de planejamento.

Indicadores econômicos e financeiros

A análise financeira é composta basicamente por análise vertical, análise horizontal e indicadores econômicos e financeiros (PADOVEZE, 2013). Os indicadores consistem em uma técnica que relaciona grupos de contas ou contas para analisar e/ou monitorar a evolução econômica e financeira da empresa (AZEVEDO, 2012).

Os indicadores econômicos e financeiros servem para verificar a situação da empresa e envolvem parâmetros de análise para avaliar e elaborar um diagnóstico. Esses indicadores podem ser divididos em duas categorias, sendo os indicadores de situação financeira que estão relacionados com a liquidez e a estrutura de capital e os indicadores de situação econômica que estão relacionados com a rentabilidade da empresa.

Neste sentido, os principais indicadores econômicos e financeiros são interdependentes, formando um triângulo da análise financeira e podem ser divididos em três grupos:

1) Indicadores de liquidez: liquidez corrente e liquidez geral;

2) Indicadores de endividamento: dívida de curto prazo e dívida total;

3) Indicadores de rentabilidade: taxa de retorno sobre as vendas e taxa de retorno sobre os ativos.

A análise financeira através de indicadores econômicos e financeiros é fundamental para o controle gerencial da empresa. O controle gerencial tem como finalidade de servir de suporte às estratégias que estão sendo executadas e verificar se os objetivos estão sendo atingidos (KLANN; MACHADO, 2011).

A empresa e o ambiente

A empresa compreende um conjunto de recursos que são utilizados de forma conjunta para alcançar os seus objetivos. Além disso, a empresa pode ser compreendida como recursos e capacidades, que possibilitam a elaboração e a implementação de estratégias (BARNEY, 1991). Desse modo, as empresas são compostas por diversos tipos de recursos, tais como recursos humanos, recursos materiais e recursos financeiros.

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Por outro lado, o ambiente da empresa está composto por ambiente interno e ambiente externo. O ambiente externo envolve os fatores externos que estão além das fronteiras da empresa, ao passo que o ambiente interno envolve os fatores internos que estão dentro dos limites da empresa (QUERINO; MORAES, 2014).

Os fatores do ambiente externo compreendem os clientes, os concorrentes, os fornecedores, os governos, etc. Assim, o diagnóstico do ambiente interno e externo constitui um pré-requisito para a gestão financeira e para elaboração das estratégias da empresa. Entretanto, a análise do ambiente interno pode ser fundamental para compreender a evolução do desempenho da empresa e criar vantagem competitiva (BARNEY, 1991).

Ambiente interno

O ambiente interno pode ser controlado e envolve a estrutura da empresa, também conhecida como estrutura organizacional, ou seja, recursos humanos, materiais e financeiros. Esse ambiente é fundamental para a elaboração de estratégia da empresa (FERNANDES; BERTON, 2005). De tal modo, que a análise do ambiente interno em conjunto com o ambiente externo possibilita a formulação de estratégia e a adaptação da estrutura organizacional às contingências do ambiente (HANNAN; FREEMAN, 1977).

Neste sentido, as empresas que não conseguem se adaptar ao ambiente são eliminadas, ao passo que as empresas que sobrevivem são aquelas que melhor se adaptam ao ambiente (LAIMER; LAIMER, 2011). Desse modo, o ambiente interno pode ser compreendido como um conjunto de recursos humanos, materiais e financeiros, podendo configurar-se como capacidades, desde que a empresa tenha a habilidade de organizá-los para obter vantagem competitiva (BARNEY; HESTERLY, 2007).

Por outro lado, o ambiente interno, também, pode ser caracterizado pelos seus pontos fortes ou forças e pontos fracos ou fraquezas. Esses pontos fortes e pontos fracos podem ser considerados em relação aos recursos humanos, como gestores e colaboradores, também conhecidos como stakeholders internos.

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METODOLOGIA

O estudo tem como objetivo avaliar os fatores internos que influenciam o desempenho da empresa. Desse modo, desenvolveu-se um estudo de caso para compreender o desempenho da empresa e a influência de seus fatores internos. A unidade de análise escolhida foi uma empresa do segmento indústria de produtos alimentícios e a análise dos dados baseou-se nos indicadores econômicos e financeiros e nos fatores internos do período compreendido entre 2010 a 2013.

Desta forma, a escolha do caso a ser estudado se justifica pelas características da empresa (i. e., empresa do segmento indústria de produtos alimentícios) e por ser um período de mudanças em um ambiente instável e turbulento. O período escolhido pelo fator de acessibilidade, também corresponde ao período pós-crise econômica mundial, que gerou reflexos na economia brasileira, possibilitando uma análise comparativa dos últimos quatro anos.

A coleta de dados utilizou-se como fontes de evidências as entrevistas e os documentos (YIN, 2005). As entrevistas tiveram como objetivo identificar os fatores internos que influenciaram o desempenho da empresa, a partir do questionamento sobre eventuais acontecimentos que tenham causado reflexo nas contas contábeis e/ou nos resultados contábeis. Os documentos coletados compreendem os balanços patrimoniais e as demonstrações de resultados dos exercícios, do período de 2010 a 2013, que foram fornecidos pela empresa. Após encerrar a etapa de coleta de dados foram organizados os dados primários (i. e., entrevistas) e os dados secundários (i. e., documentos) para análise.

Na etapa de análise de dados utilizou-se a técnica de análise de indicadores (MARION, 2008) e a técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 2006). Na análise de indicadores foram calculados os indicadores de liquidez, endividamento, rentabilidade e lucratividade, a fim de comparar a sua evolução no período. A análise de conteúdo foi realizada a partir de identificação de categorias de análise para verificar os fatores que influenciaram o desempenho da empresa no período.

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ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Descrição do caso

A empresa surgiu com a necessidade de facilitar a produção das padarias e confeitarias e teve início de suas atividades em 2004, caracterizando como uma indústria de produtos alimentícios. As instalações da empresa estão localizadas em uma cidade no norte do Estado do Rio Grande do Sul e possui em seu quadro funcional em torno de 35 colaboradores, distribuídos nos setores administrativo, produção e vendas.

Atualmente, a empresa disponibiliza aos seus clientes mais de 100 produtos para preparação e decoração de pães, bolos e tortas. Os clientes compreendem as padarias e as confeitarias, sendo que a empresa disponibiliza seus laboratórios aos clientes que desejam terceirizar o desenvolvimento de pré-misturas (Entrevista 1). Além disso, o processo de fabricação conta com a análise de qualidade dos produtos, utilizando matérias-primas de qualidade.

.

Análise e interpretação dos dados

O indicador de liquidez corrente mostra a condição financeira da empresa a curto prazo, ou seja, a capacidade da empresa em satisfazer suas obrigações (dívidas) no curto prazo (AZEVEDO, 2012). Desse modo, constata-se que em 2010 a empresa possuía R$ 7,00 de recursos para cada R$ 1,00 de dívida, ocorrendo queda no indicador nos anos subsequentes, em 2011 com R$ 3,45, em 2012 com R$ 1,59 e em 2013 com R$ 1,51, o que indica uma queda acentuada na liquidez corrente no decorrer dos anos (Figura 1).

Figura 1 - Liquidez Corrente 7,0 3,45 1,59 1,51 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 2010 2011 2012 2013

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Observa-se que a linha de tendência indica uma queda no indicador de liquidez corrente, sendo assim, a previsão é de que nos próximos anos deve se aproximar de valores negativos. Entretanto, verifica-se o aumento da demanda de produtos que exigiu da empresa a realização de novos investimentos no setor de produção com a necessidade de aquisição de novos máquinas e equipamentos para fabricação dos produtos (Entrevista 2). Assim, a empresa teve um desembolso no período maior do que tradicionalmente realizava, gerando a expectativa de recuperação nos próximos anos.

O indicador de liquidez geral indica a capacidade de pagamento dos investimentos e financiamentos a longo prazo (AZEVEDO, 2012). De tal modo, que os indicadores apresentados mostram em 2010, a empresa possuía R$ 3,47 para cada R$ 1,00 de dívida, com indicadores menores nos anos seguintes de R$ 2,77 em 2011, de R$ 2,19 em 2012 e de R$ 2,22 em 2013, mostrando uma leve queda na sua liquidez geral no decorrer dos anos (Figura 2).

Figura 2 - Liquidez Geral

Da mesma forma, que no indicador de liquidez corrente ocorreu uma queda no indicador de liquidez geral, embora seja uma queda menos acentuada. Essa situação é explicada pelo fato de que a empresa realizou novos investimentos no setor de produção com a necessidade de aquisição de novos máquinas e equipamentos para fabricação dos produtos. Além disso, a empresa necessitou adquirir um volume maior de matérias-primas juntos aos fornecedores e destinar um montante de recursos para instalar as máquinas e equipamentos e adequar o espaço físico do setor de produção (Entrevista 2).

O indicador de dívidas de curto prazo mostra os recursos de terceiros que estão sendo utilizados à curto prazo pela empresa, ou seja, os recursos de curto prazo obtidos para o financiamento dos ativos (AZEVEDO, 2012). Os indicadores mostram um aumento significativo de dependência de recursos de curto prazo, pois os recursos de curto prazo em

3,47 2,77 2,19 2,22 0 1 2 3 4 5 6 7 8 2010 2011 2012 2013

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2010 representavam 37,69% do total dos recursos de terceiros utilizados pela empresa, em 2011 representavam 52,12%, em 2012 representavam 80,78% e em 2013 representavam 92,63%. A situação financeira da empresa mostra que a maior parte das dívidas estão sendo financiadas a curto prazo (e. g., fornecedores e instituições financeiras), o que configurar-se em pouca flexibilidade para se adaptar as mudanças do ambiente (Figura 3).

Figura 3 – Dívidas de curto prazo

Isso demonstra que a cada ano a empresa tem aumentado a dependência de recursos de terceiros para financiar seus ativos no curto prazo. Além disso, percebe-se uma tendência de aumentar essa dependência com o passar dos anos. De modo geral, pode ser vantajoso utilizar os recursos de terceiros se os juros pagos pelos capitais de terceiros forem menores que os recebidos em aplicações financeiras.

Por outro lado, verifica-se que ocorreu um aumento expressivo nos recursos de terceiros de curto prazo (passivo circulante), principalmente, no ano de 2012, sendo que isso se deve ao crescimento do valor dos dividendos a pagar (i. e., distribuição dos lucros), que representou um aumento de aproximadamente 850% em relação ao ano de 2011 (Entrevista 2). Da mesma forma, observa-se que uma parte expressiva dos valores investidos em máquinas e equipamentos e em matérias-primas foram financiados por recursos de terceiros (i. e., financiamentos bancários e compra a prazo com fornecedores).

Embora seja fundamental relacionar o indicador de dívidas de curto prazo ao indicador de dívidas totais, destaca-se a importância de relacionar o indicador de dívidas de curto prazo ao indicador de liquidez corrente. Desse modo, constata-se que esses indicadores apresentam tendências inversa, indicando possíveis problemas financeiros a longo prazo. Assim, percebe-se que existe uma redução na capacidade de pagamento, ao mesmo tempo, existe um aumento nas dívidas de curto prazo e um aumento no endividamento da empresa.

37,69% 52,12% 80,78% 92,63% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 110% 120% 2010 2011 2012 2013

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As dívidas totais indicam o montante de recursos de terceiros que estão sendo utilizados pela empresa para financiar seus ativos. Esse indicador mostra um aumento significativo de dependência de recursos de terceiros, considerando que em 2010 representavam 29,42% do total dos recursos utilizados pela empresa, em 2011 representavam 34,83%, em 2012 representavam 52,26% e em 2013 representavam 49,31%, demonstrando uma pequena queda em relação ao ano 2012 (Figura 4).

Figura 4 – Dívidas totais

Dessa forma, os indicadores revelam uma tendência de aumento das dívidas da empresa, embora tenha ocorrido uma pequena redução no ano de 2013. Da mesma forma, que existe uma redução da capacidade de pagamento e um aumento das dívidas de curto prazo, no longo prazo percebe-se uma redução da capacidade de pagamento e um aumento das dívidas da empresa. Entretanto, constata-se que a capacidade de pagamento de longo prazo indica uma pequena recuperação e os níveis de dívida indicam uma pequena redução, ainda que os indicadores do período indiquem uma tendência de possíveis problemas financeiros a longo prazo.

A rentabilidade das vendas, também conhecida como taxa de retorno sobre as vendas equivale ao cálculo da margem de lucro líquido da empresa. O indicador mostra quanto a empresa obteve de lucro líquido em relação a receita líquida, indicando sua capacidade em gerar lucro (AZEVEDO, 2012). Esses indicadores mostram um grau de variabilidade significativo, sendo que a empresa obteve uma rentabilidade de 13,00% em 2010, de 19,83% em 2011, de 10,87% em 2012 e de 12,32% em 2013 (Figura 5). Assim, consecutivamente ocorreram aumento e redução da margem de lucro líquido da empresa, pois ocorreu um aumento constante das vendas da empresa.

29,42% 34,83% 52,26% 49,31% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 2010 2011 2012 2013

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Figura 5 – Taxa de retorno sobre as vendas

A empresa apresenta uma taxa de retorno sobre as vendas acima de 10% no período, considerada satisfatória para esse tipo de negócio. Entretanto, os indicadores apresentam uma tendência de queda, isso se deve pelo fato de que em alguns anos o aumento dos custos e das despesas tem sido maior do que o aumento das vendas. No entanto, espera-se que os investimentos em máquinas e equipamentos para aumentar a produção resultem em aumento das vendas e consequente aumento nos lucros.

A taxa de retorno sobre os ativos ou rentabilidade dos ativos mostra como a empresa conseguiu rentabilizar o seu ativo, ou seja, estabelece uma relação entre o lucro líquido e o valor total dos ativos da empresa. Observa-se que a rentabilidade dos ativos foi de 24,59% em 2010, de 31,23% em 2011, de 19,36% em 2012 e de 26,58% em 2013, seguindo os padrões estabelecidos pela taxa de retorno sobre as vendas (Figura 6). Da mesma forma, no valor total dos ativos ocorreu um aumento constante durante o período, sendo que o lucro líquido da empresa teve variabilidade com a ocorrência de aumento e de redução.

Figura 6 – Taxa de retorno sobre os ativos 13,00% 19,83% 10,87% 12,32% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 2010 2011 2012 2013 24,59% 31,23% 19,36% 26,58% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 2010 2011 2012 2013

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O indicador tem mostrado que os ativos são rentáveis a uma taxa média de 25,44%, que corresponde ao tempo de retorno de aproximadamente 4 anos (i. e., payback). A rentabilidade dos ativos apresenta uma leve tendência de queda no decorrer do tempo, devido ao fato de que a empresa não tem conseguido manter uma margem de lucro estável. A expectativa é de que a empresa possa melhorar os controles gerenciais sobre os aumentos dos custos e das despesas que tem sido maior do que o aumento dos ativos.

CONCLUSÃO

O objetivo deste estudo foi avaliar os fatores internos que influenciam o desempenho da empresa. Para tanto, utilizou-se um estudo de caso para compreender o desempenho da empresa e a influência de seus fatores internos. O caso estudado foi uma empresa do segmento indústria de produtos alimentícios e sua análise baseou-se nos indicadores econômicos e financeiros e nos fatores internos do período compreendido entre 2010 a 2013.

O estudo caracteriza-se pela análise de dados primários e dados secundários com uma triangulação dos dados. De tal modo, que possibilita uma contribuição teórica ao avaliar a influência dos fatores internos sobre o desempenho da empresa. Embora o estudo de caso único possa apresentar-se como uma limitação de pesquisa, utilizou-se como fonte de evidência as entrevistas e os documentos para evidenciar possíveis influências dos fatores internos sobre os indicadores econômicos e financeiros da empresa.

A contribuição prática do estudo está baseada na relação de uma possível influência do ambiente interno sobre o desempenho da empresa. Além disso, verifica-se que os indicadores econômicos e financeiros mostram uma tendência de redução da capacidade de pagamento e um aumento de endividamento, ao passo que mostra uma tendência de redução da rentabilidade, devido ao aumento dos custos e das despesas da empresa. De tal modo, que os indicadores evidenciam a necessidade de melhoria nos controles gerenciais da empresa, embora espera-se que os investimentos em máquinas e equipamentos para aumentar a produção resultem em aumento das vendas e consequente aumento dos lucros.

Contudo, apesar das limitações de pesquisa – pela análise de um único caso ou pela análise longitudinal ou pelos indicadores econômicos e financeiros –, sugere-se em futuros estudos uma análise comparativa com outras empresas do segmento ou uma análise comparativa com indicadores padrões do mercado. Além disso, constata-se a possibilidade de analisar os fatores internos através de outras técnicas de coleta e de análise de dados e analisar indicadores não financeiros.

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REFERÊNCIAS

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